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quinta-feira, 29 de março de 2012

Pobre cidade rica


POR JORDI CASTAN

Vivemos numa pobre cidade rica e pagamos um alto preço por isso. 

De tanto escutar que a prefeitura não tem dinheiro para nada, que nenhuma obra pública importante pode ser levada adiante pela falta de recursos para fazer as desapropriações necessárias, que a capacidade de endividamento da nossa cidade esta comprometida, confesso que quase acreditei.

Cada vez que o prefeito começava com a cantilena, a minha primeira iniciativa era pôr a mão no bolso e ver se tinha uns trocados para oferecer. Porque é quase um discurso de pedinte, daquele que não tem mais crédito e ficou sem dinheiro até para comprar o pão e o leite. Situação constrangedora para a cidade que insiste em se apresentar como a maior de Santa Catarina, a terceira maior economia do sul do Brasil, a Manchester Catarinense e por aí afora. Bater no peito e estar quebrado é uma situação para envergonhar qualquer um. Se não morasse aqui, diria que me produz vergonha alheia esta situação de extrema penúria.

Mas surgem dados mostrando que Joinville é sim uma cidade rica, que o seu orçamento é maior que o de muitas cidades de porte e população semelhante, que o que aqui se arrecada - graças à pujança da nossa economia - é significativo e deveria nos permitir uma situação mais confortável. O jornalista Jefferson Saavedra, do jornal A Notícia, informa que: “A receita de R$ 1 bilhão apurada em 2011 fica acima da media de municípios do mesmo porte. Londrina fechou com R$ 840 milhões e Juiz de Fora, também com 520 mil habitantes como Joinville, teve receita de R$ 830 milhões. Com população um pouco menor, Caxias do Sul teve R$ 962 milhões à disposição no ano passado. Uberlândia atingiu R$ 1,1 bilhão, mas tem 90 mil moradores a mais que Joinville. As cidades com receitas bilionárias no interior paulista, na faixa do R$ 1,3 bilhão registrado no ano passado, como Sorocaba e Ribeirão Preto, já passaram dos 600 mil habitantes”.

O problema, neste caso, deverá ser encarado desde outra perspectiva: a própria administração que se faz dos recursos públicos. O prefeito Carlito Merss divulgou, nestes dias, que o gasto em saúde aumentou dos 15% exigidos por lei para os atuais 32%, bem mais que os 26% da gestão anterior. É perigoso aceitar a lógica que gastar mais é um bom indicador. As escolas de administração recomendam que se gaste bem, ou que se gaste melhor. Se a pesar de aumentar o gasto na saúde mais do dobro do exigido por lei, a saúde em Joinville continua em crise e sendo notícia negativa quase que semanal é lógico pressupor que seria oportuno que o prefeito revisasse seus conceitos, tanto de administração, como da gestão da saúde, sob risco de passar a comprometer uma parcela ainda maior do orçamento municipal para tentar resolver o problema. O próprio peso da folha, do pagamento de juros e do principal da dívida representa um peso significativo no orçamento do município e drena os recursos necessários, não só para a manutenção e recuperação do deteriorado patrimônio público, também para novos investimentos. Hoje é provável que uma análise mais criteriosa destes dados mostre indicadores elevados de desperdício, gasto excessivo e má administração. Vivemos numa pobre cidade rica e pagamos o preço por isso.