Mostrando postagens com marcador Reino Unido. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Reino Unido. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O êxito do brexit, o fracasso da União Europeia

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Tudo começou com uma manobra do primeiro-ministro David Cameron para tentar salvar a sua posição no próprio partido e no governo britânico. Em teoria, a ideia de convocar um referendo sobre a saída ou a continuidade do Reino Unido na União Europeia não tinha como dar errado. O primeiro-ministro fazia a vontade dos eurocéticos, que defendiam a saída, e no final os britânicos votariam pela permanência. Mas...

Deu errado. E os fatos de hoje trazem uma enorme ironia. David Cameron usou o referendo para manter o poder e hoje, depois de anunciada a vitória do brexit, acaba por anunciar a sua saída do governo, que deve acontecer até outubro. E o pior. O sim ao brexit teve reflexos imediatos nos mercados , que reagiram muito mal. As bolsas abriram caindo a pique e os principais bancos britânicos tiveram quedas de até 30%.

Há algum pânico (escrevo no momento de abertura das bolsas europeias) porque os mercados são temperamentais. Mas à medida em que a carroça da economia andar as melancias se ajeitam. A vitória do brexit indicia duras consequências para Reino Unido e União Europeia, mas vai sobrar para todos. Podem tirar o poneizinho da chuva os brasileiros que acham nada ter a ver com isso. Porque de uma forma ou de outra, com mais ou menos intensidade, todos serão afetados.

A questão política parece ser a mais delicada e o grande abacaxi ficou nas mãos da União Europeia. Hoje Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, veio dizer que as consequências do brexit serão dramáticas, mas que a integridade da Uniãpo Europeia. E está garantida. O problema é que o discurso não mobiliza. Os homens que mandam em Bruxelas são tecnocratas que não foram eleitos e isso não ajuda a passar a mensagem.

O fato é que União Europeia tem agora novos desafios à frente. Os partidos de direita na Holanda e França - países de proa no projeto europeu - já há algum tempo falam em referendos nos moldes do britânico. A vitória do brexit servirá de tônico para os nacionalismos e populismos de outros países. E vejam a ironia. A Escócia quer um referendo que proponha a sua independência do Reino Unido. Em caso de vitória, os independentistas propõem integrar a União Europeia. A Irlanda do Norte já mostrou a pretensão de ser independente e juntar-se à República da Irlanda. Ambos na União Europeia.

O que vai acontecer de imediato? Passado o dramatismo do momento, do ponto de vista econômico as coisas devem acalmar e tudo vai se reacomodar. Mas há um fato político ao qual os líderes europeus não conseguem escapar: a vitória do brexit abriu fendas na fortaleza-Europa. Outros virão depois dos britânicos. E pedra após pedra, o castelo pode ruir. É preciso dar um novo rumo para a carcomida Europa. 

Mas como resgatar a confiança no projeto de uma União Europeia? O ponto de vista pessoal pode ser ilustrativo. Se alguém perguntar hoje, enquanto cidadão europeu, quero sair da União Europeia, a resposta é sim. Porque as políticas claramente neoliberais de Bruxelas estão a levar os europeus à exaustão. Aliás, ao contrário do que muitos pensam, ao saírem da União Europeia os britânicos não ganham mais soberania. Porque o neoliberalismo continua...


É a dança da chuva.

David Cameron anunciou a demissão logo pela manhã

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A rainha da Inglaterra é mais barata que os deputados catarinenses

POR GUILHERME GASSENFERTH

Em sua viagem para Madri, o deputado Kennedy Nunes mostrou pelo Twitter uma foto de um protesto anti-monarquia. Segundo o deputado, os manifestantes reclamavam que a monarquia custava cerca de 500 milhões de euros por ano. Em seguida, um “twitteiro” me alertou: quanto custará a Assembleia Legislativa?

É claro que eu sei que uma coisa não tem nada a ver com a outra. As funções são diferentes, o tamanho da população é bem distinto, a economia é muito distinta (PIB catarinense de US$ 70 bilhões contra US$ 1.536 bilhões lá), mas principalmente porque a cultura é totalmente diferente. Comparar Europa e Brasil é esquisito.

Mas achei interessante. Quanto custaria a nossa Assembleia Legislativa? 500 milhões de euros é pouco ou muito perto de nossa Assembleia? Resolvi pesquisar, achando que a coroa espanhola custaria muito mais que nossa Assembleia. Parece que me enganei.

Primeiramente, em nenhum lugar encontrei informações precisas sobre o custo da monarquia espanhola, mas todas elas remetiam a custos inferiores a dez milhões de euros por ano, o que significa dizer menos de 25 milhões de reais. Repito, por ano. Mas também encontrei uma notícia interessante e que é praticamente impossível de ser estampada em manchetes tupiniquins. O rei Juan Carlos solicitou ao primeiro-ministro que a verba repassada à Coroa fosse diminuída. E aí, leitor, já viu algo semelhante ocorrer no Brasil? Quantas vezes vemos algum político pedir diminuição do salário?

Pesquisando sobre monarcas, recebi a informação de que a monarquia britânica era a mais custosa da Europa. Podemos imaginar. O Reino Unido é uma potência econômica mundial, u ex-império global, com uma monarquia cujo luxo não é novidade para ninguém. Informações oficiais mostram expensas de cerca de 40 milhões de libras esterlinas por ano – aproximadamente 116 milhões de reais. Um grupo anti-monarquista chamado Republic diz que as despesas com a manutenção da monarquia (e todos os seus luxos) custa aos british taxpayers entre 390 a 540 milhões de reais ao ano. Considerando que o autor destes cálculos esforçou-se para supervalorizá-los, podemos considerar que a coroa britânica – a mais cara da Europa – custe no máximo um valor como este.

E a nossa Assembleia Legislativa? Segundo as informações da execução orçamentária de Santa Catarina, os recursos executados pela ALESC em 2011 foram da ordem de 346,5 milhões de reais. O triplo das despesas oficiais (sem gastos com segurança) da monarquia sediada no Palácio de Buckingham e um pouco menos que as extra-oficiais. Mas a nossa Assembleia Legislativa é MUITO mais cara que a Coroa espanhola, no mínimo 13 vezes mais cara.

A chefe de Estado da Inglaterra, Canadá, Austrália, Irlanda, Escócia e outros 11 países, custa no máximo 540 milhões de reais. Cerca de 9 reais por britânico (considerando só os habitantes do Reino Unido), ou ainda 4 reais por habitante de um país que reconhece Elizabeth II como sua chefe de Estado. Reitero que estou usando os valores máximos, mas que podem ser bem menores.

Já os 40 deputados catarinenses custam para nós, contribuintes, 55 reais por ano. 6 vezes menos que a luxuosa Rainha Elizabeth II custa aos britânicos para servir-lhes como soberana e chefe de Estado. São quarenta reizinhos com seus iPads novinhos e diárias de R$ 670 pra viagens pra própria residência.

Outra diferença substancial está nos índices de aprovação. Lá, mais de 70% dos britânicos gostam da rainha e desejam que ela continue como sua soberana. Aqui não encontrei estatísticas oficiais, mas faça você mesmo a pesquisa: pergunte a 100 amigos seus – você gosta da atuação de nossos deputados estaduais e deseja que eles continuem lá? Pronto. Sugiro contar as respostas positivas, dará bem menos trabalho.