quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Um balanço das novas regras eleitorais em Joinville

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Esta é a primeira disputa eleitoral sem as temidas doações empresariais de campanha, disputada em apenas 45 dias e com espaço reduzido na TV e no rádio. A reforma eleitoral capitaneada por Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados parece ter produzido alguns efeitos negativos, inclusive em Joinville.

Apesar de presenciarmos uma campanha limpa (sem outdoors, placas em postes, bandeiras a cada esquina, etc.), os oito candidatos a prefeito e os quase 400 a vereador encontram-se sobre o mesmo pé de desigualdade que nas épocas financiadas por empresas. Udo Dohler, por exemplo, já arrecadou quase 1 milhão de reais, sendo a maioria de recursos próprios (e Ivan Rocha, 450 reais). Às vezes não percebemos, mas a reforma eleitoral privilegiou os candidatos ricos, aqueles que possuem modos de se auto financiar. 

Ou, ainda, incentivou os partidos políticos a alçarem candidatos milionários em detrimento das lideranças sociais, o que notaremos com mais força quando Udo sair do cenário. Quando o pleito é para o legislativo, a mesma situação: as campanhas visivelmente mais "gordas" são aquelas de candidatos ricos, pois nunca precisaram de empresas para financiamento, ao contrário dos demais (dos 19 vereadores atuais, todos se elegeram com verbas diretas ou indiretas de empresas ligadas à ACIJ ou do ramo imobiliário). 

Outro fator decisivo está na distribuição da campanha eleitoral em inserções nos blocos comerciais. Até a última eleição, as propagandas dos candidatos eram concentradas nos famosos horários eleitorais, com uma baixa procura do eleitor. Agora, com o aumento da dispersão eleitoral ao longo do dia, os candidatos aparecem no meio dos programas favoritos das pessoas, naturalizando discursos difusos e escamoteando soluções.

Novamente, aqueles candidatos com maior poder de coligação saem em vantagem sob princípios desiguais. Enquanto um candidato tem 300 inserções espalhadas, outro pode ter apenas 10 ou 20. Isso pode explicar, por exemplo, porque Udo larga com tanta vantagem (incluindo aí o poder natural de quem ocupa a máquina pública) e, sobretudo, de como Tebaldi aparece tão bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Esses dois candidatos possuem, respectivamente, o primeiro e o segundo tempo total de propaganda na TV. Coincidência? No modelo antigo, os eleitores faziam de tudo para não ver o horário eleitoral, momento concentrado da maioria das propagandas. Agora, parece um comercial como qualquer outro e, como toda propaganda, o poder de manipulação é grande, a ponto de um condenado poder chegar ao segundo turno.


11 comentários:

  1. “Às vezes não percebemos, mas a reforma eleitoral privilegiou os candidatos ricos, aqueles que possuem modos de se auto financiar.”

    Ah, vá! Desde o início os liberais avisaram que a proibição de empresas financiarem candidatos privilegiaria os com recursos próprios. E esse é o menor dos problemas. Já há indícios de beneficiários do Bolsa Família a doarem para candidatos, e o que dizer das doações com dinheiro lavado do tráfico de drogas nos confins do país? Haviam outras propostas inteligentes sobre a continuidade de doações providas de empresas, como a do limite bruto por candidato, limite proporcional pelo lucro das empresas, exclusividade de empresas privadas, doações para apenas uma proposta de governo, enfim, haviam várias propostas inteligentes para regularizar e controlar o financiamento de campanhas. Mas o pensamento babaca do politicamente correto vindo de esquerdistas que se acham arautos da virtuosidade faz esse tipo de cagada.

    Parabéns, esquerdistas, continuem burros assim. O Capital agradece!

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    1. O fato da pessoa escrever anonimamente deve levá-la a esse tipo de surto. Onde que a reforma eleitoral foi dominada pela esquerda? Ela é obra do CUnha e sua cambada. Assumam vocês que saíram por aí carregando placas de "Somos todos Cunha".

      Porém falando em novas regras, ainda acredito que o melhor seria um amplo debate nacional com a participação efetiva da SOCIEDADE CÍVIL.

      Quanto às denúncias de lavagem de dinheiro e etc, que se investigue, para isso temos polícia.

      E se tem uma coisa boa disso tudo é a proibição de empresas fazerem doações, até porque empresa não doa, empresa investe.

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    2. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

      Agora foi obra do Cunha? Quem encampou a proibição das empresas de financiar as candidaturas senão os partidos de esquerda e os próprios esquerdistas?

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    3. “E se tem uma coisa boa disso tudo é a proibição de empresas fazerem doações, até porque empresa não doa, empresa investe.”

      Exatamente!

      As pessoas física e jurídica investem nos projetos que melhor atenderão os seus anseios. Porque minha empresa não pode doar para o candidato simpático as medidas liberais, por exemplo, ao invés do outro simpático ao status quo? Ora, existe algo mais democrático do que investir/doar para o projeto que beneficie a mim ou a minha empresa?
      OK, democracia não bem o lance de vocês.

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    4. Vou começar a postar anonimamente, já que qualquer merda pode ser dito aqui.

      Empresa não vota. Ponto final.

      Olha o comentário: "As pessoas física e jurídica investem nos projetos que melhor atenderão os seus anseios."

      É uma clara declaração de alguém que está pouco se fodendo pro social. Só quer saber de si mesmo. Isso não é pensar em sociedade. Que vá morar no meio do mato. Ah, desculpa... lá não dá pra "explorar" trabalhadores.

      Que a proibição da doação de empresas foi algo pedido por partidos de esquerda, isso é claro, mas a forma como foi implementado é bem diferente do que foi pensado. Melhor se informar antes de sair criticando. Esquerdas deram um tiro em um lugar, Cunha usou um escudo que ricocheteou e voltou bem no traseiro de quem via algo bom.

      Fato é que essa reforma foi quase uma "deforma".

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    5. “Olha o comentário: "As pessoas física e jurídica investem nos projetos que melhor atenderão os seus anseios."

      É uma clara declaração de alguém que está pouco se fodendo pro social. Só quer saber de si mesmo. Isso não é pensar em sociedade. Que vá morar no meio do mato. Ah, desculpa... lá não dá pra "explorar" trabalhadores.”

      Explorar trabalhadores? Você trabalha, moço? Por acaso é explorado? Eu disse que vocês, esquerdistas, têm dificuldades para questões democráticas. Até chamam algo legal e democrático de golpe, golpe de estado, golpe parlamentar... é vergonhoso!

      Qual é a proposta que deveria ser aceita? Diga lá?

      Olha cara, vai um conselho, posta anônimo para não passar vergonha, porque esse Zorak já está batido. E se estiver p... da vida, vai no youtube e escreve “mamaefalei”, bom pra quebrar o gelo.

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    6. Notou a sutileza das aspas?

      Não tenho medo de aparecer e, por isso, não posto anonimamente. Algo que é bem diferente desse seu medo aí.

      Claro que eu trabalho! Tive oportunidades e aproveitei. Isso é algo que muitos não tiveram.

      Novamente: note que eu escrevi "explorar".
      Mas nem vou discutir com anônimos... ou seriam acéfalos?

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  2. Olá! Tebaldi foi condenado por improbidade administrativa, vocês que o acusam , leram a súmula do STF? Digo isto, porque leio muitas reclamações aqui no CA nos julgamentos políticos contra o PT, dizendo que muitos nem avaliam o teor das acusações e generalizam as condenações.
    Andy

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  3. Só há um forma de equilibrar o jogo que é voto distrital.
    Fim do financiamento de empresas é apenas uma entre várias falácias plantadas, já que o empresário continua doando como pessoa física. O correto seria que apenas filiados aos partidos poderiam doar as campanhas destes e para minimizar problemas de corrupção criar uma regra onde que estes filiados a partidos e suas empresas não poderiam ter negócios com o governo e seus entes.

    Anderson Titz

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    1. Entendo sua proposta, mas também me questiono se seria realmente viável.

      Seria que isso não iria privilegiar os partidos com as pessoas mais ricas? Em minha visão, devemos ter representantes de todos os setores e não apenas ricos e empresários.

      É algo difícil em nossa cidade principalmente, porque o patrão paga uma jantar no final do ano pra fazer um agrado e achamos que ele está fazendo um favor pra gente, enquanto na verdade encheu o rabo de dinheiro e está dando só uma merreca de seu lucro para os trabalhadores.

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    2. Ah, mas aí você quer copiar os imperialistas estadunidenses...

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