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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Joinville na UTI

POR JOSÉ ALUÍSIO VIEIRA - DR. XUXO

Parece que Joinville não é mais aquela cidade ordeira e que nos orgulhávamos de tudo o que aqui existia e criávamos. A Cidade das Flores, das Bicicletas, a Manchester Catarinense está na UTI. 

Éramos orgulhosos de sermos os primeiros em tudo. Com o tempo, através dos anos, não soubemos acompanhar e ordenar nosso crescimento e fomos ficando para trás.
Nossos vizinhos catarinenses estão mais organizados. Itajaí já nos vence na arrecadação de ICMS. As entradas da cidade são todas duplicadas e a mais ao sul com jardins e ciclovias. Em Balneário Camboriú amplas avenidas que desafogam o trânsito e a implantação do esgoto sanitário vai a todo vapor.

Quando olhamos Jaraguá do Sul vemos avenidas bem asfaltadas, teatro em pleno funcionamento, belíssimo ginásio de esporte e dois hospitais superbem equipados dando segurança a população. Por falar em segurança, já passamos dos 100 casos de homicídios este ano e os tiroteios de quadrilhas de traficantes nos nossos bairros matam até crianças.

Há insegurança para qualquer pessoa chegar em casa. Nosso índice de desenvolvimento urbano de 0,809 é menor que de Florianópolis, Balneário Camboriú e Joaçaba. Um estudo da revista Exame mostra que nossos índices de governança, saúde e emprego da tecnologia digital estão abaixo de 50% do esperado e que a educação, de que tanto nos vangloriamos, está 40% abaixo também.

Na avaliação geral estamos pior que Blumenau e Florianópolis. Especialistas em mobilidade urbana estão divididos quando ao uso de elevados. Mas para avaliar a capacidade de trazer recursos e resolver problemas dessa natureza, alerto que nos últimos anos Florianópolis construiu mais de 20 e Joinville nenhum. Todos nós conhecemos os maravilhosos elevados da saída da ponte no lado da ilha. Nós não temos capacidade de duplicar por completo a Avenida Santos Dumont e as entradas da cidade são uma vergonha.

O município gasta mais de 30% em saúde. Isso não significa que o atendimento é bom. A sempre esquecida população da zona sul cresce quando se somam a ela populações da cidades vizinhas que buscam atendimento em Joinville. Somente um PA 24 horas, construído há 30 anos, para atender uma população maior que 300 mil.

Estamos ou não na UTI?

Há muitos outros desafios, mas há cura. Fazer um grande diálogo com a sociedade joinvilense. Buscar entre o empresariado, comunidade acadêmica, líderes comunitários, entre todos de boa vontade e de bem forças e união para vivermos criarmos uma cidade com crescimento sustentável, qualidade de vida, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Depois, saber utilizar a tecnologia da informação para economizar recursos financeiros e humanos e atender melhor a população.

Afinal é disso que Joinville precisa. Precisamos tirar Joinville da UTI.



                                                                                                             José Aluísio Vieira, o Dr. Xuxo,
                                                                                                                              é médico em Joinville.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Em Joinville, não há doentes!


POR GUILHERME GASSENFERTH

Comemore, joinvilense! Aqui a saúde não tem problemas! Viva!

Já em Florianópolis as coisas não vão bem. É um problema. Aqui em Joinville, o governo estadual mantém um hospital para cada 171 mil habitantes (que coincidência este 171!). Em Floripa, tem um hospital do governo estadual para cada 61 mil habitantes. Só pode significar uma coisa: os florianopolitanos adoecem três vezes mais!

Veja só, cidadão joinvilense. Afeitos que somos a uma estatisticazinha, fomos ao site do IBGE Cidades@ e pesquisamos dados relativos à saúde em 2009 (último dado disponível). Sabem qual o resultado? Floripa é uma cidade cheia de doentes. Sim, senhores. Vamos às provas?

Em Joinville, o governo do estado mantinha, segundo dados do IBGE de 2009, dois estabelecimentos de saúde. Em Florianópolis, segundo o IBGE, eram 14. “Ah, mas número de estabelecimentos não quer dizer nada”. É verdade, o número de hospitais sozinho não diz nada. Vamos verificar o número de leitos, então?

Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, na capital: 945.
Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, em Joinville: 414. Êta população resistente a doença!

“Mas Guilherme”, você pode estar pensando, “em Floripa tem São José ali grudadinho”. Verdade, que injustiça a minha. Vamos refazer os cálculos considerando São José.

Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, na capital: 945.
Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, em Joinville: 414.
Leitos mantidos pelo governo estadual, em 2009, só em São José: 663. Meu Deus, quanto doente!

Se nós formos contabilizar as 22 cidades que compõem a região metropolitana de Florianópolis e as 20 cidades da região metropolitana de Joinville, o número de leitos na região de Floripa permanece em 1.608, e em Joinville sobe para 454 leitos, graças à adição de 40 leitos mantidos pelo governo catarinense em Mafra. Considerando que a região metropolitana de Joinville tem 1.094.570 habitantes e a de Florianópolis 1.012.831 habitantes, é possível chegar ao seguinte índice:

Na região de Florianópolis: um leito mantido pelo governo estadual a cada 630 cidadãos.
Na região de Joinville: um leito mantido pelo governo estadual a cada 2.411 cidadãos!

Resultado óbvio: em Joinville, tem quatro vezes menos pessoas doentes! Iupiii! Eu sempre soube que essa chuvarada tinha que servir pra algo de bom!

JÁ BASTA!

Agora, falando sério. Pensei que iam mudar as coisas. Na semana passada foi lançado um Pacto por SC na área da saúde. Achei louvável. O governo de SC anunciou a construção de 150 leitos no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e investimento em equipamentos. Na verdade, isto foi o que me motivou a escrever o texto, inicialmente elogiando a iniciativa do governo de Raimundo Colombo. Meus pensamentos elogiosos duraram pouco. Quando fui pesquisar mais a fundo, caíram por terra.

Quando li os slides da apresentação do Pacto por SC, fiquei boquiaberto com a enorme diferença de investimentos em Floripa e Joinville. Desconsiderando investimentos em maternidades (que não foram especificados na apresentação), Florianópolis e São José somaram investimentos da ordem de R$ 178 milhões, enquanto Joinville amargou R$ 33,2 milhões. Sim, cinco vezes e meia de recursos a menos.

Enquanto serão construídos 379 leitos em Floripa e São José, em Joinville serão 150. Floripa e São José ganharão 83 novas UTIs. E Joinville, ZERO. Floripa e São José terão novas 14 salas cirúrgicas. E Joinville, ZERO!

No início da semana, o Brasil viu as imagens do atropelamento da mãe com dois filhos, gravada por câmeras de segurança. E após a exibição do vídeo em vários telejornais de rede nacional, a mensagem: "a mãe foi enviada a um hospital de Jaraguá do Sul POR FALTA DE UTIs em Joinville". Desumano com a mãe, vergonhoso pra Joinville.

Até quando mereceremos viver este descaso? Quando é que a população joinvilense vai levantar-se e pedir por seus interesses? Quando teremos um eleitorado unido que irá desembainhar a espada da mudança, atacando a inércia de sucessivos governos estaduais?

Joinvilense, você deve fazer algo. Chega de ficar parado! Compartilhe estas informações. Faça chegar ao ouvido do maior número de pessoas para que todos saibam como nossa querida cidade é destratada pelo governo do estado que ela própria ajuda, em muito, a sustentar. E cobre dos governantes. Já chega de Joinville ZERO.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Floripa é melhor que Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

“A minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”. Este trecho do famoso poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, serve para ilustrar o sentimento em relação à diferença da atenção dada pelo Governo Estadual (o atual e todos os seus antecessores) a Joinville e Florianópolis. Não só pelas palmeiras imperiais que são um símbolo inconfundível de nossa bela cidade, mas pelas aves. Elas representam nossos políticos. Nossa representatividade é pequena e nossos deputados gorjeiam muito pouco. Só isto pode explicar a disparidade do tratamento dado a Floripa e a Joinville.

Analisei a execução orçamentária do Estado de 2011 em todos os recursos específicos onde constavam o nome “Florianópolis” e o nome “Joinville”. Joinville teve investimentos diretos da ordem de R$ 28.266.642,84. E a capital, R$ 59.402.058,36. Joinville recebeu 47,58% do que recebeu Floripa. Não é nem a metade.

Na área da cultura, o Governo do Estado esforçou-se para aprovar no Ministério da Cultura o projeto para captar recursos via Lei Rouanet para a reforma da Ponte Hercílio Luz. Pediram R$ 76,8 milhões, mas ganharam autorização para captar apenas R$ 64,5 milhões. Vejam que eu sou favorável à reforma, é um símbolo de todo o estado. O que me irrita é não ver a mesma disposição em ajudar Joinville. Que fração deste valor seria suficiente para reformar nossos museus da Bicicleta, de Arte, Fritz Alt e do Sambaqui, além da Biblioteca Municipal e da Casa da Cultura? 10%? 5%? 1%? E não vem NADA.

Vamos à área da saúde: em Florianópolis, o Governo do Estado mantém o Hospital Celso Ramos, o Hospital Infantil Joana de Gusmão, o Hospital Nereu Ramos, a Maternidade Carmela Dutra, o Hospital Florianópolis, o Instituto de Cardiologia e o Instituto de Psiquiatria. São sete hospitais. Em Joinville, o Regional, o Infantil e a Maternidade Darcy Vargas. São três.

Na educação: a UDESC em Florianópolis tem 21 cursos. Em Joinville, 9. Como o número de escolas públicas não está muito acessível, não vou pesquisar a fundo. Mas estou certo de que se encontrar, não me surpreenderei se o número de escolas públicas estaduais na capital for muito maior do que em Joinville.

No que diz respeito à segurança pública, em Florianópolis há 12 delegacias e 3 subdelegacias da Polícia Civil. Em Joinville, há 9 delegacias. Em 2007, Floripa tinha 1,1 mil policiais militares e em 2011 nossa Joinville tinha 600. Lá, os bombeiros são militares e custeados pelo Estado. Aqui, são voluntários.

Mas está na infraestrutura viária a maior disparidade. O governo do Estado acaba de entregar a duplicação da SC-401, que faz a ligação da Trindade com as praias do Norte. Além disso, há outras 6 rodovias estaduais dentro de Florianópolis. Há vários elevados e viadutos com investimento do Governo do Estado. Em Floripa, o governo estadual investiu 250 mil em projetos para analisar viabilidade de implantar metrô de superfície. Havia dinheiro reservado para estes estudos em Joinville, mas o governo não executou. E agora estão estudando construir a quarta ponte, com investimentos da ordem de 1 bilhão de reais. Então o Estado faz rodovias, duplicações, pontes bilionárias, elevados e viadutos em Floripa, mas em Joinville não consegue duplicar uma rua?

Sei que Floripa é a capital, que a geografia local é muito diferente, que há várias situações que influenciam esta absurda disparidade entre a maior cidade e economia do Estado e a capital. Mas diferença é uma coisa, pouco caso é outra. Para Floripa tudo e pra Joinville nada? Florianópolis é melhor que Joinville?

É urgente que aumentemos a representatividade de Joinville, não só em quantidade, mas principalmente em qualidade. Joinville tem dois senadores (talvez a única cidade do Brasil a ter dois senadores exercendo o cargo),um deputado federal e três deputados estaduais. E as coisas continuam na mesma toada triste. Nosso prefeito se diz amigo de Lula e parceiro da Dilma, mas a cidade continua à míngua também de recursos do Governo Federal. Nossos representantes têm que gorjear mais.

Não acho que Floripa mereça menos. Mas Joinville merece MUITO MAIS.

Mas a culpa principal é nossa. Antes de acusarmos os políticos, não nos esqueçamos de que jabuti não sobe em árvore. Se eles estão lá, é porque nós os colocamos ali. E caberá a nós tirá-los.