domingo, 30 de dezembro de 2012

R$ 3,00

POR JORDI CASTAN

Antes que desça finalmente a cortina, o público que compõe a plateia tem oportunidade de presenciar o último ato de uma peça de teatro. Alguns consideram que se trata de uma comédia. Outros a consideram uma tragédia. Os mais entendidos afirmam, com propriedade e conhecimento, que se trata de uma tragicomédia e asseveram que é uma peça de péssima qualidade.

Os atores estão colocados em seus respectivos lugares no cenário. Cada um conhece e representa bem o seu papel. Trata-se de atores consagrados e a mesma peça já foi encenada para este mesmo público dezenas de vezes.

O grupo de atores que representa as empresas concessionárias ou permissionárias do transporte coletivo é o mais experimentado, pois reúne vários prêmios de representação. São os mais profissionaise tem mais de 30 anos de experiência no palco. O seu papel é simples e corresponde a eles o papel do vilão. Como Jack Torrance, em "O Iluminado", o capitão Robin Wallbridge, em "O Grande Motim", ou Darth Vader, no "Star Wars". Seus diálogos são curtos e não exigem grande esforço dramático. Trata,
-se de colocar sobre a mesa um valor sabidamente inaceitável,  maior que a inflação no período, e que serve só para criar um fato. O valor proposto pela empresa não tem outro objetivo que ser o bode na sala, para servir como disparador do processo.

O outro grupo de atores - ou ator, dependendo do caso - é formado pelo prefeito e, eventualmente a modo de coro, se incorpora um ou outro secretário. O objetivo é o de aparecer como defensor dos pobres e oprimidos pagadores de impostos, contribuições e tarifas abusivas. Depois de mais ou menos tempo de supostos estudos e análises, o ator principal deste grupo colocará sobre a mesa o valor que será menor que o solicitado pelas empresas e, depois de inflamados discursos, concede um aumento que repõe a inflação do período. Mesmo não agradando ao terceiro grupo envolvido na peça, será este o valor que permanecerá como válido e os atores terão cumprido seu papel na opereta que entra em cartaz cada natal.

O último grupo é formado pela plebe que paga a tarifa de ônibus resultante desta histriônica representação. O alvoroço não é maior porque a maioria dos usuários do transporte coletivo se beneficia do vale transporte e só paga uma parcela mínima do valor cobrado pela passagem. As empresas e os empresários repassaram o aumento de custo aos seus produtos e serviços e todos continuarão felizes e contentes. Cada um representando o seu papel nesta pantomina que a cada ano se apresenta num teatro perto de você.

Neste ano, surpreendentemente, o ator que faz o papel de prefeito decidiu sobreatuar e concedeu um aumento maior que o da inflação no período. Rasgou o script e deixou a todos atônitos. Inclusive os maus da historia, que por uma vez ficaram parecendo menos ruins.

4 comentários:

  1. Realmente uma tragédia, que só não foi pior pela certeza que o ator principal não mais estará nos palcos em 2013. Alguns integrantes da plebe tem esperança que o novo ator eleito para a peça possa mudar e reverter o final da história, mas é pura ilusão uma vez que faz parte do grupo e protege os seus patrocinadores.

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    1. Prezado Manoel,
      imaginar que o nosso Flautista de Hamelin sambaquiano vai revogar o aumento é ilusão.

      Ele esta na fase em que todos os ratos, camundongos e ratazanas seguem o som da sua flauta. Mais cedo ou mais tarde o respeitável público perceberá que o seu discurso é ficção e que as promessas tampouco desta vez serão cumpridas.

      De momento vivamos a felicidade da suave tonadilha do flautista.

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  2. Na história o desenrolar dos cliclos de governos vemos os madatários das políticas que infuenciam o cotidiano de ricos e pobres,atuarem sem dó e nem piedade. E ainda sendo donos de dicursos inflamados proclamando a igualdade de condições.Já nas atuações preservam os combinados e regras de um jogo sutil de interesses.

    Ouvimos discursos vazios que entre linhas deixam claro o objetivo e caráter de satifação pessoal ao assumir uma função politica.

    Executam-se o massacre por meio de decisões que provocam devastes nos campos da república.

    Me pergunto se essa reação não tem algo haver com o voto das urnas da última eleição!!!





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    1. Tatiana,

      Você não é a unica que acha que o prefeito Carlito Merss pode ter agido de forma impulsiva ao conceder um aumento acima da inflação para a passagem de onibus.
      Agir com o figado não é a melhor forma de agir. Mas como há pessoas que tem dificuldade em assumir a responsabilidade dos seus atos, neste caso da sua gestão, é possivel que haja sim uma parte de vingança ou de troco na forma como ele tem agido ultimamente e nas declarações que tem feito.

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