terça-feira, 7 de agosto de 2012

Corrupção e honestidade


POR JORDI CASTAN

Há os que insistem em tergiversar a verdade tentando nos fazer acreditar que entre os cinco candidatos a prefeito de Joinville só há um que é honesto. Insinuam, na sua lógica retorcida, que os outros não o são. E, a partir desta inverdade, elaboram o fantástico raciocínio que há só uma opção para escolher: o honesto.

Primeiro que, entre os candidatos, há mais de um que é aparentemente é honesto - o que quer dizer que se a minha opção for por votar por alguém honesto, parece que teria mais de uma opção. É verdade que há candidatos que, de acordo com todos os indícios, não o são. É uma pena que o Brasil como país e a sua sociedade como um todo insistam em conviver de forma tão promíscua com a corrupção. O país teve a oportunidade de afastar de uma vez todos os políticos que tinham pendências com a justiça. Uma oportunidade única de fazer uma faxina e permitir que uma nova geração pudesse chegar à política e iniciar um processo de mudança.

Particularmente não ponho a mão no fogo por ninguém. Só minha família mais próxima entra neste grupo restrito. Com relação aos outros, todas as vezes que o fiz acabei com queimaduras de maior ou menor gravidade. Em se tratando de políticos o risco é elevado demais. Ainda que seja obrigado a acreditar que em tese a maioria dos candidatos nestas eleições é absoluta e totalmente honesta, no fundo tenho a certeza que a maioria não o seja tanto. E entre os que eventualmente venham a se eleger, o número daqueles que continuarão honestos até o fim do seu mandato podem ser contados com os dedos de uma orelha.

Entramos aí no perigoso terreno de tentar medir a honestidade. Os paladinos do candidato honesto logo vão começar a dizer que o seu candidato pode ser considerado totalmente honesto. Caso insistam em defender a honestidade absoluta e a pureza virginal do seu candidato, eu acharia que ou bem enlouqueceram ou estão brincando. Como a ironia não é algo que este grupo domine, a possibilidade maior será a primeira. 


A segunda linha de raciocínio é absolutamente perversa e tem sido usada muito neste país e em Joinville na última década. Como ninguém é honesto, a desonestidade é um estado natural e se alguém hoje se corrompe o faz porque também os outros o fizeram anteriormente. Uma forma de tentar fazer desta sem-vergonhice uma prática socialmente aceita e por tanto perdoável.

Quando o Brasil inicia a trancos e barrancos o julgamento do mensalão, os cidadãos acompanham atônitos as manobras para inocentar, fazer prescrever ou negar o que foi a institucionalização da corrupção no governo. Seria importante que a sociedade não votasse em candidatos corruptos, condenados ou não. O ideal seria ainda que o eleitor escolhesse não só aqueles que fossem honestos, também preferissem aqueles que parecessem honestos. E no caso dos nossos cinco candidatos o quadro se reduz muito.

15 comentários:

  1. "Diga-me com quem andas, que te direi quem és!"

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  2. Realmente não da pra botar a mão no fogo por ninguém

    PMDB de Udo Dohler pagou R$ 9.500 pelo apoio do PSDC, diz presidente da sigla
    http://leonel50.com.br/pmdb-de-udo-dohler-pagou-r-9-500-pelo-apoio-do-psdc-diz-presidente-da-sigla/

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  3. Perfeito, tal como a gravidez, não existe honestidade relativa.

    São os princípios que norteiam os atos e demonstram a moralidade mesmo que não tenha sido decretada a ilegalidade. A justiça deve punir os crimes, contravenções e ilícitos. O eleitor através do voto pode e seria desejável escolher pela moral que orgulhariam seus pais, filhos e a si próprio.

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  4. Caro Jordi, é exatamente aí que está o cerne daquele texto - "O Futebol e a Praga dos Ratos".

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  5. Quem saiu com grana do Governo Estadual compro todos os partidos da alianças e ta pagandooo para colocar placas e tem um monte de laranjasssssss ???

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  6. Volta Jordi......para a Espanha

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  7. Uma das maiores causas da corrupção é o financiamento privado de campanhas. Ele influencia na formação do legislativo (e na famigerada questão da maioria para governar), e liquidou não apenas com a ética partidária mas com a própria democracia interna dos partidos.
    Com contribuições públicas e transparentes, e fazendo uma fiscalização rigorosa no caixa 2 e nos processos licitatórios, o nosso sistema político seria outro. O governo não contrataria agencias. Poderiamos acabar de quebra com as campanhas milionárias, reduzindo tudo a horários livres, gratuítos e equitativos para os partidos.

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    1. Não podemos culpá-los.

      Nossos governates são o resultado de nossas escolhas.

      Por anos e anos plantamos sempre escolhendo as piores sementes. Por omissão, por interesse pessoal, por ignorancia, por favores ínfimos, para aparecer, ver e ser visto ou puxar um saco "poderoso" (vai entender!)

      Claro que não foram todos, mas a maioria sim - pois foram eleitos.

      E quantos de nós, se hipoteticamente fossemos empresários com metas, ambições capitalistas ou simples busca de sucesso, .... se bajulados pelos cofres do erário diríamos NÃO?
      - ou pior quantos não tomariam a iniciativa da proposta?

      A metástase é mais abrangente ...... e infelizmente ainda a tratamos com perfume e maquiagem.

      Tá na hora de partir pra quimioterapia

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    2. Não podemos culpá-los.

      Nossos governates são o resultado de nossas escolhas.

      Por anos e anos plantamos sempre escolhendo as piores sementes. Por omissão, por interesse pessoal, por ignorancia, por favores ínfimos, para aparecer, ver e ser visto ou puxar um saco "poderoso" (vai entender!)

      Claro que não foram todos, mas a maioria sim - pois foram eleitos.

      E quantos de nós, se hipoteticamente fossemos empresários com metas, ambições capitalistas ou simples busca de sucesso, .... se bajulados pelos cofres do erário diríamos NÃO?
      - ou pior quantos não tomariam a iniciativa da proposta?

      A metástase é mais abrangente ...... e infelizmente ainda a tratamos com perfume e maquiagem.

      Tá na hora de partir pra quimioterapia

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    3. É isso ai Gilberto, na mosca. Não eliminaria o problema, mas com certeza reduziria bastante.

      AS.

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    4. Gilberto,

      Financiamento supostamente público de campanha só vai tirar o dinheiro dos contribuintes que iria para escolas, estradas e hospitais e direciona-lo para plaquetas, jingles, rinhas de galo e outras coisas de "bom gosto".
      As maracutaias, mal-feitos, inlícitos, Caixas-2 continuariam sendo bem servidas por RECURSOS NÃO CONTABILIZADOS.

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    5. Dirk,
      O que poucos sabem é que atualmente os recursos públicos são amplamente utilizados, são eles que bancam o acesso aos meios de comunicação (através do Fundo Partidário, que todos pagamos). Se fosse integralmente público, saberíamos tudo: como é a distribuição do tempo entre partidos, o que é permitido e proibido, facilitando as decisões da Justiça Eleitoral.
      Além disto, todos seriam informados de quanto cada partido pode gastar, que parte caberá a cada eleição, quanto será gasto em quê. A fiscalização por todo e qualquer cidadão seria possível.
      Por incrível que pareça, o controle na parcela que provém do orçamento é muito mais transparente do que neste sistema misto atual.
      Isto resolverá os problemas de corrupção? É lógico que não, mas tem tudo para melhorar a situação de hoje, anulando a vantagem de partidos e candidatos associados às elites econômicas. A legislação do tal Fundo Partidário também tem que ser revista e equacionada para este novo modelo de financiamento, tudo de forma clara e transparente.
      Uma coisa não podemos fazer: ficar eternamente inertes reclamando (e pagando) a corrupção generalizada sem apontar um caminho a seguir.

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  8. É isso mesmo Gilberto, não vai garantir plenamente o fim da corrupção, mas vai reduzir o poder econômico tanto que teremos chances de um dia termos um governo não corrupto

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