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quarta-feira, 4 de maio de 2016

O joio e o trigo: a gestão Udo Dohler






POR VANDERSON SOARES


Atualmente, os partidos de oposição ao governo municipal não medem esforços em fazer cartazes, banners, memes entre outras tantas formas de achincalhar, principalmente, o prefeito Udo Dohler. Felizmente, quem mais ataca o atual governo é quem já foi condenado ou quem responde por crimes eleitorais. Isso já mostra quem é joio e quem é trigo. 

É nítido que Udo Dohler está aquém do que prometeu, porém há de se considerar que ele está fazendo verdadeiros milagres na administração. Com a nossa atual crise política ao nível nacional, afetando fortemente a economia e assim a arrecadação, com cidades e estados fazendo cortes, alguns declarando ”falência”, Udo está sim se sobressaindo. 

Quando ele assumiu a Prefeitura, o governo anterior não provisionou a folha de pagamento. Desta forma, Udo Dohler foi o primeiro prefeito a não pagar a folha. Foi vítima ou de desleixo ou de maldade do governo anterior. A Prefeitura, nos primeiros meses de trabalho, não tinha poder de endividamento, estava totalmente em dívida com os fornecedores. Udo Dohler negociou e honrou todas as dívidas e vem honrando. A casa está em ordem e com saúde financeira, com capacidade de endividamento, se isto for necessário. Uma prefeitura com crédito na praça é sinal de gestão sim.

Udo Dohler, logo no começo, cortou na carne. Cortou centenas de cargos comissionados, acordou que em todas as secretarias os comissionados trabalhariam até às 17h00 (nos governos anteriores, era até às 14h00). 

Quando assumiu, não apenas se esforçou para manter o valor da passagem de ônibus, como diminuiu. Agora, nos últimos meses, por determinação judicial, não conseguiu conter o aumento. Era ou acatar ou ser processado por improbidade. 

Mesmo em meio à crise política e a grandes baixas na arrecadação, Udo Dohler está fazendo e entregando obras. 

Muitos reclamam da saúde e do asfalto, com razão, mas quero que se apresente aqui qual prefeito conseguiu fazer tanto com tão pouco. Qual prefeito mexeu tanto em pontos tão críticos e polêmicos da saúde quanto Udo Dohler? Não foram poucas as brigas que comprou. Qual prefeito, com baixa crescente de arrecadação, deixaria de colocar dinheiro na saúde e na educação para asfaltar ruas? Além disso, note-se que as ruas que estão recebendo asfalto ou recape não é com aquele velha casca de ovo, conhecida dos governos anteriores. 

Udo Dohler estava certíssimo quando em campanha falou que não faltava dinheiro, mas sim gestão. Infelizmente, não previu a crise que se formaria. Imaginem este homem trabalhando com caixa positivo e constante na prefeitura? 

E por fim, mas mais importante, Udo Dohler é o reflexo de alguém que trabalha pelo desafio de gerenciar uma grande cidade, aliado à honestidade. Muitos dos rivais que conquistou nestes três anos e meio, muito do apoio que perdeu de outros partidos, não é devido à falta de gestão, mas sim à sua postura firme contra qualquer tipo de corrupção. Além disso, fez algo inédito na política de nossa pequena aldeia, colocou pessoas com capacidade técnica, e não simplesmente políticas, em cargos estratégicos. 


Então, amigo, assim como você acho que Joinville pode muito mais. Infelizmente, sem arrecadação e sem dinheiro, não se pode fazer muita coisa, porém Udo Dohler mostrou ser honesto, não permitir a corrupção em seu governo, afastar pra longe qualquer um que se mostrasse interessado em se apossar do erário. Dentre os atuais pré-candidatos, Udo Dohler é a melhor opção. Antes um honesto, capaz e bem intencionado, do que alguém desonesto, incapaz ou mal-intencionado. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A administração pública no escuro



Quem acha que a administração pública segue os princípios de eficiência, economicidade e bom senso - fatores que devem nortear qualquer economia da mais simples à mais complexa - talvez tenha que rever os seus conceitos.

Há uma tendência natural para a gastança irresponsável e o esbanjamento quando o que se gasta é o dinheiro dos outros. O dinheiro que comumente se chama “dinheiro público” é um dinheiro que, na cabeça do administrador público, cai do céu, como um maná bíblico. A situação é mais esdrúxula quando quem administra o dinheiro do contribuinte assume o papel de administrador exemplar, de cuidadoso zelador dos interesses do pagador de impostos e acaba cometendo os mesmos erros e vícios de quem paga as contas com dinheiro de outros.

Em Joinville, um caso interessante é o da iluminação pública. Na administração do prefeito Carlito Merss, na maioria das principais ruas da cidade foram trocadas as luminárias com recursos originários da COSIP. Dinheiro que todos os consumidores de energia pagam a cada mês na sua conta e que tem o seu destino determinado por lei: custear a iluminação pública. Dinheiro que se acumula mês a mês em conta espec´fica.

Alguém viu alguma ação deste governo para reduzir a conta? Não viu e não verá. Porque não há a menor preocupação com o dinheiro do pagador de impostos. O que poderia ser feito? Muito!

Começamos? Primeiro a troca de todas as lâmpadas dos sinaleiros de incandescentes por led. O sistema de led é mais econômico e representaria uma importante economia para uma cidade que fizesse da sustentabilidade uma das marcas da sua gestão. Vamos recapitular, trocar as lâmpadas incandescentes por leds representará menor consumo, uma cidade mais eficiente e a redução de custo deveria ser repassada ao contribuinte. Ainda o led tem uma duração maior, requer menos trocas e o custo da manutenção semafórica acabaria também sendo menor. Ou seja, outra redução de custo que deveria beneficiar ao joinvilense.

Continuamos? As luminárias que há menos de quatro anos foram trocadas pelas luminárias vermelho PT utilizavam lâmpadas alógenas de consumo maior que o led. Mas sendo menos eficientes. A administração municipal da época poderia ter aproveitado a troca das luminárias para dar um passo em frente e reduzir o consumo de energia. Não o fez. Perdeu a oportunidade de avançar na sustentabilidade. Afinal, como a conta é paga pelo contribuinte via COSIP ninguém teve a menor preocupação com a eficiência energética.

Agora esta administração inicia a troca das luminárias vermelhas por outras novas, mais eficientes, que utilizam a tecnologia led. Hora de aplaudir? Ainda não. Trocar luminárias com menos de 4 anos é necessário? Há áreas mais prioritárias? Ah... já sei. A turma de sempre vai comentar que o Chuva Ácida e o Jordi Castan, em particular, só critica esta gestão, que nada foi bem feito. Pode ser que tenham razão. Mas a verdade é que esta administração que se elegeu com o discurso da gestão esta cada vez mais parecida com a que a antecedeu. Há falta de obras, quer mostrar que dedica-se a trocar luminárias.

O resultado para o contribuinte é evidente. Se há dinheiro da COSIP para desperdiçar é porque a conta está muito alta. Querem elogio? Reduzam a conta da COSIP, façam o seu cálculo mais transparente. Há dinheiro demais na conta e este dinheiro é dinheiro meu, seu, de todos. Aliás, o legislativo faria bem me trocar às sessões de homenagem e bajulação por uma fiscalização mais eficiente do executivo. 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Essa tal de "Geston"

POR JORDI CASTAN


Essa tal de “geston” é um bicho esquisito. Na campanha foi apresentada como a solução a todos os problemas. O problema de Joinville era um problema de gestão e o candidato que venceu se apresentava como garoto propaganda da gestão. Já no discurso de posse veio com aquele papo mole de "cuidar dos centavos" quando todos sabemos que o problema não são os centavos, o problema são os Reais e a vaca começou a ir para o brejo, devagarzinho no começo, com um trote alegre depois e agora num elegante galope. Em quanto a nível federal as vacas têm optado por ficar tossegosas, as sambaquianas têm se dirigido ao brejo.

Essa tal de “geston” não parece estar dando os resultados previstos. Escolhi alguns exemplos a esmo, estou convencido que cada leitor poderá acrescentar outros com pouco esforço. Como inicio de conversa:
- A arborização urbana.
- O restaurante popular do Bucarein.
- PA da Zona Norte
- A Rua das Palmeiras.
- As escolas municipais. 

A arborização urbana foi objeto de um post recente aqui no Chuva Ácida, e media de perdas das arvores plantadas na ultima empreitada esta sobre os 50%, numa rápida vistoria pela cidade. Ainda há que acrescentar a este numero as arvores que são mortas intencionalmente, as que morrem por falta de manutenção e as que se perdem por causas naturais e que tampouco são repostas. Qualquer leitor atento que passe perto da rotatória do tecelão poderá constatar que verde e arborização não é o ponto forte das empresas que estão perto. É difícil imaginar que quem não planta arvores e não tem um jardim cuidado na sua casa ou na sua empresa se preocupara com isso na sua cidade. “Geston” do verde “0”

O restaurante popular do Bucarein segue fechado. Alguém se lembra do motivo do fechamento e a data anunciada para a sua reapertura? Em novembro de 2013 e com menos de 3 anos de uso o restaurante foi fechado para “reformas” reformas orçadas em mais de R$600.000 e com data prevista de reapertura em junho de 2014. Até agora nada. Já sabemos que cumprimento de prazos e de preços não é o forte desta gestão. Mas ninguém até agora veio a dizer a que ritmo anda a obra e qual o novo prazo. O mais provável é que estem apostando em que logo o joinvilense esqueça que lá um dia teve um restaurante popular.

Fechar o PA da Zona Norte para reformas e transferir os pacientes e usuários para os outros PAs é uma pratica estranha. Já imaginou se uma indústria têxtil fechasse por meio ano a estamparia ou a tinturaria para reformas? Será que as empresas de Joinville não fazem manutenção preventiva dos seus equipamentos e instalações? Se as empresas fazem, essa não é uma pratica que forme parte da “geston” pública. Aqui as coisas se deixam sem manutenção até cair aos pedaços literalmente e depois se fecham “sine die” e se gastam uns bons recursos em grandes reformas que em pouco tempo exigirão novas reformas. Estou tentando lembrar quando foi a ultima vez que o Hospital Dona Helena, por citar um exemplo, fechou durante meio ano para fazer reformas? Alguém me ajuda a lembrar?

A Rua das Palmeiras segue sendo um cartão postal da cidade. Além de um cartão postal é também uma mostra do zelo para com o nosso patrimônio cultural e paisagístico. Depois que o mato tomou conta, que as flores desapareceram e que os canteiros estavam prontos para receber um rebanho de cabritos, a grama foi roçada e o lixo foi recolhido. Os responsáveis pela “geston” do espaço não devem ter sido informados que a grama cresce e deve ser podada regularmente, que a troca de flores e o corte da grama são atividades rotineiras e permanentes que qualquer jardineiro amador conhece bem. Aqui roçar a grama é algo tão extraordinário que vira noticia na imprensa local.

A boa noticia é que não deveremos ter escolas interditadas no inicio do ano escolar, o que não quer dizer que a “geston” municipal tenha feito a sua tarefa bem e tenha se antecipado aos problemas, sempre ao chegar mais perto do inicio das aulas começa a tensão para saber quantas e quais escolas não poderão iniciar o ano letivo por não atender as exigências legais referentes a vigilância sanitária. Deveria ser uma preocupação de toda a sociedade que o poder público cumpra o que exige da sociedade, o cumprimento da lei e que todas as escolas estivessem preparadas para receber os alunos em perfeito estado. Curiosamente neste ano e quando ainda falta fiscalizar 90% das escolas estaduais e mais de 40% das municipais, a única fiscal da vigilância sanitária foi afastada e este ano não teremos nenhuma escola interditada, porque não haverá uma fiscalização adequada. Isso é bom? Em principio que não se fiscalize não é bom. Que se afaste a fiscal Lia Abreu por 60 dias justamente nesta época em que se concentra a maior intensidade do trabalho de fiscalização das escolas é no mínimo estranho. Na verdade quanto mais informação esta disponível sobre o episodio mais aumentam as duvidas e mais estranha parece esta coincidência. A sociedade tem o direito a ser informada e bem sobre se as escolas cumprem o que a lei estabelece e quais os motivos que levaram ao afastamento da fiscal. Transparência é bom e quem não fez nada errado não deve temê-la.  


Quando já transcorreu mais de 50% do mandato desta administração parece que o gestor tem perdido brilho e que o que aparentava ser ouro resplandecente é só latão. A população segue esperando um choque de gestão, até agora só tem recebido lamurias e essa coisa chamada “geston”.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Lamber botas é profissão?


JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Um dia destes tive uma troca de impressões interessante com um leitor. O argumento era de que eu estava a cometer uma injustiça ao usar a expressão “teta pública”. Porque fica a parecer que todas as pessoas no serviço público só querem ficar à sombra da bananeira. E reiterou: tem muita gente que, apesar de ocupar cargos por indicação política, é competente e trabalha duro.

Ok... para que não restem dúvidas, vou esclarecer o meu ponto de vista. Quando falo em gente que mama na teta pública é uma referência a pessoas que, por indicação política, ocupam cargos para os quais não estão minimamente qualificadas. Ora, se uma pessoa tem as qualificações necessárias, nada a dizer.

Não vou citar nomes, mas o pessoal mais atento provavelmente conhece alguém que ao longo dos tempos tem conseguido viver desse expediente. Entra governo, sai governo e os caras sempre conseguem uma boquinha, mesmo que em cargos menos importantes. E sem qualificação suficiente para a iniciativa privada, acabam virando dependentes de empregos públicos.

Nestas últimas eleições deu para acompanhar alguns casos. Mas em especial o de um tipo que quase sempre conseguiu se manter enquistado na administração pública. Aliás, para que tenham a noção da qualidade profissional do sujeito, é suficiente dizer que é como ter um cego a arbitrar um jogo de futebol.

Eis a história. Ainda só havia pré-candidatos e o cara manifestava publicamente o apoio a um nome. Mas aí a candidatura não evoluiu e, ao mesmo tempo, Marco Tebaldi surgiu como candidato. Foi o que bastou para o tipo declarar o seu apoio incondicional ao deputado que, claro, liderava as pesquisas.

Mas a casa caiu para Tebaldi logo no primeiro turno. O sujeito nem pestanejou. No dia seguinte, para ele Kennedy Nunes, que também aparecia a liderar as pesquisas, era o melhor candidato do mundo. Com a vitória tida como certa, lembro de ter visto o cara bater forte e feio em Udo Dohler, usando uma adjetivação nada simpática.

Diz o ditado que quando neguinho está de azar, urubu de baixo caga no urubu de cima. E não deu outra: a inesperada virada de Udo Dohler deixou o sujeito numa saia justíssima. O que ele fez, então? O de sempre. Passados poucos dias, já tenho visto, aqui e acolá, o tipo a insinuar que, afinal, Udo Dohler não é assim tão mal. Sentiram?

É esse o meu ponto de vista. Há uns sujeitos que sempre conseguem manter um lugarzinho, mesmo que para isso tenham que se humilhar e lamber botas. E não duvido que neste exato momento o tal sujeito já esteja a telefonar para pessoas conhecidas ou a enviar e-mails a pedir emprego. É essa a minha posição:  a administração pública precisa se livrar desses sujeitos.

Há pessoas que não têm espinha dorsal. Porque fica mais fácil se dobrar para lamber botas.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

E agora?

POR JORDI CASTAN


E agora?

Num rompante de lucidez e de bom senso, o eleitor escolheu votar com a cabeça. Sem se deixar levar pelos cantos das sereias, pela fantasia e pelo discurso fácil. Depois de 10 anos de péssimas administrações e de ver Joinville diminuída e quase convertida numa caricatura da cidade que foi - e deve ser -, o eleitor deu um sonoro “basta”.

A maioria do eleitorado sinalizou que é a hora de arregaçar as mangas e trabalhar por Joinville. As últimas experiências não tem dado bons resultados e o velho bom senso recomenda não continuar apostando em propostas arriscadas, especialmente estas que  tem se mostrado tão desastradas. A resposta do eleitorado segue a lógica do pêndulo. Ir passando de um extremo ao outro, na esperança que o equilíbrio se encontre localizado em algum ponto indefinido. O resultado desta sucessão de decisões faz que o eleitor se encontre sempre numa voragem.

Na eleição passada, talvez o voto que elegeu Carlito fosse muito mais um voto contra a continuidade do modelo de gestão tebaldiana. O eleitor escolheu entre uma gestão competente, ao seu modo, mas que cheirava a peixe podre, e outra que se apresentava casta e virginal mas sem nenhuma experiência. Deu no que deu. Agora a opção foi escolher alguém que entenda de administração, mesmo que o preço a pagar seja uma boa dose de autoritarismo e de inexperiência política.

Joinville escolheu de novo trilhar um caminho desconhecido, mas desta vez o eleitor escolheu a opção mais conservadora, alguém com mais experiência administrativa, mais maduro, que não tem idade para fazer do seu cargo um trampolim para novas aventuras. A favor desta escolha o fato que o Udo Dohler tem muito mais a perder que a ganhar. Sempre é perigoso quando entra em cena alguém que não tem nada a perder, pode ser capaz dos maiores desatinos.

Vamos tomar assento, a viagem que temos pela frente nos próximos quatro anos não deverá ser vertiginosa. Deverá ter poucos solavancos e no máximo permitirá corrigir alguns os erros do passado. É bom não esperar muito, um parque aqui, um asfalto lá, pagar as contas, melhorar a saúde e pouco mais, porque quem muito espera se desespera. Se esta nova gestão conseguir colocar de volta a máquina nos trilhos, acho que já poderíamos nos dar por satisfeitos. Seria até um grande avanço.

Sejamos realistas, o candidato que prometia milagres não se elegeu. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Afastamento remunerado e o princípio da isonomia



 POR AMANDA WERNER

Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Eis o princípio da isonomia.

Nas eleições atuais, somente em Joinville temos 29 candidatos a vereador que são servidores públicos. Nestes dados, foram incluídos servidores públicos em geral e policiais civis e militares. Parece pouco? Comecemos novamente.

No Estado de Santa Catarina, somam-se 1874 servidores públicos candidatos, que disputam o cargo.

Em todo o Brasil, o total de servidores públicos pleiteando cargos políticos neste ano, corresponde a 53.249. Os dados são do TSE.

Por força de lei, os servidores públicos devem desincompatibilizar-se de suas funções públicas com alguma antecedência. O prazo de desincompatibilização varia de acordo com o cargo pretendido – presidente, governador, vereador, deputado, e também, de acordo com o cargo ocupado  se é servidor público em geral, ou se é autoridade, por exemplo. Para facilitar, vamos nos ater somente a quem pleiteia o cargo de vereador e pode ser considerado servidor público em geral.

O objetivo da lei, ao exigir a desincompatibilização, é o de impedir que o servidor público candidato faça uso da administração pública em proveito próprio. Evitar o chamado “uso da máquina”. É uma forma de dar cumprimento ao princípio da isonomia, ou igualdade, como preferirem. Assim, tenta-se dar aos candidatos o mesmo ponto de partida. Oportunidades iguais.

Ok. E já é um ônus imenso. E o cargo vacante? Muitas vezes, tem que se colocar alguém no lugar. Paga-se em dobro. Ou ainda, o cargo fica desocupado e onerando todo o serviço público. Aumentam-se as filas. O serviço fica atrasado.

Mas, como se isso não fosse suficiente, o servidor público continua recebendo remuneração, mesmo afastado do trabalho. Nesse caso, não me parece que o princípio da isonomia foi mantido.

Ora, para o candidato a vereador que trabalha em empresa privada  não há nenhuma lei dispondo sobre a tal licença. Ou seja, o funcionário de empresa privada não tem este direito. Além de arriscar perder o emprego, tem que se bancar.

Os servidores públicos candidatos estão sendo financiados por nós. Por toda a sociedade.

O pior de tudo, é que percebe-se que em grande parte das vezes, o candidato a vereador sabe que não tem a mínima condição de ser eleito. O único objetivo destes, me parece que é o de se alinharem à um partido político, uma coligação.

Ser “de um lado” , para os candidatos-servidores não-eleitos, passa a ser um pré-requisito para galgarem cargos dentro da administração pública, já que foram aliados políticos durante as eleições. Quando os tais cargos são conseguidos, e existe a presença dessas figuras na administração pública, nem sempre é exigido delas, o desempenho  com qualidade que se espera de um servidor público, que tem o dever da probidade, da impessoalidade e da eficiência. Pois o agente deixa de ser público, para ser político.

E quando não foi o seu partido que ganhou, não se esforçam para desempenhar a suas funções, muitas vezes como forma de “sabotar” a oposição. Entre servidores político-partidários opostos, há um acordo tácito: não me incomoda, que eu não te incomodo quando for a tua vez.  

E quando há servidores empenhados nas suas funções, e propõem mudanças, ficam travados, e os que travam, quando instigados ao trabalho, defendem-se dizendo que estão sendo perseguidos politicamente. Desta forma, ciclicamente, sempre os mesmos ocupam os cargos em comissão. E tudo “está como dantes no quartel d’Abrantes”.

Estes são sintomas de que nossas leis podem estar defasadas e devem ser revistas. Quem sabe a implantação de planos de cargos e salários na administração pública? Talvez fosse uma forma mais honesta do servidor buscar a ascensão profissional.

Significa que o servidor público não pode se candidatar? Não. Significa que ele não deveria receber durante o período do afastamento.

O servidor público é público. O nome já diz tudo. E está lá para servir a sociedade. E não para se auto-beneficiar por meio de mecanismos e brechas na lei.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Pobre cidade rica


POR JORDI CASTAN

Vivemos numa pobre cidade rica e pagamos um alto preço por isso. 

De tanto escutar que a prefeitura não tem dinheiro para nada, que nenhuma obra pública importante pode ser levada adiante pela falta de recursos para fazer as desapropriações necessárias, que a capacidade de endividamento da nossa cidade esta comprometida, confesso que quase acreditei.

Cada vez que o prefeito começava com a cantilena, a minha primeira iniciativa era pôr a mão no bolso e ver se tinha uns trocados para oferecer. Porque é quase um discurso de pedinte, daquele que não tem mais crédito e ficou sem dinheiro até para comprar o pão e o leite. Situação constrangedora para a cidade que insiste em se apresentar como a maior de Santa Catarina, a terceira maior economia do sul do Brasil, a Manchester Catarinense e por aí afora. Bater no peito e estar quebrado é uma situação para envergonhar qualquer um. Se não morasse aqui, diria que me produz vergonha alheia esta situação de extrema penúria.

Mas surgem dados mostrando que Joinville é sim uma cidade rica, que o seu orçamento é maior que o de muitas cidades de porte e população semelhante, que o que aqui se arrecada - graças à pujança da nossa economia - é significativo e deveria nos permitir uma situação mais confortável. O jornalista Jefferson Saavedra, do jornal A Notícia, informa que: “A receita de R$ 1 bilhão apurada em 2011 fica acima da media de municípios do mesmo porte. Londrina fechou com R$ 840 milhões e Juiz de Fora, também com 520 mil habitantes como Joinville, teve receita de R$ 830 milhões. Com população um pouco menor, Caxias do Sul teve R$ 962 milhões à disposição no ano passado. Uberlândia atingiu R$ 1,1 bilhão, mas tem 90 mil moradores a mais que Joinville. As cidades com receitas bilionárias no interior paulista, na faixa do R$ 1,3 bilhão registrado no ano passado, como Sorocaba e Ribeirão Preto, já passaram dos 600 mil habitantes”.

O problema, neste caso, deverá ser encarado desde outra perspectiva: a própria administração que se faz dos recursos públicos. O prefeito Carlito Merss divulgou, nestes dias, que o gasto em saúde aumentou dos 15% exigidos por lei para os atuais 32%, bem mais que os 26% da gestão anterior. É perigoso aceitar a lógica que gastar mais é um bom indicador. As escolas de administração recomendam que se gaste bem, ou que se gaste melhor. Se a pesar de aumentar o gasto na saúde mais do dobro do exigido por lei, a saúde em Joinville continua em crise e sendo notícia negativa quase que semanal é lógico pressupor que seria oportuno que o prefeito revisasse seus conceitos, tanto de administração, como da gestão da saúde, sob risco de passar a comprometer uma parcela ainda maior do orçamento municipal para tentar resolver o problema. O próprio peso da folha, do pagamento de juros e do principal da dívida representa um peso significativo no orçamento do município e drena os recursos necessários, não só para a manutenção e recuperação do deteriorado patrimônio público, também para novos investimentos. Hoje é provável que uma análise mais criteriosa destes dados mostre indicadores elevados de desperdício, gasto excessivo e má administração. Vivemos numa pobre cidade rica e pagamos o preço por isso.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Escolher entre fazer o fácil e o difícil




POR JORDI CASTAN

Sem chegar ainda a ser uma situação apocalíptica, Joinville não apresenta muito bom aspecto. A quantidade de pessoas, das mais diversas origens e condições, que manifestam o seu descontentamento pelo estado em que a cidade se encontra é elevada demais para que se possa falar em orquestração.

Por que será que a cidade parece regredir em lugar de avançar, como todos gostaríamos. Alain de Botton, o conhecido filosofo suíço, que esteve no Brasil há poucos dias, responde com a simplicidade que lhe é característica: “A desordem, o caos e mais fácil, a ordem, a organização dão mais trabalho.” Simples assim.

Organizar, planejar, prever, fazer, resolver exige mais esforço e capacidade que procrastinar, esquecer, deixar de fazer ou em outras palavras olhar para o outro lado. A facilidade com que nos deixamos levar pela senda do menor esforço é evidente. Nem precisamos enumerar os prédios públicos que estão interditados ou em estado precário. As obras inconclusas, interrompidas ou deterioradas prematuramente: todos conhecemos mais de media dúzia. A situação é tão comum que a imprensa quase nem noticia mais.

Estes são os pontos em que as pessoas se fixam para chegar à conclusão de que as coisas não estão bem. A percepção, por outro lado, tem um peso importantíssimo. O que passa a ser verdade é aquilo que as pessoas percebem com verdadeiro. De nada adianta gastar pequenas fortunas para repetir que três praças são um parque, ou que nunca se fizeram tantas obras, ou que a qualidade das obras públicas agora é muito melhor que no passado. O que conta é a percepção.

À medida que o tempo passa, e há menos areia na parte de cima do relógio, é mais difícil acreditar que o que não foi feito antes será feito agora. Porque quem escolheu seguir o caminho mais fácil dificilmente vai mudar a sua forma de agir. Mudar a forma de agir toma tempo, exige esforço, mudanças comportamentais. E nem sempre tem sucesso. Quando se trata de uma pessoa já é difícil, quando se fala de cultura organizacional é quase impossível. Se além de todas estas dificuldades, ainda há resistências internas e se a organização em questão muda de direcionamento a cada quatro anos, pode ser uma missão impossível.