JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Um dia destes tive
uma troca de impressões interessante com um leitor. O argumento era de que eu estava a cometer uma
injustiça ao usar a expressão “teta pública”. Porque fica a parecer que todas
as pessoas no serviço público só querem ficar à sombra da bananeira. E reiterou: tem muita gente
que, apesar de ocupar cargos por indicação política, é competente e trabalha
duro.
Ok... para que não
restem dúvidas, vou esclarecer o meu ponto de vista. Quando falo em gente que
mama na teta pública é uma referência a pessoas que, por indicação política,
ocupam cargos para os quais não estão minimamente qualificadas. Ora, se uma pessoa tem as qualificações necessárias, nada a dizer.
Não vou citar
nomes, mas o pessoal mais atento provavelmente conhece alguém que ao longo dos
tempos tem conseguido viver desse expediente. Entra governo, sai governo e os
caras sempre conseguem uma boquinha, mesmo que em cargos menos importantes. E sem qualificação suficiente para a
iniciativa privada, acabam virando dependentes de empregos públicos.
Nestas últimas
eleições deu para acompanhar alguns casos. Mas em especial o de um tipo que quase sempre conseguiu se
manter enquistado na administração pública. Aliás, para que tenham a noção da
qualidade profissional do sujeito, é suficiente dizer que é como ter um cego a
arbitrar um jogo de futebol.
Eis a história.
Ainda só havia pré-candidatos e o cara manifestava publicamente o apoio a um nome.
Mas aí a candidatura não evoluiu e, ao mesmo tempo, Marco Tebaldi surgiu como
candidato. Foi o que bastou para o tipo declarar o seu apoio incondicional ao
deputado que, claro, liderava as pesquisas.
Mas a casa caiu
para Tebaldi logo no primeiro turno. O sujeito nem pestanejou. No dia seguinte,
para ele Kennedy Nunes, que também aparecia a liderar as pesquisas, era o
melhor candidato do mundo. Com a vitória tida como certa, lembro de ter visto o
cara bater forte e feio em Udo Dohler, usando uma adjetivação nada simpática.
Diz o ditado que
quando neguinho está de azar, urubu de baixo caga no urubu de cima. E não deu
outra: a inesperada virada de Udo Dohler deixou o sujeito numa saia justíssima. O que ele fez, então? O de sempre. Passados
poucos dias, já tenho visto, aqui e acolá, o tipo a insinuar que, afinal, Udo
Dohler não é assim tão mal. Sentiram?
É esse o meu ponto
de vista. Há uns sujeitos que sempre conseguem manter um lugarzinho, mesmo que
para isso tenham que se humilhar e lamber botas. E não duvido que neste exato
momento o tal sujeito já esteja a telefonar para pessoas conhecidas ou a enviar
e-mails a pedir emprego. É essa a minha posição: a administração pública
precisa se livrar desses sujeitos.
Há pessoas que não
têm espinha dorsal. Porque fica mais fácil se dobrar para lamber botas.