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domingo, 17 de março de 2013

O Novo Papa


POR GUILHERME GASSENFERTH

Sou um cristão não-católico. Creio ser importante esta introdução para contextualizar as linhas que a seguem.

Apesar de influenciado tão somente pelo que li em jornais e na internet, gostei de alguns elementos da postura do agora papa, cardeal Jorge Mario Bergoglio.

Não preciso alertar ninguém sobre a importância que os símbolos têm na religião católica. O primeiro símbolo do novo papado , o nome papal, talvez seja o mais representativo deles. A escolha do nome Francisco pode representar que o novo papa assumirá como bandeiras a aproximação com outras denominações religiosas, o retorno à simplicidade e a dedicação ao combate à pobreza. O ecumenismo é demonstrado pela importância supracatólica de São Francisco de Assis; a simplicidade pregada por Cristo e vivida nos primeiros anos do cristianismo, foi pedida e demonstrada pelo Papa Francisco em seus primeiros atos; e o combate à pobreza infere-se diante da homenagem a São Francisco de Assis, fundador da ordem dos franciscanos, um sinônimo de pobreza e desapego a bens materiais.

É evidente que a exposição midiática a que foram submetidos os primeiros atos de Francisco não foram impensados – pelo contrário, a própria escolha de um papa com este perfil já deveria estar alinhada entre os cardeais há muito. Quiçá a própria renúncia de Bento XVI seja parte da trama. O catolicismo estava em séria crise de imagem, e numa organização ardilosa como a Santa Sé, tudo parece ser válido para retomar a importância e poder de outrora. A escolha de um jesuíta já seria fato novo; um latino-americano poderia reforçar a presença no mais católico dos continentes; um sacerdote que honre o franciscanismo daria à Igreja de Roma um tempero necessário para um novo flerte com os fiéis. Um que reúna as três características foi uma sensacional jogada de marketing, aproveitada com competência nas fotos divulgadas nas mídias sociais pelos marketeiros do menor país do mundo.

Parece-me óbvio dizer que não veríamos agora um papa que se embrenhe com inovação em temas delicados como direitos homossexuais, aborto, camisinha, celibato ou participação feminina no clero. E não veremos: o Papa Francisco opôs-se radicalmente ao avanço dos direitos gays na Argentina, além de ser acusado – embora sem provas – de conviver com a ditadura impiedosa que deu as cartas por algum tempo no país vizinho. Se ele foi conivente eu não sei, mas sua igreja foi e ele tem, eu diria, alguma responsabilidade difusa.

De toda sorte, deve a igreja renovar-se paulatinamente, e se conseguir reduzir sua opulência e dedicar-se a causas sociais com mais ênfase já teremos um progresso não visto no papado anterior, do antipático alemão Joseph Ratzinger. É claro que, como defensor de direitos humanos e do Estado absolutamente laico, preferia que já neste papado o novo Bispo de Roma começasse a pavimentar a estrada que conduzirá a igreja a pelo menos parar de condenar a união homossexual ou o uso de preservativos, em dois exemplos emblemáticos. Mas o tempo haverá de forçar o Vaticano neste rumo – a sociedade amadurecerá e, por omissão e descontextualização, nova crise se abaterá sobre as imediações da Catedral de Pedro, conduzindo a Igreja Católica a uma nova reforma onde a tolerância, a modernização e o progressismo moderado darão o tom.

Precisamos aguardar os próximos meses e anos para entender qual a profundidade da guinada que o Papa Francisco fará com sua igreja, mas confesso que ao escolher seu nome ele certamente ganhou de mim no mínimo simpatia.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Balanço de 2012

POR GUILHERME GASSENFERTH

Este é meu último texto como colaborador regular do blog.

Desde que o Chuva Ácida foi lançado, em 23 de setembro de 2011, eu fiquei encantado pelo projeto. Era um de seus mais assíduos leitores e comentaristas. No fim de outubro, veio um convite para que eu escrevesse um texto para o "brainstorming", nossa seção para convidados. Escrevi um texto sobre homofobia, e o Jordi, à época, disse: "você encarnou o espírito do blog no seu texto". Fiquei lisonjeado!

Um mês e alguns dias depois, veio o convite para tornar-me colaborador regular. A missão era escrever todas as sextas-feiras. Meu primeiro texto foi sobre metas para Joinville, em 2012, na visão da própria cidade.

Naturalmente, o tema principal dos textos era política em Joinville, um dos assuntos que me são mais gratos. Escrevi textos irônicos, como o que mostrava um vídeo da banda Dedos de David, com a música "A Jumenta Vai Falar", do Kennedy Nunes. Arrependi-me por ter atacado um aspecto pessoal do candidato, de foro íntimo.

Um dos meus mais lidos textos foi um que evidenciava um descompasso nos gastos com combustível do deputado federal Marco Tebaldi. Naquele texto, também decepcionei-me por ter envolvido uma empresa sem ter provas contra a mesma. Esta decepção e o arrependimento pelo texto da Jumenta são meus principais lamentos neste tempo à frente do blog.

Meu texto de maior sucesso de leitura foi o que prenunciava a vitória de Udo Döhler, quando ninguém acreditava. Além dos acessos diretos no blog, várias pessoas próximas me informaram que teriam recebido o texto referido por e-mail. Mostramos porque Udo poderia ganhar a eleição no domingo seguinte.

E para mim o melhor texto foi um que escrevi com indignação extrema, o que presumivelmente fez com que eu arranjasse as mais adequadas palavras para a redação. Quando do comentário do infeliz do Beto Gebaili no Jornal da Cidade, sobre a questão do beijo gay do PSOL, escrevi o que julgo ser meu melhor texto até hoje.

Participar do Chuva Ácida foi uma grande honra, responsabilidade forte e uma escola - de várias virtudes. Ter conhecido e convivido com seus autores foi um belo presente de retribuição às várias madrugadas de quinta para sexta sem dormir satisfatoriamente. Aliás, como esta: são 02h16 da manhã desta sexta. Espero poder continuar contribuindo com o blog divulgando os textos que eu gostar, além de enviar textos para o "brainstorming" quando tiver algo interessante para escrever.

A todos os colegas de blog, leitores e comentaristas, meu muito obrigado e sincero desejo de boas festas :-)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O mundo não acabou? Que pena!

POR GUILHERME GASSENFERTH

21 de dezembro de 2012, manhã cedo. Ao que parece, nesta sexta pela manhã o mundo não acabou como indicava a leitura do calendário maia. A despeito das várias evidências científicas que demonstravam a cientificidade da falsa profecia, o mundo permanece aí, vivinho da silva.

O calendário de longa contagem mesoamericano (onde viviam os maias, entre outros povos) estipulava uma história cíclica, em que o mundo renovava-se a cada 5125 anos. E o fim do próximo ciclo seria, na mais aceita das interpretações, em 21 de dezembro de 2012 – hoje!

Assim, faço-lhes a pergunta que jaz incômoda na garganta: bom ou ruim à Terra que permaneça aí a humanidade, judiando-lhe impiedosamente? É como li numa imagem do Facebook: “o que me assusta não é o mundo acabar em 2012, mas permanecer igual em 2013”.

Já pensaram 2013 igual a 2012? Pegue seu saquinho de vômito e leia esta lista: 

- Sarney na presidência do Senado
- israelenses e palestinos brigando
- os mesmos vereadores desta legislatura (não que os próximos me confortem)
- a prefeitura atrapalhada em Joinville
- Beto Gebaili
- crise de fome no Chifre da África
- a saúde e educação de SC em decadência
- Chavez sendo eleito de novo
- o Jornal da Cidade e seus comentários sobre beijo gay do PSOL
- supergastos nas obras da Copa de 2014
- crise nos PIGS
-  já falei do Beto Gebaili?
- o Bisoni defendendo a educação sem professores
- a duplicação da BR-101 sul que não acaba
- as escolas estaduais interditadas
- a novela do Cartão Joinville
- os atentados em Santa Catarina
- a coligação KCT
- o massacre de Pinheirinho
- nossos museus, biblioteca e Casa da Cultura interditados
- Beto Gebaili
- os aposentados da ALESC
- a foto de Lula com Maluf
- supersalários

... e por aí vai. A lista é longa. Você leitor pode acrescentar suas sugestões nos comentários.

Se 2013 continuar igual e este mundo de 2012 não se escafeder, eu vou torcer para que a profecia maia esteja adiantada um ano e o mundo trate de passar a régua e pedir a conta!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Joinville, a 25ª cidade mais rica do Brasil!

POR GUILHERME GASSENFERTH

Saiu ontem, dia 12 de dezembro, o novo ranking do PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios brasileiros de 2010. E nossa cidade tem excelentes notícias: após crescer apenas 1% entre 2008 e 2009, Joinville deu um salto, atingindo um PIB superior a 18 bilhões de reais, o que a classifica como 25ª produção brasileira.

Nosso município está à frente de cidades importantes como Belém do Pará, Ribeirão Preto e Santo André. Sozinha, Joinville revela uma economia superior ao do estado de Tocantins inteiro. Nosso município responde sozinho por 0,5% do PIB brasileiro. Embora seja apenas o 36º colocado em população no Brasil, o município de Joinville tem o 25º PIB do país. É importante ressaltar que Joinville está à frente de outras 15 capitais brasileiras.

Quando apenas o contexto de Santa Catarina é analisado, Joinville assume uma posição de ainda mais destaque. Nosso produto interno bruto representa 12,1% do PIB de Santa Catarina, ainda que tenhamos menos 8,24% da população do Estado. Um dado que impressiona é que o PIB de Joinville é maior que o das 201 cidades com menor PIB de Santa Catarina somadas!

Antes de prosseguirmos num aprofundamento da análise sobre Joinville, vale debruçar-se um pouco sobre outras questões que vieram à tona com a liberação das informações sobre os PIBs municipais. Dentre os 10 maiores PIBs do Estado, apenas um decresceu: Chapecó. Confesso não ter buscado informações para entender a queda. Como entre os 50 maiores PIBs apenas o de Chapecó e Videira caíram, posso crer que houve algum problema com a indústria agroalimentar em 2010.

No entanto, virando a tabela de cabeça para baixo, preocupa saber que dentre 69 municípios catarinenses viram seu PIB diminuir de tamanho em relação ao ano anterior. Dentre os 50 menores municípios de Santa Catarina (todos com população inferior a 3 mil habitantes), 20 diminuíram seu produto interno bruto de 2009 para 2010. E entre as 12 cidades com menos de 2 mil habitantes, 50% decresceram de um ano para o outro. A média de crescimento nominal dos 50 menores municípios foi de apenas 3,6% de 2009 para 2010, enquanto a média dos 50 maiores foi de 16,4%.

Estas disparidades revelam (em análise pessoal sem qualquer cunho científico) uma perigosa tendência de decréscimo econômico em cidades muito pequenas. É preciso avaliar esta questão com cuidado, buscando saber se a descentralização tem realmente sido eficaz com o interior do Estado.

Na microrregião de Joinville (formada por Araquari, Baln. Barra do Sul, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Massaranduba, São Francisco do Sul e Schroeder), temos 3 cidades entre as 10 maiores: Joinville, Jaraguá e São Francisco do Sul. O PIB de nossa microrregião é de 20,4% do PIB do Estado, ou seja, de substanciais 31 bilhões de reais.

Entre as 10 cidades cujas economias mais cresceram em SC, duas estão em nossa microrregião: Araquari (59,9%) e Joinville (38,4%). Aliás, o crescimento tão exacerbado numa cidade do porte de Joinville é realmente admirável! Vale informar que o crescimento nominal médio das cidades da microrregião foi de 25,2%, sendo que a única cidade a crescer menos de 10% foi Guaramirim, que marcou 9,7% de variação de 2009 a 2010.

Araquari já alcançou PIB superior a meio bilhão de reais, e com a instalação de fábricas novas nos últimos dois anos e a concretização da instalação da BMW certamente alçarão o município aos 15 maiores PIBs do Estado muito em breve. A cada dia que passa torna-se mais importante que Joinville dê atenção a esta vizinha.

PIB E DESENVOLVIMENTO

Muito embora os dados sejam muito positivos para Joinville, há uma série de questionamentos a se fazer. O PIB alto representa necessariamente vantagem para os habitantes de uma cidade?

Há de considerar o fato de que quanto mais aquecida é uma economia, geralmente mais dinheiro possui uma prefeitura, mais empregos são gerados, aumenta-se a renda e um ciclo positivo se instaura.
Nossos indicadores, no entanto, revelam que há dados preocupantes e que devem ser levados em consideração. Vamos falar um pouco sobre PIB per capita, qualidade de vida e felicidade. Eu iria acrescentar uma análise sobre desigualdade social, mas o coeficiente de Gini mais atual que encontrei é de 2003.

O PIB per capita de Joinville é o 10º melhor de SC e o 175º maior do Brasil. O PIB per capita local é de R$ 35.854,42, em 2010. No entanto, este número representa pouca relação com benefícios à população. O cálculo em feito levando em consideração a produção total do município dividindo pela população. Na cidade brasileira com maior PIB per capita, São Francisco do Conde (BA), não há esgoto tratado, a mortalidade infantil é superior ao preconizado pela OMS e apenas metade da população tem acesso à água encanada. É a prova de que PIB per capita não significa necessariamente desenvolvimento.

Há ainda a possibilidade de avaliar-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que supostamente mede a qualidade de vida dos habitantes de uma localidade. O IDH de Joinville é de 0,857, o que faz de nossa cidade a 13ª colocada no Brasil. No entanto, a base de cálculo do IDH é muito superficial, abrangendo apenas PIB per capita, expectativa de vida ao nascer e anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade. Qualidade de vida vai muito, mas muito além disto.

Ao buscarmos indicadores de infraestrutura, apenas um deles já demonstra nossa fragilidade: pavimentação. Joinville é uma das cidades médias brasileiras com menores índices de pavimentação: apenas 60% da população local vive em ruas pavimentadas, enquanto em cidades como Sorocaba e Ribeirão Preto, com PIB menor que nosso, mais de 95% dos moradores vivem em ruas pavimentadas.

Por outro lado, há sensível melhora joinvilense no IFDM, Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal. Em 2008 éramos o 142º município brasileiro, em 2009 passamos a 88º e em 2010 (último índice) figurávamos em 67º no Brasil e em 4º lugar em SC. Este índice me parece ser o mais próximo de avaliar a qualidade de vida e desenvolvimento de um município que reflita em benefícios aos cidadãos.

Deveríamos começar a medir nosso FIB, a Felicidade Interna Bruta. Esta põe-se em contraponto ao PIB, trazendo à tona a reflexão sobre o que mais importante: ser rico ou ser feliz? Será que nossos mais de 7 mil joinvilenses vivendo em favelas sentirão alguma diferença por Joinville ser a 25ª cidade mais rica do país?

Riqueza é importante, economia crescente é fundamental, aumentar a produção é vital para uma sociedade. No entanto, não podemos descuidar de aspectos que trazem felicidade e conforto às vidas de todos os cidadãos: acesso à saúde decente e educação de qualidade; segurança e percepção de segurança; mobilidade; lazer e cultura; meio ambiente protegido e preservado; renda suficiente para satisfação das necessidades. Comemoremos o PIB, sim, mas busquemos mais pra Joinville!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Presentes de Natal diferentes

POR GUILHERME GASSENFERTH

O Natal transformou-se na festa do consumo irracional. Vamos às compras, escolhendo produtos que vêm de países que nem sabíamos que existiam, cheios de embalagens e parafernálias que jogamos fora, com itens adicionais que nem sabemos direito para que servem.

Não quero dizer que isto é errado. Eu também dou meus presentes no Natal (família e amigos, não me desmintam agora) e sou consumista e materialista, embora num difícil processo de buscar desapegar-me. Então, sem demagogia, a ideia que sugiro é agir diferente!

Escolha produtos fabricados ou criados por aqui. Ao comprar um produto local, ajudamos a girar mais nossa economia e evitamos que vários poluentes sejam lançados na atmosfera! Menos transporte, mais sustentabilidade.

Dou também a ideia de comprarem produtos socialmente responsáveis e sustentáveis. Pesquisem para ver se os fabricantes fazem ações e projetos de responsabilidade social. Premiem as boas marcas que estão preocupadas com estas questões comprando seus produtos.

Busquem produtos artesanais. Além da beleza e do amor contido num trabalho feito à mão, existe uma simbologia bonita de apoio a um trabalho que em geral é social. Em Joinville há diversos grupos de artesanato cujos participantes dependem da venda de sua arte para a subsistência. Procure a feirinha da AJART! Inove e dê presentes diferentes.

Contudo, vou além das compras. É bom lembrar a todos, neste afã consumista que vivemos nesta época, que as melhores coisas da vida são de graça. Beijos, palavras de incentivo, sorrisos, banho de chuva ou de mar, surpresas boas, o nascer do Sol, família, as estrelas, noite de Lua cheia, a beleza das flores, a solidariedade, abraços apertados, amor, amigos... e por aí vai. Rico é quem tem e sabe apreciar e agradecer por todas estas dádivas gratuitas.

Agora que relembraram que não precisam pagar pela felicidade, posso também sugerir a vocês que pensem em novos mimos natalinos. Ao encontrar alguém querido, faça-o saber o quanto ele ou ela é importante para você. Faça uma surpresinha para entregar a quem lhe aguarda em casa. Prepare um jantar especial – a única sofisticação necessária é o carinho. Convide alguém para um passeio ou uma caminhada. Peça perdão a quem magoou. Inspire quem precisa de incentivo. Faça um trabalho voluntário. Chame um amigo que há tempos não encontrava para tomar alguma coisa. Brinque com os filhos. Pratique um ato de solidariedade com um desconhecido. Viaje e conheça um lugar novo com alguém que ama. Espalhe sementes de gentileza ao redor de si e em breve viverá num bom jardim.

Boas festas e façamos um grande 2013!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Homenagem a 3 mulheres especiais


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há tempos eu tenho vontade de poder dividir com o mundo a grande admiração que tenho por três moças que vivem em meu coração. São elas, em ordem etária: Mery Paul, Jutta Hagemann e Alda Niemeyer. Vou contar-lhes o porquê da homenagem.

Primeiro, falaremos da mais nova de nossas protagonistas de hoje. Dona Mery Paul nasceu em Joinville, no dia 10 de novembro de 1936. Aos 76 anos, é um exemplo de vitalidade e gentileza. Uma de minhas mais assíduas amigas do Facebook e leitoras do Chuva Ácida, conheci dona Mery quando cantei no Coral da Igreja da Paz.

Em 1983, dona Mery criou o Mutirão do Amor. Impelida pela falta de assistência às gestantes das enchentes do Vale do Itajaí daquele ano, ela juntou um grupo de voluntárias para produzir enxovais às mãezinhas que esperavam bebês e não tinham condições. Este trabalho está prestes a completar 30 anos, sempre com a alegria e jovialidade de dona Mery à frente. É um exemplo para todos nós, jovens, adultos e idosos, o trabalho que ela faz na área social. É importante destacar que nas enchentes de 2008 e 2011, dona Mery acompanhou nosso trabalho na Central Solidária e foi nossa incansável secretária, registrando tudo, tintim por tintim. Quem recebe seus relatórios de prestação de contas do Mutirão do Amor sabe como é caprichosa esta moça!

Nossa outra homenageada é a dona Jutta Hagemann, a memória ambulante desta cidade. Adoro visitá-la em sua casa, uma vez que somos primos de qualquer grau e ela sempre tem informações importantes para a construção de minha árvore genealógica. Além disso, é sempre agradável conversar com uma moça tão culta e inteligente.

Aos 86 anos, dona Jutta é a conselheira certa para as incertas horas em que bate uma dúvida sobre o passado. Ela, que é testemunha de mais da metade da história da nossa cidade, tem uma inacreditável capacidade de decorar nomes e datas. Além disso, é figurinha carimbada na seção Memória, de ANotícia, que desafia os leitores a acertarem a localização de fotos antigas da cidade. Dona Jutta não perde uma!

Ela sai por aí, participa de grupos de conversação em alemão, de um clube de apaixonados por ópera, é conselheira do jornal ANotícia e dedica-se à pesquisa histórica, continuando um legado deixado pela saudosa filha Maria Thereza Böbel, que nos deixou precocemente em 2005. É outra que entende também de computador. Recordo-me com clareza o dia que ela me adicionou no MSN, dizendo que estava aprendendo a usar aquilo.

E apesar dos 86 anos, acaba de voltar da Alemanha, onde passeou um pouquinho e representou a parte brasileira da família no encontro dos descendentes dos Kröhne.

Minha última mocinha é dona Alda Schlemm Niemeyer, uma blumenauense reconhecida nacionalmente. Nascida em 1920, a Vovó Alda é outro exemplo pra mim. Fiquei tão feliz quando recebi sua cartinha, escrita à mão em alemão, dedicando-me um exemplar do livro que escreveu sobre a catástrofe blumenauense em 1983. Dona Alda, ou PP5-ASN, é radioamadora até hoje, transmitindo em português e alemão para o mundo. Nas enchentes, já com 63 anos, participou ativamente auxiliando pelo rádio a resgatar famílias isoladas e a buscar doações de outros pontos do Brasil e na Europa.

Ativa também no Facebook, Skype e MSN, dona Alda foi reconhecida com a medalha Defesa Civil Nacional, entregue pelas mãos do ministro da Defesa Civil em cerimônia transcorrida há dois meses em Brasília. Que alegria aos 92 anos de idade!

Dona Alda é a única das minhas três homenageadas que eu ainda não conheço pessoalmente, embora eu pretenda mudar isso em breve. Mas como já lhe telefonei algumas vezes, uma coisa eu posso lhes garantir: é difícil encontrar voz mais bonita por aí. Seu tom e firmeza de voz são próprios de alguém com 30 ou 40 anos. É claro que voz tão linda haveria de fazê-la reconhecida por todos os blumenauenses.

Enquanto eu escrevia esta homenagem, percebi que há ligação entre minhas três amigas, além do fato incontestável de as três serem muito bonitas. Dona Mery e Dona Jutta são joinvilenses e figuras conhecidas de nossos jornais, como é dona Alda em Blumenau. As três já foram homenageadas e premiadas, justamente. Dona Alda e Dona Jutta são primas distantes – somos nós três descendentes diretos de Christian August Kröhne e Johanna Richter. Por outro lado, tanto Dona Mery quanto Dona Alda tornaram-se conhecidas pelo trabalho que teve seu ponto comum nas enchentes do Vale do Itajaí de 1983. Será que é tudo mera coincidência?

Minhas amigas, meus sinceros parabéns pelo exemplo que vocês dão a nós e muito obrigado pelo carinho de sempre!

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las” Aristóteles

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sendo joinvilense todo dia


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há várias formas de participação popular. A mais comum hoje é a democracia representativa, como a que vivemos no Brasil, onde os cidadãos outorgam poder de representação pelo voto. A história nos demonstra que outras formas são possíveis, como protestos, democracias diretas, leis de iniciativa popular (como foi o caso da Lei da Ficha Limpa), greves e revoltas, como se pode afirmar ser o caso da Revolução Francesa. Há também formas de participação ao inverso, quando o não-fazer é intencional para causar algum resultado. Exemplos são boicotes ou políticas não-colaboracionistas, como a que Praga viu seu povo fazer diante da invasão da força militar do Pacto de Varsóvia para sufocar os interesses reformistas de Dubcek em 1968.

Trazendo esta realidade para âmbito local, Joinville acaba de passar por suas eleições municipais, que culminaram na eleição do empresário Udo Döhler para comandar a prefeitura de Joinville a partir de 01 de janeiro de 2013. Houve um fenômeno interessante nestas eleições, sobre o qual busco discorrer a seguir: a mobilização popular.

Pode ser obra do calor do momento, mas para mim parece que não houve outra eleição nos últimos anos que tenha tido tal nível de engajamento como a de 2012. O que ocorreu nas redes sociais e nas ruas foi bonito de se ver: pessoas argumentando e defendendo o voto em seus candidatos (ou o não-voto), marcando reuniões de estratégias ou participando de caminhadas ou carreatas. Punha-se à pauta discussões de propostas de candidatos, análise de coligações e até radiografias de trajetórias de alguns postulantes.

Nós temos sido apáticos à política nos últimos anos. Há vinte anos vimos centenas de milhares de estudantes e jovens saindo às ruas e pintando seus rostos para pedir o impedimento do presidente Collor. Este foi, seguramente, o último movimento popular vultoso na história do nosso país. Interessante é constatar que, mesmo diante de notícias de corrupção ainda mais graves nos governos FHC, Lula e Dilma, nós permanecemos inertes.

Assistimos ao noticiário e lemos na internet sobre denúncias de violência crescente, de corrupção impune, de educação colapsada, de Justiça lenta e ineficaz, de carga tributária sufocante, de piadas sem graça protagonizadas por políticos. E agimos como os lemingues, rumando felizes ao precipício.

Reunimos 20 mil pessoas para ver o Joinville derrotar o Criciúma na Arena, mas eu duvido muito que conseguiríamos juntar a décima parte disto para uma assembleia popular de decisão do orçamento da cidade, por exemplo. Parece que uma vez terminado o processo eleitoral, basta descolar os adesivos e embainhar os discursos e está tudo como dantes no quartel de Abrantes. Soa como se nosso dever de cidadãos tenha acabado no dia 28 de outubro às 17h.

Não, meus caros cidadãos! É agora que começa nosso trabalho! Fiscalizar, cobrar, reivindicar, reclamar, discutir, participar, conhecer: são verbos que são indissociáveis do exercício da cidadania. Façamos nosso papel ser diário e deixar de ocorrer a cada dois anos.

Quando se contrata um funcionário para trabalhar em nossa casa ou empresa não estamos sempre de olho, acompanhando e fiscalizando o que faz e como ele trabalha? Por que faríamos diferente com os políticos, empregados nossos? Participemos, joinvilenses, pois só assim faremos Joinville voltar a ser a grande cidade de outrora. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Invista na felicidade

POR GUILHERME GASSENFERTH

Na cordilheira do Himalaia, entre a China e a Índia, existe um pequeno país de 700 mil habitantes chamado Butão. Em 1972 o soberano daquele país, rei Jigme Wangchuck, decidiu que não fazia sentido para eles avaliar seu pequeno reino sob a ótica do Produto Interno Bruto, e decidiu inverter a lógica usando um nome similar: Felicidade Interna Bruta, ou FIB. O rei entendeu que para seus habitantes, tidos como o povo mais feliz do mundo, o que importava não era crescimento econômico ou riqueza, mas tão somente a felicidade.

Para poder quantificar o FIB, o rei Jigme desenvolveu o conceito e dividiu-o em quatro pilares: desenvolvimento socioeconômico sustentável e igualitário, preservação dos valores culturais, conservação do meio-ambiente natural e estabelecimento de uma boa governança. O rei asseverou que a observância destes pilares levaria o Butão a ser um país ainda mais feliz.

O que pode parecer um devaneio de um pequeno monarca asiático já é, na verdade, uma realidade, em países e mesmo em empresas. O FIB é medido (e levado a sério) em países desenvolvidos da Europa, como a Inglaterra, além de diversas organizações. Por que sua empresa deveria ficar de fora?
Em setembro, foram colocados vários outdoors pela cidade com uma frase: “felicidade dá resultado”. A afirmação foi patrocinada por uma empresa joinvilense, que passou a figurar na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil segundo a revista Você S/A. O outdoor mostra uma tendência nas organizações: a busca da felicidade.

Um dos motivos para se buscar a felicidade entre os colaboradores da empresa é a ideia de sustentabilidade. Imagine-se o contrassenso que não seria uma empresa que constrói uma escola na África ou resolve preservar a Amazônia enquanto estabelece horários para o colaborador usar o banheiro e submete-o a pressão desumana. A sustentabilidade (e, em muitos casos, o respeito à dignidade humana) deve ser compreendida como um todo, mas deve iniciar principalmente dentro da própria organização.

Outra razão que justifica a atenção à felicidade é a melhoria da produtividade. Estudos conduzidos pelo professor Shawn Achor, em Harvard, demonstram que o cérebro de pessoas felizes desenvolve-se até 31% a mais que o de um indivíduo comum. E uma pesquisa da revista britânica Management Today revelou que pessoas infelizes produzem 40% menos.

Quando falamos de mais produtividade, estamos falando de produzir mais com os mesmos recursos, ou seja, mais lucro. É uma conta simples. Qualquer colaborador feliz trabalha melhor, rende mais, falta menos no trabalho, adoece menos, troca menos de emprego. Rendimento, assiduidade, turnover¸ saúde: estes são aspectos que usualmente representam uma dor de cabeça para quem administra uma equipe. A felicidade corporativa chega como uma aspirina para estes líderes.

Embora subjetiva, a felicidade nas empresas é muito fácil de ser trabalhada. Geralmente, não é preciso fazer grandes investimentos: basta que as empresas alterem alguns processos e procedimentos e repensem o trabalho para começarem a colher os primeiros frutos.

O assunto é uma novidade, pelo menos no ambiente corporativo. Poucas empresas medem e buscam melhorar seus índices de felicidade corporativa ou sua Felicidade Interna Bruta. As que já começaram a fazer estão, com o perdão do trocadilho, muito felizes com os resultados.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Prever a vitória de Udo: dá pra fazer!

POR GUILHERME GASSENFERTH

O Chuva Ácida foi um dos primeiros espaços a analisar e acreditar no fenômeno que foi a virada de Udo Döhler.

Além do mais, aqui criou-se um espaço democrático de participação do leitores, com praticamente todos os comentários liberados (à exceção dos ofensivos, caluniosos ou criminosos) e espaço (que continua) aberto ao envio de textos.

Não se pode também menosprezar o fato de que este blog foi unânime no combate ao Kennedy Nunes e suas promessas vãs, demagógicas e lunáticas. Daqui, saíram várias das armas de Udo e contra Kennedy ao longo do pleito – algumas forjadas ainda em 2011.

Foi o Sandro quem cunhou o termo KCT, que caiu nas graças do povo e foi pras redes sociais. Há um ano, o Charles escreveu sobre as diárias usadas pelo Kennedy para visitar a própria cidade, o que acabou tornando-se uma das principais armas de combate ao candidato deputado. Foi aqui no Chuva Ácida que o Baço alertou-nos da diferença entre o Udo gestor e o Udo político, e fez abrir os olhos para quem era o candidato do oba-oba. O Jordi escreveu o texto recordista em acessos, explicando motivos que levavam o eleitor a não escolher Udo Döhler – o que felizmente acabou por não acontecer. Amanda abriu os olhos dos leitores sobre os perigos da mistura da religião com política. Até mesmo a Gabriela, que escreve sobre esporte, conseguiu demonstrar que Udo era mais preparado e tinha propostas mais factíveis para o esporte. E eu consegui fazer a análise que se mostrou certeira: de que Udo sairia vencedor nestas eleições.

Devo confessar que me arrependo apenas de ter ajudado a contribuir para divulgar a canção A Jumenta Vai Falar. Foi um ataque ao Kennedy Nunes pessoa, não ao político. Ele tem o direito de acreditar no que quiser e criticar sua música foi algo que não considerei nobre nem bonito, pelo contrário. Mas são águas passadas.

Nestas eleições, atingimos a histórica marca de 70 mil visitas neste mês de outubro, marcado pelo período entreturnos. Sabemos que este número vai diminuir consideravelmente no pós-eleição, mas não podemos usar de falsa modéstia e ignorar a importante participação do Chuva Ácida como um novo player da política e cotidiano locais.

Na minha opinião, Udo não é o prefeito ideal, e o partido onde está abrigado é o pior do Brasil. Mas depositamos esperança em seu governo, principalmente se LHS se mantiver afastado das tetas (santa ingenuidade).

Agradeço a todos os nossos leitores pela visita e comentários, além dos convidados que enviaram textos. Continuem utilizando este espaço! E agradecemos também a quem acreditou em nosso improvável prognóstico de sexta-feira.

A Udo Döhler e Rodrigo Coelho, nossa saudação pela importante vitória e histórica virada. Saibam, no entanto, que este blog não deixará de fazer seu papel de crítica e haverá de posicionar-se contra quando entendermos necessário – para que sempre a grande vencedora seja Joinville e seu povo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A coligação KCT e a merda

POR GUILHERME GASSENFERTH

Fisiologismo. Você sabe o que é, leitor joinvilense? É o nome chique para se falar de troca de favores, ações e projetos para benefício de interesses individuais (sempre em detrimento dos coletivos), nepotismo e oferta de cargos a apoiadores sem competência.


Nosso maravilhoso idioma deu-nos a possibilidade de juntar todas estas porcarias sob um só substantivo: fisiologismo. Não é à toa que nos remete a necessidades fisiológicas, que associamos ao que, coloquialmente, conhecemos por MERDA. 

Perdoem-me os bem educados e os recatados, mas é de merda mesmo que vamos falar. O que é esta aliança que se formou nas eleições de Joinville? O papel de fisiologista que, nos últimos anos, coube ao PMDB, local e nacionalmente, agora mudou de mãos radicalmente. Kennedy Nunes, um lunático que viveu a sua vida às nossas custas e nunca trouxe benefícios aparentes de seu “trabalho” (doeu escrever isso!) como legislador em 24 anos, juntou-se a dois candidatos que outrora (semanas atrás) desprezava: Carlito Merss e Marco Tebaldi.

Bem, de Tebaldi o que poderíamos esperar? Não bastasse ter feito merda no governo municipal (que ironia para um engenheiro sanitarista!), ter cometido o maior crime ambiental da história de Joinville e ter destruído a educação pública estadual, Marco Tebaldi se achou no direito de sair candidato de novo. Bem, pelo menos agora a população deu o troco: 4º lugar nas urnas. Volta, Tebaldi, pra Erechim!

De Carlito Merss eu gosto. Não acho que tenha feito um ótimo governo, mas o julguei satisfatório e acredito que, num segundo mandato, corresponderia às expectativas dos quase 200 mil eleitores que votaram nele, em 2008. Mimimis à parte, não deu pra ele! Vítima de uma imprensa alimentada a jabá, da impopularidade de obras como saneamento básico e da incompetência de vários de seus liderados, Carlito amargou a derrota e não conseguiu o visto da população para continuar no gabinete da Hermann Lepper, 10.

Parece que a derrota não lhes caiu bem, fazendo mal não só pro fígado, mas, principalmente, pra cabeça. Em menos de 10 dias, após a eleição, estes dois candidatos, derrotados, declaram apoio a Kennedy. Juntos, formam a sigla KCT, cunhada brilhantemente pelo nosso coblogueiro Sandro. Essa sigla é perfeita.

A coligação oportunista pra KCT seria inadmissível num sistema político sério. Bem, como falamos em seriedade, já dá pra tirar Tebaldi e Kennedy. Não tínhamos como esperar coerência ou bom senso destes dois: coerência e bom senso versus Tebaldi e Kennedy são como água e óleo. Kennedy rasgou todo o seu discurso (tão frágil que deve ter lhe bastado um peteleco) e recebeu apoio de seus alvos favoritos. Como é lindo o divino poder do perdão!

Mas Carlito Merss e o PT apoiando Kennedy Nunes? Foi um golpe duro na artéria da moralidade. É tão incompreensível quanto a galinha associar-se à raposa. Quando assumiu, Carlito foi vítima dos verborrágicos e teatrais lamentos de Kennedy Nunes, o qual retirou o apoio que ajudou Carlito a ser eleito. Mudando de lado num passe de mágica - como é próprio dos pessedistas - digo, oportunistas. Kennedy manteve relação beligerante com nosso ainda atual prefeito. Por quatro anos, Carlito foi bombardeado nas páginas do jornaleco de risível credibilidade que dá suporte ao deputado-cantor e foi corroído pela ironia destilada, como veneno, por Kennedy.

A união de PT e Kennedy seria cômica, não fosse trágica. Não é apenas pelo esquecimento das diferenças de dias atrás, mas, principalmente, pela incompatibilidade de posicionamentos, crenças e ideologias (foi duro escrever esta palavra). Na história, PT é esquerda e PSD é direita. O PT combatia o PSD. O PT tratava o PSD como o diabo! O PSD torturava e o PT buscava anistia. Como pode o PT do Lula, que ali, na praça Dario Salles, mandou extirpar os Bornhausen de nossa política, estar quatro anos depois, associado ao partido deles?

PT e PSDB, ambos nascidos do MDB, lutaram juntos pela redemocratização, pelos direitos humanos, pela anistia, pelas diretas, pela liberdade. Hoje, PT e PSDB juntaram-se à ex-ARENA não para defender ideais, mas cargos; não por um projeto político, mas por um projeto de poder; não pelo povo, mas contra o povo. É a tetodependência, como disse o Baço.

O asco que sinto neste momento é tanto que eu rasgo o que escrevi na última sexta-feira e tomo partido publicamente: anti-KCT. Eu não posso apoiar esta composição esquisita que estão fazendo debaixo dos nossos narizes, diante dos nossos olhos. Dar meu voto a eles é legitimar o ilegítimo e dizer sim ao fisiologismo. Pelo menos, juntaram-se as moscas sobre a merda. Fica claro de que lado é preciso ficar. À política nojenta, eu digo um claro e sonoro NÃO! Fica declarado, em alto nível e bom tom, meu voto em Udo Döhler.

Espero que, no dia 28, a população joinvilense (em quem eu vi alguma esperança após o quarto lugar do Tebaldi) faça, nas urnas, o papel que Lee Harvey Oswald fez nas ruas e mate, politicamente, Kennedy Nunes. 

RECOMENDO A TODOS QUE ASSISTAM À COERÊNCIA DO KENNEDY NUNES NESTE VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=fPzXseuxvco

CENSURADO PELO FACEBOOK - aproveito também para mandar o link da imagem que foi censurada pelo Facebook e tirada do ar (deve estar incomodando), que mostra o deputado usando diárias de R$ 670,00 para prestigiar seus filhos no colégio. https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/c0.0.403.403/p403x403/578559_375584732521078_167615277_n.jpg 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Você e as eleições

POR GUILHERME GASSENFERTH


Eu havia começado a versar um texto sobre o resultado das urnas na campanha eleitoral de Joinville. Estava prestes a tecer críticas aos eleitores pelo desempenho de alguns candidatos os quais considero muito ruins e inadequados à Câmara de Vereadores. Quase escrevi um texto falando sobre as questões religiosas que influenciam na escolha dos cidadãos e de como se vota errado na cidade. Ia dizer que estava começando a torcer pro mundo acabar mesmo dia 21 de dezembro. Mas aí, refleti sobre minhas ideias e cheguei a duas conclusões às quais compartilho com vocês, leitores.

Primeiramente, assustei-me com a minha carga de egocentrismo e arrogância. Então, quer dizer que EU sei o que é o certo pra cidade, e milhares de eleitores é que estão errados? Mais humildade, Guilherme! OK, não posso desconsiderar o fato de que, além de eu ter feito faculdade de ciências políticas por um ano, leio e pesquiso muito sobre o assunto. Também é verdade que tenho provavelmente mais instrução e acesso à informação que os eleitores daquele vereador que diz que “creche não precisa de professor”, por exemplo.

No entanto, as pessoas têm as suas razões. Pode que sejam razões desprezáveis, como uma prótese dentária nova ou uma cesta básica (ou ainda um poste, moeda de troca de um vereador joinvilense que não foi reeleito). Há gente que vota sem qualquer critério válido, como aparência do candidato ou carisma. Existe também o eleitor que imbuído dos mais questionáveis interesses pessoais, como cargo, favorecimento ou status, sufraga o candidato que será melhor pra si, pouco importando a cidade. Mas há pessoas que, legitimamente, acreditam que candidatos os quais eu desprezo sejam o melhor pra cidade. Como poderia eu julgá-las?

Há pessoas que votam em quem é da sua religião. Particularmente, eu jamais votaria em algum candidato kardecista simplesmente por também sê-lo. Para mim, é tão fundamentado quanto votar pra vereador em alguém cujo prato favorito também é aquele cachorro-quente ao lado da DPaschoal (não é tão bom quanto o teu, Simone, mas aquele eu como a hora que eu quiser!).

A segunda conclusão, que mais me chamou a atenção, foi o fortíssimo pensamento de eximir-se de responsabilidade. Eu já estava pensando: “como podem votar em fulano, aquele candidato pilantra” ou ainda “povo burro, vota no fulano e depois vem reclamar”, sem falar no clássico “cada povo tem o governo que merece”. Neste meu pensamento arrogante veio à tona não só o egocentrismo de achar que o meu ponto de vista é sempre o que deve balizar o pensamento alheio, mas também a ideia de que OS OUTROS é que estão errados. OS OUTROS que votaram no candidato ruim. OS OUTROS fazem a sociedade pior.

Epa, peraí! Você (e eu) faz sua parte? Paga TODOS os impostos, sem mencionar um curso de faculdade inexistente na sua declaração de IR só pra restituir mais? Você pensa sempre na coletividade antes de pensar em si? Você é um cidadão que respeita todas as leis de trânsito? Será que devolve o troco dado errado? Você nunca colava na escola? Será que nunca votou num candidato corrupto porque ele seria melhor para sua empresa, para o seu emprego, para o seu bairro, para a sua rua, para a sua família, mas não necessariamente para todos?
Vamos adiante: você cobra seus políticos ou acha que eleger é sua única responsabilidade? Você clama por mais educação, por mais transparência, pela aplicação correta dos impostos que paga, por justiça social, por saúde preventiva? Você faz trabalho voluntário por entender que sociedade somos todos e, com esforços combinados, faremos nossas sociedades serem o que queremos? Você dá condições para que seus colaboradores estudem? Incentiva o filho da empregada doméstica a ir bem na escola? Você educa os seus filhos, ensinando-os desde crianças a não passarem por cima dos outros? Incentiva-os a estudar, a ler, a opinar, a não obterem vantagens ilícitas, a serem cidadãos, a respeitarem os outros, a amarem o próximo, a darem bom dia, dizerem obrigado ou a serem gentis?

A pergunta que resume tudo é: VOCÊ DÁ O EXEMPLO? Se alguém pudesse saber TUDO o que você faz, mesmo aquelas que você faz em segredo, e expor num outdoor ao lado de sua foto, você teria orgulho de si?

Meus amigos, a menos que algum de vocês (infelizmente não é o meu caso) tenha respondido “sim” para TODAS as questões acima, pare de condenar os outros e canalize suas energias para sua reforma íntima. Se a sua resposta pra qualquer pergunta acima tiver sido “não”, lamento informar que os candidatos eleitos são responsabilidade nossa, que a corrupção é responsabilidade nossa e que tudo o que há de ruim, imoral e ilegal na prefeitura, na Câmara, na Assembleia e no Congresso e em toda a sociedade é culpa NOSSA.

PS: obrigado à competente e querida Jozi Elen pela revisão no texto :)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Meu sonho de Joinville


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há algumas semanas, li um manifesto do eminente artista joinvilense Juarez Machado, versando sobre seus desejos para Joinville. Embora eu seja comparável ao filho ilustre da cidade somente na minha paixão pela cidade que nos acolhe, também quero escrever uma carta aos candidatos. Melhor, uma carta a todos os joinvilenses, porque não apenas os políticos fazem Joinville, pelo contrário. Sem a pretensão de ser bela como a dele.

Caro joinvilense, quero dividir alguns dedos de prosa com você. Assim como a maioria dos joinvilenses, eu não sou nascido aqui, mas amo minha cidade. Mesmo quando viajo por poucos dias, logo sou tomado por uma nostalgia de Joinville. É a saudade do que só se vive aqui. Saudade da minha cidade cercada por área verde e água. Saudade do hábito de parar tudo pra tomar um café na padaria mais próxima. Saudade de ver a bandeira do Brasil tremulando na praça Nereu Ramos. Saudade da cor dos ônibus, do éééééégua, da limpeza das ruas, das flores dos jardins. Mas mesmo com este mal-acabado ensaio de canção do exílio à Dona Francisca, não me furto de perceber que a cidade tem enormes desafios.

Joinvilenses candidatos, eis aqui o que sonho pra Joinville e compartilho com vocês. Disse o poeta Raul Seixas que  “Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Vamos sonhar juntos?

O que acham de cidade com mais praças arborizadas, com coretos ou palcos para apresentações culturais espontâneas? Penso também em um parque, enorme, lindo, arborizado, com lago, com trilhas, com uma concha acústica, com choupanas, com banheiros, com acessibilidade, com uma lanchonete, com brinquedos pras crianças e pros adultos que não envelheceram, com quadras e muita contemplação à natureza, à vida e às pessoas que ali circulam. É difícil, né? E se uma empresa assumisse a bronca, criando um parque aberto com seu nome, tipo “Parque Tigre”, ou “Parque Tupy”, ou ainda “Parque Docol”? Ou qualquer empresa que seja, que possa comprar uma área verde e dar à cidade, ganhando com o marketing mas também com o desenvolvimento da cidade onde está instalada? O Haroldo concordou comigo!

Sonho com uma Joinville onde seja valorizado o futebol, porque todos nós gostamos de ver nosso tricolor campeão, mas onde também sejam valorizados esportes menos tradicionais. Tivemos agora a Tamiris de Liz nas Olimpíadas, tivemos bravos atletas paralímpicos, temos os Jogos Abertos de SC (que vem pra cá em 2013)... mas temos pouco apoio. Dia desses atletas de um time de vôlei ou basquete vendiam rifas a R$ 2,00 para poderem representar Joinville num campeonato, porque ninguém lhes apoiava. E volto a lembrar do potencial turístico mas também esportivo da nossa Lagoa do Saguaçu, que poderia ser palco de competições de remo, jetski, canoagem, vela, entre outras. E lembro do Felipe Silveira falando de que as praças precisam de outros esportes além do skate.

Na minha cidade ideal, as calçadas são bem feitas, acessíveis, padronizadas, com meio-fio elevado e rebaixado onde precisa ser, possuem canteiros com flores e são limpas, muito limpas! Um espaço onde possam caminhar com tranquilidade a senhora idosa, o cego, a trabalhadora, o pai empurrando o carrinho do seu bebê, a cadeirante e o jovem com sua mochila a caminho da escola. Certo, amigo Mario Silveira?

Joinville com mais árvores! Árvores, caros governantes, nunca são demais, pelo contrário – sempre estarão faltando, sempre caberá mais. Quero uma praça cheia de ipês-amarelos. Já pensaram que lindo espetáculo seria descortinado uma vez por ano? Beleza efêmera mas intensa. E uma praça com jacatirões, emanando sua beleza tricolor. E uma outra praça cheia de bougainvilleas. E uma cheia de azáleas. Quero nossa cidade das flores abarrotada de flores para todas as estações! Quero a cinza João Colin com árvores nas calçadas. Quero as ruas dos bairros com mais cores, flores e verde, e menos sujeira e menos poluição visual. Dá ou não dá, Jordi?

Se você for eleito, candidato, prometa que irá trabalhar dia e noite para que Joinville seja uma cidade pra todos. Uma cidade onde seu sobrenome germânico não te faça melhor que ninguém, e onde um paranaense seja tão importante quanto um joinvilense ou um gaúcho. A cidade que a mulher, o gay, o negro, o pobre, o ateu e os deficientes são respeitados, mas onde também há respeito para o homem, o hetero, o branco, o rico, o evangélico e os que têm seu corpo e mente plenos. Quero que todo joinvilense, de nascimento ou de adoção, seja tratado como semelhante não só pelo governo, mas por toda a sociedade. Você concorda, Emanuelle?

Gostaria de ver um enorme teatro municipal, lindo, glamouroso, grande, com qualidade europeia. E ver o Libração, a Dionisos e outros grupos lá! Mas também quero ver espaços de cultura nos bairros, com salas de cinema, teatro, música. Quero a Casa da Cultura restaurada funcionando cheia! Gosto de imaginar ver a cidade com os museus vivos, interativos. Já pensaram que beleza o nosso Museu da Imigração com um espetáculo de som e luz diário, à noite, mostrando o cotidiano dos imigrantes? Meu amigo Paulo da Silva já pensou! Já imaginaram que lindo você poder sair do Museu do Sambaqui com uma visita guiada a um sítio arqueológico onde você pode pisar e tocar em tudo? Conseguem imaginar o visitante indo no Museu do Bombeiro e vestindo um galé e apagando um incêndio simulado? Ideia do amigo Adriano. E o Museu da Chuva, hein, Baço? Sonho junto contigo este sonho! Penso na Joinville onde há espaço para a arte urbana, para o hip hop e pra música erudita, para a cultura germânica, pra italiana, pra africana e pra brasileira! Vejo uma Joinville com festivais de música nos bairros, com apresentações em todo o lugar.

Joinville pode ser uma cidade que é referência em dança não só por dez dias, mas no ano inteiro.  Como já disse o Pavel, Joinville só será a cidade da dança quando os joinvilenses dançarem. É por isso que iniciativas como o Dança nas Empresas, do Laboratório Catarinense, devem ser disseminadas. Dança nas empresas, nas escolas, nas ruas, nas casas, nos bailes. Germânicas, ballet, populares, gaúchas, urbanas, clássicas. O Maycon que o diga. E quando toda a cidade estiver dançando, aí sim, uma universidade de dança! Dança, Joinville!

Minha Joinville platônica está em todas as agências turísticas do Brasil, como uma opção para os visitantes que queiram conhecer a cidade fantástica que somos! Né, Serginho? Joinville tem um belíssimo potencial turístico. A linda baía da Babitonga, a Lagoa do Saguaçu e o Rio Palmital subaproveitados. Nossas montanhas e serra, deslumbrantes, com mata atlântica intocada, com cachoeiras lindas, com florada de hortênsias, com trilhas místicas... e ninguém faz nada. A zona rural, única, fantástica, pronta pra ser desvendada. Falta mobilização nossa, não é dona Mery? Equipamentos de eventos mais adequados, como defende o Kobe e outros, para Joinville receber mais eventos, captados pelo amigo Giorgio e sua equipe. Candidatos joinvilenses, invistam no turismo, pois nós temos muito potencial por aqui.

No embalo do turismo, vem a gastronomia. Nossas empadas, nossa cerveja artesanal, o strudel de maçã, a gastronomia molecular do Poco Tapas, a experiência de participar do Lírica Kneipe na última quarta-feira do mês... tudo são atrações turísticas, para os joinvilenses e para os visitantes! Com um pouco mais de criatividade e investimento podemos fazer uma revolução na nossa cidade. E pra criatividade gastronômica, taí o Setter!

Caros candidatos, não esqueçam que Joinville não é uma ilha. Temos cidades à nossa volta, e como maior cidade da região, temos a obrigação de chamá-los para planejarmos juntos nosso crescimento e desenvolvimento. Não dá pra pensar em saúde, desenvolvimento econômico ou transporte coletivo sem sentar com Araquari. Não se deve pensar em turismo sem envolver São Chico! Ou educação superior sem conversar com todos os vizinhos. É preciso capitanear e liderar o processo de integração regional. Tenho certeza que o Charles concorda!

Na área da saúde, eu gostaria de ver Joinville atuando preventivamente. Pelo menos dobrando a cobertura do Programa de Saúde da Família, investindo ainda mais em saneamento básico (que é bem mais que esgoto, como me informou o Gollnick), melhorando a alimentação nas escolas, prosseguindo no investimento em fitoterápicos que a Prefeitura iniciou, incentivando a saúde na educação e informando a população. Mas quando a saúde reativa for necessária, que os órgãos todos conversem e estejam preparados para atender melhor o cidadão. Nós, cidadãos, é que temos que ser a prioridade de qualquer sistema de saúde. Se o Regional tem quatro aparelhos de qualquer coisa funcionando e o São José está sem, o cidadão não pode pagar por isso. Cabe aos governantes articularem o atendimento para que a sociedade seja mais saudável. Não é tão difícil, não precisa investir um centavo a mais, é só gerir bem o recurso e pensar bastante.

Não só eu, todo o joinvilense quer um sistema de mobilidade melhor. Sonho com um transporte coletivo tão bom que eu nem precise pensar em deixar o carro na garagem pra sair de ônibus. E tem gente boa pra ajudar a pensar neste assunto, olha o Romney aí. Ônibus confortável, sem solavancos, sem ruídos excessivos, com temperatura adequada, que ande sem chacoalhar os ocupantes como o Norte Sul na Rua Blumenau. Quero um transporte integrado com bicicletas, que eu possa descer no terminal, emprestar uma bike pra fazer o que eu quero. E falando em bikes, queremos ciclovias descentes, com início, meio e fim! Se não dá pra fazer nas avenidas, escolham as ruas mais calmas pra implantar a ciclovia. Mas façam! E concordo que a prioridade deva ser o coletivo, mas não esqueçam da estrutura viária. Felizmente vão duplicar a Santos Dumont, mas vejam também a zona Sul, que está com sérios gargalos, principalmente na Monsenhor Gercino e na Guanabara. Na XV já estão mexendo.

Não devemos esquecer do transporte intermunicipal. Integração com Araquari já passou da hora! E quando a viagem é mais longa, queremos o aeroporto decente, com pista mais comprida, ILS e boa frequencia de voos. E a rodoviária mais confortável, com mais facilidades aos usuários.

Queremos uma cidade sustentável, e sustentabilidade é social, econômico e ambiental, juntos! Uma cidade aberta ao empreendedorismo, para empresas que nascem aqui e para as que vêm de fora. Como seria legal criar aldeias colaborativas nos bairros, espaços multiuso que serviriam para incubadoras de microempresas e empreendedores individuais, aquecendo a economia e gerando empregos. Do ponto de vista ambiental, que tal incentivarmos a produção orgânica nos agricultores? E implantar já tratamento de esgoto nas bacias hidrográficas? E cuidar muito para que os 60% de área de mata atlântica preservada permaneçam assim?

Embora tenha ligação com o parágrafo anterior, que trata da sustentabilidade, até pulei uma linha pra dar ênfase nas questões sociais. Joinville tem muita pobreza, muita miséria e muita gente passando sérias dificuldades. São quase 5 mil pessoas que vivem à custa de bolsa família, além de outras situações de vulnerabilidade social grave. É preciso fazer um pacto entre o governo, as entidades do terceiro setor e a sociedade para amenizar a situação terrível a que alguns joinvilenses estão expostos.

Mas sem sombra de dúvida, meus caros joinvilenses, nossa maior luta, nossas energias e nosso esforço devem ser canalizados para a educação. Falamos de saúde, e a saúde começa na escola, com ensino de higiene e asseio, além da conscientização sobre assuntos relacionados. De que adianta limpar os rios se os estudantes não estiverem conscientizados a partir da educação ambiental? Como melhorar o turismo sem qualificação das pessoas que operam os bares, hotéis, restaurantes, equipamentos, taxis? De que adianta falar de cultura se não ensinarmos nossos pequenos a gostarem de teatro, música, cinema, artes plásticas? Como falaremos de respeito ao agricultor sem ensinarmos a cultivar uma horta?

A educação é a chave pro progresso, pro desenvolvimento, pro caminhar rumo à sociedade equilibrada e justa. É preciso valorizar a carreira do professor, tanto para retribuir o que eles fazem por nós, quanto para atrair profissionais ainda mais qualificados. Temos que estruturar melhor as bibliotecas e estimular seu uso, para que nossos cidadãos adquiram o gosto pela leitura. É preciso buscar uma educação não voltada para o vestibular, mas para a vida. Isto exige inserir disciplinas como direito, economia básica, preparação para o trabalho, ética, administração, além do fortalecimento do ensino de idiomas e de matérias ligadas à cultura. Disse Nelson Mandela: “a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”.

Gostaria de ver nossas escolas municipais sendo referências nacionais de ensino não só porque as escolas brasileiras são ruins, mas porque as nossas são de fato boas. Escolas com arborização, com estrutura adequada, com conforto para os estudantes, com bom ensino, com apoio técnico-pedagógico eficaz, com proposta pedagógica inovadora. Escolas onde ocorrem debates, onde se ensina a aceitar as diferenças e a tolerar, onde a vida comunitária inicia. Uma escola onde os pais também participam do processo não só nas reuniões de pais, mas aprendendo junto, usando a biblioteca, os laboratórios, debatendo junto.

Quero que a escolinha lá do Cubatão ou do Quiriri tenham o mesmo ensino que a escola do Paranaguamirim ou do Jardim Iririú. Que os projetos especiais de ensino integral sejam disseminados por todas as escolas. E antes que tablets, queremos professores motivados, dispostos a compartilhar seu conhecimento com os estudantes! Queremos ensino que seja interessante para o estudante da geração Y, e que a escola entenda este processo!


Nossa Joinville precisa de professores e estudantes melhores para que os candidatos do amanhã sejam qualificados, mas principalmente para que os eleitores sejam qualificados.

Este é um pedaço do meu sonho de Joinville. Nossa cidade igualitária, educada, sustentável, limpa, com qualidade de vida, motivo de orgulho pra sua gente, com oportunidades para todos e a melhor cidade para se viver no Brasil. Joinvilense candidato, deixe seus interesses pessoais de lado e faça o melhor por nossa cidade. Joinvilense eleitor, demonstre seu amor por Joinville e vote com consciência e qualidade, escolhendo quem representa de fato o melhor pra nossa cidade!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Em Joinville, não há doentes!


POR GUILHERME GASSENFERTH

Comemore, joinvilense! Aqui a saúde não tem problemas! Viva!

Já em Florianópolis as coisas não vão bem. É um problema. Aqui em Joinville, o governo estadual mantém um hospital para cada 171 mil habitantes (que coincidência este 171!). Em Floripa, tem um hospital do governo estadual para cada 61 mil habitantes. Só pode significar uma coisa: os florianopolitanos adoecem três vezes mais!

Veja só, cidadão joinvilense. Afeitos que somos a uma estatisticazinha, fomos ao site do IBGE Cidades@ e pesquisamos dados relativos à saúde em 2009 (último dado disponível). Sabem qual o resultado? Floripa é uma cidade cheia de doentes. Sim, senhores. Vamos às provas?

Em Joinville, o governo do estado mantinha, segundo dados do IBGE de 2009, dois estabelecimentos de saúde. Em Florianópolis, segundo o IBGE, eram 14. “Ah, mas número de estabelecimentos não quer dizer nada”. É verdade, o número de hospitais sozinho não diz nada. Vamos verificar o número de leitos, então?

Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, na capital: 945.
Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, em Joinville: 414. Êta população resistente a doença!

“Mas Guilherme”, você pode estar pensando, “em Floripa tem São José ali grudadinho”. Verdade, que injustiça a minha. Vamos refazer os cálculos considerando São José.

Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, na capital: 945.
Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, em Joinville: 414.
Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, só em São José: 663. Meu Deus, quanto doente!

Se nós formos contabilizar as 22 cidades que compõem a região metropolitana de Florianópolis e as 20 cidades da região metropolitana de Joinville, o número de leitos na região de Floripa permanece em 1.608, e em Joinville sobe para 454 leitos, graças à adição de 40 leitos mantidos pelo governo catarinense em Mafra. Considerando que a região metropolitana de Joinville tem 1.094.570 habitantes e a de Florianópolis 1.012.831 habitantes, é possível chegar ao seguinte índice:

Na região de Florianópolis: um leito mantido pelo governo estadual a cada 630 cidadãos.
Na região de Joinville: um leito mantido pelo governo estadual a cada 2.411 cidadãos!

Resultado óbvio: em Joinville, tem quatro vezes menos pessoas doentes! Iupiii! Eu sempre soube que essa chuvarada tinha que servir pra algo de bom!

JÁ BASTA!

Agora, falando sério. Pensei que iam mudar as coisas. Na semana passada foi lançado um Pacto por SC na área da saúde. Achei louvável. O governo de SC anunciou a construção de 150 leitos no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e investimento em equipamentos. Na verdade, isto foi o que me motivou a escrever o texto, inicialmente elogiando a iniciativa do governo de Raimundo Colombo. Meus pensamentos elogiosos duraram pouco. Quando fui pesquisar mais a fundo, caíram por terra.

Quando li os slides da apresentação do Pacto por SC, fiquei boquiaberto com a enorme diferença de investimentos em Floripa e Joinville. Desconsiderando investimentos em maternidades (que não foram especificados na apresentação), Florianópolis e São José somaram investimentos da ordem de R$ 178 milhões, enquanto Joinville amargou R$ 33,2 milhões. Sim, cinco vezes e meia de recursos a menos.

Enquanto serão construídos 379 leitos em Floripa e São José, em Joinville serão 150. Floripa e São José ganharão 83 novas UTIs. E Joinville, ZERO. Floripa e São José terão novas 14 salas cirúrgicas. E Joinville, ZERO!

No início da semana, o Brasil viu as imagens do atropelamento da mãe com dois filhos, gravada por câmeras de segurança. E após a exibição do vídeo em vários telejornais de rede nacional, a mensagem: "a mãe foi enviada a um hospital de Jaraguá do Sul POR FALTA DE UTIs em Joinville". Desumano com a mãe, vergonhoso pra Joinville.

Até quando mereceremos viver este descaso? Quando é que a população joinvilense vai levantar-se e pedir por seus interesses? Quando teremos um eleitorado unido que irá desembainhar a espada da mudança, atacando a inércia de sucessivos governos estaduais?

Joinvilense, você deve fazer algo. Chega de ficar parado! Compartilhe estas informações. Faça chegar ao ouvido do maior número de pessoas para que todos saibam como nossa querida cidade é destratada pelo governo do estado que ela própria ajuda, em muito, a sustentar. E cobre dos governantes. Já chega de Joinville ZERO.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Árvores de Joinville: celebrar ou lamentar?


POR GUILHERME GASSENFERTH

[Atenção: sou leigo no assunto. É um texto de opinião, não um parecer técnico.]

Hoje, 21 de setembro, é comemorado o Dia da Árvore. Em Joinville, esta data é para celebrar ou lamentar?

Como já comentei em outras postagens, temos em Joinville o maior território de mata atlântica preservada de Santa Catarina, com mais de 600 milhões de metros quadrados. Obviamente, esta mata toda está na área rural e em áreas altas, mas de todo modo, temos 56% do território preservado. É pra celebrar!

Joinville, a maior cidade do Estado, com a maior economia catarinense e um orçamento municipal bilionário, não possui um único parque onde as pessoas possam caminhar na sombra ou fazer um piquenique sob uma frondosa árvore. É pra lamentar!

Cadê as árvores da João Colin?
Nossos morros, mesmo aqueles localizados em áreas urbanas, são preservados. Em dias de céu azul como o de ontem (e espero que também hoje), o contraste do verde dos morros com o azul do firmamento dá um charme todo especial à nossa cidade. Temos pouquíssimos morros urbanizados, e embora haja áreas de invasão na margem leste do Morro do Boa Vista, é uma exceção à regra. Que bom  que havia a cota 40 e pra onde se olha, se veem morros preservados. É pra celebrar!

As ruas principais, tanto no centro quanto nos bairros, são totalmente carentes de árvores. A exceção vai para a Hermann Lepper, Blumenau, JK e Dona Francisca entre a Casa da Cultura e a confluência com a Aluísio Pires Condeixa.  Mas pensem na Rua XV no Vila Nova, na Santos Dumont, na Monsenhor Gercino, na Florianópolis, na Fátima, na Albano Schmidt, na João Colin, na Getúlio, na São Paulo, na Procópio, na Minas Gerais, na Baltasar Buschle... e a lista vai e inclui todas as ruas do Centro. Não tem arborização decente. É pra lamentar!

Rua Blumenau, paralela à João Colin, muito mais agradável.
Quando as belíssimas figueiras da Hermann Lepper estiveram à sombra ameaçadora do lobby pró-corte, a sociedade abriu a boca e soltou o verbo: nós queremos as figueiras. O corredor que as figueiras formam na frente da Lepper é um ambiente dos mais gostosos da cidade. A sociedade se mobilizou para que as árvores ficassem. É pra celebrar!

O Brasil está aprovando um novo código florestal que prevê a anistia a alguns desmatadores, além de regras mais permissivas para o desmatamento. E o grande incentivador de tudo isso é um senador de Joinville. É pra lamentar!

Na primavera, que começa depois de amanhã, Joinville se enche de cores e tons. Primeiro o a beleza efêmera do amarelo dos maravilhosos ipês; depois com festival de branco e tons de rosa, lilás e roxo dos manacás-da-serra ou jacatirões que colorem nossos morros. Como é bom viver em Joinville e desfrutar deste espetáculo natural. É pra celebrar!
O ipê-amarelo na bela foto de Luiz Carlos Hille.

O que você acrescentaria nesta lista? Celebraria ou lamentaria?

Embora tenhamos fortes razões para celebrar, sinto que devemos nos preocupar muito e atuar para que nossas ruas e quintais sejam mais arborizados e que lutemos por um parque muito bem arborizado. Porque hoje, ao meu ver, a situação no geral é para lamentar.