sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Invista na felicidade

POR GUILHERME GASSENFERTH

Na cordilheira do Himalaia, entre a China e a Índia, existe um pequeno país de 700 mil habitantes chamado Butão. Em 1972 o soberano daquele país, rei Jigme Wangchuck, decidiu que não fazia sentido para eles avaliar seu pequeno reino sob a ótica do Produto Interno Bruto, e decidiu inverter a lógica usando um nome similar: Felicidade Interna Bruta, ou FIB. O rei entendeu que para seus habitantes, tidos como o povo mais feliz do mundo, o que importava não era crescimento econômico ou riqueza, mas tão somente a felicidade.

Para poder quantificar o FIB, o rei Jigme desenvolveu o conceito e dividiu-o em quatro pilares: desenvolvimento socioeconômico sustentável e igualitário, preservação dos valores culturais, conservação do meio-ambiente natural e estabelecimento de uma boa governança. O rei asseverou que a observância destes pilares levaria o Butão a ser um país ainda mais feliz.

O que pode parecer um devaneio de um pequeno monarca asiático já é, na verdade, uma realidade, em países e mesmo em empresas. O FIB é medido (e levado a sério) em países desenvolvidos da Europa, como a Inglaterra, além de diversas organizações. Por que sua empresa deveria ficar de fora?
Em setembro, foram colocados vários outdoors pela cidade com uma frase: “felicidade dá resultado”. A afirmação foi patrocinada por uma empresa joinvilense, que passou a figurar na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil segundo a revista Você S/A. O outdoor mostra uma tendência nas organizações: a busca da felicidade.

Um dos motivos para se buscar a felicidade entre os colaboradores da empresa é a ideia de sustentabilidade. Imagine-se o contrassenso que não seria uma empresa que constrói uma escola na África ou resolve preservar a Amazônia enquanto estabelece horários para o colaborador usar o banheiro e submete-o a pressão desumana. A sustentabilidade (e, em muitos casos, o respeito à dignidade humana) deve ser compreendida como um todo, mas deve iniciar principalmente dentro da própria organização.

Outra razão que justifica a atenção à felicidade é a melhoria da produtividade. Estudos conduzidos pelo professor Shawn Achor, em Harvard, demonstram que o cérebro de pessoas felizes desenvolve-se até 31% a mais que o de um indivíduo comum. E uma pesquisa da revista britânica Management Today revelou que pessoas infelizes produzem 40% menos.

Quando falamos de mais produtividade, estamos falando de produzir mais com os mesmos recursos, ou seja, mais lucro. É uma conta simples. Qualquer colaborador feliz trabalha melhor, rende mais, falta menos no trabalho, adoece menos, troca menos de emprego. Rendimento, assiduidade, turnover¸ saúde: estes são aspectos que usualmente representam uma dor de cabeça para quem administra uma equipe. A felicidade corporativa chega como uma aspirina para estes líderes.

Embora subjetiva, a felicidade nas empresas é muito fácil de ser trabalhada. Geralmente, não é preciso fazer grandes investimentos: basta que as empresas alterem alguns processos e procedimentos e repensem o trabalho para começarem a colher os primeiros frutos.

O assunto é uma novidade, pelo menos no ambiente corporativo. Poucas empresas medem e buscam melhorar seus índices de felicidade corporativa ou sua Felicidade Interna Bruta. As que já começaram a fazer estão, com o perdão do trocadilho, muito felizes com os resultados.

5 comentários:

  1. Mário Cezar da Silveira2 de novembro de 2012 às 11:21

    Guilherme, só os visionários percebem essa quebra de paradigmas. As empresas só alcançarão esse estágio de evolução, quando entenderem a sutil diferença entre "Integração e Inclusão". Integrar é fazer "para", Incluir é fazer "com".
    Construir com as pessoas é entendê-las e atender às suas especificidades. Construir para as pessoas é forçá-la a se adaptar ao que é feito para ela.

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    1. Exatamente isso, Mário César! Infelizmente a cabeça da maioria dos empresários é dura demais para aceitar mudanças. Ainda partem do princípio que em time que está ganhando não se mexe... Conheço alguns em Joinville, que aceitam nem mudar a posição das mesas, quanto mais fazer algo que melhore a vida dos colaboradores.

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  2. Esse trabalho 'e feito no brasil pelo instituto visao futuro, que forma facilitadores pelo Brasil. Em joinville tem um grupo do qual ja fui algumas vezes que pessoas buscam por esses pilares, e por trazer mais pessoas para este pensamento.

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    1. Lucas, podes me passar mais informações no guigassen@gmail.com? :)

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  3. Que dizer...
    Realmente ir
    em busca da felicidade...
    E como ja se cantava
    Viver e nao ter a vergonha de ser feliz.

    Sou gestora
    vejo sim que quando a empresa tem por parametro o SER HUMANO e implanta uma gestao de cuidado e respeito e nao da aitoridade abusiva
    Tudo flui melhor.

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