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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Conversas à Chuva com Diego Finder Machado


POR CLÓVIS GRUNER

No "Conversas à Chuva" dessa semana, uma conversa sobre memória, patrimônio e usos do passado com o historiador Diego Finder Machado, mestre e doutor em História pela UDESC e professor dos cursos de História e Direito na Univille.

terça-feira, 6 de março de 2018

Como Lula e Moro serão vistos daqui 20 anos?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Realidade e percepção. Primeiro há os fatos, depois a leitura desses fatos. A realidade: Sérgio Moro impôs uma dura pena ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fato que tem tudo para impedir o ex-presidente de concorrer nas próximas eleições. A percepção: as pessoas começam a ver Moro com desconfiança e Lula mantém praticamente inabalada a sua imagem junto aos seus eleitores.

Quando se fala em percepção, a rejeição tem um papel definidor. Segundo a mais recente pesquisa Ipsos, expressivo número de brasileiros desaprova as ações de Sérgio Moro, o que fica expresso num índice de rejeição de 51%. Lula tem um índice maior, apesar de ter descido ligeiramente para 56%, mas ainda assim o menor índice entre todos os políticos que postulam entrar na corrida para o Palácio do Planalto.

Faz sentido fazer a comparação, já que ambos estão em campos diferentes? Faz. O confronto entre Lula da Silva e Sérgio Moro tem sido apresentado pela mídia como uma espécie de “duelo. Enquanto o ex-presidente tenta chegar novamente ao cargo, o juiz tem feito tudo para impedir, inclusive com alguns atropelos. Há um clima de paixões exacerbadas. Os que odeiam Lula da Silva estão com o juiz. E vice-versa.

A proposta é pensar na frente. A futurologia tem os seus riscos, mas vamos imaginar como Sérgio Moro e Lula da Silva vão figurar nos manuais de história. Arrisco a opinar. Sérgio Moro será uma nota de rodapé. Se tiver algum protagonismo, será pelo fato de ter contribuído para desestabilizar a democracia. Mais do que isso, por ajudar a empurrar o Brasil para uma crise de valores, em que a imagem da própria Justiça saiu chamuscada.

Outra predição. Olhado com a frieza do tempo, o ex-presidente Lula vai ter a sua imagem resgatada. A persecução de que foi vítima ficará evidente (e evidenciada). Ódios aquietados, as pessoas vão reverenciar os avanços do governo Lula como uma oportunidade perdida. Uma oportunidade roubada aos brasileiros, por golpistas que não se importaram em pôr o Brasil outra vez na periferia da geopolítica.

É a dança da chuva.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Homenagem a 3 mulheres especiais


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há tempos eu tenho vontade de poder dividir com o mundo a grande admiração que tenho por três moças que vivem em meu coração. São elas, em ordem etária: Mery Paul, Jutta Hagemann e Alda Niemeyer. Vou contar-lhes o porquê da homenagem.

Primeiro, falaremos da mais nova de nossas protagonistas de hoje. Dona Mery Paul nasceu em Joinville, no dia 10 de novembro de 1936. Aos 76 anos, é um exemplo de vitalidade e gentileza. Uma de minhas mais assíduas amigas do Facebook e leitoras do Chuva Ácida, conheci dona Mery quando cantei no Coral da Igreja da Paz.

Em 1983, dona Mery criou o Mutirão do Amor. Impelida pela falta de assistência às gestantes das enchentes do Vale do Itajaí daquele ano, ela juntou um grupo de voluntárias para produzir enxovais às mãezinhas que esperavam bebês e não tinham condições. Este trabalho está prestes a completar 30 anos, sempre com a alegria e jovialidade de dona Mery à frente. É um exemplo para todos nós, jovens, adultos e idosos, o trabalho que ela faz na área social. É importante destacar que nas enchentes de 2008 e 2011, dona Mery acompanhou nosso trabalho na Central Solidária e foi nossa incansável secretária, registrando tudo, tintim por tintim. Quem recebe seus relatórios de prestação de contas do Mutirão do Amor sabe como é caprichosa esta moça!

Nossa outra homenageada é a dona Jutta Hagemann, a memória ambulante desta cidade. Adoro visitá-la em sua casa, uma vez que somos primos de qualquer grau e ela sempre tem informações importantes para a construção de minha árvore genealógica. Além disso, é sempre agradável conversar com uma moça tão culta e inteligente.

Aos 86 anos, dona Jutta é a conselheira certa para as incertas horas em que bate uma dúvida sobre o passado. Ela, que é testemunha de mais da metade da história da nossa cidade, tem uma inacreditável capacidade de decorar nomes e datas. Além disso, é figurinha carimbada na seção Memória, de ANotícia, que desafia os leitores a acertarem a localização de fotos antigas da cidade. Dona Jutta não perde uma!

Ela sai por aí, participa de grupos de conversação em alemão, de um clube de apaixonados por ópera, é conselheira do jornal ANotícia e dedica-se à pesquisa histórica, continuando um legado deixado pela saudosa filha Maria Thereza Böbel, que nos deixou precocemente em 2005. É outra que entende também de computador. Recordo-me com clareza o dia que ela me adicionou no MSN, dizendo que estava aprendendo a usar aquilo.

E apesar dos 86 anos, acaba de voltar da Alemanha, onde passeou um pouquinho e representou a parte brasileira da família no encontro dos descendentes dos Kröhne.

Minha última mocinha é dona Alda Schlemm Niemeyer, uma blumenauense reconhecida nacionalmente. Nascida em 1920, a Vovó Alda é outro exemplo pra mim. Fiquei tão feliz quando recebi sua cartinha, escrita à mão em alemão, dedicando-me um exemplar do livro que escreveu sobre a catástrofe blumenauense em 1983. Dona Alda, ou PP5-ASN, é radioamadora até hoje, transmitindo em português e alemão para o mundo. Nas enchentes, já com 63 anos, participou ativamente auxiliando pelo rádio a resgatar famílias isoladas e a buscar doações de outros pontos do Brasil e na Europa.

Ativa também no Facebook, Skype e MSN, dona Alda foi reconhecida com a medalha Defesa Civil Nacional, entregue pelas mãos do ministro da Defesa Civil em cerimônia transcorrida há dois meses em Brasília. Que alegria aos 92 anos de idade!

Dona Alda é a única das minhas três homenageadas que eu ainda não conheço pessoalmente, embora eu pretenda mudar isso em breve. Mas como já lhe telefonei algumas vezes, uma coisa eu posso lhes garantir: é difícil encontrar voz mais bonita por aí. Seu tom e firmeza de voz são próprios de alguém com 30 ou 40 anos. É claro que voz tão linda haveria de fazê-la reconhecida por todos os blumenauenses.

Enquanto eu escrevia esta homenagem, percebi que há ligação entre minhas três amigas, além do fato incontestável de as três serem muito bonitas. Dona Mery e Dona Jutta são joinvilenses e figuras conhecidas de nossos jornais, como é dona Alda em Blumenau. As três já foram homenageadas e premiadas, justamente. Dona Alda e Dona Jutta são primas distantes – somos nós três descendentes diretos de Christian August Kröhne e Johanna Richter. Por outro lado, tanto Dona Mery quanto Dona Alda tornaram-se conhecidas pelo trabalho que teve seu ponto comum nas enchentes do Vale do Itajaí de 1983. Será que é tudo mera coincidência?

Minhas amigas, meus sinceros parabéns pelo exemplo que vocês dão a nós e muito obrigado pelo carinho de sempre!

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las” Aristóteles

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Respeito é bom...


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há por aqui um leitor anônimo (espero que seja apenas um, porque se houver mais já será uma burricada) que não perde uma oportunidade para me exigir uma declaração de apoio a Carlito Merss. É uma obsessão do cara. E como eu já estou de saco cheio das abobrinhas desse energúmeno, hoje vou dedicar dois dedos de prosa ao assunto.

Sim, de fato há uma coisa que me liga a Carlito Merss: eu respeito o cara. Mais do que isso, eu respeito a sua história. Não vou ficar a filosofar porque a coisa é muito simples. Eu comecei a trabalhar na imprensa diária de Joinville na década de 80 e nem preciso dizer que era um tempo em que a ditadura - já um tanto enfraquecida, vale salientar -  ainda dava cartas. Permaneciam as estruturas autoritárias e não era fácil peitar o sistema.

É bom lembrar que nesse tempo ainda funcionava a lógica que vinha do tempo dos dois partidos: o partido do “sim” e o partido do “sim senhor” (no papel, o bipartidarismo acabou em 1979, mas os partidos de esquerda só foram legalizados mais tarde). Era o autoritarismo a dominar a vida das pessoas, a impor silêncios. Se na esfera privada as pessoas pensavam em liberdade, na esfera pública pouca gente se atrevia a questionar, brigar ou correr o risco de ir contra o poder instituído.

O jornalista que quisesse fazer alguma reportagem a envolver temas políticos, mesmo os mais irrelevantes, ficava sempre numa situação incômoda. Não havia dois lados a ouvir,  porque o contraditório simplesmente não existia. E não vamos esquecer que por muito tempo Santa Catarina foi governada por oligarquias que estendiam o seu poder por toda a malha social. Mas houve um momento em que surgiu um pessoal de esquerda – Carlito estava entre eles – que tinha os tomates no lugar. Que enfrentava o autoritarismo e mostrava a cara.

É certo que a ditadura perdera muito da sua força, mas ainda havia riscos. Você podia até nem ir preso, mas bastava um simples telefonema de um poderosão e os caras podiam arruinar a sua vida (o famoso "pedir a cabeça"). Eu próprio sou testemunha de que muitos tiveram prejuízos pessoais por terem feito oposição ao sistema. Aliás, pode parecer estranho para os mais jovens, mas houve um tempo em que ter um simples adesivo do Lula no carro podia provocar problemas no trabalho. Havia ameaças de demissão, trabalhadores marcados e aquilo que hoje chamamos assédio moral.

O fato é que como jornalista aproveitei para ouvir também a versão dessas pessoas nas minhas matérias. E como cidadão passei a admirar os caras. Porque finalmente começava a aparecer na cidade uma geração que demonstrava ter coragem intelectual e coragem física para mudar a situação. Aliás, vale o comentário: se é difícil ser de esquerda no Brasil, em Santa Catarina é ainda pior. Porque o fato de uma ditadura acabar não implica no fim da lógica do autoritarismo.

Eis as minhas razões, energúmeno anônimo. Mas duvido que você entenda. Porque parece que a sua noção de militância política é sentar à frente do computador e escrever meia dúzia de besteiras. E com a covardia do anonimato, claro. Os machos do teclado não gostam das pessoas que demonstram coragem física, dão o corpo ao manifesto e vão à luta.

P.S.: Aproveito para fazer uma pergunta: vocês sabem onde estavam, naqueles tempos, muitos desses caras de uma certa comunicação social que hoje faz da crítica Carlito Merss uma profissão de fé? Eu respondo: ou estavam caladinhos como ratos (fazendo do silêncio uma conivência) ou engajados no processo autoritário e aproveitando as benesses do poder para se ajeitarem na vida.