quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A verdadeira “Faixa de Gaza” catarinense


POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Nos últimos dias estamos acompanhando os ataques supostamente organizados aos ônibus e órgãos de segurança pública de algumas cidades de Santa Catarina. Em Florianópolis, Blumenau, Itajaí, Navegantes e Criciúma os ataques aconteceram e foram noticiados pela mídia. Parece que, para alguns setores, Santa Catarina está em pé de guerra e a polícia é a salvadora da pátria dos cidadãos. A mídia faz um alarde desnecessário e até incoerente, pois a verdadeira onda de ataques acontece o ano inteiro: as taxas de homicídios, roubos, seqüestros e outros crimes dos principais municípios do estado são preocupantes, e são invisíveis para os grandes setores da mídia.

A partir do momento em que um ônibus foi incendiado na região com o metro quadrado mais caro de SC, perceberam que tinha algum problema na segurança pública. Sério? Que novidade! Eu não sabia! E a violência que ocorre todos os dias na periferia de todas as cidades? E o “favelado”, “negro”, “pobre” que morre diariamente e é tratado apenas como uma citação nas páginas policiais? E as fugas dos presídios? Cadê o alarde para estes assuntos? Cadê os especialistas em segurança pública contratados para explicar estes casos, o comandante geral da PM, e o Governador Raimundo Colombo? Quantas mortes estes ataques supostamente organizados provocaram nos últimos dias? Ou o problema está no incêndio aos ônibus de grandes empresários catarinenses?

Não que eu apóie os ataques, muito pelo contrário. A questão que fica é o enfoque dado pela mídia a alguns casos. E o pior: a mídia vende que a omissa e pífia Secretaria de Segurança Pública parece trabalhar como nunca. Mas não é verdade. Se estivesse trabalhando corretamente, isto não aconteceria. Na verdade, nada de tão grave aconteceria! A história infelizmente se repete e a polícia nunca previne, nunca protege. Ela sempre é o “band-aid”, e a responsável por mais insegurança.

Para completar, os hospitais públicos administrados pela gestão Colombo estão sucateados e várias escolas estaduais estão interditadas. Pode parecer que não há conexão com os fatos desta última semana, mas a saúde pública também “mata” (que ironia!) muita gente por não dar um atendimento adequado e a educação é a principal responsável pela criminalidade, por não educar e não abrigar o jovem.
Por isso, por mais que a mídia tente esconder, e o poder público empurre para debaixo do tapete, a verdadeira “Faixa de Gaza” acontece diariamente diante de nossos olhos. As reportagens policiais estão aí como prova disso. É nojento ver plantões, matérias especiais, entrevistas com “Deus e o mundo” para explicar ataques que são uma conseqüência do que acontece há muito tempo por aqui. Nós vivemos um Estado de exceção todos os dias, mas ele só existe para alguns. Os mais ricos, o poder público e a mídia que o diga!

PS: Segundo dados de uma pesquisa do Ministério da Saúde, mais da metade das vítimas dos homicídios no Brasil, 53% delas, são pessoas na faixa etária entre 19 e 29, das quais mais de 75% são jovens negros, de baixa escolaridade, sendo a maioria do sexo masculino. O número de mortes de jovens negros passou de 14.055 em 2000 para 19.255 em 2010 – um crescimento de 37%. Isto a mídia divulga? Faz alarde? Poder público explica?

14 comentários:

  1. Perfeita sua colocação e visão da faixa de gaza, já havia notado q só acontece uma manifestação, qdo se aproxima da classe soberana, enqto for com o menos favorecido td bem é como se esses tivessem a missão de escudo humano, ao ultrapassar esse escudo significa q é preciso agir e conter a violencia q destroi o País, mas ela tá ali tds os dias, com uma diferença, no dia a dia ela é considerada sob controle, pois tá atingindo a camada q foi criada para isso, sacos de areia para conter a ressaca da maré de violencia.

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  2. Texto tolo, "pieces des résistance" para receber comentários óbvios.

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    1. Comentário tolo, "piece des résistance" de anônimos sem argumento e incapaz de fazer um comentário decente mesmo que óbvio.

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    2. Oh, o sociólogo tem fãs. uiuiuiui

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  3. Na verdade, o que assusta é que ações deste gênero ocorrem em grandes centros e não na pacata SC!! Parece que o mundo nos descobriu, é assim que me sinto!
    E o governo Colombo é muito, mas muito inoperante, que arrependimento em ter votado nele, tem um lindo discurso de pessoas em primeiro lugar, mas na prática parece que o governo dele ainda não começou! Ele é ruim igual o Carlito, a diferença é que ele "molha" a mão da mídia que se ajoelha para ele, revoltante!

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  4. Florianópolis nunca se preocupou com a população excluída. Com as ocupações irregulares. O complexo de inferioridade faz achar bonito ter favelas, congestionamentos, vias duplicadas, triplicadas, elevados. Assim dá pra dizer que são cidade grande! CAPITAL! Que são como o Rio de Janeiro! Que bonito! Como é que uma cidade de 420 mil habitantes consegue ter tanta gente excluída? E não estão nem na periferia, fora dos olhos, estão à vista de todos. Mocotó, Mariquinha, morro da caixa, serrinha. Pra citar nomes conhecidos, pois na verdade há uma centena de comunidades largadas à própria sorte.
    Mas aí vem um jornal dizer que Fpolis, por não ter nenhum programa do minha casa minha vida no m2 mais caro de SC, é considerada a beverlly hills do brasil. Pronto, aí os manezinhos voltam a se regozijar, ignorando novamente a exclusão que tá cara de todo mundo.
    Ah, e a RBS, o que faz? Bem, todo dia tem o "Alô Comunidade", para passar aquela visão romântica do morro, onde todos são simples, humildes e levam a vida com alegria. E qual é a utilidade disso? Nenhuma. É, na verdade, um incentivo à continuidade das ocupações irregulares e um lenitivo para quem mora no morro e também para quem mora no asfalto achar que está tudo bem. Podiam fazer um "Alô Comunidade" para justamente pedir solução ao programa minha casa minha vida e dar condições de urbanização e inclusão dessa população. Mas não.
    E aí os morros são tomados. A demanda por cocaína e maconha da galera do asfalto é alta. Oportunidade pro tráfico recrutar a molecada fazer aviãozinho. Afinal, qual outra oportunidade que aparece pra eles? Não recebem qualificação profissional/educação para ter outra perspectiva de vida. E qual o adolescente (adulto também, né?) que não quer ganhar um troco p/ comprar tênis, roupa de marca e celular da moda. Pronto, tá aí a fórmula pra criar o exército do "Salve Geral".
    Para o "anônimo", tá aqui mais um comentário óbvio, para um problema óbvio. Mas por ser óbvio tem que sair da pauta? Não seria o contrário?

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  5. E pq Joinville ainda não recebeu nenhum ataque??
    Seria aqui uma cidade igualitária? Será que ninguém aqui tem envolvimento com nenhum grupo? Ou será que aqui os presos tem muita regalia??

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  6. E pq Joinville ainda não recebeu nenhum ataque? Estranho isso.. acho que é pq aqui no presídio os presos tem muita regalia..

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  7. Tivesse o governo do estado feito o dever de casa, mantendo os bandidos presos e garantindo a incomunicabilidade deles, não haveria tamanha facilidade nestes atos terroristas.

    Esperam-se agilidade e firmeza para devolver a tranquilidade aos cidadãos de bem do nosso estado, libertando-os da situação de reféns de uma mísera minoria de marginais.

    A imprensa deve informar, mas deveria evitar a espetacularização dos crimes, as vezes com objetivos políticos, que resultaram no contágio pelo nosso estado. Temos que ser mais inteligentes que a bandidagem, prevenir futuras tentativas de intimidação para fazer valer a lei acima de tudo.

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  8. Como a desculpa é sempre a falta de recursos fica uma sugestão mais do que óbvia: FECHEM OS 37 CABIDES DE EMPREGOS QUE SÃO AS SECRETARIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL (SDR´s).....

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  9. Acho fundamental q ao tomarmos a liberdade de fazer uma critica a alguém, devemos nos identificar, diferente de qdo se faz elogio.
    Nesse caso fica uma ambivalência...para ser discreta no comentário.

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  10. Registro as palavras do jornalista
    Sandro Vaia,autor do livro "A Ilha Roubada"

    "Estes são alguns indicadores de que a gestão do País não deveria se resumir apenas à produção de manifestos recheados de bravatas políticas e vazios de conteúdo e bom senso." svaia@uol.com.br,jornalista.

    E ainda o pior: da forma como cuidam da classe menos favorecida o que podia se esperar...




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  11. Registro as palavras de Sandro Vaia
    jornalista e autor o livro " A Ilha Roubada"

    "Estes são alguns indicadores de que a gestão do País não deveria se resumir apenas à produção de manifestos recheados de bravatas políticas e vazios de conteúdo e bom senso." svaia@uol.com.br

    Aumentar o índice do poder de consumo da classe C, D, E ...e todo o alfabeto,não significa melhorar a qualidade da cultura,acesso,educação e todas as feridas sociais.

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  12. grande florianópolis SEMPRE , repito, SEMPRE foi assim ! comando vermelho está lá estabelecido desde a virada do milênio!
    grandes guerras de traficantes com AR15, Lança Granadas, Rifles e pistolas contra a GRT e BOPE SEMPRE tiveram nesse milênio! , repito SEMPRE teve!
    A única coisa que está acontecendo de diferente agora, é que estão queimando ônibus. o resto existe à muito tempo mas a mídia MARROM e os "jornalistas" oportunistas da capital sempre esconderam, mas quem mora ou morou lá ou até mesmo foi passar temporada lá, já viu os crimes acontecerem.

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