quinta-feira, 2 de agosto de 2012

E o tal contorno ferroviário, quando sai?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Um dos maiores problemas urbanos de Joinville, no que se refere à mobilidade, consiste no atual traçado do trilho de trem, o qual está no meio do atual perímetro urbano de Joinville. Esta situação causa acidentes, piora a qualidade de vida dos moradores que estão próximos aos trilhos, e paralisa toda uma dinâmica enquanto o trem está passando. Após seguidos pedidos do poder público local, o Governo Federal (responsável pela ferrovia) iniciaria a obra do contorno ferroviário, “jogando” para fora do atual perímetro urbano a linha férrea, deixando de existir este problema.

O tragicômico desta história é que, no início do planejamento desta ferrovia, em meados de 1900, Joinville estaria fora do trajeto, pois o ramal iria ligar o planalto norte com o porto de São Francisco do Sul. Após pressão da classe comercial de Joinville (olha só, sempre eles) a Presidência da República através do seu Ministério de Obras (tendo como ministro um catarinense e membro do mesmo partido destes comerciantes de Joinville) autorizou a mudança do traçado para 25km ao norte, beneficiando a cidade de Joinville. Como naquela época o perímetro urbano era muito menor do que é hoje, a linha férrea não atrapalhava em nada a dinâmica de Joinville, pois carros não existiam, e a ocupação urbana tinha outros direcionamentos.

Há quem diga que a cidade está sendo atrapalhada pela via dos trens. Mas, se analisarmos o processo histórico, Joinville que a invadiu, com seu planejamento urbano refém da dinâmica econômica, característica intrínseca desta cidade. Por isso, anos após a industrialização, espraiamento urbano, e invasão dos automóveis, os trilhos se tornaram inimigos, e a Estação Ferroviária, o principal ponto da região norte de SC, virou Estação da Memória. A pressão é para tirar algo que foi pedido para ser colocado. Ironia pura.

O governo prometeu que retiraria, e fez um projeto. Anos após, compraram um terreno para uma Universidade (a UFSC-de-um-curso-só) e depois perceberam que o tal contorno ferroviário passaria por aquele terreno. Ironia pura, novamente. Após anos sem ninguém cobrar a execução deste projeto, o Governo Federal aparece e diz que o projeto está em fase de alterações. Até quando?

Só espero duas coisas acerca disto: que esta alteração não se desloque para uma região em que existam outros conflitos, e que a reutilização dos espaços dos trilhos seja com ciclovias e vias para pedestres e até parques lineares. Se possível, que o IPPUJ faça um concurso público para selecionar projetos. Caso contrário, reproduziremos novamente todas as condicionantes que favorecem o pior modelo de mobilidade urbana possível: o do automóvel.

2 comentários:

  1. Justamente, sem planejamento eles podem mudar os trilhos para Marte, a cidade sempre avança. Bom texto!

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  2. Se medirmos pela régua da duplicação da BR101-sul o contorno vai demorar no mínimo 2 eleições presidenciais

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