POR JORDI CASTAN
Estamos às portas de uma eleição. Faltam poucos dias para
votar no próximo prefeito e decidir o futuro de Joinville para os próximos quatro
anos. Uma boa oportunidade para avaliar o quanto do futuro será
resultado da “fortuna”, da sorte, do acaso e quanto será o resultado da
“virtú”, da competência, da capacidade. Os termos maquiavelianos fazem
referência àquilo que depende da sorte e ao que é o resultado do nosso esforço
e do nosso trabalho.
A maior parte do que somos hoje como cidade é resultado da
fortuna, da omissão, da mediocridade, de esperar e acreditar na, sempre
volúvel, sorte. O crescimento aqui acaba sendo o resultado do acaso, muito mais
que do planejamento e dos riscos assumidos. O poder público sempre tem estado
um ou dois passos atrás da sociedade.
Joinville é hoje o resultado de anos de “deixar correr
solto”, de “não fazer”. Em outras palavras, o velho “laisser faire, laisser
passer” do século 19 impera solto. Como os três macaquinhos, não ver, não
ouvir e não falar. Representam hoje a nossa forma de administrar. E não só na
administração pública, mas também em muitas das nossas entidades mais
representativas. O que tem se convertido, numa característica da nossa forma de
ser.
Evidentemente se a fortuna nos é propícia, e nenhum desastre
maior acontece, o resultado do esforço de uma comunidade operosa e
empreendedora como a nossa, acaba aparecendo e a sociedade avança. Com
menos velocidade do que merece, mas avança em um ritmo tão lento que as
nossas ações são corretivas sempre, uma vez que somos incapazes de nos antecipar
aos acontecimentos. Não existe uma visão consolidada de como poderá ser a
Joinville do amanhã e, sem que possamos trabalhar pelo que não conseguimos
prever, seremos o resultado da fortuna ou do azar. "Avançamos" é uma figura de
linguagem, aos poucos e de forma errática.
Imaginei, por um átimo, por um simples instante, o que poderia ser desta Joinville, se ao abrir as urnas, os eleitores tivessem escolhido votar na "virtú" em lugar de escolher de novo a "fortuna". "Virtú" entendida como o voto na
inovação, no esforço, na ação, no talento. Se Joinville optasse por acreditar no ímpeto e na capacidade de
renovação. Os mesmos que historicamente foram os esteios primordiais desta cidade que amamos. Se a "Virtú" voltasse a ser o nosso impulso maior, a nossa força motriz, a nossa
vocação em lugar de seguir acreditando na sorte.
O melhor vencerá.
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