POR GUILHERME GASSENFERTH
[Atenção: sou leigo no assunto. É um texto de opinião, não um
parecer técnico.]
Hoje, 21 de setembro, é comemorado o Dia da Árvore. Em
Joinville, esta data é para celebrar ou lamentar?
Como já comentei em outras postagens, temos em Joinville o maior
território de mata atlântica preservada de Santa Catarina, com mais de 600
milhões de metros quadrados. Obviamente, esta mata toda está na área rural e em
áreas altas, mas de todo modo, temos 56% do território preservado. É pra
celebrar!
Joinville, a maior cidade do Estado, com a maior economia catarinense
e um orçamento municipal bilionário, não possui um único parque onde as pessoas
possam caminhar na sombra ou fazer um piquenique sob uma frondosa árvore. É pra
lamentar!
Cadê as árvores da João Colin? |
Nossos morros, mesmo aqueles localizados em áreas urbanas,
são preservados. Em dias de céu azul como o de ontem (e espero que também
hoje), o contraste do verde dos morros com o azul do firmamento dá um charme todo
especial à nossa cidade. Temos pouquíssimos morros urbanizados, e embora haja
áreas de invasão na margem leste do Morro do Boa Vista, é uma exceção à regra.
Que bom que havia a cota 40 e pra onde
se olha, se veem morros preservados. É pra celebrar!
As ruas principais, tanto no centro quanto nos bairros, são totalmente
carentes de árvores. A exceção vai para a Hermann Lepper, Blumenau, JK e Dona
Francisca entre a Casa da Cultura e a confluência com a Aluísio Pires
Condeixa. Mas pensem na Rua XV no Vila
Nova, na Santos Dumont, na Monsenhor Gercino, na Florianópolis, na Fátima, na
Albano Schmidt, na João Colin, na Getúlio, na São Paulo, na Procópio, na Minas Gerais,
na Baltasar Buschle... e a lista vai e inclui todas as ruas do Centro. Não tem
arborização decente. É pra lamentar!
Rua Blumenau, paralela à João Colin, muito mais agradável. |
Quando as belíssimas figueiras da Hermann Lepper estiveram à
sombra ameaçadora do lobby pró-corte, a sociedade abriu a boca e soltou o
verbo: nós queremos as figueiras. O corredor que as figueiras formam na frente
da Lepper é um ambiente dos mais gostosos da cidade. A sociedade se mobilizou
para que as árvores ficassem. É pra celebrar!
O Brasil está aprovando um novo código florestal que prevê a
anistia a alguns desmatadores, além de regras mais permissivas para o
desmatamento. E o grande incentivador de tudo isso é um senador de Joinville. É
pra lamentar!
Na primavera, que começa depois de amanhã, Joinville se
enche de cores e tons. Primeiro o a beleza efêmera do amarelo dos maravilhosos ipês;
depois com festival de branco e tons de rosa, lilás e roxo dos manacás-da-serra
ou jacatirões que colorem nossos morros. Como é bom viver em Joinville e desfrutar
deste espetáculo natural. É pra celebrar!
O ipê-amarelo na bela foto de Luiz Carlos Hille. |
O que você acrescentaria nesta lista? Celebraria ou
lamentaria?
Embora tenhamos fortes razões para celebrar, sinto que
devemos nos preocupar muito e atuar para que nossas ruas e quintais sejam mais
arborizados e que lutemos por um parque muito bem arborizado. Porque hoje, ao
meu ver, a situação no geral é para lamentar.