POR LIZANDRA CARPES
Vivemos em uma sociedade que encara como “o
mal” apenas as grandes violências, terrorismo e o acompanha pela mídia
manipuladora e vil que temos no Brasil. Logo, existem fatos que caem na
insignificância e geram a banalidade do mal. Vem sempre de maneira manipulada
pelo poder hegemônico e se alia aos preconceitos e ignorância das massas. A
banalização do mal é tão orquestrada pelos que estão no poder que os próprios
oprimidos acreditam que esta é a natureza do curso da humanidade.
Em muitos casos o
violador de direitos “cumpre ordens”, no estilo daqueles que organizaram o Holocausto
que Hanna Arendt descreve tão bem, a respeito do julgamento do nazista Adolf
Eichmann. De acordo com esta leitura, ela levanta que o maior mal do mundo é
aquele perpetrado por ninguém: o mal que é consequência de um sistema. É claro
que ela retratou um fato histórico, mas a teoria vale para muitas situações
onde o mal é banalizado.
Hoje é possível
dizer que a banalidade do mal perpassa, por exemplo, no chão de fábrica. Uma
gama de profissionais que atendem apenas ao apelo do sistema capitalista e
jogam por terra a ética profissional de trabalhar “para e com as pessoas”. Criam
formas de escravizá-las e maltratá-las. Engenharia, Ergonomia, Medicina e
Gestão Interna, todas voltadas para as linhas de produção e lucro. O resultado
são pessoas mutiladas fisicamente e psicologicamente.
Sem contar que se naturalizam também os preconceitos,
inclusive com piadas. Naturalizar o preconceito é uma das mais cruéis formas de
banalizar o mal. A xenofobia e a LGBTfobia são as mais contempladas na
banalização do mal. É muito comum associar o nome de cidades e regiões do
Brasil a xingamentos, características e
adjetivos pejorativos. Não é diferente com as referências às pessoas LGBT’s,
usando a orientação sexual como ataque. Esta banalização se torna visceral
dentro da sociedade e só termina com a violência que extermina vidas.
A banalidade do mal passa pela linguagem,
pelo discurso e se concretiza quando o percentual de mortes neonatal de uma
cidade é apresentado como “excelente” por
estar abaixo da média, porque vidas viram números e estatísticas. A banalidade
do mal se expressa nas retiradas de direitos e nos ataques à Educação com a
medida provisória que tira a obrigatoriedade e a oportunidade de toda uma nação
falar sobre arte, filosofia, sociologia e educação física. E banalizar o mal se
torna crônico e quase imperceptível, porque até os questionamentos serão
abafados.
E quando a história nos questionar quem
permitiu estas violações e banalização do mal, uns dirão que foi o governo. E os homens dos governos vão responder que foram eleitos pelo povo.
Falta empatia nesse mundo.
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