POR VANDERSON V. SOARES
Dias atrás o Baço explanou bem debochadamente,
como lhe é típico, sobre a maioridade penal. Não concordo muito com o jeito que
ele escreve, mas concordo com a essência do texto.
Enalteço abaixo que sou a favor da maioridade
penal, mas se antes forem observados alguns outros pontos, que considero serem
mais corretos e coerentes.
Sou a favor da maioridade penal de 16 anos, se...
Sou a favor da maioridade penal de 16 anos, se...
1) Houver uma grande
chacoalhada no nosso sistema educacional. Nesta seara há muito que se fazer,
seguem alguns pontos críticos:
a) Revisão do programa
didático: Atualizá-lo, aperfeiçoá-lo, adaptá-lo ao novo mundo que se faz mais
próximo a cada dia. Excluir a disciplina de ensino religioso (um câncer
conceitual no nosso sistema arcaico), inserir matérias como música, teatro,
oratória, literatura, outro idioma além do inglês, criação de programas de
iniciação científica, produção de conhecimento, etc.
b) Programa de
Inclusão: Não se contentar com um índice menor que 100% de crianças na escola.
Criança tem que estar na escola. Ponto. Enquanto uma criança em idade escolar
não estiver na escola, nosso sistema ainda será falho.
c) Amplo incentivo à
leitura: A biblioteca da escola não pode simplesmente ser uma salinha que fica
no final do corredor mais sombrio. Tem que ser um espaço grande, com vários
livros, disponíveis para empréstimo, com espaço para leitura, tanto dentro como
fora da biblioteca. Promover concursos de declamação, leitura, produção
literária, enfim.
Alguns meses atrás, tive a grata satisfação de
participar de um projeto social que buscava o intercâmbio de cartas entre
crianças do Brasil e da Romênia. Ambos os lados trabalharam em escolas públicas
e as cartas eram escritas em inglês. Ao final do projeto, tive um sentimento
ainda meio indefinido para mim, mas um misto de vergonha, compaixão, indignação
e vontade de reverter esse quadro. As cartas das crianças da Romênia
trabalhavam a escrita de maneira sensacional, detalhavam os pontos turísticos
de suas cidades, falavam de costumes da sua região, contos da Romênia, enfim,
um show de cultura e domínio do idioma. As crianças daqui, infelizmente, apenas
conseguiam escrever seus nomes, onde moravam, e citar pobremente um ou outro
ponto já batido do Brasil.
d) Professor ser levado
a sério: analisar, esmiuçar, preparar, dialogar um plano de carreira que faça o
professor ter vontade de ser um professor cada vez melhor. Que os estudantes
queiram ser professores, que os professores tenham incentivo para se
aperfeiçoarem, se especializarem, pós graduarem, enfim. Serem referências
em suas áreas de conhecimento. Lembrando que quanto mais o professor se sentir
bem sendo professor, mais a sua aula gerará resultados, mais preparará sua aula
com vontade, com gosto, querendo que o estudante se encante pela sua
disciplina.
2) Se antes disso,
incentivarmos os jovens a participarem ativamente de suas comunidades. Há
tantos grupos associativistas juvenis que esculpem, dia após dia, tantos líderes
e pessoas com iniciativa. Precisamos de gente inteligente, mas precisamos de
gente inteligente com iniciativa também. O associativismo juvenil proporciona
ao jovem, além de uma ampla oportunidade de desenvolvimento pessoal e
profissional, a possibilidade da troca de ideias, do debate, das várias
perspectivas. Esses grupos podem ser grêmios estudantis, clubes de xadrez,
clubes de esporte, Interact Club, Rotaract Club, AIESEC, JCI, Leo Club, grupos
de jovens locais, grupos de filosofia, enfim, há uma infinidade de grupos que o
jovem pode, e deve, participar.
Vou me restringir a apenas estes dois itens
que, por si só, já resolveriam uma boa fatia da criminalidade juvenil.
Se mesmo assim, o menor for preso, defendo que
deve ser enviado a um reformatório juvenil e não simplesmente para uma gaiola.
O intuito é reinseri-lo na sociedade e não castigá-lo por anos a fio, de modo
que quando saia esteja com mais raiva da sociedade do que quando entrou.
Na realidade, é isso que está faltando. Tratar
o ser humano como ser humano e não partir da premissa que ele nasceu mau, mas
sim que a sociedade, a exclusão social, o deixou assim. Antes que a extrema
direita me acuse de “defender os bandidos”, devo lembrá-los que nem todos
tiveram a educação, os privilégios e mordomias que vossos filhos tiveram.
Apenas o que defendo é que tem muita, mas muita gente mesmo, não tendo o
mínimo, o básico, para iniciar sua vida, para conquistar seu espaço na
sociedade.
Valho-me das palavras de Mário Quintana,
quando diz que "Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de
partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um."
Vanderson Soares é engenheiro civil e empresário
Eu éra a favor da redução da maioridade penal.
ResponderExcluirMas moro na periferia extrema desta cidade e vejo diariamente in loco menores de idade entrando no mundo do desvio.
Sei que não exclusivo da periferia o envolvimento com o crime. Mas aqui, a fragilidade social acaba jogando mais facilmente estas crianças nas mãos de adultos inescrupulosos.
O que deixa estas crianças mais facilmente expostas a esse tipo de situação é a completa falta de responsabilidade dos pais e das mães deles.
Por isso eu digo para vocês que muito mais resolveria incriminar os Pais e Mães destes adolescentes por omissão a educação do que dar pós graduação em marginalidade dentro de uma prisão.
O Pai e a Mãe deveriam cumprir a pena junto com o adolescente.
Ai sim eu acho que as coisas começariam a se resolver, pois bem no fim das contas, o que falta a estes adolescentes é pura e simplesmente educação.
NelsonJoi@bol.com.br
Putz... sério? Aqui também o povo a favor de criminalizar ainda mais, de prender ainda mais, de excluir ainda mais... De menos aqui, só um leitor anônimo e sem importância do blog que acaba de ir para não mais voltar...
ResponderExcluireu sou a favor naum sou contra eu axo q se um jovem ja e capaz de votar com seus 16 anos ele pode muito bem bem responder pelos seus atos !!
ResponderExcluirUMA PESSOA JA COM 16 ANOS JA SABE OQ E CERTO E ERRADO,E PODE MUITO BEM RESPONDER PELOS SEUS ATOS !!!