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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Udo Dohler: quem não sabe fazer... ensina


POR JORDI CASTAN

Há coisas na vida que não se recuperam: a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida. É um antigo ditado que cai como uma luva sobre a atuação do prefeito Udo Dohler. As palavras que proferiu, a oportunidade que perdeu. A ocasião, como diz o adagio, foi perdida. Mas as palavras ele deixou em documentos encontrados na internet. 

Quem quiser conhecer mais sobre o pensamento do prefeito Udo Dohler pode visitar o link “ideias e pensamentos de Udo Dohler”. Lá ele expõe suas ideias sobre o trabalho, sua visão da gestão, além de reunir uma série de conselhos que se dispõe a compartilhar de forma generosa na internet. Para quem tiver interesse, recomendo uma visita.

No entanto, para poupar o seu tempo, selecionei alguns slides do site que poderiam ser úteis ao próximo prefeito de Joinville. É bom lembrar a diferença que existe entre “dizer” e “fazer”. Há dezenas de empresários mais ou menos bem sucedidos que oferecem receitas de bolo para quem quiser emular o seu modelo de gestão. Udo, num ato de suprema generosidade e desprendimento, compartilha a sua sabedoria. Porque é importante deixar o seu modelo de gestão ao alcance de todos. Obrigado, prefeito.


Não tenho palavras para agradecer um presente como este. Em tempo, por um instante fiquei com a impressão de que é um caso daqueles em que o autor diria: “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. E deixo uma sugestão: seria boa ideia manter atualizado o site. Afinal, sabemos que uma coisa é o discurso de campanha, para iludir incautos (ops!, digo, eleitores) e outra é gerenciar uma cidade como Joinville.


Em tempo. Há diferenças abissais entre o administrador e o gestor. Enquanto o primeiro sabe o que deve ser feito, o segundo sabe como fazer. Saber o que deve ser feito implica conhecimento, planejamento e capacidade. Saber como fazer requer treinamento e trabalho. Deve ser por isso que Udo Dohler destaca tanto o valor do trabalho, o mérito que tem que acorda cedo, trabalha duro e suja as mãos trabalhando. Pena que não se vejam resultados.


Mas vejamos, então...





sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Assim não verás cidade nenhuma








POR SALVADOR NETO

Em 1981 o jornalista e escritor Ignácio de Loyola Brandão lançou o romance Não verás país nenhum, uma obra mais atual que nunca. A história conta sobre um lugar onde tudo era controlado pelo Esquema, um tipo de governo totalitário do futuro. O cenário é de águas poluídas, avanço do deserto, doenças estranhas, miséria crescente, comidas artificiais com aditivos químicos que injetam tranquilidade direto no sangue, urina reciclada para beber (para os menos privilegiados), o nordeste do país vendido para transnacionais, aquecimento solar...

Passados 35 anos dessa surpreendente antevisão do que poderia vir a ser o país – e porque não o mundo? – em que viveríamos, proporcionada por Loyola, vemos com olhar complacente que nos encaminhamos para esse fim. Após o pretenso fim da guerra fria – acabou mesmo? – nos deparamos hoje com ameaças de bomba de hidrogênio pela Coréia da Norte, guerras sem fim no Oriente Médio que causam um êxodo de populações inteiras, todas fugindo da insanidade humana, que só aumenta. Catástrofes ambientais como a de Mariana (MG) se sucedem aqui e acolá, acabando com a fauna, a flora, e com o homem que não pode mais beber a água limpa, cuidar do seu gado e das suas plantações, e sequer casa pode ter.

Não vou me alongar nos exemplos que temos, pois faltariam linhas e espaço para tantos desastres socioambientais. Mas é claro que avançamos para ter esse mundo do Souza, de Loyola, batendo à nossa porta. O que temos feito para evitar que o Esquema continue a nos pilhar, controlar, envolver e aceitar suas imposições? Quase nada. Souza precisou de um buraco em sua mão para sair da inércia. Em Joinville mais de 600 mil pessoas caem em buracos todos os dias nas ruas, e acreditam que não podem fazer nada para reverter tal abandono. Quantos buracos em ruas, calçadas, precisaremos ter a frente dos olhos para contrapor esse esquema perverso que empurra a cidade em que moramos para ser a cidade do romance de Loyola?

"BOM SENSO" - O esquema do governo atual da Prefeitura de Joinville tem feito muito mal aos cidadãos que acreditam em um lugar adequado para se viver. Com muita publicidade, propaganda em meios de comunicação de massa, tenta impor uma cidade moderna, perfeita, que não existe na prática. A receita oferecida, um empresário com fama de bom gestor construída na mídia ao longo de muitos anos, se mostra um parco arrazoado de boas intenções, mas sem verdade e sem indicações claras para atacar os problemas. Andar pela cidade mostra isso. A última ação, o aumento “bom senso” na tarifa de transporte coletivo, abusivo, mostra o lado para o qual o Esquema atua. E não é o da maioria da população.


A maioria da população está enfrentando os buracos que já fazem parte da geografia da cidade, pois proliferam tal quais os mosquitos da dengue. Continuam a buscar remédios que também continuam a faltar na rede publica de saúde, assim como leitos para que seus doentes sejam bem tratados. Somente nesta gestão de Udo Döhler a saúde já teve três secretários, cujos afastamentos se deram pela ameaça da Justiça à porta. Mobilidade urbana continua a mesma imobilidade, com avanços rápidos para a paralisação da cidade, pois obras de vulto só existem nas entrevistas, promessas. Vagas para as crianças nas creches? Eles resolvem facilmente: cortam o turno integral de pais carentes e – vupt! – lá aparecem mais vagas... Os pais e as crianças? Ah... se virem por aí.

Para piorar, enquanto a incompetência na gestão só cresce e joga a cidade para trás, o Prefeito segue um receituário proposto por algum Goebbels de plantão. Cria histórias para que o povo esqueça as anteriores. É o caso do bordão de campanha – não falta dinheiro, falta gestão -, que tentam esconder agora com Biervilles (qual foi o prejuízo?), cortes de gastos (?), apontando o dedo para a corrupção que grassava na Prefeitura (onde, quando, quanto, quem, valores?), sem mostrar dados concretos. A mais nova é que as prioridades são educação, saúde e salários. Novidade? Não é mais que a obrigação determinada na Constituição Federal. Esse Esquema não é novo, mas continuou na gestão atual, e já vem de muitos anos na cidade.

PODER PELO PODER - Como enfrentar isso? Bem, comecemos por participar mais da política. Comparecer à Câmara e ver o que e como votam nossos vereadores em casos como aumentos, etc. Ver se fiscalizam a Prefeitura, ou somente dizem amém a tudo que vem de lá. E usar o voto, a ferramenta da democracia que sempre pode pelo menos oxigenar a gestão pública. Com consciência, participação e fiscalização. Sim gente, é no legislativo que se legitimam muitas das ações do executivo. E olhem que o atual governo Udo tem maioria absoluta.

E, claro, é preciso prestar muita atenção nos nomes que virão este ano para concorrer à Prefeitura. Há muitos, ou quase todos, que gostam do mesmo que o atual alcaide: o poder pelo poder. Uma cidade como Joinville precisa de um Prefeito que tenha de fato liderança, que inspire e motive a população, que mostre trabalho, intensidade, propostas e ações que engajem as pessoas a crer em um futuro melhor. Precisamos nos empoderar da cidade, ou não veremos cidade nenhuma para nossos filhos e netos. Pessimista, catastrófico? Não, apenas realista. Ignácio de Loyola Brandão anteviu em sua obra muito do que vemos hoje. Nós podemos mudar.

Finalizando, completo um ano de participação neste coletivo Chuva Ácida agradecendo aos colegas do blog, aos leitores de todas as semanas, aos comentaristas e a todos os que apoiam um jornalismo independente. Sigamos em frente, obrigado!

É assim nas teias do poder...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Joinville é mesmo uma ilha de honestidade?

POR JORDI CASTAN

O prefeito Udo Dohler concedeu uma entrevista ao jornal A Notícia, na qual fez balanço da sua gestão até agora e falou das suas expectativas para os meses que ainda tem pela frente. A impressão era a de escutar o candidato em lugar de quem ainda não conseguiu mostrar a que veio.  Entre as muitas frases de efeito que pululam pelo texto há algumas que gostaria de destacar.

- “Limpamos a máquina pública. Nos deparamos aqui com um cenário assustador de corrupção e desvios de conduta. A população está vendo, em todo o Brasil, escândalo atrás de escândalo, e é por isso que me orgulho de ter mantido erguida aquela que foi uma das minhas principais bandeiras nas eleições de 2012: mãos limpas.”

O prefeito gosta de fazer declarações pirotécnicas e tem feito isso em outras entrevistas. 
Contudo, cometeu de novo um erro que deveria ter evitado. Falar de "um cenário assustador de corrupção", sem citar nenhum caso concreto, sem apresentar dados, sem nomes, sem mencionar os delitos cometidos, em que setores, sem divulgar quantos inquéritos administrativos foram abertos, quantos casos foram identificados, quanto dinheiro foi devolvido, sem apresentar quanto é o tamanho do prejuízo causado pela corrupção tem pouco efeito.

Primeiro porque o resultado é nulo. Segundo porque é impossível ignorar que o prefeito é pré-candidato natural à reeleição e num momento em que o Brasil está revoltado pelos índices escandalosos de corrupção e impunidade, o discurso contra a corrupção, a favor da honestidade, retomando ainda o lema das “mãos limpas” que usou na campanha de 2012, não engana mais. Sem provas, sem nomes, e sem dados é conversa para boi dormir.

É importante não fazer acusações sem provas e sem nomes. É ainda mais importante não jogar lama nos funcionários públicos honestos que formam os quadros da Prefeitura. Porque não é justo falar de cenário assustador e jogar dúvidas sobre a honestidade da maioria dos funcionários do quadro efetivo. Alias seria bom se o prefeito viesse a público a citar quantos foram exonerados por corrupção na sua gestão e como conseguiu o milagre de fazer de Joinville essa ilha de honestidade, a que faz referência, numa sociedade em que a corrupção se espalha como mancha de óleo

- "O cidadão não gosta de buracos nas suas ruas, mas gosta menos ainda da política corrupta e suja que se pratica em outros lugares".

Aliás, nesse tema da corrupção, que diz que se pratica em outros lugares, ele anda num terreno escorregadio. Para começo de conversa, a sua campanha recebeu recursos da Engevix, empresa que tem executivos presos e condenados por corrupção. Digamos que ninguém neste momento gostaria de ver a Engevix na lista dos seus doadores de campanha.

O prefeito declarou nestes dias ao MPSC que tinha conhecimento de que realmente ouviu que alguns vereadores estariam propondo emendas a LOT em troca de pagamentos por "fora". Disse o prefeito na sua declaração no MPSC “que o declarante esclarece que tomou conhecimento de possível 'lobby' de vereadores no sentido de diminuição da exigência da metragem dos lotes da região conhecida como Estrada da Ilha, até porque o projeto original estipulava 2.500 metros, passando posteriormente com o consentimento da Associação de Moradores locais – que sentiam receio que o fracionamento diminuísse ainda mais – para 1.200 metros, sendo que, ainda, chegou-se na emenda efetivamente apresentada no fracionamento de 650 metros, o que na visão do declarante, demonstra claramente toda a pressão que envolveu pontualmente essa situação”, diz o teor do depoimento ao promotor Marcelo Mengarda.

Disse o Prefeito Udo Dohler não saber os nomes. “...o declarante não sabe informar a identificação de possíveis vereadores que estariam solicitando o pagamento (por fora) para aprovação de emendas na LOT; QUE o declarante esclarece que realmente ouviu de determinadas pessoas, as quais prefere não declinar, que realmente houve por parte de alguns vereadores a utilização de algumas emendas na LOT como chance de arrecadar cifrões, com preço estipulado; QUE o declarante não chegou a ter conhecimento de quais valores seriam cobrados”, concluiu em seu depoimento.

Pode até não saber ou não lembrar dos nomes dos vereadores envolvidos. Se são ou não do seu partido, se são ou não da situação. Mas eu aconselharia ao prefeito que andasse com um caderninho na mão para anotar. Seria melhor se fosse menos enfático ao afirmar que aqui não se pratica a política corrupta e suja que se pratica em outros lugares. 

SAÚDE E EDUCAÇÃO - Na entrevista o prefeito dia que fez as suas escolhas. Preferiu investir mais em saúde e educação que em mobilidade. Uma escolha para aplaudir. Talvez deveria ter pensado melhor antes, durante a campanha, quando incluiu no seu plano de governo 300 km de asfalto. Mas sabemos como é campanha, se promete tudo para se eleger e depois se esquece o que se prometeu. No fim das contas, uma vez eleito vale tudo.

Da declaração do prefeito se desprende uma afirmação a todas luzes inverídica: a de que a saúde e a educação estão bem, porque não se investiu em asfaltamento. Os funcionários do Hospital São José, por exemplo, informam que faltam remédios, macas, cadeiras e que nem o ar condicionado esta funcionando. O quadro nas escolas não é muito diferente. Alunos que estavam no período integral voltaram ao meio período. Se reduziu a carga horária para poder oferecer mais vagas. Assim se vestiu um santo e se desvestiu outro. 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Nos fios da teia #4















POR SALVADOR NETO

A guerra política pelo poder mexe com o país, e acirra os ânimos de governistas e oposicionistas. O povo, bem, o povo busca entender o que acontece fato, para compreender o que se passa...

Nas Teias do Poder, falamos mais. Falamos sobre Cunha, PMDB, Colombo, Udo, e mais algumas coisas.Vamos a mais fios da teia:

Tchau Cunha – Brasília produz figuras políticas nocivas que o povo nem sequer imagina como nascem, crescem, se desenvolvem e tomam o poder. Eduardo Cunha, do PMDB, ainda presidente da Câmara dos Deputados, é uma delas. Seu histórico de envolvimentos com desvios vem desde a época Collor e PC Farias. Com base nos dutos criados a partir dos cofres públicos em alianças com grandes empresas e empreiteiras, chegou a chantagear a Presidência da República, parlamentares e até o STF. Escrúpulos? Ele não tem nenhum.

Tchau Cunha 2 – Finalmente o procurador geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF a destituição de Cunha da Presidência da Câmara. Atrasadíssimo! Diante das manobras claras de Cunha para intimidar, protelar, burlar o processo contra ele no Conselho de Ética, e impulsionar o processo de impeachment contra Dilma, o pedido já era para ter sido feito há dois meses. Agora, os eminentes ministros do STF avisam: só em fevereiro de 2016. Enquanto isso se dane o Brasil.

PMDB arranhado – O partido fiador da retomada da democracia – claro, também o único autorizado pela ditadura a funcionar à época – derrapou feio nas últimas semanas. O vice-presidente, e presidente do partido, Michel Temer, mostrou o jeitinho golpista, disfarçado, claro. Agiu nas sombras, e com cartinhas chorosas, para desestabilizar o governo do qual faz parte e foi eleito. O desejo? Assumir a Presidência sem sequer um voto. E colocar em marcha um plano neoliberal idêntico ao aplicado no país entre 1994 e 2002. Nem o Brasil, nem o PMDB, merecem.

PMDB arranhado 2 – Rachado, um lado com Temer, e do outro com Renan Calheiros e Picciani e governadores, o PMDB trava uma guerra intestina com seus quadros. O mais incrível é servir de ponte para um golpe branco para assumir outra aliança com tucanos, democratas (?) e outros menos votados, que não ganham eleições presidenciais no voto há quatro pleitos. Dizem, nos corredores de Brasília, que por trás disso tudo estão as “liberdades demais” ao Ministério Público Federal, Polícia Federal, nas investigações. Hummmm. Pelo que se vê na Lava Jato, faz sentido. Será?


Tchau Levy – Ungido por setores econômicos – bancos mais precisamente – o ministro da Fazenda Joaquim Levy chegou ao governo Dilma para dissolver a crise econômica que assumia grandes proporções. Com viés neoliberal, Levy aplicou algumas receitas, outras o Congresso não ajudou a aprovar por conta do clima “quanto pior, melhor para derrubar a Dilma”. O fato é que não deu certo, pois não brecou a inflação, não impediu a redução da atividade econômica, e jogou o governo Dilma contra os movimentos sociais e a maioria da população que a elegeu. Deve sair após o Natal. Vem aí um nome mais político, para a retomada do desenvolvimento.

Colombo – Hábil na comunicação, e no manejo da máquina publica para garantir um governo sem encrencas, Raimundo Colombo fecha mais um ano impedindo que a briga entre seu partido, o PSD, e o PMDB, se amplie a ponte de inviabilizar a convivência. Assinando convênios a torto e a direito, mas efetivando poucos deles, o lageano vai cozinhando todos em banho maria. No plano federal, com Dilma, mas sem muitas falas efusivas – sem dinheiro federal não governaria como hoje. Em SC, deixa seus partidários anti-Dilma descerem a lenha. E assim pavimenta seu caminho ao Senado em 2018. Com o PMDB. Anotem.

Colombo e Udo – A relação se mantém porque antes de Prefeito, Udo Döhler é empresário, e como tal, representa a classe, a ACIJ, etc, etc. Mesmo contrariado com a falta de mais presença do governo do Estado nas obras e ações de seu governo, o Prefeito é pragmático e busca não criar um inimigo, tanto para os negócios, quando para a política. Afinal, o PSD, partido de Colombo, vem com Darci de Matos na disputa, e com todo o apoio do deputado estadual Gelson Merísio (PSD), presidente do partido, da Assembleia, e com olho grande no Governo do Estado em 2018. Mas a dupla ColombUdo, UdoLombo, para a cidade inteira, não funcionou ainda.

Udo mãos limpas – A declaração do prefeito Udo Döhler ao jornal A Notícia esta semana foi um tiro que acertou muita gente. Disse ele: — Limpamos a máquina pública. Nos deparamos aqui com um cenário assustador de corrupção e desvios de conduta. A primeira vítima, e talvez a mais atingida, a classe dos servidores públicos municipais. A afirmação do Prefeito é grave, pois aponta que havia, ou há, ou houve há muito tempo, muita roubalheira e desvios! O que respondem os servidores? Vão aceitar a pecha? Mas, o tiro também pode ser no pé. O que foi feito para essa “limpeza” ter se efetivado? Só agora Udo afirma isso? O que pensam Carlito Merss, Marco Tebaldi, e até quem trabalhou com Luiz Henrique em seus dois mandatos e hoje estão com Udo no governo? Será que teremos um discurso a.U. e d.U. para a campanha?

Udo gestor – Na mesma entrevista, o Prefeito diz: — Quando me perguntarem qual a principal realização da minha gestão, vou dizer que foi ter modernizado e otimizado a gestão pública, ter devolvido as crianças às suas escolas, e ao povo os seus espaços de lazer e entretenimento. Estamos fazendo uma gestão honesta e focada no cidadão — disse Udo. Você também vê a cidade com os olhos do gestor Udo Döhler? Devolver crianças às escolas? Ao povo seus espaços? Será que falamos da mesma cidade? A que vivemos está perdida em buracos nas ruas, com praças e áreas de lazer abandonadas e com mato a cobrir seus espaços, e nos bairros... bem, nos bairros... nada.

Udo gestor 2 – O jornalista entrevistador não aprofundou as questões, ficou na superfície. Mas o Prefeito não falou sobre sua principal bandeira e forma de ver a administração pública. “Não falta dinheiro, falta gestão”. Foi nessa bravata que Udo ganhou os corações dos eleitores na reta final contra Kennedy Nunes. E também na fama de grande gestor da saúde. Hoje, a saúde está igual, a gestão atrasa fornecedores, não há pavimentação, obras fundamentais não saem do papel, as que existiam estão paralisadas, e o que diz Udo hoje? Falta dinheiro. Fomos enganados?

Udo 2016 – O Prefeito também diz estar preparado para as eleições do ano que vem. Realmente é invejável a sua saúde. Mas politicamente, terá mesmo essa força toda? Sem seu idealizador, mentor e guru na politica, Luiz Henrique da Silveira, terá a mesma capacidade de articulação, raciocínio e estratégia? O PMDB marchará unido com ele, ou muitos quadros preteridos por Udo estarão torcendo – e trabalhando – por outro nome? Xuxo (PP), Carlito (PT), Tebaldi ou Paulo Bauer (PSDB), Rodrigo Bornholdt (PDT), Adilson Mariano ou Camasão (PSOL), Darci de Matos (PSD), serão adversários de peso. E pode vir ainda um grande desafeto de 2012: Kennedy Nunes. Haja preparo. E resultados para mostrar, que hoje, convenhamos, são pífios.

Novo comando - Assim como em todas as províncias, Joinville não fica longe quando o assunto é troca do delegado regional de polícia, o antigo xerife da cidade. Afinal, não há cidade onde o bispo, o delegado e o prefeito não tenham seu devido poder. Após longos nove anos, Dirceu Silveira deixa o cargo de Delegado Regional de Polícia. Assume Laurito Akira Sato, que já trabalhou na cidade antes, e também com Dirceu. A mudança foi sentida por quem sai - não esperava - e comemorada por muita gente. O antigo delegado deixou marcas nem tão boas na sua gestão, como nos erros nos casos Maníaco da Bicicleta e Oscar do Rosário. O que virá agora, veremos. Se a segurança mudar de fato, sem factóides, e prevenção dos crimes, ótimo. É o que a cidade espera. Mas sintomática foi a reação de setores da força econômica: não gostaram. Mistério.


É assim, os fios da teia nas teias do poder.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A mágica da multiplicação de vagas em CEIs



POR SALVADOR NETO

Joinville é a cidade onde se fazem milagres, até na educação infantil. De uma só canetada 600 vagas apareceram do dia para a noite na rede pública municipal. A receita? Acabar com o turno integral para 600 crianças, aproximadamente. Neste quadro de circo eles cortam para aumentar. Só esqueceram das crianças, seus pais e suas mães. 


Os autores da mágica são o prefeito Udo Döhler, o secretário da Educação, Roque Mattei, e claro, a bancada governista formada por quase todos os 19 vereadores. Esta semana inclusive o líder do governo no legislativo, vereador Claudio Aragão (PMDB), encerrou reunião da Comissão de Educação – que preside – diante dos protestos de dezenas de pais e mães que não sabem o que fazer diante dessa “mágica”. Democrático o vereador governista não acham?
 
Os fakes governistas, os bajuladores aninhados em cargos do governo, ou mesmo fora dele em empregos terceirizados, podem me chamar de chato. Para este jornalista isso é um elogio. Sou obrigado a retomar o lema que marcou a eleição de Udo em 2012: não falta dinheiro, falta é gestão. Tal frase, que levou milhares a votar no empresário peemedebista, hoje soa como palavrão para a rapaziada do outro lado do rio Cachoeira.

Entendo, é difícil explicar o inexplicável hoje após quase quatro anos de governo que não disse a que veio. Após os fiascos na saúde – o alcaide se diz conhecedor há 40 anos, portanto presume-se que conhece do riscado -, na infraestrutura, mobilidade urbana, embelezamento e manutenção da cidade, suas praças, ruas (buracos brigam entre si nas vias centrais, e muito mais nos bairros), agora eles brindam os pais e mães joinvilenses com um presentão em outubro, mês das crianças e dos professores: tirar direitos para fazer nascer vagas para mais crianças.

Segundo a Prefeitura, e seus planejadores, o município prevê mais quatro mil matrículas na faixa de idade entre 4 e 5 anos. E que o atendimento na educação infantil vai aumentar de oito mil para 12 mil crianças nesta faixa de idade em 2016, quando as matrículas a partir dos quatro anos já serão obrigatórias por lei. Ao eliminar o turno integral para aquela faixa etária, aponta o secretário Roque Mattei, a rede ganhou novas vagas em número proporcional às matriculas desativadas.

Ora amigos e amigas, pais e mães que foram surpreendidos a menos de três meses do final do ano com este anuncio, onde anda a tal gestão profissional? Após três anos, com dados disponíveis ano a ano, não sabiam que a demanda aumentaria? Que investimentos na educação são permanentemente necessários?

Vamos buscar compreender então a gestão Udo, lenta como as tartarugas gigantes de Galápagos: é difícil criar tantas vagas, faltam verbas, etc, etc, etc. Mas o governador Colombo do PSD, é aliado e vive aqui assinando convênios. A presidenta Dilma também, pelo menos é o que diz o Prefeito. A verdade é que além da gestão, falta também criatividade, agilidade, vontade política.

Aliás, se há vontade política no sentido de fortalecer a iniciativa privada que possui escolas de nível como a UNISOCIESC, de onde o secretário Roque é oriundo, Elias Moreira, Bom Jesus, Santos Anjos, e tantas outras, e tantos outros centros de educação infantil por toda a cidade, porque não compram essas vagas e resolvam o problema?

Porque não utilizam estruturas do Estado que estão a cair por falta de alunos durante o dia, noite, e também por não ter manutenção, ocupando esses lugares ociosos para colocar nossas crianças e evitar o desespero de pais e mães? Ou o Prefeito, Secretário e Vereadores governistas do PMDB, PSDB, PSC, PDT, e outros menos votados creem que é fácil fazer a mágica com o bolso dos outros?

Enquanto os pais são desrespeitados, vendo seu direito retirado, o Prefeito viaja ao exterior e organiza uma espécie de festa das cadeiras com o vice-prefeito Rodrigo Coelho (PSB) e o presidente da Câmara de Vereadores, Rodrigo Fachini (PMDB): eu viajo, vocês assumem um bocadinho cada um, sem brigar. Eles brincam de governar, e o povo chora em meio à falta de saúde, vagas na educação, buracos nas ruas, matos em praças, bairros abandonados ainda esperando os 300 km de asfalto.

No governo Udo agora falta tudo. Dinheiro, gestão, e vergonha. Dizem por lá também que não tem segredo, tem trabalho. Os cidadãos já viram que na verdade tem é muito segredo, e pouco trabalho. Joinville virou Sucupira. Resolvam o problema das vagas sem o sofrimento de pais e mães. É o mínimo que um gestor público deve fazer.


É assim, nas teias do poder... 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Lia Abreu - Um caso que arrepia a gestão Udo Döhler



POR SALVADOR NETO

Finalmente Lia Abreu falou. Não diretamente por sua voz, mas falou. A Prefeitura de Joinville também falou. Assim, um quadro obscuro ficou agora escandalosamente claro. O modelo “moderno” de gestão de pessoas no governo Udo Döhler (PMDB) trilha os caminhos da tal “meritocracia” que o então candidato defendia em seu Plano de Governo em 2012 nas páginas 14 e 15?

Seria talvez uma “udomeritocracia”? Abuso de poder, perseguições, assédio moral, afastamentos e procedimentos administrativos em escala nunca antes vista seriam a base de medida desta gestão? Pelo menos é o que se mostra diante dos fatos que chegam a este humilde jornalista.



“(Eles queriam) primeiro temporariamente, em razão do ano letivo de 2015 que se iniciava, e posteriormente, criar o cenário ideal para se afastamento definitivo, ou seja, a exoneração da servidora”, disse à reportagem. 

E disse mais: “As denúncias variam de forma e tamanho, algumas beiram ao ridículo como, por exemplo, sorrir nas dependências de órgão público. Outras acusam Lia de conduta inadequada, manifestação de desapreço e maneira autoritária de agir”, observou o defensor.

Apurações feitas por este jornalista apontam que há parentes de deputados, ocupantes de cargo de alto escalão do governo estadual, envolvidos no ardil desta ação contra Lia Abreu. Mais espantoso é ver que após mais de 200 dias de processo administrativo, e do afastamento da fiscal de suas funções, ainda não tenham conclusão.

Não encontraram nada em tanto tempo de investigação, e tentam impingir à servidora uma punição. Seria essa a tal meritocracia? A udomeritocracia? Essa medida deixa as digitais da perseguição à mostra, e certamente será derrubada pela defesa da fiscal. Será este o modelo de “protagonismo” na gestão que propunha o então candidato Udo Döhler?

Há outras denúncias de mais setores, e todas as fontes garantem ter documentos em mãos para provar inocência, e também mostrando possíveis “interesses” não tão nobres nos processos, e também afastamentos.

Falta a prometida “nova e justa política de remuneração”, e o diálogo inexiste com os representantes da categoria. Some-se a isso a falta de condições de trabalho nas subprefeituras, faltam remédios, médicos, obras, o excesso de buracos nas ruas, etc, etc, etc, em todos os setores da Prefeitura.

Por Lia Abreu, falou seu advogado ao jornal Gazeta de Joinville na edição do dia 16 de setembro deste ano. Segundo Alexandre Rossi, o afastamento da fiscal sanitarista é puramente político.

Causa estupor ao cidadão que paga impostos a sanha perseguidora do Governo Udo a essa fiscal que tem mais de 20 anos de bons serviços prestados à cidade. Dura na fiscalização do abandono das escolas estaduais e municipais, ela granjeou inimigos poderosos. Desses agentes políticos que agem nos bastidores.

Mais que isso, decidiram pelo retorno dela ao posto original de 1996 sob alegação de não ter cumprido estágio probatório! Essa Secretaria de Gestão de Pessoas comandada por uma ex-candidata derrotada à vereança está mais para um Dops, DOI-CODI, ou até uma Gestapo.

Recebi denúncias que somente em um setor da Prefeitura de Joinville, que lida com obras e outras fiscalizações, há cerca de 20 processos administrativos disciplinares em andamento contra... fiscais! Essa ideologia de processos contra servidores seria uma prática comum e já corriqueira na atual gestão, uma forma de pressão para obrigar os servidores a realizarem atos que a administração deseja, mas não vê acontecer.

Tal modelo de gestão de pessoas remonta ao inicio da revolução industrial, portanto, ultrapassado, arcaico, que desmotiva e desmobiliza a máquina pública que é tocada por mais de 12 mil servidores. Recentemente houve a tentativa de corte da insalubridade dos servidores do velho Zequinha, o inabalável e insubstituível Hospital São José.

Repito o que disse no artigo escrito há seis meses sobre o mesmo tema (clique aqui): o tempo da mordaça acabou há 30 anos. Lia Abreu e demais servidores. Desinterditem suas vozes. A sociedade que paga seus salários e espera seus bons serviços aguarda ansiosa.

É assim, nas teias do poder...

sexta-feira, 10 de julho de 2015

E a saúde, óooo

POR SALVADOR NETO

Acreditem, nesta quinta-feira em menos de oito horas a Secretaria da Saúde da maior cidade de Santa Catarina esteve sem comando, e logo em seguida voltou a ter. Agilidade? Competência? Rapidez no gatilho?  Talvez a tentativa tenha sido essa mesmo, demonstrar que são ágeis, recrutam talentos com olhos de lince, etc e tal.

Mas a verdade mesmo é que a saúde, no governo Udo Döhler, já chegou a três secretários em menos de três anos de gestão. Começou com um médico, passou por uma advogada, e chega agora a uma procuradora municipal. O remédio utilizado não está resolvendo a doença. A saúde padece e sem remédio à vista.

Os graves problemas de filas continuam. A falta de medicamentos nas unidades de saúde continua. As cobranças do Ministério Público continuam. A falta de condições de trabalho para os agentes de saúde, continuam ou pioraram. Os idosos que recebiam fraldas geriátricas não mais ganharão, terão de comprar na rede de farmácias. E grande contingente de servidores do Hospital São José terão seu direito à insalubridade cortado. Valorizar o servidor, diziam em 2012.

A agora ex-secretária Larissa Brandão também já estava na mira, e enfrentou a falta de apoio do chefe do executivo, além de ser surpreendida por decisões em andamento não determinadas por ela. Sai antes que seja tarde de um governo que padece.


Da promessa de resolver os graves problemas no setor, feita nas eleições de 2012, não sem tem notícias, a não ser os factoides inventados pelos abnegados da comunicação social do governo. Avanços muito tímidos.

A lógica mercadológica, o modelo privatizante desejado pelo empresário Udo Döhler, é a diretriz básica na saúde. As tais parcerias com clínicas visam exatamente repassar à iniciativa privada algo que é dever do governo. Não é por acaso que o primeiro secretário da Saúde do governo peemedebista foi afastado pela Justiça a pedido do Ministério Público. Ele não cumpria as decisões judiciais.

Chega agora Francieli Schultz, procuradora do município, para segurar o rojão jurídico que ainda paira sob a pasta. Gestão? Para quê gestão? Vamos cuidar de fazer a lógica mercadológica e empresarial caminhar, enquanto a população busca medicamentos e não encontra.

Quer fraldas para seus entes queridos, mas tem de comprar nas farmácias. Busca especialistas, mas tem de ir para a fila ou... correr para a saúde privada Que lógica perversa, que em nada contribui para resolver os problemas da área da saúde de Joinville.

Não há pavimentação. Há buracos. Não há remédios, busque nas farmácias. Não há fraldas, compre. Não há praças bem cuidadas, se virem. Não há sinalização de trânsito, entendam-se. Não há obras de porte para a mobilidade urbana, esperem os convênios. Não há ponte do Adhemar Garcia, aguardem. Na eleição o mantra foi não falta dinheiro, falta gestão...

A cidade padece a olhos vistos, ainda escapando a educação. Gestão pública não foi pensada para gerar lucros, mas gerar atenção à população, gerar bem estar a quem precisa. A cidade padece, e enquanto isso a população e a saúde, óooo.

* só para encerrar, já resolveram o caso com a Lia Abreu? 





segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Essa tal de "Geston"

POR JORDI CASTAN


Essa tal de “geston” é um bicho esquisito. Na campanha foi apresentada como a solução a todos os problemas. O problema de Joinville era um problema de gestão e o candidato que venceu se apresentava como garoto propaganda da gestão. Já no discurso de posse veio com aquele papo mole de "cuidar dos centavos" quando todos sabemos que o problema não são os centavos, o problema são os Reais e a vaca começou a ir para o brejo, devagarzinho no começo, com um trote alegre depois e agora num elegante galope. Em quanto a nível federal as vacas têm optado por ficar tossegosas, as sambaquianas têm se dirigido ao brejo.

Essa tal de “geston” não parece estar dando os resultados previstos. Escolhi alguns exemplos a esmo, estou convencido que cada leitor poderá acrescentar outros com pouco esforço. Como inicio de conversa:
- A arborização urbana.
- O restaurante popular do Bucarein.
- PA da Zona Norte
- A Rua das Palmeiras.
- As escolas municipais. 

A arborização urbana foi objeto de um post recente aqui no Chuva Ácida, e media de perdas das arvores plantadas na ultima empreitada esta sobre os 50%, numa rápida vistoria pela cidade. Ainda há que acrescentar a este numero as arvores que são mortas intencionalmente, as que morrem por falta de manutenção e as que se perdem por causas naturais e que tampouco são repostas. Qualquer leitor atento que passe perto da rotatória do tecelão poderá constatar que verde e arborização não é o ponto forte das empresas que estão perto. É difícil imaginar que quem não planta arvores e não tem um jardim cuidado na sua casa ou na sua empresa se preocupara com isso na sua cidade. “Geston” do verde “0”

O restaurante popular do Bucarein segue fechado. Alguém se lembra do motivo do fechamento e a data anunciada para a sua reapertura? Em novembro de 2013 e com menos de 3 anos de uso o restaurante foi fechado para “reformas” reformas orçadas em mais de R$600.000 e com data prevista de reapertura em junho de 2014. Até agora nada. Já sabemos que cumprimento de prazos e de preços não é o forte desta gestão. Mas ninguém até agora veio a dizer a que ritmo anda a obra e qual o novo prazo. O mais provável é que estem apostando em que logo o joinvilense esqueça que lá um dia teve um restaurante popular.

Fechar o PA da Zona Norte para reformas e transferir os pacientes e usuários para os outros PAs é uma pratica estranha. Já imaginou se uma indústria têxtil fechasse por meio ano a estamparia ou a tinturaria para reformas? Será que as empresas de Joinville não fazem manutenção preventiva dos seus equipamentos e instalações? Se as empresas fazem, essa não é uma pratica que forme parte da “geston” pública. Aqui as coisas se deixam sem manutenção até cair aos pedaços literalmente e depois se fecham “sine die” e se gastam uns bons recursos em grandes reformas que em pouco tempo exigirão novas reformas. Estou tentando lembrar quando foi a ultima vez que o Hospital Dona Helena, por citar um exemplo, fechou durante meio ano para fazer reformas? Alguém me ajuda a lembrar?

A Rua das Palmeiras segue sendo um cartão postal da cidade. Além de um cartão postal é também uma mostra do zelo para com o nosso patrimônio cultural e paisagístico. Depois que o mato tomou conta, que as flores desapareceram e que os canteiros estavam prontos para receber um rebanho de cabritos, a grama foi roçada e o lixo foi recolhido. Os responsáveis pela “geston” do espaço não devem ter sido informados que a grama cresce e deve ser podada regularmente, que a troca de flores e o corte da grama são atividades rotineiras e permanentes que qualquer jardineiro amador conhece bem. Aqui roçar a grama é algo tão extraordinário que vira noticia na imprensa local.

A boa noticia é que não deveremos ter escolas interditadas no inicio do ano escolar, o que não quer dizer que a “geston” municipal tenha feito a sua tarefa bem e tenha se antecipado aos problemas, sempre ao chegar mais perto do inicio das aulas começa a tensão para saber quantas e quais escolas não poderão iniciar o ano letivo por não atender as exigências legais referentes a vigilância sanitária. Deveria ser uma preocupação de toda a sociedade que o poder público cumpra o que exige da sociedade, o cumprimento da lei e que todas as escolas estivessem preparadas para receber os alunos em perfeito estado. Curiosamente neste ano e quando ainda falta fiscalizar 90% das escolas estaduais e mais de 40% das municipais, a única fiscal da vigilância sanitária foi afastada e este ano não teremos nenhuma escola interditada, porque não haverá uma fiscalização adequada. Isso é bom? Em principio que não se fiscalize não é bom. Que se afaste a fiscal Lia Abreu por 60 dias justamente nesta época em que se concentra a maior intensidade do trabalho de fiscalização das escolas é no mínimo estranho. Na verdade quanto mais informação esta disponível sobre o episodio mais aumentam as duvidas e mais estranha parece esta coincidência. A sociedade tem o direito a ser informada e bem sobre se as escolas cumprem o que a lei estabelece e quais os motivos que levaram ao afastamento da fiscal. Transparência é bom e quem não fez nada errado não deve temê-la.  


Quando já transcorreu mais de 50% do mandato desta administração parece que o gestor tem perdido brilho e que o que aparentava ser ouro resplandecente é só latão. A população segue esperando um choque de gestão, até agora só tem recebido lamurias e essa coisa chamada “geston”.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O povo está oficialmente fora do Conselho da Cidade

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

O que acontece em Joinville nos últimos anos, principalmente quando falamos sobre planejamento urbano, vem em uma corrente totalmente contrária ao que acontece de mais moderno pelo mundo todo. Enquanto muitos lugares avançam, nós regredimos. E regredimos muito, inclusive em aspectos básicos de nossa democracia.

Quando em 2013 se questionou a Conferência da Cidade, momento em que somente cidadãos com CNPJ ou estatuto social poderiam se candidatar a delegados para o Conselho da Cidade, percebemos que algo não estava de acordo com os preceitos legais e teóricos sobre o assunto. Só se elegeu para o Conselho da Cidade quem fazia parte de alguma entidade, associação ou OSCIP. Foi privado de seu direito todo o qualquer cidadão residente na cidade, rasgando o que diz o Estatuto da Cidade:

Art 1, II - gestão democrática por meio da participação da população E de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;


Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população E de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania. (Grifos nossos)

O Conselho da Cidade foi, então, questionado, mas mantido através de decisão judicial. De acordo com algumas inobservâncias do Estatuto nas decisões judiciais, alguns recursos foram proferidos pela sociedade civil, com algumas respostas positivas (principalmente através de recursos em Florianópolis) e outras frustrantes. Uma das mais mais contrárias à participação popular aconteceu nesta semana.

Quando a ação popular questionou o fato da não-participação da sociedade civil nas reuniões do Conselho da Cidade, o Juiz Roberto Lepper, da 2a. Vara da Fazenda Pública de Joinville, sentenciou que a população "comum" não deve ter acesso às reuniões do Conselho da Cidade, já que ela não tem direito a voz e nem a voto. Segundo a decisão:

não há porque determinar-se aos réus que garantam que as reuniões do Conselho da Cidade e de seus órgãos fracionários sejam abertas ao público e a qualquer do povo, com direito a voz etc, cumprindo- lhes apenas a observância das regras previstas no Regimento Interno. (Grifo nosso)

Todavia, há algumas considerações a se fazer:

a) Os conselheiros eleitos, mesmo que com o CNPJ, tiveram votos da população "comum", após a garantia deste via ação popular pós-Conferência da Cidade em 2013 (se dependesse da prefeitura de Joinville nem isto teria acontecido);

b) Como há uma representação não só das associações representativas dos segmentos, mas também da sociedade civil num geral, nada mais justo que a abertura das reuniões para a população aconteça como forma de fiscalização social e acompanhamento dos trabalhos dos representantes eleitos (mesmo que, ao nosso ver, de forma antidemocrática pela obrigatoriedade de uma representação associativa) na gestão democrática da cidade de Joinville. É assim que funciona com qualquer órgão representativo: Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, etc.;

c) O Regimento Interno diz que todas as manifestações são registradas em ata e isto, para o magistrado, já vale como instrumento de observação do que acontece nas reuniões do Conselho da Cidade. Como proceder em casos como o do ex-conselheiro Juarez Vieira, onde suas manifestações contrárias ao modelo de análise da nova Lei de Ordenamento Territorial foram omitidas das atas oficiais, mesmo com a sua ênfase para que constasse o registro por escrito?

Está muito evidente que algumas situações estão indo contra aos preceitos mais modernos de participação popular e gestão democrática da cidade. A população deve, sim, ter acesso a todas as ações públicas, especialmente quando estas forem tomadas em Conselhos e demais canais participativos. Cercear a participação popular nestes órgãos é, em minha visão, ceifar anos de construção popular em torno do planejamento urbano participativo, além de declarar abertamente que existe medo em torno da pressão popular que pode existir nestas reuniões, mesmo somente com sua presença física, sem direito a voz e nem a voto. Ou seria aceitar, de forma implícita, que há algo para ser escondido e que a população não deve saber?

É por estas e outras que a justiça se torna um agente determinante na construção das cidades, e o foco sob sua atuação deve ser aumentado, evitando, ao longo dos anos, que casos como este apresentado tornem-se menos comuns como atualmente. A flexibilização da lei não deve acontecer a favor de ninguém, muito menos aos grupos dominantes do cenário político-financeiro e aos grupos do capital imobiliário-construtivo.

Obs: a íntegra da decisão pode ser obtida em www.tjsc.jus.br, autos número 0803258-37.2014.8.24.038.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Udo Dohler no AN: o prefeito em seu labirinto

POR JORDI CASTAN

O impacto da entrevista concedida pelo prefeito Udo Dohler ao jornal "A Notícia" tem sido maior que o esperado. Dificilmente poderia haver pior momento e a mensagem tem sido recebida pelos leitores do jornal com preocupação. É bom lembrar que uma boa parte do eleitorado natural do prefeito é composta por leitores do maior jornal de Joinville. Os marqueteiros políticos e os bombeiros de plantão tiveram que agir depressa para evitar que o desgaste fosse maior. Mas o estrago já foi feito.

Por que a entrevista repercutiu tão mal entre o joinvilense? Primeiro porque o eleitor está começando a ficar preocupado com o dia a dia da cidade. Nada parece andar e o proposto choque de gestão continua sem chegar ao cidadão. Os que deveriam ser os pontos fortes da gestão Udo não são visíveis. E o tempo passa: praticamente um terço da gestão já se foi e não há sinais no horizonte que prevejam mudanças a curto prazo.

Corrupção – O prefeito diz que há corrupção na sua gestão. É bom lembrar que quando uma fiscal da Seinfra foi detida pela Polícia Federal por corrupção, o prefeito já usou este discurso, mas nada foi feito que mostrasse uma vontade de mudança. Agora volta a falar de corrupção, mas não dá nomes, não diz em que setores e não apresenta alternativas concretas para combatê-la. Lembrando ainda que recentemente veio à luz uma denúncia envolvendo a licitação em andamento da manutenção da iluminação pública e que envolvia um super-secretário municipal.

O tema tem levantado ainda mais dúvidas sobre a imagem de um candidato que fez durante a campanha da honestidade o seu diferencial, quando todos sabemos que honestidade para um homem público deve ser um pré-requisito e não um diferencial. O resultado é descrédito sobre a sua verdadeira vontade de resolver o problema e a animosidade dos funcionários públicos honestos, que se veem colocados na vala comum dos corruptos.

Gestão – Definitivamente a gestão municipal patina, patina e não sai do lugar. Sem entrar na discussão das diferenças entre a administração pública e a praticada pela iniciativa privada, o fato é que ambas têm as suas diferenças, mas também seus pontos em comum: a busca da eficiência, os princípios da economicidade e da eficácia, unidos à planificação, controle e a gestão devem ser comuns a ambas. Na administração pública só pode ser feito o que a lei permite, na iniciativa privada o que a lei não proíbe está permitido. Está aí uma grande diferença, não é perceptível ainda a diferença entre uma gestão política e a gestão com uma visão empresarial. Transcorreu tempo suficiente para que as diferenças pudessem ser percebidas pela sociedade. Sem choque de gestão toda a proposta apresentada pelo prefeito na sua campanha é posta em cheque e o custo político é evidente.

Política – Quando eleito o prefeito teve a oportunidade e o crédito para poder fazer uma gestão diferente; para isso precisava tomar algumas decisões que evidenciassem a vontade de fazer um governo técnico e que se diferenciasse das gestões anteriores. Não o fez e optou por uma abordagem mais política. Um empresário que tenha administrado uma empresa com um faturamento superior aos R$ 100 milhões tem melhores condições de entender e administrar uma cidade com um orçamento 10 vezes maior. Saberá ler um balanço e tomar decisões baseadas em critérios técnicos e administrativos.

O problema é quando alguém tenta compatibilizar este perfil com um perfil político. O resultado é que mesmo com uma maioria absoluta na Câmara de Vereadores, o prefeito ainda não está satisfeito e preferiria um legislativo mais submisso e obediente, sem compreender o papel de cada um dos poderes no modelo republicano. Como político, Udo tem ainda muito por aprender. Os seis mandatos como presidente da ACIJ e os quase 20 anos à frente do Sindicato da Indústria Têxtil não proporcionaram o aprendizado político de que tanto precisa neste momento.

Foto: A Notícia
Clientelismo – Por favor, que alguém explique com urgência ao prefeito o que é clientelismo. Porque afirmar que há clientelismo e que esse é um entrave à gestão municipal - em especial vindo dele - parece um contrassenso. A impressão que ficou depois da entrevista é que o clientelismo pernicioso é o dos outros; quando o clientelismo tem como objetivo atender as demandas dos amigos do rei ou dos apoiadores da campanha, além de ser normal, deve ser visto exclusivamente de defender o que é bom para Joinville.

O prefeito parece atolado no tempo em que na ACIJ se dizia em voz alta que “o que é bom para ACIJ é bom para Joinville”. Nos dias de hoje a frase deveria ter outra sintaxe: “o que é bom para Joinville é bom para a ACIJ”, pois assim a frase ganharia um significado e repercussão muito diferentes. É provável, contudo, que o prefeito não tenha deixado ainda de pensar como presidente da ACIJ.

Democracia e participação popular –  O perfil do prefeito Udo Dohler não é e nunca tem sido o de um democrata; pois é conhecido pelo seu perfil autoritário. A frase que melhor o define é a de que é alguém que ouve, mas não escuta. Acostumado a mandar e a ser obedecido, não faz parte do seu quotidiano escutar, reconsiderar, lidar com vozes e opiniões dissonantes ou simplesmente distintas das suas. Quem o conhece melhor sabe o quanto de esforço pessoal deve representar para o prefeito ter de lidar com minorias que, como parte do processo democrático e utilizando-se dos espaços de participação democrática, discordem da sua visão da cidade e do mundo.

Há duas possibilidades: a primeira é que o desgaste político continue aumentando e a sociedade como um todo pague o preço da teimosia ou então que se produza uma mudança radical na forma de ver e entender o papel da sociedade organizada na tomada de decisão. A segunda parece improvável e deveremos ter até o final do mandato uma fase conturbada. O curioso disso tudo é que boa parte dos eleitores do Udo votou nele acreditando nessa imagem de turrão, no seu perfil autoritário, pois imaginavam que Joinville precisava de um prefeito com este perfil. Assim, o futuro das cidades como Joinville, que não podem ser administradas mais no grito ou na vontade, vão precisar de administradores que reúnam ao mesmo tempo a capacidade política de negociar com o conjunto da sociedade e integrá-la num projeto de cidade e capacidade de administrar uma máquina complexa com milhares de funcionários e orçamentos bilionários.

Judicialização - O Prefeito Udo Döhler apontou a “judicialização” como a causa do que chama de problema da tramitação da LOT. Disse ainda que, além de terem refeito tudo ao longo de 2013, estavam em contato permanente com o Ministério Público, a fim de não cometer nenhum descuido. Tais declarações são de causar espanto. O verdadeiro problema não é a “judicialização”, mas, ao contrário, o atropelo implícito ao planejamento do IPPUJ para execução – em rito sumário – de audiências públicas para debater tema fundamental para a vida dos cidadãos, verdadeira maratona de eventos em dias consecutivos e com duração, pasmem, de meras duas horas cada uma.
Foto A Notícia

Essa pretensão provocou reação dos munícipes, que não tiveram outra opção senão recorrer – por meio de oito associações de moradores – ao Ministério Público. Deste receberam apoio, sob a forma de recomendações para que o IPPUJ atue em consonância com a lei, propiciando aos cidadãos, com a devida antecedência, elementos necessários para que formem convicção abalizada sobre as implicações das propostas da nova LOT sobre suas vidas social, econômica e patrimonial.

O prefeito inverte, assim, a ordem das coisas: não foi a Prefeitura/IPPUJ que se coordenou ativamente com o Ministério Público, a fim de não cometer erros. Foi a partir de um erro que estava, sabe-se lá por que razões, prestes a ser cometido pelo IPPUJ, que o Ministério Público, a pedido de alguns moradores de Joinville, devolveu o assunto aos trilhos, determinando ao Poder Executivo que atue da forma que se espera do administrador público. Ou seja, agindo com transparência e cumprindo o que determina a lei aplicável ao assunto.

E se o Prefeito está insatisfeito com a velocidade de tramitação da LOT, só precisaria comandar seus subordinados do IPPUJ para que ajam nesses termos. Afinal, o cidadão está apenas se defendendo contra a incompetência de uma entidade que se tem mostrado incapaz de cumprir seu papel, abdicando de discussões educativas, abertas e cristalinas com a população, em nome do verdadeiro rolo compressor que até este momento tentou passar sobre pessoas cujo conhecimento sobre o tema beira a inocência. A judicialização é hoje o caminho encontrado pela sociedade para se proteger das arbitrariedades e da falta de participação democrática.

Em resumo, a entrevista do prefeito não foi um tiro no pé. Foi uma rajada. No pé, na perna, no joelho e nas costas. A pergunta que fica é se o prefeito sabia o que ia encontrar? Pessoas próximas a ele asseguram que foi avisado. O próprio ex-prefeito Carlito afirma que o avisou. O prefeito como sempre ouviu, mas não escutou.


Reprodução A Notícia