POR CHARLES HENRIQUE VOOS
O Ministério da Educação anunciou nesta semana os índices do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) relativos a 2011, e, infelizmente, o cenário não mudou: estamos longe da média ideal, em comparação com países desenvolvidos e que possuem bons índices educacionais (média 6). E o pior aparece quando aprofundamos os dados: a discrepância entre os estados brasileiros é enorme, retrato de um país debilitado.
O único fato positivo é que todos os estados melhoraram seus índices no ensino de base (1ª a 4ª séries), colaborando com a maior média (4,7) dentre os setores avaliados. Entretanto, doze estados ainda se encontram abaixo da média, e dentre estes, todos são da região norte (Acre, Amazonas, Pará e Amapá) ou da região nordeste (Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas).
A média cai absurdamente na avaliação sobre o ensino de 5ª a 8ª séries, passando para 3,9 e novamente com doze estados abaixo dessa média. Mudam-se os estados, mas todos os piores índices estão no norte ou nordeste brasileiro. Para o ensino médio, outro dado alarmante (além da queda do índice para 3,4): nove estados pioraram seus índices em relação a 2009 e doze estados não atingiram suas metas, ficando abaixo do planejado. Doze estados da região norte e nordeste novamente são os piores e abaixo da média.
À medida que o ensino vai avançando, ele vai ficando cada vez mais desqualificado, dando margem à evasão escolar e aumento da criminalidade. Se o jovem (o qual já não teve um ensino de base qualificado) perceber que a educação não lhe permite colher melhores frutos no futuro, ele irá procurar outros meios para sua subsistência. Empregos que não permitem fazer o jovem estudar, ou a ilusão de dinheiro fácil advindo da criminalidade são alguns dos caminhos possíveis que a própria educação pública proporciona.
Apesar do ensino de base estar melhorando, não adianta apenas dar atenção a este setor e acompanhar de camarote a piora dos outros níveis de ensino. No Brasil, infelizmente, os melhores professores – e mais bem remunerados - dão aula no ensino superior, enquanto que nos anos iniciais geralmente encontram-se os professores menos qualificados e mais mal remunerados. Precisamos implantar como política pública, em todo o país, o ensino integral, com atenção igual a todos os níveis de ensino e a valorização da categoria docente. Porém, é difícil pensarmos desta maneira, pois cada estado e cada município têm suas políticas, seus orçamentos e suas prioridades, por isso tantos “brasis” dentro do mesmo Brasil. E ainda há quem diga que o sistema de cotas vai resolver todos os problemas da educação... ou dizer que os professores não gostam do que fazem (sic!).
Estamos, enquanto país, equivocados a ponto de melhorar um índice e piorar outro, acreditando que, melhorando o índice geral, qualificaremos toda a educação brasileira. Por mais que nossa cidade e nosso estado liderem os rankings, somos cegos perante a realidade nacional (44% das escolas públicas não atingiram suas metas). Com esses índices, me desculpem os sonhadores, mas estamos longe de sermos o país do futuro. Somos o país dos debilitados de conhecimento.
PS: Relatos da imprensa e complementares a esta temática:
Cabe uma análise mais aprofundada sobre este tema, pois dois pontos me chamam a atenção.
ResponderExcluirO primeiro está nos seus links, onde demonstram que, inclusive, as escolas particulares não atingiram a meta. Isso é uma questão interessante para ser abordada, pois foge do domínio público e atinge o privado. Sem relação nenhuma com investimentos públicos, segue outra lógica.
A partir desse dado, acho interessante apresentar como é calculado este índice e cuidar para não reproduzir um discurso. Pois o que está ocorrendo são justificativas que no ensino médio existem muitas disciplinas e que o aluno não se concentra nas básicas: português e matemática. Teve até secretária da educação analisando que a culpa é da sociologia no ensino médio. Daí é um tiro no nosso pé!
Abs
Não tem desculpa.
ResponderExcluirA educação no Brasil é ruim seja pública, particular, no ensino básico, médio ou superior.
Tem algumas exceções, mas infelizmente ainda não são a regra.
Eu trabalhei 6 anos na educação infantil pública em Joinville. Muitas vezes vê-se centros de ed.infantil espetaculares na estrutura física, mas com um trabalho pedagógico horrível. Noutras vezes trabalhos pedagogicos excelentes, que ganharam muitos prêmios nacionais, em espaços físicos que deixavam muito a desejar. Poucos centros conseguem unir os dois. Mas conheço muitas professoras ótimas, e acho que o caminho é certo, apesar da velocidade ser lenta. E põe lenta nisso. Enquanto nosso dinheiro compra passagens pra familiares de políticos, paga benefícios e salários inimagináveis pra um seleto grupo, nossa educação sofre com falta de tudo.
O que será que podemos fazer?
ResponderExcluirEu acho que nós nos perdemos nessa "coisa" de educação.
ResponderExcluirTrilhamos por conceitos absolutamente desconexos, mas que na prática aceitamos como verídicos.
- ela (geralmente feminino) tem muito jeito com crianças e é boazinha - VAI SER PROFESSORA;
- eles têm que passar de ano pra não ficarem traumatizados;
- professor não pode dar punição que traumatiza;
- Não é Sra ou Sr. Cama de tio pra criar intimidade ... fessô, cara, pssiu.
- Os pais gtambém não ajudam - Cê sabe quem paga o teu salário?
- As escolas (S.A. ou Ltda) querem é o resultado. Tivemos trocentos aprovados .. não vão ser bosta nenhuma na vida, mas tão aprovados.
- As escolas (S.A. ou Ltda) querem é o resultado (2). Atenção professores .Deem seu jeito pra aumentar a aprovação dessa turma. Vamos abrir mais vagas. Um professor saiu (estafa) ... vamos juntar as turmas e vc assume.
- Greve dos professores! Putz! Onde vamo deixá as crianças? - ESCOLA GARAGEM;
- Meu filho tem 18 materias na escola. Vcs acreditam mesmo que esse cabra pode ter uma boa absorção da matéria?
- Sem faculdade nossos filhos não terão futuro. Da onde tiraram isso?
- Falácia posta na cabeça da classe média. - Só é bom se tiver facu/pós/mestrado/doutorado/inglês/alemão/mandarim. Danou-se!!! quem vai ser o técnico? Quem vai escrever?Quem vai montar? Mais da metade dos universitários não vai fazer nada com o diploma.
Creio que as crianças deveriam ter mais tempo. Formarmos futuros cidadãos e futuros pais - isso mesmo pais do verbo pai e mãe - pra dar educação e princípios.
Musica, artes, teatro, canto, transito, ecologia, cidadania, importancia dos impostos, voto, política, primeiros socorros, sociologia, filosofia, ..formar um cidadão . durante esse processo vai tocando a matematica e o português.
Quando chegasse ao segundo grau (ainda existe isso?) o cabra estaria muito mais consciente em seus estudos......... e seguindo principios internacionais, escolheria matérias específicas à sua espectativa de trabalho futuro ... e não um calhamaço de informação (disponivel no google) só pra encher linguiça e o bolso das universidades.
Faltarm uns acentos, né? "~~^`````´´´´´´^^^^^^"
ResponderExcluirEscolas e alunos deveriam almejar no mínimo 10. Afinal pq não querem ser campeões?
ResponderExcluirCharles, somente discordo da associação com criminalidade, a grande maioria das pessoas pobres, sem estudo ou ignorantes no universo que observo são honestas e trabalhadoras ,e sobretudo, rechaçam o benditismo.