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sábado, 31 de janeiro de 2015

Brainstorming

POR MANOELA DO NASCIMENTO


Assim como tantas outras lendas que fazem parte da cultura de São Francisco do Sul, a lenda do Marinebus já assombra os francisquenses.  Mas, precisando ir a Joinville e cansada de enfrentar as frequentes filas da BR 280, resolvi enfrentar outros perigos e tentar encontrar o tal Marinebus.

Primeiro, vou em busca de notícias: “O transporte começou a operar no dia 6 de janeiro. Em seu primeiro dia de viagens, o Marinebus, que tem capacidade para transportar 47 passageiros, realizou o trajeto entre as duas cidades com uma média de 20 pessoas a bordo.”  (ANoticia, 12 de janeiro)

Então, anoto os horários divulgados e os seus locais de aparição.

Saída de São Francisco do Sul para Joinville
06h20
8h20
12h
14h
18h

Saída de Joinville - para São Francisco do Sul
07h30
9h30
13h15
15h30
19h15

Faço um reza e vou ao encontro no trapiche de São Francisco do Sul. Era aproximadamente 7:45h da manhã e sol já refletia na Babitonga.

Enfim, chego ao trapiche de São Francisco do Sul. Respiração já ofegante, penso que deve ser pelo sobe e desce nas já conhecidas ladeiras do Centro Histórico.

Deparo-me com uma simpática senhora que estava a contar outras histórias a outro simpático rapaz. Para não assustá-los, emito um som baixo e agudo, como de costume, e pergunto como faço para comprar a passagem para o horário das 8h20. Torcendo por uma positiva resposta.

A simpática senhora pede então que eu me aproxime e me fala quase que ao pé do ouvido: - Shhhhhhh! Nas segundas ele costuma não aparecer por aqui... Você devia saber destas coisas menina...

Um buraco abre embaixo dos meus pés e meu coração dispara: - Então é verdade! A lenda existe mesmo! Isto é quase que como ter certeza que o Curupira existe, menos nas segundas-feiras.

E lá vou eu, feliz da vida, até a rodoviária pegar o ônibus, pois perdi a carona depois que decidi me aventurar pelos lados obscuros da nossa cultura.

Chego ao ônibus e para minha surpresa não tem mais lugar para sentar. – Que maravilha! Hoje é mesmo meu dia de sorte. Logo penso.

Começo a ver pessoas idosas, pessoas com necessidades especiais, trabalhadores, estudantes, turistas e crianças. Algumas no corredor. Com eles, suas bolsas, malas, travesseiros, livros e garrafinhas de água para amenizar o sufocante calor.
O ônibus começa a andar tranquilamente até que.............. trânsito parado na 280!

Passadas 3 horas, começo a ouvir turistas dizendo que perderam o horário de outros ônibus, que as senhoras perderam o horário da consulta, que os estudantes perderam o horário da prova, que os trabalhadores perderam tempo e que todo mundo perdeu a paciência.
Reflito: Sim! É verdade.... Este Marinebus existe mesmo! Mas deixa rastros e pistas falsas para despistar sua identidade. De acordo com a lenda, é impossível um francisquense alcança-lo. Após encantar os moradores, ele desaparece e ficamos apenas tentando descobrir seus mistérios. Enquanto isto, nos resta a imaginar como seria se ele existisse...


Obs. Lendas fazem parte do imaginário das pessoas. Assim como esta história.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Afinal, por que tantas garantias aos criminosos?


Fonte foto - CB Notícias.
POR ANA CAROLINE TEIXEIRA

Estamos vivendo em uma época em que parece haver um excesso de direitos às "pessoas do mal em detrimento das "pessoas do bem" (pessoas do bem x pessoas do mal: dicotomia fictícia, mas que serve para ilustrar).
Os questionamentos são muitos: foi condenado, mas por que recorrer em liberdade? Foi pego em flagrante, por que foi solto? Confessou, por que ainda se falar em produção de provas?
A resposta é simples: porque ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória! É o artigo 5º, LVII, da Constituição da República. Parece balela, mas não é.
É justo o anseio da população (dentro da qual me enquadro) para que a justiça seja feita rapidamente, para garantir que aquele que matou friamente alguém não esteja solto por aí, podendo a qualquer hora matar outra pessoa. Também é justa a revolta com a quantidade de crimes brutais que a cada dia parecem aumentar.
Mas não podemos esquecer que vivemos em uma sociedade em que se tem uma polícia deficitária, mal preparada, sem estrutura, e mesmo havendo boa vontade, é muito difícil fazer um bom trabalho.
Que temos uma mídia sensacionalista e irresponsável que publica matérias condenando pessoas sem mesmo ter havido o mínimo de investigação. Mostram seus nomes, seus rostos, marcas essas que mesmo com uma futura absolvição nunca serão apagadas.
Temos uma Defensoria Pública que caminha a passos de tartaruga. Em Santa Catarina,os primeiros defensores tomaram posse esse ano. No Paraná já houve concurso, mas o senhor governador ainda não nomeou defensores (ele diz que não tem dinheiro, mas um levantamento aponta que o número de cargos comissionado aumentou em 10% em sua gestão).
O resultado de tudo isso – e muito mais – sem as garantias citadas é: injustiça (não que com garantias haja sempre justiça).

Estamos vivenciando um caso muito simbólico aqui no Paraná.
No dia 28 de junho foi encontrado na cidade de Colombo (região metropolitana de Curitiba) o corpo da Tayná, jovem de 14 anos que estava desaparecida há três dias. A família obteve a informação de que os responsáveis pelo delito eram três funcionários do parque de diversões da redondeza. A câmera de segurança do parque mostrou que ela havia passado ali pela frente no dia que sumiu. Revoltada (de fato foi terrível o crime: estupro e homicídio), a população local incendiou o parque de diversões. Saiu na Veja: “Adolescente é estuprada e morta por funcionários de parque de diversões no PR”. Os três suspeitos confessaram o delito. Ou seja, caso praticamente solucionado. Cadeia neles! Pena de Morte! Castração química!

No entanto, dias depois, descobre-se que o sêmen encontrado na garota não era dos acusados. A OAB foi averiguar e descobriu que um dos “acusados” estava com suspeita de perfuração intestinal e com a costela quebrada; outro está com ossos à mostra de tantos ferimentos e está surdo, pois teve o tímpano rompido; o outro não tinha ferimentos aparentes. Eles então afirmaram que não cometeram o delito e que confessaram sob tortura. A polícia admite um possível erro.

E agora? O que mudou? Será que não teria que se ter aguardado a perícia antes da mídia estampar nos jornais o nome e os rostos dos garotos? Será que as pessoas não teriam que ter aguardado a investigação criminal antes de atear fogo no parque? Antes disso ainda, será que a polícia não deveria ter investigado ao invés de torturar três pessoas para dar uma “solução” ao crime? Mas vale a pena torturar, Jack Bauer salvou muitos americanos assim.
Não estou dizendo que esses jovens não mataram a garota, pode ser que tenham matado. Mas isso só vai se descobrir ouvindo testemunhas; fazendo perícia; colhendo demais provas. Não se faz em um dia, em uma hora.

Enfim, esse é um caso emblemático para exemplificar o quão importante é não se ter um julgamento imaturo. Nem pela polícia, nem pelo judiciário, nem pela mídia, nem pela população. Casos iguais a esse existem diversos por aí.
Isso não nos tira o direito de nos indignar com a maldade humana, nem de cobrar que se apurem os delitos com agilidade, pelo contrário, devemos cobrar o governo para que ele estruture a polícia, devemos cobrar do judiciário que os casos sejam julgados.

Mas nunca se devem suprimir as garantias processuais, até mesmo porque qualquer dia pode ser nossa vez na fila dos condenados, por estar no lugar errado, na hora errada.

*Ana Caroline Teixeira é advogada, formada em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com especialização na Fundação Escola do Ministério Público.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sou a favor da maioridade penal aos 16 anos, mas...

POR VANDERSON V. SOARES



Dias atrás o Baço explanou bem debochadamente, como lhe é típico, sobre a maioridade penal. Não concordo muito com o jeito que ele escreve, mas concordo com a essência do texto.
Enalteço abaixo que sou a favor da maioridade penal, mas se antes forem observados alguns outros pontos, que considero serem mais corretos e coerentes.

Sou a favor da maioridade penal de 16 anos, se...

1)   Houver uma grande chacoalhada no nosso sistema educacional. Nesta seara há muito que se fazer, seguem alguns pontos críticos:

a)    Revisão do programa didático: Atualizá-lo, aperfeiçoá-lo, adaptá-lo ao novo mundo que se faz mais próximo a cada dia. Excluir a disciplina de ensino religioso (um câncer conceitual no nosso sistema arcaico), inserir matérias como música, teatro, oratória, literatura, outro idioma além do inglês, criação de programas de iniciação científica, produção de conhecimento, etc.

b)    Programa de Inclusão: Não se contentar com um índice menor que 100% de crianças na escola. Criança tem que estar na escola. Ponto. Enquanto uma criança em idade escolar não estiver na escola, nosso sistema ainda será falho.

c)    Amplo incentivo à leitura: A biblioteca da escola não pode simplesmente ser uma salinha que fica no final do corredor mais sombrio. Tem que ser um espaço grande, com vários livros, disponíveis para empréstimo, com espaço para leitura, tanto dentro como fora da biblioteca. Promover concursos de declamação, leitura, produção literária, enfim.

Alguns meses atrás, tive a grata satisfação de participar de um projeto social que buscava o intercâmbio de cartas entre crianças do Brasil e da Romênia. Ambos os lados trabalharam em escolas públicas e as cartas eram escritas em inglês. Ao final do projeto, tive um sentimento ainda meio indefinido para mim, mas um misto de vergonha, compaixão, indignação e vontade de reverter esse quadro. As cartas das crianças da Romênia trabalhavam a escrita de maneira sensacional, detalhavam os pontos turísticos de suas cidades, falavam de costumes da sua região, contos da Romênia, enfim, um show de cultura e domínio do idioma. As crianças daqui, infelizmente, apenas conseguiam escrever seus nomes, onde moravam, e citar pobremente um ou outro ponto já batido do Brasil.

d)    Professor ser levado a sério: analisar, esmiuçar, preparar, dialogar um plano de carreira que faça o professor ter vontade de ser um professor cada vez melhor. Que os estudantes queiram ser professores, que os professores tenham incentivo para se aperfeiçoarem,  se especializarem, pós graduarem, enfim. Serem referências em suas áreas de conhecimento. Lembrando que quanto mais o professor se sentir bem sendo professor, mais a sua aula gerará resultados, mais preparará sua aula com vontade, com gosto, querendo que o estudante se encante pela sua disciplina.

2)    Se antes disso, incentivarmos os jovens a participarem ativamente de suas comunidades. Há tantos grupos associativistas juvenis que esculpem, dia após dia, tantos líderes e pessoas com iniciativa. Precisamos de gente inteligente, mas precisamos de gente inteligente com iniciativa também. O associativismo juvenil proporciona ao jovem, além de uma ampla oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional, a possibilidade da troca de ideias, do debate, das várias perspectivas. Esses grupos podem ser grêmios estudantis, clubes de xadrez, clubes de esporte, Interact Club, Rotaract Club, AIESEC, JCI, Leo Club, grupos de jovens locais, grupos de filosofia, enfim, há uma infinidade de grupos que o jovem pode, e deve, participar.

Vou me restringir a apenas estes dois itens que, por si só, já resolveriam uma boa fatia da criminalidade juvenil.  

Se mesmo assim, o menor for preso, defendo que deve ser enviado a um reformatório juvenil e não simplesmente para uma gaiola. O intuito é reinseri-lo na sociedade e não castigá-lo por anos a fio, de modo que quando saia esteja com mais raiva da sociedade do que quando entrou.

Na realidade, é isso que está faltando. Tratar o ser humano como ser humano e não partir da premissa que ele nasceu mau, mas sim que a sociedade, a exclusão social, o deixou assim. Antes que a extrema direita me acuse de “defender os bandidos”, devo lembrá-los que nem todos tiveram a educação, os privilégios e mordomias que vossos filhos tiveram. Apenas o que defendo é que tem muita, mas muita gente mesmo, não tendo o mínimo, o básico, para iniciar sua vida, para conquistar seu espaço na sociedade.

Valho-me das palavras de Mário Quintana, quando diz que "Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um."

Vanderson Soares é engenheiro civil e empresário 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Entre ouvir e agir: qual o papel do poder público?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Alguns comentários feitos no post do último "brainstorming" me trouxeram a necessidade de lançar o debate (e não esgotar por aqui) sobre o papel do poder público na sua tomada de decisões, as quais envolvem diretamente toda a população. Enquanto parte dos comentários defendiam que o gestor deve atender os interesses de seus eleitores (cidadãos com direito a voto, generalizando) outros lembravam que, com a democracia representativa, o Estado deve "julgar" o que é melhor ou pior para a população.

Coloco como ilustração da discussão o tema discorrido pelo autor do texto supracitado, a fim de facilitar o debate: como promover o uso da bicicleta e outros meios não-motorizados de locomoção se a população prefere usar o automóvel para seus afazeres diários? O gestor público, cercado por técnicos especializados (ou consultorias contratadas de forma conspícua), sabe que, para melhorar a mobilidade urbana de sua cidade, deve investir em medidas totalmente contrárias a vontade da maioria da população, como aconteceu em Bogotá-COL, por exemplo.

Mas, como absorver posturas parecidas a essas, a um passo de serem "antidemocráticas" (entre aspas mesmo), e promoverem um saber técnico em detrimento do saber local e todos os direitos garantidos em lei, como a participação na gestão urbana? Se as pessoas querem ruas asfaltadas, pontes, viadutos, grandes avenidas e demais infraestruturas que privilegiam o transporte motorizado, a "democratização das discussões" (ênfase para as aspas, novamente) será garantia de que o melhor sempre será feito?


Neste sentido, o Estado está inserido em uma problemática que é produto de uma desigualdade social. Por outro lado, somente evitando tecnocracias e mesclando o ato de ouvir os interesses populares com ações justificadas em estudos e proposições de nossos representantes, poderemos chegar ao que penso ser o verdadeiro papel do poder público em todas as suas esferas e setores (respeito todas as divergências filosóficas deste ponto). Porém, quem garante que, com uma gestão democrática, todos os grupos sociais participarão e escolherão as suas demandas em conjunto, buscando um consenso? Como as camadas mais populares irão sintetizar, arguir e pressionar (quando raramente participam) seus anseios na mesma qualidade que grupos de empreiteiros interessados sobretudo nas futuras licitações de pontes, asfaltamentos, etc? Além disto, como esperar que a participação popular não seja uma legitimação de interesses maiores, reproduzidos através de um poder simbolicamente e socialmente construído (relacionando ao tema do brainstorming, seria o "fetiche do automóvel")?

Infelizmente alguns discursos reproduzidos pela população são ideologias que servem interesses particulares, os quais tendem a parecer interesses coletivos – e únicos; formando assim, uma cultura dominante. Esta, por sua vez, contribui para uma união da classe dominante em torno de suas expectativas em comum (neste caso, os agentes tipicamente capitalistas que vêem na cidade suas fontes de renda) e para a legitimação da ordem estabelecida e das distinções sociais.

E em Joinville não é muito diferente...

domingo, 9 de dezembro de 2012

Publicidade e a questão de gênero

POR FERNANDA POMPERMAIER

Existe uma ligação, pouco sutil por sinal, entre a forma como educamos crianças e seus comportamentos no futuro como adultos. A falta de igualdade entre os gêneros é uma realidade indiscutível no Brasil. Mulheres ainda ganham menos tendo as mesmas funções, sofrem mais com violência doméstica, são reprimidas por seu comportamento sexual (vê-se ofensas como puta, vadia, vagabunda, todas relacionadas à quantidade de parceiros), sofrem pressão social para serem bonitas, magras, terem filhos, não abortar, enfim. Estamos longe de viver numa sociedade que proporcione o mesmo tratamento à homens e mulheres.

A Suécia há muitos anos discute essa questão e nota-se no dia a dia a diferença. Os homens não tem o hábito de olhar para as mulheres de forma maliciosa, sabe aquela secada? Não existe. Mesmo que a mulher esteja de míni-saia. E isso acontece porque para ele, ela é uma igual e não um objeto de desejo que precisa ser apreciado. É muito comum ver homens empurrando carrinhos de bebês, fazendo sua parte nos afazeres domésticos, conversando ou negociando com a mulheres com respeito e igualdade. Esses são apenas alguns exemplos, eu poderia continuar On and On. Há 3 semanas, por exemplo, meu marido teve na empresa, uma palestra com todos os funcionários sobre a igualdade de gêneros. As iniciativas estão em todos os espaços, toda a cultura da sociedade tem essa questão em pensamento. E é claro que isso reflete na publicidade.

Aqui vou abrir um parêntese, em algum momento da minha vida eu achei que a televisão aberta brasileira era essa porcaria porque era isso que a maioria das pessoas queriam ver e claro, dá audiência. Hoje penso que a televisão é responsável pela construção intelectual do seu público.   Por exemplo, algumas pessoas, como eu, acham absurda a quantidade excessiva de mulheres semi-nuas na nossa tv. Você quase não consegue assistir um programa sem que apareça alguém sem roupa, um estímulo sexual que eu preferiria guardar para um momento a dois e não assistir com a família inteira no sofá da sala. Mas quem nasceu após os anos 80 ou 90 está tão habituado a essas imagens que nem as percebe mais. Que tipo de exigência tem esse telespectador? Se boa parte da sua formação cultural esta relacionada a nossa tv, estamos ferrados.

Voltando à publicidade.

Podemos achar que o anúncio que ponho a seguir é um resultado da cultura sueca ou ele foi elaborado com o objetivo de colaborar com a igualdade entre os gêneros dentro da cultura sueca?

Para quem acha estranho ver menino brincar de boneca, como pedagoga te digo que a criança brinca para compreender o mundo adulto. Se ela vê o pai cuidando de um bebê, ela vai querer repetir o gesto e experimentar essa sensação. Se você como pai quer participar de verdade da vida do filho tem que estar presente em todos os momentos, não só quando está limpo e alimentado. Então compreenda que essa é uma brincadeira importante e inofensiva.

O anúncio é atual e certeza, tem o objetivo de vender para pais conscientes de que seus filhos tem o direito de brincar sem repressão.

http://laughingsquid.com/swedish-toy-company-publishes-a-gender-neutral-holiday-toy-catalog/

Fernanda é joinvilense, professora de educação infantil e mora na Suécia há quase 2 anos. Escreve o http://vivernasuecia.blogspot.com.br/ 

sábado, 6 de outubro de 2012

Política é assunto chato?


POR FERNANDA POMPERMAIER

A eleição próxima a acontecer e eu ainda vejo joinvilense reclamando nas redes sociais que "política é assunto chato".

Não vou me esforçar para diferenciar política de politicagem ou falar da irritação do brasileiro com seus políticos corruptos porque esses o mundo inteiro conhece.

Vou, é expressar o meu descontentamento com a falta de receptividade para a discussão. Parece que a maioria já está convencida, tem opinião formada sobre tudo, não tem nada mais para aprender ou repensar.

Quando foi que discutir política virou assunto chato? Esses escolhidos vão tomar decisões que influenciarão diretamente nossa rotina. Isso não é importante?

Eu bem lembro da reação das pessoas quando você exige seus direitos em Joinville: é a chata do tudo certinho. O comportamento superior é aquele do “deixa pra lá”, “mas naquela loja eu não piso mais”.
E aí as coisas não melhoram nunca, né. Como vão melhorar?

Aqui na Suécia, direito do consumidor é coisa séria. Reclamou? Recebeu o dinheiro de volta ou outra mercadoria nova. Silêncio na vizinhança? Sempre. NUNCA ouvi música alta na rua nem vinda de casas, nem de carros, raramente ouço buzinas, faixa de pedestres é sagrada, os serviços públicos funcionam 100% e são iguais para todos: saúde, educação, bons asfaltos, transporto coletivo que funciona...Enfim, não é de graça que a sociedade sueca é assim. Ela foi construída com muito envolvimento do povo nas decisões. As pessoas não tem vergonha de discutir política, de expor suas opiniões, de elogiar esse ou aquele partido ou de reclamar. Para se ter uma ideia votar não é obrigatório, mesmo assim o índice de participação fica sempre entre 80 ou 85% da população. Esse é um assunto tão sério que é incentivado desde a infância. As crianças crescem tomando decisões importantes nas escolas, elegendo representantes , sugerindo mudanças ou fazendo passeatas.

De qualquer forma, a minha torcida é pelo debate, pela discussão, pelos questionamentos, pela mudança de opinião. É assim que a gente muda cabeças que vão mudar nossa sociedade. E todos queremos algumas mudanças, não é?!

Fernanda é joinvilense, professora de educação infantil e mora na Suécia há quase 2 anos. Escreve o http://vivernasuecia.blogspot.com.br/

sábado, 21 de julho de 2012

E se os candidatos a prefeito fossem vinhos?


POR ALEXANDRE SETTER

Convidado Alexandre Setter, do blog Veni Vivi Vinho  degusta os candidatos a prefeito de Joinville como se fossem vinhos e nos brinda com essa obra fictícia de cunho meramente sarcástico. Qualquer semelhança é apenas mera coincidência decorrente de uma mente embriagada.

E se os candidatos a prefeito fossem vinhos?

Marco Tebaldi
aquele vinho gaúcho barato fabricado no fundo de quintal, que em algum momento fez sucesso na nossa cidade por ter sido exaltado por um figurão da vida pública, famoso por enfiar goela abaixo os rótulos que carrega consigo. Deixou uma turma de fãs fiéis e inebriados, que volta e meia clama por sua volta nos bares da vida, sem saber (ou querer saber) que existem vinhos de custo x benefício bem melhores por aí. Carece de elegância, corpo e consistência. Aroma enjoativo, dizem que no final sempre vai bem com pizzas, apesar da dor de cabeça ser quase certa no dia seguinte.

Udo Dohler
Proveniente de um terroir nobre da cidade, essa espécie de riesling tupiniquim é um vinho de muita grife mas limitadíssimo nas harmonizações mais populares. Investe pesado agora em uma manobra de marketing para fazer com que o bebedor comum adote-o no dia-a-dia. Sua presença ainda causa algum frisson em mesas mais nobres. É vinho que, por suas características naturais, já passou do tempo de ser bebido. Alguns podem arriscar a consumir mesmo assim, mas não é aconselhável presenteá-lo a enófilos mais exigentes. Apesar de tudo, é o novo rótulo queridinho do figurão citado acima, o que lhe garante ainda uma fatia do mercado.

Kennedy Nunes
Ah, o vinho de garrafão. 5 litros de puro sumo de uvas de segunda, açúcar e alcool. As massas 'pira'! É barato, facinho de tomar e por isso tem o poder de encantar uma grande parcela dos bebedores. Faz a alegria nas grandes mesas, onde o pessoal está mais preocupado com a aparência daquilo que estão bebendo do que propriamente com a qualidade do conteúdo. Afinal, qualquer vinho em uma taça é mais chique do que cerveja, pelo menos no visual, não é mesmo? Aí é que mora o perigo desses vinhos de garrafão. Onde alguns vêem alguma chinfra, eu vejo uma estrutura e corpo rasíssimos. Deve ser muito bom para se fazer aquele sagu de fim de semana, mas nada mais elaborado do que isso.

Carlito Merss
O famoso 'vinho da casa'. Não tem lugar onde você vá hoje em dia que não tentam te empurrar uma taça desse tinto polêmico, às vezes a jarra inteira. Maturou por tanto tempo, que ao longo dos anos perdeu muito de seus atributos iniciais, inclusive sua cor rubra desbotou um pouco. Como todo 'vinho da casa', não se sabe o que está passando no processo de vinificação e nem como foi engarrafado e distribuído. O que contribui com a confusão que se formou entre seus primeiros consumidores, que sempre esperaram que ele evoluísse em um baita vinho, daqueles que dá prazer de servir aos amigos. Terá mais uma chance de ganhar admiração, mas por enquanto é apenas um vinho que não mostrou a que veio.

Leonel Camasão
É praticamente um vinho da Romênia. A gente até sabe que existe, mas não conheci ninguém que tenha degustado um.


Alexandre Setter é publicitário e publica o www.venividivinho.com.br

sábado, 2 de junho de 2012

Post-protesto-proposta para o Chuva Ácida


POR GUILHERME DOS SANTOS*

Também estou indignado com vários problemas nesta cidade e creio que boa parte não vem exclusivamente desta gestão. Estou longe de defender, mas já estive muito mais revoltado. Ao invés de somente reclamarmos sobre as luminárias e demais assuntos referentes a esta “administração” municipal, por que não ajudamos o prefeito a fazer uma “boa ação”? O cara já ganhou prêmios de gestão, poderia ganhar mais um, por atender ao pedido do povo! Iria inovar mais uma vez... Ele não está tão a fim de fazer o melhor pela cidade? Inclusive, "nunca na história dessa cidade um prefeito se engajou tanto em melhorias" de acordo com o discurso de alguns partidários, cegos ou não. Já tô até ouvindo aquele papo de que “agora vai, a casa tá arrumada” e eles já fizeram o “cursinho” para administrar a cidade-continental, só que acabou o tempo para botá-lo em prática...

Tomo como base o movimento feito em prol da Rua Bananal. Com ou sem efeito, muitas pessoas ficaram sabendo dos intrigantes números e irão continuar cobrando a solução, nem que só por rede social. Expor as feridas, além destas que eles mesmo abriram, é uma bela forma de protesto inteligente.

Proponho uma manifestação pensando no bem da cidade. Sim, até o momento o esforçado-incompreendido-prefeito precisou de um empurrão, seja de onde for, pra fazer qualquer coisa. Não vem ao caso o fato da competência ou merecimento. Creio que sobram notícias na mídia sobre estes questionamentos. Pasmem, até a igreja teve que intervir.

Então proponho o seguinte: ao invés de iluminação demais no Centro, que tal informar ao preocupado-prefeito-perdido aonde não tem iluminação, tal qual um “OP iluminado”? Sim, ele deve ter o “time” dele para analisar isso, mas vai que estão ocupados demais com outros assuntos, envolvendo projetos outubrísticos?

Por exemplo: eu faço o caminho entre Rodovia do Arroz e o Eixo Industrial (norte) todos o dias, de manhã e de noite. Sim, creio que a responsabilidade por este trecho não seja da Prefeitura. Mas se ele quer tanto ver ruas iluminadas, para o bem dos munícipes, que tal ajudar nessa, que tem um grande movimento e, na ligação com o bairro Vila Nova, não tem iluminação por boa parte do caminho? Além disso, com os prédios do "Minha Casa, Minha Vida" que vão inaugurar em breve, esta opção de trajeto ajuda muito a desafogar o trânsito, que por sinal é mais uma reivindicação desta amorosa gestão. Esta mudança traria benefícios para mim e para várias outras pessoas, independente do partido ou visão política. Essa seria uma grande prova que o cursinho teve aproveitamento.

Acredito que muitos anônimos conhecem mais tantas áreas nessa mesma situação.  Fica a ideia, que pudéssemos trazer nos comentários mais indicações de lugares que realmente precisam de iluminação; talvez até esta mesma, "antiga", que foi tirada das atuais "ruas-pinheirinho".

Penso que isso poderia se tornar um movimento, tirando do prefeito a oportunidade de mais esse discurso de perseguição ou “não sei, não vi”. Estamos reclamando e oferecendo soluções, ainda falta algo além de competência?

PS.: Aos senhores anônimos curiosos, não tenho pretensão a nenhum cargo em eleição e a minha formação me dá a possibilidade de ao menos fazer sugestões.

PS2.: Fui funcionário público por quase 4 anos e vi muita coisa que a "vontade de cima" é capaz de fazer.

*Guilherme dos Santos, Analista de Sistemas, 23 anos; pensador por opção, crítico por obrigação.

sábado, 14 de abril de 2012

Se esta rua fosse minha...


POR GILBERTO PIRES GAYER


Uma das principais lembranças da minha infância e adolescência foi, sem dúvida, a qualidade de vida que ainda pude desfrutar pelas ruas de Porto Alegre, nos anos 60 e 70. Além da sensação de segurança, que ao contrário de hoje, tranquilizava a população. me lembro bastante do verde e das áreas ainda não ocupadas do nosso bairro e região. Na rua que morávamos existia um túnel verde de cinamomos, dos dois lados da via, em que subíamos e que cada guri tomava posse, construindo uma pequena cabana de papelão no seu entroncamento principal. Era ali que brincávamos por horas, observando quem passava, jogando as frutinhas dos cinamomos nos pedestres e fazendo um tiroteio entre a gente.

Mas o que é importante é que são muitas e muitas ruas em vários bairros bem arborizadas. Lembro-me até das amplas calçadas que rachavam em torno dos enormes jacarandás, timbaúvas, tipuanas e cinamomos, mas que ninguém reclamava, pois a beleza e frescor que ofereciam eram mais importantes.
Vieram-me a lembrança estas recordações quando há alguns meses circula pelas redes sociais e noticiários o título de “rua mais bonita do mundo” para a Rua Gonçalo de Carvalho, em PoA, e que conheço bastante. Na realidade, como falei, é apenas uma das tantas que existem por lá. Por mobilização dos seus moradores contra o projeto de um estacionamento que iria remover algumas de suas tipuanas, a associação de moradores se mobilizou e conseguiu reverter a situação. Este fato ganhou notoriedade, até em blogs e associações da Espanha e Portugal, sendo que daí surgiu a denominação e o título de rua mais bonita do mundo.

Hoje a Gonçalo de Carvalho tem um blog com notícias ambientalistas, sobre o planejamento e qualidade de vida da rua e do bairro www.goncalodecarvalho.blogspot.com.  Ganhou também status de Patrimônio Ambiental pela Prefeitura de Porto Alegre, fato que erradicou de vez qualquer ameaça da especulação imobiliária naquela rua, mesmo com o valor dos imóveis subindo surpreendentemente em razão da notoriedade que alcançou.



Posto isto, é irremediável tentar fazer comparações hoje com Joinville,  cidade que me adotou há 20 anos. Para começar, as calçadas dos bairros em Porto Alegre tem no mínimo 4 metros de largura (enquanto em Joinville não passam de 2 metros), o que pode proporcionar a implantação de uma arborização eficiente, com árvores de médio e grande porte. A Prefeitura mantém, há pelo menos 50 anos, viveiros onde produz e mantém mudas adaptadas as suas condições locais.  Existe corpo técnico e estrutura funcional para fazer a gestão das mais de 1,5 milhões de árvores públicas da cidade. Há pouco mais de 10 anos elaboraram o primeiro Plano Diretor de Arborização, baseado num amplo inventário urbano e observações ao longo de décadas, e que norteia as políticas públicas de gestão sobre o tema.


Mas acima de tudo, dois aspectos são fundamentais para alavancar a gestão de áreas verdes de uma cidade: a questão cultural de seu povo e a vontade política de fazer isto acontecer.

É primordial planejar e replanejar a arborização viária estabelecendo ações interativas solidárias com a comunidade que permitam manter a apropriação técnica com interesses, utilidades práticas e necessidades de uso.

É necessário promover a arborização como elemento de reforma e desenvolvimento urbano, buscando tecnologias alternativas para a convivência harmoniosa com os demais serviços prestados à população, através do estabelecimento de parcerias e convênios entre instituições de pesquisa e órgãos públicos envolvidos com a problemática da arborização (SANCHOTENE, 2000).

Joinville tem ainda uma caminhada bem longa em termos de arborização pública; mas como trata-se de investimento de médio e longo prazo, temos que começar logo.  


Gilberto Pires Gayer é Engenheiro Agronomo formado na UFRGS e trabalha na FUNDEMA há 17 anos, atualmente cedido para a SEINFRA.