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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

E já se passaram 4 anos - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS


POR JORDI CASTAN

O que começou quase como uma brincadeira, um divertimento, uma forma de estimular o debate, o diálogo e o contraditório - numa cidade e numa sociedade que prefere a unicidade de pensamento e que lida muito mal com as opiniões divergentes - acabou vingando. E o Chuva Ácida é uma realidade.

Desde a definição do nome, o formato, a criação do blog, a escolha dos primeiros nomes, as primeiras decepções e principalmente os primeiros posts, os primeiros leitores e os primeiros comentários parece que já passou uma eternidade. E foi só ontem. Quatro anos não são nada, mas é o tempo suficiente para mostrar que a ideia vingou. Hoje o Chuva Ácida tem leitores fiéis, anônimos ainda mais fiéis e colaboradores mais ou menos constantes. Mas, principalmente, o Chuva é leitura obrigatória para assessorias e formadores de opinião que precisam ter outras fontes e conhecer outras opiniões além das oficiais.

Escrever regularmente, dar a cara para bater, expressar abertamente opiniões e assinar não é para fracos. É preciso ser disciplinado, comprometido com o projeto, ter estômago de avestruz e ter o que dizer. Blogueiros de boteco até há muitos, pois a conversa em volta de uma cerveja parece um esporte nacional. Mas o Chuva Ácida é muito mais que isso. E é muito mais que isso porque Joinville carecia de um espaço com estas características. E, como o José António Baço sempre diz, somos os primeiros em ousar. Haverá melhores, mais ácidos, mais diversos... mas o pioneirismo do blog esta aí para quem quiser ver.

Agora é hora de reinventar. Porque o Chuva Ácida tem esta capacidade de estar constantemente se inventando e se reinventando. E fazer isso com colaboradores espalhados pelo mundo, que se encontram num mundo virtual não deixa de ser uma experiência nova, desafiadora e estimulante.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Espaço para outras vozes - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS



POR FELIPE CARDOSO


Quatro anos atrás era criado um espaço democrático para exposição e reflexão sobre Joinville. Com o objetivo de ser plural e abranger diversos temas que não são abordados constantemente pela imprensa local, o Chuva Ácida se destacou ao dar espaço para textos críticos, denúncias e, principalmente, pela participação da comunidade.

A partir de 2013, o blog deu mais espaço e representatividade para as questões dos negros, mulheres e LGBTs, trazendo pautas consideradas tabus por alguns conservadores da cidade e que, por isso, eram assuntos silenciados e escondidos de muitos joinvilenses. Graças ao espaço dado para expor e abordar esses temas, muitas pautas, matérias e reportagens a respeito de raça, etnia e gênero surgiram na imprensa local e até nacional, estimulando o debate e o estudo sobre cada caso.

Nesses 4 anos, a influência e o impacto do Chuva Ácida foi grandiosa.

domingo, 27 de setembro de 2015

Acaso e necessidade - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS














POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A tese é de Jacques Monod e aponta para o plano da biologia. Mas há quem, como eu, ache que pode ser transposta para o social: ou seja, os eventos resultam do acaso e da necessidade. É o que serve para explicar a criação do Chuva Ácida. Há quatro anos, numa troca casual de impressões pelas redes sociais (o acaso), houve uma conclusão: Joinville necessitava de um meio moderno de comunicação - digital, claro - e alternativo (a necessidade).

Um convite aqui, outro ali e nasceu o coletivo. E o projeto trouxe um frescor à comunicação em Joinville. Houve momentos altos em termos de acessos, como nas últimas eleições para a Prefeitura. Também houve momentos de intervenção comunitária, como na campanha pela manutenção da Cota 40. E, claro, muitos momentos de denúncias relevantes, daquelas que são deixadas de lado pela velha mídia.

A intenção inicial era de que o formato do coletivo estivesse sempre aberto e capaz de se adaptar às necessidades. A linha editorial pretendia cobrir todo o espectro ideológico (descobrimos que há poucos conservadores dispostos a se expor) e abrir espaços de expressão para os que não têm voz na velha mídia. Com maior ou menor sucesso em termos pontuais, não há dúvidas de que esse objetivo foi cumprido.

O que torna o Chuva Ácida diferente da velha mídia? Simples. O blog é feito por empenho de pessoas que não recebem pela escrita. Há uma piada interna: o salário é zero, os xingamentos dos anônimos são incontáveis. Aliás, acho que cumprimos aqui também um papel social: o Chuva Ácida serve como terapia para os anônimos aliviarem os traumas das suas almas atrapalhadas. E olhem que a gente não publica comentários com um certo nível de ofensas.

Mas há um ponto no qual o blog falhou. A intenção era abrir caminho para outras iniciativas similares – no mínimo capazes de manter a regularidade de publicação -, mas não aconteceu. Hoje sabemos que é quase utópico. É difícil haver quem esteja disposto a correr o risco de escrever numa publicação independente e de forma crítica. Os tentáculos do poder são muito extensos na cidade e ninguém está imune. Há riscos pessoais.

Mesmo assim o futuro parece prometedor para o Chuva Ácida. Porque apesar de algumas oscilações, o blog tem conseguido manter a regularidade, ao ponto de estar muito perto de atingir o primeiro milhão de acessos. O projeto, agora, é chegar ao segundo milhão em menos tempo. Há um fato importante a considerar: estamos numa cidade de pouco mais de 500 mil habitantes e num ambiente com forte infoexclusão.


Mas para a frente é que se anda. Que venham os próximos quatro anos. E o próximo milhão, claro.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Um rompimento necessário - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Alguns momentos de nossas vidas são marcantes, mas não se comparam aqueles que rompem com algo pré-determinado. A cidade de Joinville, tão acostumada a ler um tradicional jornal no café da manhã e assistir ao telejornal diário local passou a conviver com o blog Chuva Ácida à fórceps. Não havia até então uma plataforma online que rompesse com as tradições de uma sociedade inteira, diferentemente dos grandes centros, acostumados com o online.

O início do fim de uma era começou em setembro de 2011, quando alguns formadores de opinião se juntaram para debater aquilo que não era mostrado no dia-a-dia do vilarejo. Agora, quatro anos depois, é hora de fazer uma necessária comemoração. Pude fazer parte do projeto por, aproximadamente, três anos e meio. Emiti opiniões contundentes sobre vários assuntos que me custaram amizades, empregos e até mesmo o corte de relações sociais consolidadas de anos anteriores.

Ao longo dos quase 200 textos escritos consegui ajudar, junto aos colegas, na formação de algo jamais visto por aqui. Não me arrependo do que fiz neste espaço. Só pude aprender a crescer como pessoa e aceitar que o pensamento diferente do outro (seja esse um ataque pessoal sem motivo de um anônimo, ou uma crítica bem construída) solidifica o meu entendimento sobre as coisas, o qual mudou muito, felizmente, desde então.

Só tenho a agradecer aos amigos José Baço, Jordi Castan e Felipe Silveira pelo convite lá no início. Creio que, a partir de agora, a mídia tradicional da cidade passou a valorizar a troca de informações fora do seu espaço cercado-editado-censurado. O que as pessoas pensam, sentem e precisam saber nem sempre estampou as principais manchetes dos grandes grupos de comunicação, que viram no Chuva Ácida a ruína do modelo de monopólio (da expressão de uma cidade inteira) via poder financeiro.

Quantas pautas deles surgiram após denúncias de nosso blog? Ou, ainda: analistas políticos da TV, rádio e jornais não alcançaram tantos eleitores de forma direta como a nossa equipe nas eleições de 2012. Só pra citar alguns exemplos dentre tantos cases passíveis de lembrança.


O caminho que iniciamos lá atrás é bem aproveitado por todos atualmente. Movimentos sociais, subalternos e excluídos identificaram na internet um modo barato de atingir o maior número de pessoas possível. O elo definitivamente foi rompido, e há 1 milhão de motivos para comemorar, independente de qual margem do Cachoeira você estiver (ou no meio da poluição dele, como uns por aí).

* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Conectar-se ao mundo - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS

POR CLÓVIS GRUNER*

“O convite para escrever no Chuva Ácida, agora como colaborador fixo, não apenas reforça o vínculo com uma cidade que, talvez, nunca venha a ser apenas um retrato na parede. Ele me coloca uma vez mais diante da tarefa de pensar sobre o lugar de Joinville em minha trajetória. (...)”

Começava assim meu primeiro texto no Chuva Ácida, publicado em 11 de maio de 2013. Outros vieram antes que eu deixasse o coletivo – o último foi publicado em 11 de dezembro de 2014. Em mais de um ano e 53 colunas publicadas, abordei assuntos os mais diversos, e apesar da identidade do blog com Joinville, em poucas ocasiões falei de temas locais. E, principalmente, consegui romper um pouco as regras e os limites por vezes estreitos do “academicês” para falar em uma linguagem mais clara, sobre temas mais urgentes e a um público leitor mais amplo e diversificado.

Esse ligeiro exercício de memória me ocorreu ao receber convite para escrever ao Chuva na semana em que o ele completa quatro anos e está próximo do seu primeiro milhão de acessos. Lembro que quando fui convidado a colaborar como integrante fixo, relutei um pouco. Basicamente, não imaginava o que teria a dizer em um blog escrito por joinvilenses – naturais ou adotivos, vivendo ou não na cidade –, já que eu havia deixado Joinville há mais de uma década (ou fugido dela, segundo um dos meus comentaristas anônimos). Não demorei a entender.

Virou quase lugar comum falar do Chuva como uma mídia alternativa, a oferecer um outro canal de circulação de notícias aos leitores joinvilenses que buscam, sobre a cidade, uma informação mais independente e crítica. Concordo: em uma cidade (um estado) onde os meios de comunicação são controlados por dois ou três grupos midiáticos que monopolizam a informação e domesticam o circuito de ideias, um blog como o Chuva Ácida é absolutamente vital à construção de um ambiente e uma cultura democráticos e pluralistas.

Mas não acho que seja apenas isso. Penso que, passados quatro anos, e sem precisar renunciar a seus objetivos e identidade originais, o Chuva cumpre hoje também outro papel: o de colocar Joinville no mundo e trazer o mundo para Joinville. Claro que isso já estava lá, em 2011, quando tudo começou: “O coletivo está focado na discussão da vida de Joinville, mas sem ser paroquial ou provinciano. Há também um lado cosmopolita, de atenção ao que se passa pelo mundo. Em tempos de revolução digital, a informação não conhece fronteiras”, diz o texto de apresentação, espécie de “cartão de visitas” do coletivo.


Mas o blog soube se tornar mais cosmopolita à medida, justamente, em que sua importância crescia. É como se, ao se tornar uma referência incontornável na mídia local, os objetivos que norteavam o Chuva desde sua criação pudessem ser aprofundados, incorporando novos colaboradores, abordando novos temas e confrontando novos problemas. Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, afinal. Fico feliz em ter feito parte dessa experiência.


* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.