Mostrando postagens com marcador gastos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador gastos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Quem coloca o sino no gato?

POR JORDI CASTAN

Vocês conhecem a história de um grupo de camundongos que, reunidos em assembleia, decidiram colocar um sininho no gato para poder escutar fugir com tempo? Pois me pareceu a mais adequada para falar do orçamento e gastos da Câmara de Vereadores de Joinville.

Que o nosso legislativo anda gastando muito, não é novidade. Que gasta mal e sem que haja um efetivo controle da sociedade, é algo que cada dia fica mais evidente. A equação é muito simples: o orçamento da Câmara de Vereadores está atrelado ao orçamento do município, que não tem deixado de crescer (e de crescer muito bem nos últimos anos). Quer dizer que o orçamento da Câmara de Vereadores também tem crescido de forma consistente. O que acontece quando a receita é maior que as despesas? Numa família normal ou numa empresa, o bom senso recomenda que se economize ou que se invista. O que acontece quando se ao final do exercício o dinheiro excedente, que sempre há, precisa ser devolvido? Pois nesse caso não há nenhum incentivo a economizar e se opta pela gastança.

Carros alugados, computadores, contas ilimitadas de telefone e dezenas de assessores para cada vereador. É verdade que a situação chegou a um ponto tão escandaloso que o Ministério Público teve que tomar medidas e como resultado mais de 50 assessores parlamentares foram demitidos e, se o número ainda é escandalosamente alto, há esperanças que se cumpra o TAC - Termo de Ajuste de Conduta e continue a redução dos funcionários em excesso. Hoje há em média 10 comissionados para cada concursado.

O problema reside na falta de controle por parte da sociedade sobre o orçamento do legislativo e os seus gastos. A mais recente informação da conta que a câmara tem se convertido numa agência de viagens. O número de viagens e o valor das diárias - dividida pelo número de funcionários, numa simples conta aritmética, ou por qualquer outra conta que se faça - é vergonhosa. 

A sociedade deve estar atenta e iniciar uma campanha para que o percentual do orçamento municipal destinado a Câmara de Vereadores de Joinville seja compatível com a realidade. O valor permitido é de 6% do orçamento do município, o que representaria mais de R$ 100 milhões por ano. É um valor tão fora da realidade que, nos últimos anos, tem permanecido em pouco mais de 2,5% do orçamento do município, aproximadamente R$ 33 milhões anuais. Se divididos pelos 19 vereadores, representa mais de R$ 1,6 milhão para cada parlamentar.

Com tanto dinheiro é fácil contratar carros, assessores, passagens, cursos e qualquer outra despesa que a criatividade parlamentar possa vier a propor. Ainda é comum que os nossos parlamentares apareçam na foto doando os aproximadamente R$ 5 milhões anuais, que tem sobrado a cada ano e que tem ficado conhecidos como “sobras”. Aliás, sobras estas que tem sido destinadas aos mais variados objetivos, direcionados para entidades indicadas pelo legislativo ou para obras públicas que, mesmo sendo necessárias, acabam parecendo fruto da bondade discricional dos nossos vereadores. É uma situação que ofende o bom senso e fere a prática da eficiência e da economicidade da gestão pública. Para não desperdiçar nenhum centavo do dinheiro público o ideal é que o orçamento da Câmara responda a valores exatos, sem sobras, nem excedentes.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Quanto vale o seu voto?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sabe quanto vale o seu voto, eleitor joinvilense?

A imprensa local divulgou, faz alguns dias, alguns dados interessantes sobre a campanha para a Prefeitura de Joinville: a declaração de bens dos candidatos e o valor que cada um pretende gastar nas eleições. E, logo à partida, chama a atenção a dinheirama que vai rolar na campanha: somando os cinco candidatos, a coisa vai chegar a R$ 13,65 milhões. Já imaginaram, leitor e leitora, o que dava para fazer com essa grana toda? Até obras para a cidade...

Aliás, ao dar uma olhada para os números, em especial no que se relaciona aos rendimentos, fica a sensação de que o Pinóquio deve ser o contabilista de alguns candidatos. Ou o Mandrake. Não concorda? Ora, é só dar uma olhada naquela coisa chamada "sinais exteriores de riqueza". Mas podemos ficar descansados porque a vida parece correr bem à maioria, uma vez que todos têm um patrimônio no mínimo razoável, à exceção de Leonel Camasão (aliás, jornalista sem dinheiro é pleonasmo).


Tem outro dado interessante. Se formos comparar a declaração de bens de Udo Dohler com a de Marco Tebaldi, por exemplo, fica fácil perceber que a carreira política é muito mais vantajosa que a empresarial. Afinal, ao longo de uma vida de trabalho como empresário, Dohler amealhou R$ 5,9 milhões. E Marco Tebaldi, um funcionário público que virou político, em muito menos tempo conseguiu obter quase metade desse patrimônio. 

É uma coisa que leva a pensar, leitor e leitora. Eu, por exemplo, passei a vida toda na iniciativa privada e continuo pobre de marré. Fico aqui a imaginar que talvez devesse seguir o exemplo de Tebaldi e ingressar no serviço público. Parece que é mais fácil fazer o pé de meia. E não é uma crítica. Pelo contrário, é um elogio: talento é talento, temos que respeitar. 

Outro dado curioso. Todos os candidatos, à exceção de Udo Dohler, pretendem gastar mais do que possuem. É óbvio que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas não resisto ao raciocínio: será que os caras iriam concorrer se tivessem que tirar o dinheiro do próprio bolso? Ok... mas isso não vem ao caso, porque todos sabemos que a grana vem de doações de empresas, de pessoas físicas ou dos próprios partidos.

Ooopa! Mas também não deixa de despertar curiosidade. Todos sabemos que nem mesmo os loucos rasgam dinheiro. E se há empresas e pessoas dispostas a largar a grana, é legítimo que o eleitor pense que em contrapartidas. Afinal, para uma mão lavar a outra é preciso que alguém as molhe. E, no Brasil, investir em rabos presos sempre foi um negócio lucrativo. Afinal, todos sabemos que a política é a segunda mais antiga profissão.

No frigir dos ovos, e usando a matemática simples, você já sabe quanto vale o seu voto: o maior valor é de R$ 15,4. É pouco, se tivermos em conta os tempos em que a moeda eram as carradas de saibro. Se formos olhar bem com essa grana não dá nem para tomar umas cervejinhas. Então, o melhor mesmo é votar em consciência. Porque essa não deve ter preço.

P.S.: a maioria dos candidatos afirma que os valores são estimativos e que provavelmente os gastos serão menores. Sim, Pinóquio, a gente acredita.