terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Turismo em Joinville: a arte de arar o mar...

POR JORDI CASTAN

O José António Baço tem iniciado uma cruzada aqui neste blog para falar de turismo, de como desenvolver ou construir uma visão estratégica para o setor. Tem palpitado sobre a marca Joinville, ou a marca região ou país.

Falar sobre turismo aqui é o equivalente a arar no mar. É por isso que comparo esta tarefa que o Zé tem se imposto, a uma mistura entre os trabalhos de Hércules e o de Sísifo. Acho inclusive que ele sabe que é inútil, mas mesmo assim não se furta a fazê-lo. O inútil do seu esforço e da sua pregação está diretamente ligado ao fato que aqui todo o mundo entende de turismo. E a melhor prova disso são os nomes que tem sido escolhidos para desenvolver o turismo aqui em Joinville. Quando todos entendem, ninguém escuta e o que presenciamos é um autentico diálogo de surdos.

Turismo é um negócio sério, que movimenta milhões. Aliás, o mais correto é falar de bilhões de turistas e, portanto, de muitíssimo dinheiro. Há todo tipo de turismo, do religioso muito bem explorado em Roma, Fátima, Lourdes, Jerusalém e os lugares santos. Ou em Meca, quando o público é muçulmano. Ou em Kandi, quando se trata de budistas. E  assim por diante.


Temos também o turismo desportivo, que se alicerça em grandes eventos como os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo, os jogos regionais, como os Pan-Americanos, Pan-Africanos ou Pan-Asiáticos. Ou, inclusive, os jogos semanais das grandes equipes do mundo, seja de futebol, do basquete, do beisebol ou do apaixonante cricket, dependendo do país e da cultura.

Aqui a ausência de uma política séria, estruturada e sistêmica de desenvolvimento de promoção do turismo como uma atividade capaz de gerar renda e emprego, além de promover a imagem da Joinville, provavelmente está muito ligada à nossa crise de identidade. Nem somos a cidade das flores, nem a das bicicletas, nem uma cidade germânica. Não só não sabemos o que queremos ser, nem conseguimos ter uma ideia precisa do que somos. Ely Diniz propõe que Joinville seja a cidade da dança. Eu gostaria que fosse a das flores. E tem quem, ignorando que a revolução industrial cobrou um pesado preço da Manchester original, insiste em defender que somos a Manchester catarinense.

Enquanto há países que chegam a receber por ano mais de um turista por cada habitante, há cidades que multiplicam por seis ou mais vezes sua população com os turistas que a visitam. Gramado na serra gaúcha é um bom exemplo. Barcelona na Espanha é outro. Mas há dezenas de cidades que estão fazendo as coisas bem feitas.

Minha preocupação de leigo é que continuemos promovendo Joinville a partir de uma abordagem folclórica e tratemos o turismo como uma atividade econômica menor. Só quando recebemos visitas sentimos na pele a carência de infra-estrutura turística em que vivemos. No meu caso, um desafio adicional é achar uma lembrança de Joinville que possa levar, para fazer um pequeno agrado, a quem me recebe quando viajo ao exterior. Essa última tem se convertido numa tarefa praticamente impossível de cumprir.

9 comentários:

  1. Excelentes colocações Jordi.
    Tb acho que deveriamos ser a cidade das flores.
    Realmente a falta de identidade nos deixa de mãos atadas qd vamos levar uma lembrança pra alguém, eu geralmente levo um chocolate caseiro...
    Qt ao nome que ficará a frente do turismo na próxima gestão é no minimo curioso ouvir o nome de Serginho Ferreira proprietário da empresa Heat Eventos ser comentado como o nome escolhido pelo partido para a pasta, pelo jeito Udo Dohler irá governar para os empresários, e se o nome se confirmar, teremos um retrocesso violento na área de turismo.
    Aguardemos o desfecho e rezamos para isto nao se concretizar.

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  2. Perfeito Jordi.
    Também voto em "Cidade das Flores". Até porque dá um curioso contraponto com a poluição lançada ao ar pelos fornos da "Manchester".
    A propósito, desde que me conheço por gente (e bota tempo nisso), nossas preocupações ecológicas tem sido basicamente com a poluição do rio Cachoeira. Mas até agora não vi uma única linha ser escrita quanto à poluição do ar de Joinville. Nem pela Fundema.
    Voltando ao turismo, é realmente uma batalha inglória. Mas se quisermos realmente pensar com seriedade no assunto, a primeira coisa que temos que fazer é "arrumar a casa" que anda muito muito muito bagunçada. Só depois disso poderemos pensar em convidar visitas. Até por uma questão de educação.

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    1. Perfeito Nelson. Temos que começar arrumando a casa. Joinville quer ser a cidade disso e daquilo, mas nao tem sequer calçadas decentes. O que nao entendo, é que cidades com muito menos poder e dinheiro estao nos dando um banho. Para ficar num exemplo bem simples, pegue a reurbanizada terceira avenida em Balneario Camboriu e procure por um buraco na calçada, um canteiro com grama por cortar, um grao de areia. Nada. Tudo certo e bonito e limpo como manda o figurino. É uma estupidez que a mair cidade do estado, nao tenha nada nem parecido. E aparentemente, tambem nao há ninguem que se incomode com isso. Esse deve ser o nosso problema. Usamos a cidade para trabalhar e quando queremos ver algo bonito, vamos a outro lugar.
      Ivan

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    2. Ivan, você acaba de me fazer economizar meu tempo. Basta copiar e colar o seu comentário. Excelente ponto de vista.

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  3. Ao chegar por aqui, à cerca de dez, encantei-me com as flores de Jacatirão em meio a mata. A Costa Rica, país Centro americano, investe na divulgação de suas preservadas matas, O Rio de Janeiro difunde a marca de cidade com maior índice de mata urbana do mundo.
    Porque não explorar também este lado de nossa cidade? Isto somado aos encantos da Babitonga,(Baby Tong) poderia tornar a região como importante ponto turístico. Parafraseando aquele derrotado candidato; - Dá pra fazer!

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  4. Voto em "Cidade das Flores", mas sei que a identidade hoje é de "Manchester Catarinense".

    Somos mais conhecidos pela riqueza gerada pela atividade industrial. Temos diversos polos produtivos como referencia nacional. Existe a facilidade de encontrar itens de reposição para máquinas extremamente diversificadas a disposiçãoem nosso comércio. Prestadores de Serviços atendendo o estado todo e muitas outras UFs.

    Enfim a Indústria identifica Joinville, mas tal como as flore pode perder seu brilho se não for cultivada com amor por uma parte significativa de nós.

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  5. Desculpem, cliquei em "publicar" antes da correção e devida conclusão que segue.

    O turismo em Joinville tem potencial enorme, bons exemplos existem e novos surgem a cada dia. Quanto mais a atividade voltada para o turismo profissionalizar-se como a indústria , melhor para os empreendedores e toda a sociedade.

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  6. Caros. Gostaria de dizer que, segundo as minhas concepções, uma "marca-cidade" não é apenas para o turismo. É um processo mais complexo e a implantação pode demorar muito tempo. É preciso ter uma visão empresarial, de marketing, e hoje você não tem que inventar muito. É só seguir as boas práticas (processo que atende pelo singelo nome de benchmarking). Se querem um exemplo do que pode ser feito, deem uma olhada aqui. http://www.marketingmanchester.com

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  7. Jordi, parabéns pelo texto. Mas acho que não há marca boa que venda um produto ruim. Joinville é uma cidade que recebe pessoas a trabalho e sem ter uma estatistica a mão acho que 90% tem esta caracteristica. O que um turista 'normal' fará em joinville? Visitar a rua das palmeiras? museus? Num dia, folgado, se faz isto. Shows? Lembranças? Mercado público? Flores? antes de Joinville ter uma marca precisa ter um produto.

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