POR JOSÉ ALUÍSIO VIEIRA - DR. XUXO
Parece que Joinville não é mais aquela cidade
ordeira e que nos orgulhávamos de tudo o que aqui existia e criávamos. A Cidade
das Flores, das Bicicletas, a Manchester Catarinense está na UTI.
Éramos
orgulhosos de sermos os primeiros em tudo. Com o tempo, através dos anos, não
soubemos acompanhar e ordenar nosso crescimento e fomos ficando para trás.
Nossos vizinhos catarinenses estão mais
organizados. Itajaí já nos vence na arrecadação de ICMS. As entradas da cidade
são todas duplicadas e a mais ao sul com jardins e ciclovias. Em Balneário
Camboriú amplas avenidas que desafogam o trânsito e a implantação do esgoto
sanitário vai a todo vapor.
Quando olhamos Jaraguá do Sul vemos avenidas
bem asfaltadas, teatro em pleno funcionamento, belíssimo ginásio de esporte e
dois hospitais superbem equipados dando segurança a população. Por falar em
segurança, já passamos dos 100 casos de homicídios este ano e os tiroteios de
quadrilhas de traficantes nos nossos bairros matam até crianças.
Há insegurança para qualquer pessoa chegar em
casa. Nosso índice de desenvolvimento urbano de 0,809 é menor que de
Florianópolis, Balneário Camboriú e Joaçaba. Um estudo da revista Exame mostra
que nossos índices de governança, saúde e emprego da tecnologia digital estão
abaixo de 50% do esperado e que a educação, de que tanto nos vangloriamos, está
40% abaixo também.
Na avaliação geral estamos pior que Blumenau
e Florianópolis. Especialistas em mobilidade urbana estão divididos quando ao
uso de elevados. Mas para avaliar a capacidade de trazer recursos e resolver
problemas dessa natureza, alerto que nos últimos anos Florianópolis construiu
mais de 20 e Joinville nenhum. Todos nós conhecemos os maravilhosos elevados da
saída da ponte no lado da ilha. Nós não temos capacidade de duplicar por
completo a Avenida Santos Dumont e as entradas da cidade são uma vergonha.
O município gasta mais de 30% em saúde. Isso
não significa que o atendimento é bom. A sempre esquecida população da zona sul
cresce quando se somam a ela populações da cidades vizinhas que buscam
atendimento em Joinville. Somente um PA 24 horas, construído há 30 anos, para
atender uma população maior que 300 mil.
Estamos ou não na UTI?
Há muitos outros desafios, mas há cura. Fazer
um grande diálogo com a sociedade joinvilense. Buscar entre o empresariado,
comunidade acadêmica, líderes comunitários, entre todos de boa vontade e de bem
forças e união para vivermos criarmos uma cidade com crescimento sustentável,
qualidade de vida, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente.
Depois, saber utilizar a tecnologia da informação para economizar recursos
financeiros e humanos e atender melhor a população.
Afinal é disso que Joinville precisa. Precisamos tirar Joinville da UTI.