POR CLÓVIS GRUNER*
“O convite para escrever no Chuva Ácida, agora como
colaborador fixo, não apenas reforça o vínculo com uma cidade que, talvez, nunca venha a ser apenas um retrato na
parede. Ele me coloca uma vez mais diante da tarefa de pensar sobre o lugar de
Joinville em minha trajetória. (...)”
Começava assim meu primeiro texto no Chuva Ácida, publicado
em 11 de maio de 2013. Outros vieram antes que eu deixasse o coletivo – o
último foi publicado em 11 de dezembro de 2014. Em mais de um ano e 53 colunas publicadas,
abordei assuntos os mais diversos, e apesar da identidade do blog com
Joinville, em poucas ocasiões falei de temas locais. E, principalmente, consegui
romper um pouco as regras e os limites por vezes estreitos do “academicês” para
falar em uma linguagem mais clara, sobre temas mais urgentes e a um público
leitor mais amplo e diversificado.
Esse ligeiro exercício de memória me ocorreu ao receber
convite para escrever ao Chuva na semana em que o ele completa quatro anos e está próximo do seu primeiro milhão de acessos. Lembro que quando fui convidado a
colaborar como integrante fixo, relutei um pouco. Basicamente, não imaginava o
que teria a dizer em um blog escrito por joinvilenses – naturais ou adotivos,
vivendo ou não na cidade –, já que eu havia deixado Joinville há mais de uma
década (ou fugido dela, segundo um dos meus comentaristas anônimos). Não demorei
a entender.
Virou quase lugar comum falar do Chuva como uma mídia
alternativa, a oferecer um outro canal de circulação de notícias aos leitores
joinvilenses que buscam, sobre a cidade, uma informação mais independente e
crítica. Concordo: em uma cidade (um estado) onde os meios de comunicação são
controlados por dois ou três grupos midiáticos que monopolizam a informação e
domesticam o circuito de ideias, um blog como o Chuva Ácida é absolutamente vital
à construção de um ambiente e uma cultura democráticos e pluralistas.
Mas não acho que seja apenas isso. Penso que, passados quatro
anos, e sem precisar renunciar a seus objetivos e identidade originais, o Chuva
cumpre hoje também outro papel: o de colocar Joinville no mundo e trazer o
mundo para Joinville. Claro que isso já estava lá, em 2011, quando tudo começou:
“O coletivo está focado na discussão da vida de Joinville, mas sem ser
paroquial ou provinciano. Há também um lado cosmopolita, de atenção ao que se
passa pelo mundo. Em tempos de revolução digital, a informação não conhece
fronteiras”, diz o texto de apresentação, espécie de “cartão de visitas” do
coletivo.
Mas o blog soube se tornar mais cosmopolita à medida,
justamente, em que sua importância crescia. É como se, ao se tornar uma
referência incontornável na mídia local, os objetivos que norteavam o Chuva desde
sua criação pudessem ser aprofundados, incorporando novos colaboradores,
abordando novos temas e confrontando novos problemas. Com grandes poderes, vêm
grandes responsabilidades, afinal. Fico feliz em ter feito parte dessa
experiência.
* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.
* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.
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