quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Joinville, a 25ª cidade mais rica do Brasil!

POR GUILHERME GASSENFERTH

Saiu ontem, dia 12 de dezembro, o novo ranking do PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios brasileiros de 2010. E nossa cidade tem excelentes notícias: após crescer apenas 1% entre 2008 e 2009, Joinville deu um salto, atingindo um PIB superior a 18 bilhões de reais, o que a classifica como 25ª produção brasileira.

Nosso município está à frente de cidades importantes como Belém do Pará, Ribeirão Preto e Santo André. Sozinha, Joinville revela uma economia superior ao do estado de Tocantins inteiro. Nosso município responde sozinho por 0,5% do PIB brasileiro. Embora seja apenas o 36º colocado em população no Brasil, o município de Joinville tem o 25º PIB do país. É importante ressaltar que Joinville está à frente de outras 15 capitais brasileiras.

Quando apenas o contexto de Santa Catarina é analisado, Joinville assume uma posição de ainda mais destaque. Nosso produto interno bruto representa 12,1% do PIB de Santa Catarina, ainda que tenhamos menos 8,24% da população do Estado. Um dado que impressiona é que o PIB de Joinville é maior que o das 201 cidades com menor PIB de Santa Catarina somadas!

Antes de prosseguirmos num aprofundamento da análise sobre Joinville, vale debruçar-se um pouco sobre outras questões que vieram à tona com a liberação das informações sobre os PIBs municipais. Dentre os 10 maiores PIBs do Estado, apenas um decresceu: Chapecó. Confesso não ter buscado informações para entender a queda. Como entre os 50 maiores PIBs apenas o de Chapecó e Videira caíram, posso crer que houve algum problema com a indústria agroalimentar em 2010.

No entanto, virando a tabela de cabeça para baixo, preocupa saber que dentre 69 municípios catarinenses viram seu PIB diminuir de tamanho em relação ao ano anterior. Dentre os 50 menores municípios de Santa Catarina (todos com população inferior a 3 mil habitantes), 20 diminuíram seu produto interno bruto de 2009 para 2010. E entre as 12 cidades com menos de 2 mil habitantes, 50% decresceram de um ano para o outro. A média de crescimento nominal dos 50 menores municípios foi de apenas 3,6% de 2009 para 2010, enquanto a média dos 50 maiores foi de 16,4%.

Estas disparidades revelam (em análise pessoal sem qualquer cunho científico) uma perigosa tendência de decréscimo econômico em cidades muito pequenas. É preciso avaliar esta questão com cuidado, buscando saber se a descentralização tem realmente sido eficaz com o interior do Estado.

Na microrregião de Joinville (formada por Araquari, Baln. Barra do Sul, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Massaranduba, São Francisco do Sul e Schroeder), temos 3 cidades entre as 10 maiores: Joinville, Jaraguá e São Francisco do Sul. O PIB de nossa microrregião é de 20,4% do PIB do Estado, ou seja, de substanciais 31 bilhões de reais.

Entre as 10 cidades cujas economias mais cresceram em SC, duas estão em nossa microrregião: Araquari (59,9%) e Joinville (38,4%). Aliás, o crescimento tão exacerbado numa cidade do porte de Joinville é realmente admirável! Vale informar que o crescimento nominal médio das cidades da microrregião foi de 25,2%, sendo que a única cidade a crescer menos de 10% foi Guaramirim, que marcou 9,7% de variação de 2009 a 2010.

Araquari já alcançou PIB superior a meio bilhão de reais, e com a instalação de fábricas novas nos últimos dois anos e a concretização da instalação da BMW certamente alçarão o município aos 15 maiores PIBs do Estado muito em breve. A cada dia que passa torna-se mais importante que Joinville dê atenção a esta vizinha.

PIB E DESENVOLVIMENTO

Muito embora os dados sejam muito positivos para Joinville, há uma série de questionamentos a se fazer. O PIB alto representa necessariamente vantagem para os habitantes de uma cidade?

Há de considerar o fato de que quanto mais aquecida é uma economia, geralmente mais dinheiro possui uma prefeitura, mais empregos são gerados, aumenta-se a renda e um ciclo positivo se instaura.
Nossos indicadores, no entanto, revelam que há dados preocupantes e que devem ser levados em consideração. Vamos falar um pouco sobre PIB per capita, qualidade de vida e felicidade. Eu iria acrescentar uma análise sobre desigualdade social, mas o coeficiente de Gini mais atual que encontrei é de 2003.

O PIB per capita de Joinville é o 10º melhor de SC e o 175º maior do Brasil. O PIB per capita local é de R$ 35.854,42, em 2010. No entanto, este número representa pouca relação com benefícios à população. O cálculo em feito levando em consideração a produção total do município dividindo pela população. Na cidade brasileira com maior PIB per capita, São Francisco do Conde (BA), não há esgoto tratado, a mortalidade infantil é superior ao preconizado pela OMS e apenas metade da população tem acesso à água encanada. É a prova de que PIB per capita não significa necessariamente desenvolvimento.

Há ainda a possibilidade de avaliar-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que supostamente mede a qualidade de vida dos habitantes de uma localidade. O IDH de Joinville é de 0,857, o que faz de nossa cidade a 13ª colocada no Brasil. No entanto, a base de cálculo do IDH é muito superficial, abrangendo apenas PIB per capita, expectativa de vida ao nascer e anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade. Qualidade de vida vai muito, mas muito além disto.

Ao buscarmos indicadores de infraestrutura, apenas um deles já demonstra nossa fragilidade: pavimentação. Joinville é uma das cidades médias brasileiras com menores índices de pavimentação: apenas 60% da população local vive em ruas pavimentadas, enquanto em cidades como Sorocaba e Ribeirão Preto, com PIB menor que nosso, mais de 95% dos moradores vivem em ruas pavimentadas.

Por outro lado, há sensível melhora joinvilense no IFDM, Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal. Em 2008 éramos o 142º município brasileiro, em 2009 passamos a 88º e em 2010 (último índice) figurávamos em 67º no Brasil e em 4º lugar em SC. Este índice me parece ser o mais próximo de avaliar a qualidade de vida e desenvolvimento de um município que reflita em benefícios aos cidadãos.

Deveríamos começar a medir nosso FIB, a Felicidade Interna Bruta. Esta põe-se em contraponto ao PIB, trazendo à tona a reflexão sobre o que mais importante: ser rico ou ser feliz? Será que nossos mais de 7 mil joinvilenses vivendo em favelas sentirão alguma diferença por Joinville ser a 25ª cidade mais rica do país?

Riqueza é importante, economia crescente é fundamental, aumentar a produção é vital para uma sociedade. No entanto, não podemos descuidar de aspectos que trazem felicidade e conforto às vidas de todos os cidadãos: acesso à saúde decente e educação de qualidade; segurança e percepção de segurança; mobilidade; lazer e cultura; meio ambiente protegido e preservado; renda suficiente para satisfação das necessidades. Comemoremos o PIB, sim, mas busquemos mais pra Joinville!

7 comentários:

  1. O PIB não tem relação direta com a riqueza da população, por isso um PIB per capita alto não necessariamente significa que o lugar é desenvolvido. Existem diversos fatores que inflam o PIB de uma cidade, como por exemplo os portos de Santos, Vitória, São Francisco do Sul e Itajaí. Não que não sejam cidades prósperas e com excelente qualidade de vida, mas os seus superportos contribuem e muito para inflar o PIB. São Francisco do Conde é alto por conta de uma refinaria da Petrobrás lá instalada. Deveria refletir em mais impostos para o governo municipal e estadual investir na própria cidade, mas não sempre é isso que acontece. Em empresas comuns de grande porte que se instalam nas cidades existem anos e anos de isenções tributárias. Há ainda a má gestão dos recursos e a corrupção. Barueri, em São Paulo, tem um PIB per capita maior que o de São Francisco do Sul. Osasco também possui um PIB bastante elevado. Nestes caso há a questão do Alphaville, Tamboré, etc. São condomínios sobretudo empresariais que sediam as maiores empresas do país, e que provavelmente lá estão por ser mais barato que a vizinha São Paulo. Isso ajuda o PIB a ir lá pra cima, e não necessariamente reflete em riqueza ou investimentos para a população. Por isso deve-se cuidar com as comparações de PIB e PIB per capita.

    Não que não sejam bons indicadores, mas os levando em consideração sozinhos não representam muita coisa. Todo o contexto deve ser analisado, bem como os demais indicadores que você citou. PIB alto não representa desenvolvimento, mas PIB baixo representa subdesenvolvimento. Uma cidade/estado/país desenvolvido possui necessariamente um PIB desenvolvido.

    Em Joinville não sei se há alguma coisa que possa inflar o PIB. Talvez o Perini, mas que possui muitas empresas genuinamente joinvilenses que, por coincidência, estão lá instaladas. Ou a Whirpool, que apesar de hoje ser internacional, as plantas daqui (Cônsul e Embraco) são genuinamente joinvilenses. A Totvs é a mesma coisa, era uma empresa genuinamente joinvilense absorvida por uma de fora da cidade. Também tem a Tupy que representa uma boa fatia do PIB, a Docol, Tigre, etc etc etc.

    Acho que faltou você considerar nos seus comentários as divisões do PIB. Quanto disso veio da indústria, quanto disso veio dos serviços, quanto disso veio da agricultura, etc. Em PIB industrial, por exemplo, Joinville, com PIB industrial de R$8,281 bilhões, está praticamente empatada com Curitiba, com PIB industrial de R$8,372 bilhões! Diferença de apenas 91 milhões de reais. Não duvido que no índice de 2011 ou 2012 a cidade ultrapasse Curitiba e pegue o posto de principal cidade industrial do sul do país. Isso levando em conta apenas o município de Joinville com o município de Curitiba. Analisando a mancha urbana, a cidade, a região metropolitana, enfim, o negócio pode mudar. Mas entre os municípios de Joinville e de Curitiba, os paranaenses que tomem cuidado. Já nos serviços, logicamente Curitiba dá um banho em Joinville.

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    1. Legal! Desafio você a escrever para nós... sempre há espaço aberto a convidados ;)

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    2. Penso que o distinto Eduardo fez uma leitura um tanto ufanista sobre os números do pib idustrial em favor de Joinville.Imagine se toda a concentração de investimentos de indústrias fosse toda para Curitiba, e as demais cidades da região ficassem tão somente como cidades dormitório, como SJP, Araucária por exemplo.Como não é o caso,essas duas cidades por exemplo, tem menor população, maior pib percapita e um pib indústrial próximo de Joinville, que tem mais de meio milhão de habitantes. Com o devido respeito, a verdade é que a manchester catarinense não passa de um bairrão mais afastado de Curitba.

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    3. Penso que o distinto Eduardo fez uma leitura um tanto ufanista sobre os números do pib indústrial em favor de Joinville.Imaginem se toda a concentração de investimentos indústriais tivesse como destino somente Curitiba, e as demais cidades da região como SJP,Araucária, só pra dar dois exemplos ficassem à margem de tudo isso, lhes cabendo tão somente ficar como cidades dormitório. Seria no minímo desproporcional. Como não é o caso, os dois exemplos que dei acima tem populacão menor, pib per capita maior eum pib indústrial próximo ao de Joinville.Então Eduardo, menos, porque a Manchester catarinense na verdade não passa de um bairrão mais afastado de Curitiba.

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  2. Excelente post Guilherme!

    É animador saber que estamos crescendo nesta velocidade mas também é deprimente saber que a infra-estrutura fatalmente irá barrar maiores evoluções da cidade e do norte catarinense.

    Joinville com toda esta opulência tem 1,5 shoppings centers. O Garten ainda está se consolidando mas ainda possui lojas vazias bem disfarçadas e vamos combinar que o Muller já deu o que podia e está clamando por uma reforma/ampliação! Nem vale a pena citar os outros que vão de mal a pior...

    Jonville não tem um Pizzahut ou um Outback na nossa Via Gastronômica !

    Joinville ainda é refém de 2 entidades médicas que monopolizam a saúde privada da cidade com os preços que lhes convém!

    Joinville não tem parques e praças pois os espaços públicos de lazer estão dentro das recreativas das indústrias que foram embuídas de realizar a infra-estrutura que o poder público não ofereceu!

    Joinville não tem 100% da sua rede de esgoto tratado! E se o projeto não continuar vai retroceder nos próximos anos com todo esse crescimento da cidade!

    E a culpa de tudo isto é nossa que nos conformamos com os serviços ruins ofertados na cidade, com a falta de opção no comércio, que nos conformamos com a gestão pobre do poder público, que estamos acostumados a gastar no shoping de Balneário ou de Floripa e não exigimos melhores marcas aqui na nossa cidade onde ganhamos o nosso sustento!

    Pois é daqui que os industriários tiram seus lucros e dividendos mas é fora daqui que eles gastam os mesmos! Sem circular o dinheiro das castas a base só sobrevive das minguas !

    Vamos crescer Joinville !

    Mas o Jonvillense também tem que crescer e também tem que pensar grande !

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  3. As agroindustrias catarinenses tem migrado com suas unidades de frango para proximo das regioes produtoras de raçao. Suinos, Chester e Peru, devido ao valor agregado maior ainda permanecem.

    Exportacao de moveis e madeiras ainda se recuperam do cambio dasfavoravel desde 2008. Mas o principal fator para queda do PIB de Videira e Chapeco sao as sucessivas quedas de safra devido as secas.

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