POR JORDI CASTAN
O José António Baço escreveu ontem sobre a casa grande e a senzala e, tendo tido acesso ao texto antes da publicação, afirmo que a sua referência a virgens, vestais e pureza era certa. Ele tem razão em relação à virgindade, que é, em alguns setores, um valor em alta, talvez por ser escasso. Em política definitivamente a virgindade, a pureza ou a honestidade são pouco comuns. Há quem seja mais critico e considere estas virtudes como pertencentes à mitologia.
A notícia da cassação da candidatura do
prefeito Carlito Merss pegou muita gente de surpresa. Independentemente de ser uma sentença em primeira instância - e que toda a equipe jurídica da coligação
liderada pelo PT esteja empenhada em recorrer e provavelmente até vai conseguir reverter em instâncias superiores - ficou claro que já não há ninguém que possa
presumir de possuir uma pureza e honestidade superior. Aliás, este complexo de
superioridade moral do PT é um dos maiores mistérios da política brasileira,
que se repete com a mesma intensidade aqui em Joinville.
No caso do PT tem havido uma forte
movimentação nas redes sociais em que a honestidade do candidato Carlito Merss
era colocada como um diferencial sobre os demais candidatos. A mensagem insinua
que um dos candidatos é mais honesto e faz desta honestidade um dos motivos
para votar nele. A sentença da
juíza Hildemar Meneguzzi de Carvalho da 19ª Zona Eleitoral de Joinville colocou os candidatos no mesmo patamar e
serve para lembrar que honestidade, tanto em política, como na vida diária não
é um diferencial, como alguns insistem em propagandear e sim um pré-requisito.
Independentemente dos desdobramentos que esta
sentença condenatória tenha durante os próximos dias, e com certeza terá, é um
fato que não há mais virgens nesta eleição. O discurso de votar nas
vestais caiu por terra e o PT hoje faz política da mesma forma que tanto
criticou nos seus oponentes, no passado. Conforme a decisão de primeiro grau, o PT usa os recursos públicos para se manter
no poder, concentra obras nos últimos meses do governo e governa priorizando o
compadrio e a fidelidade canina e partidária, antes da competência e da
inteligência.
O prefeito Carlito é o maior perdedor, porque
com esta condenação, mesmo cabível de recurso, perdeu a imagem que ainda mantinha de ser um político
honesto. A cassação mostra que não é verdadeira a imagem da senzala pobre mais
honesta. Não há diferenças entre a casa grande e a senzala, uns e outros se
misturam em promíscua cumplicidade. A cassação colocou Carlito no mesmo
nível dos demais candidatos. O faz dele um mortal igual a todos. E a eleição ficou
não só ainda mais difícil para a sua coligação, como também
pior para todos. Igualando a todos na sujeira e na baixaria.
O tema da honestidade Não é novo neste
espaço já foi objeto de outros posts como “Corrupção e honestidade”