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terça-feira, 6 de março de 2018

Como Lula e Moro serão vistos daqui 20 anos?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Realidade e percepção. Primeiro há os fatos, depois a leitura desses fatos. A realidade: Sérgio Moro impôs uma dura pena ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fato que tem tudo para impedir o ex-presidente de concorrer nas próximas eleições. A percepção: as pessoas começam a ver Moro com desconfiança e Lula mantém praticamente inabalada a sua imagem junto aos seus eleitores.

Quando se fala em percepção, a rejeição tem um papel definidor. Segundo a mais recente pesquisa Ipsos, expressivo número de brasileiros desaprova as ações de Sérgio Moro, o que fica expresso num índice de rejeição de 51%. Lula tem um índice maior, apesar de ter descido ligeiramente para 56%, mas ainda assim o menor índice entre todos os políticos que postulam entrar na corrida para o Palácio do Planalto.

Faz sentido fazer a comparação, já que ambos estão em campos diferentes? Faz. O confronto entre Lula da Silva e Sérgio Moro tem sido apresentado pela mídia como uma espécie de “duelo. Enquanto o ex-presidente tenta chegar novamente ao cargo, o juiz tem feito tudo para impedir, inclusive com alguns atropelos. Há um clima de paixões exacerbadas. Os que odeiam Lula da Silva estão com o juiz. E vice-versa.

A proposta é pensar na frente. A futurologia tem os seus riscos, mas vamos imaginar como Sérgio Moro e Lula da Silva vão figurar nos manuais de história. Arrisco a opinar. Sérgio Moro será uma nota de rodapé. Se tiver algum protagonismo, será pelo fato de ter contribuído para desestabilizar a democracia. Mais do que isso, por ajudar a empurrar o Brasil para uma crise de valores, em que a imagem da própria Justiça saiu chamuscada.

Outra predição. Olhado com a frieza do tempo, o ex-presidente Lula vai ter a sua imagem resgatada. A persecução de que foi vítima ficará evidente (e evidenciada). Ódios aquietados, as pessoas vão reverenciar os avanços do governo Lula como uma oportunidade perdida. Uma oportunidade roubada aos brasileiros, por golpistas que não se importaram em pôr o Brasil outra vez na periferia da geopolítica.

É a dança da chuva.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Marina Silva e a absoluta falta de carisma



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO


Eis um bom exemplo do jornalismo brazuca destes nossos dias. A manchete da Folha de S. Paulo de ontem diz que “Marina Silva é líder em todos os cenários de 2º turno”. Se o leitor ficar apenas pelo título da manchete vai imaginar que temos aí uma supermulher, uma candidata quase imbatível. Só que não. A manchete faz aquilo que em comunicação é chamado “metonímia”. Ou seja, usa a “parte” para mostrar o “todo”.


Quem lê a matéria e vê os números do primeiro turno fica a saber que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está disparado na frente, com 24% das intenções de voto. A candidata da Rede fica muito atrás, nos diversos cenários. Se for contra Aécio Neves, temos um 15% a 11% (que dá um empate técnico); se for contra Sérgio Moro, que a pesquisa teve o “cuidado” de introduzir como potencial candidato, fica num empate de 11%.

Aliás, sobre o primeiro turno a Folha diz que “Luiz Inácio Lula da Silva cresceu nas simulações de primeiro turno, na comparação com o levantamento anterior”. Nada mal, se tivermos em conta que o ex-presidente tem sido vítima de um massacre midiático e judicial. E a distância entre Lula e Marina no segundo turno caiu: ela tinha 52% em março e agora tem 43%, enquanto o ex-presidente subiu de 31% para 34%.

Por que a Folha de S. Paulo está a inflar a candidatura de Marina Silva? Afinal, será que ela emplaca? Muita gente acha que, com um tempo alargado de televisão, a putativa candidata tem potencial para crescer nas intenções de voto. Não teria tanta certeza. Mais tempo de televisão é mais tempo de exposição e de escrutínio da imagem. E as muitas contradições podem ficar mais evidentes. 

Qual foi a posição de peso e demarcadora que Marina Silva tomou nos últimos tempos? Nenhuma. A candidata limita-se a frases inócuas sobre a corrupção. Mais nada. É inodora, insípida e incolor. E o fato de ser apontada como candidata do Banco Itaú ou da Natura, por exemplo, também dá panos para manga. E, por ironia, os áulicos da direita estão em desespero, acusando o seu partido de fletir para a esquerda.

No entanto, há um fator que, parecendo de menor importância, poderá ser definidor: a figura de Marina Silva é débil do ponto de vista do carisma. E isso pode ser um sério problema. Todos sabemos que os eleitores não compram apenas ideias (e é preciso tê-las), mas sim imagens e signos. Aliás, não é despiciendo salientar o conceito de dominação carismática, ponto saliente na sociologia de Max Weber.

A dominação carismática assenta em valores afetivos, na crença de que o líder tem qualidades superiores. A seguir a senda weberiana vamos encontrar uma condição: o governante deve ser visto pelos governados como alguém acima da média, quase sagrado e a sua imagem deve emanar algo “heróico”. Ora, nenhuma dominação é boa. Mas vale lembrar que as massas gostam da ideia do pai (ou mãe) autoritário e protetor.

Não parece que Marina Silva, por mais currículo e qualidades que venha a apresentar, possa ser incluída no rol de pessoas capazes de passar uma imagem vigorosa. Pelo contrário. E há muito caminho por percorrer. Aliás, o mais estranho é ter pesquisas dois anos antes das eleições. Mas vamos esperar os próximos capítulos dessa novela sucessória, que ainda promete muitas emoções. Afinal, no Brasil destes dias é muito arriscado fazer previsões, em especial sobre o futuro.

É a dança da chuva.



quinta-feira, 20 de outubro de 2016

"Fuja, Lula, fuja". Mas ele não foge...
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Desde a sexta-feira passada circula a informação da iminente prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não é um fato de somenos. Se vier a acontecer, as consequências são imprevisíveis e nenhuma delas tem como contribuir para a estabilidade no país. Uma pergunta circula: a anunciada prisão teria base legal? Parece que não. E isso viria escancarar de vez a morte do estado de direito no Brasil. É a última pá de cal sobre a insipiente democracia brasileira.

Pessoas ligadas ao ex-presidente dizem que, mesmo tendo a liberdade em risco, ele se recusa a abandonar o Brasil. A principal razão é óbvia: um exílio prejudicaria a sua defesa, resultaria em perda de credibilidade e também contribuiria para enfraquecer o já combalido Partido dos Trabalhadores. E não podemos esquecer que obrigaria a abrir mão de concorrer à presidência em 2018. As mesmas pessoas dizem que, caso venha a ser preso, Lula pretende empreender o seu combate político a partir do cárcere.

Há o outro lado. Corre entre partidários do ex-presidente a tese de que ele deve pedir asilo político ou abrigar-se em alguma embaixada. Seria uma situação limite. Eis a questão: o que você, leitor ou leitora, faria se estivesse na pele de Lula, correndo o risco de ir para a prisão de forma arbitrária? Eu diria: “fuja, Lula, fuja”. Por quê? Porque é impossível contar com a Justiça num país onde o estado de direito tem sido atropelado repetidas vezes, sem qualquer reação dos poderes, da imprensa ou da sociedade. 

Enfim, se estivesse no lugar de Lula dava um jeito de ir viver em outro país. Há impedimentos éticos e morais a considerar porque, como diz o povo, “quem não deve não teme”. Mas isso só se aplica a estados de direito e há tempos o Brasil abandonou essa condição. A presunção de inocência foi substituída por uma (i)lógica perversa: primeiro escolhe o “criminoso”, depois tenta saber qual é o crime. Lula vai ficar, claro. Mas a que preço?

A velha imprensa não disfarça a opção pelos torcionários. E está à espera de um espetáculo que permita obter audiências. Não vamos esquecer que o juiz Sérgio Moro é um homem tocado pela vaidade. E os ególatras adoram show off. A prisão seria televisionada. Haveria uma profusão de imagens. Lula algemado é um pitéu pelo qual a velha comunicação social saliva há muito. Tudo para gáudio de uma plateia de neanderthals políticos que babam na gravata... e nas redes sociais.

É arbitrário? Claro.  O que pode resultar daí? A patuleia conservadora, tonta pelo ódio de classe, vai comemorar. Mas entre os apoiadores do ex-presidente há quem fale em sair às ruas em reação. É aí que mora o perigo. Ninguém sabe o que pode acontecer. Aliás, é apenas isso o que impede a direita e os seus áulicos togados de darem esse passo: a prisão de Lula pode gerar um furdunço danado. Quem arrisca?

O Brasil virou uma babel jurídica, moral e ética. Para uns há a condução coercitiva, para outros endereços nunca encontrados. As “convicções” substituem as provas. Arbitrariedades cometidas de “boa-fé” têm valor de lei. Juízes instituem as penas mesmo antes do julgamento. Sob o manto da delação, corruptos viram heróis das massas ignaras. O linchamento midiático vem antes dos processos.

A inquisição promovida por Moro e a sua camarilha não deixa espaço para a racionalidade. Não se deseja justiça, mas vingança. De qualquer forma, ninguém duvida que Lula vai enfrentar a situação de peito aberto, porque tem uma história por zelar. Mas todos devem temer pela vitória da irracionalidade e as suas consequências. Porque a morte do estado de direito é a ditadura a mostrar a sua cara. 

É a dança da chuva.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Podem me chamar de petralha

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

É contra o impeachment, pois não tem dúvidas de que foi um golpe preventivo, feito por políticos de direita com medo da prisão. Petralha.

Não vê em Michel Temer estatura ética para ser presidente da República. Petralha.

Acha uma indignidade predadora (não é luta, mas guerra de classes) mexer em programas como o Bolsa Família, Mais Médicos ou Ciência sem Fronteira. Petralha.

Reclama que, apesar de todas as evidências do golpe, em especial no famoso caso Romero Jucá, ninguém mexe uma palha. E denuncia que os reaças continuam a negar o golpe. Petralha.

Não alinha com aqueles que um dia disseram “somos todos Cunha” e hoje guardam um envergonhado silêncio. Petralha.

Lamenta que a camisa da seleção brasileira, antes tão respeitada por causa do futebol, se tornou símbolo da intolerância e de uma estupidez cavalgante. Petralha.

Não tem dúvidas de que os caras que batiam panelas eram movidos por ódio de classe - e por uma imensa iliteracia política. E que o silêncio atual é a prova disso. Petralha.

Diz que os políticos brasileiros, em episódios como a votação do impeachment na Câmara, estão a enlamear o nome do país no exterior. Petralha.

Não se cansa de denunciar que, por mais que sejam citados, os tucanos nunca vão para o xilindró. Petralha.

Não confia num Supremo que tem dado seguidas demonstrações de que é permeável. Petralha.

Não vai à bola com Sérgio Moro, por achar que ele se move pela vaidade pessoal e porque está politicamente comprometido. Petralha.

Entende que a equipe econômica do governo interino não vai dar conta do recado, apesar do otimismo inicial de muita gente. Petralha.

Diz que a velha imprensa falseia, tergiversa e mente sobre certo assuntos, para gerar um ambiente mediático que esconde a realidade e deturpa as percepções. Petralha.

Defende a igualdade de gênero e ataca a homofobia. Petralha.

Denuncia o racismo no Brasil, apesar de todos os brasileiros negarem. Petralha.

Não tem dúvidas de que tipos como Bolsonaro são idiotas admirados por outros idiotas... ainda mais idiotas. Petralha.

Sabe que o objetivo final da direita aintidemocrática é inviabilizar a candidatura de Lula. Petralha.

Ok... estou convencido. Podem me chamar de petralha. Porque sendo ou não do PT, é certinho que estou do outro lado da trincheira.


É a dança da chuva.

Trabalho de Banksy

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

José Dirceu é pouco inteligente
















assunto da semana foi a prisão de José Dirceu. Na verdade foi um (re)prisão, uma vez que ele já estava preso e esse filme todos já vimos. Os investigadores do Lava Jato afirmaram ser ele o mentor do esquema de corrupção na Petrobras. Tudo começou com José Dirceu, garantiu um procurador. Mas além de instituir o esquema, o ex-ministro também seria um beneficiário, o que aponta para a tese de enriquecimento ilícito. O bloqueio de bens até 20 milhões, ordenado pelo juiz Sérgio Moro, vai nesse sentido.

Eis o fato: o ex-ministro parece ser um homem talhado para o mal. E não é de hoje. José Dirceu é apontado como o cérebro que, entre outras coisas, engendrou a estratégia para levar o Partido dos Trabalhadores ao poder por 16 anos. O assunto foi notícia anos atrás na velha imprensa. É o tipo de coisa que levou à construção da imagem de um gênio do crime, um homem inteligente e capaz de fazer chegar água ao seu moinho.

Será que é mesmo assim tão inteligente? Não na minha opinião. Para mim José Dirceu é até meio burro. Primeiro porque nenhum criminoso com dois dedinhos de testa se deixaria apanhar na coisa do Mensalão. E ainda mais por uma coisa tão exótica como o tal “domínio de fato”. Mas ele foi apanhado e condenado. É o tipo de coisa que não acontece a uma inteligência criminosa superior, porque os gênios do crime não se deixam apanhar com essa facilidade. 

A burrice de José Dirceu só faz aumentar. O ex-ministro sabe que é uma espécie de suspeito de plantão e que enfiá-lo no chilindró é mel com chupeta. A Justiça nem tem que dar explicações e ainda vai ter muita gente a aplaudir. E, sabendo dessa circunstância, o que ele faz? Segundo os investigadores, reincide no crime e acaba apanhado também no Lava Jato. Ora, teria que ser muito atoleimado para achar que não estava sob vigilância cerrada.

Outro fator a comprovar que José Dirceu não tem muitos neurônios a trabalhar. Se o bloqueio de bens vai até aos R$ 20 milhões, isso significa que há muita grana na parada. É uma poupança e tanto, leitor e leitora. Aliás, é tanto dinheiro que ele poderia simplesmente se aposentar e levar uma vida tranquila, sem ter que trabalhar para o resto da vida. Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, continua a ser uma cidadezinha pacata.

Mas a maior tolice é José Dirceu ter ficado no Brasil, ainda mais com uma conta bancária supostamente rechonchuda. Nem parece coisa de um gênio do crime. O cara até sabe como fugir do Brasil (não seria novidade para ele) mas fica em casa à espera de ser preso? Ora, se fugisse para o exterior podia desaparecer sem nunca mais ser visto. É fácil. Lembram do Miguel Orofino? O cara fugiu para Portugal, onde desapareceu na multidão, e ficou incógnito por anos. Só foi descoberto porque ficou displicente e apareceu na televisão. Dirceu podia fazer o mesmo. Mas não.

Enfim, tudo leva a crer que José Dirceu é pouco inteligente. Ficou no Brasil quando sabia que este desfecho era mais que possível. Muito provável mesmo. E isso é coisa de quem não exige muito dos próprios neurônios. 


E a dança da chuva.