POR ALEXANDRE SETTER
Convidado Alexandre Setter, do blog Veni Vivi Vinho degusta
os candidatos a prefeito de Joinville como se fossem vinhos e nos brinda com
essa obra fictícia de cunho meramente sarcástico. Qualquer semelhança é apenas
mera coincidência decorrente de uma mente embriagada.
E se os candidatos a prefeito fossem vinhos?
Marco Tebaldi
aquele vinho gaúcho barato fabricado no fundo
de quintal, que em algum momento fez sucesso na nossa cidade por ter sido
exaltado por um figurão da vida pública, famoso por enfiar goela abaixo os
rótulos que carrega consigo. Deixou uma turma de fãs fiéis e inebriados, que
volta e meia clama por sua volta nos bares da vida, sem saber (ou querer saber)
que existem vinhos de custo x benefício bem melhores por aí. Carece de
elegância, corpo e consistência. Aroma enjoativo, dizem que no final sempre vai
bem com pizzas, apesar da dor de cabeça ser quase certa no dia seguinte.
Udo Dohler
Proveniente de um terroir nobre da cidade,
essa espécie de riesling tupiniquim é um vinho de muita grife mas limitadíssimo
nas harmonizações mais populares. Investe pesado agora em uma manobra de
marketing para fazer com que o bebedor comum adote-o no dia-a-dia. Sua presença
ainda causa algum frisson em mesas mais nobres. É vinho que, por suas
características naturais, já passou do tempo de ser bebido. Alguns podem
arriscar a consumir mesmo assim, mas não é aconselhável presenteá-lo a enófilos
mais exigentes. Apesar de tudo, é o novo rótulo queridinho do figurão citado
acima, o que lhe garante ainda uma fatia do mercado.
Kennedy Nunes
Ah, o vinho de garrafão. 5 litros de puro sumo
de uvas de segunda, açúcar e alcool. As massas 'pira'! É barato, facinho de
tomar e por isso tem o poder de encantar uma grande parcela dos bebedores. Faz
a alegria nas grandes mesas, onde o pessoal está mais preocupado com a
aparência daquilo que estão bebendo do que propriamente com a qualidade do
conteúdo. Afinal, qualquer vinho em uma taça é mais chique do que cerveja, pelo
menos no visual, não é mesmo? Aí é que mora o perigo desses vinhos de garrafão.
Onde alguns vêem alguma chinfra, eu vejo uma estrutura e corpo rasíssimos. Deve
ser muito bom para se fazer aquele sagu de fim de semana, mas nada mais
elaborado do que isso.
Carlito Merss
O famoso 'vinho da casa'. Não tem lugar onde
você vá hoje em dia que não tentam te empurrar uma taça desse tinto polêmico,
às vezes a jarra inteira. Maturou por tanto tempo, que ao longo dos anos perdeu
muito de seus atributos iniciais, inclusive sua cor rubra desbotou um pouco.
Como todo 'vinho da casa', não se sabe o que está passando no processo de
vinificação e nem como foi engarrafado e distribuído. O que contribui com a
confusão que se formou entre seus primeiros consumidores, que sempre esperaram
que ele evoluísse em um baita vinho, daqueles que dá prazer de servir aos
amigos. Terá mais uma chance de ganhar admiração, mas por enquanto é apenas um
vinho que não mostrou a que veio.
Leonel Camasão
É praticamente um vinho da Romênia. A gente
até sabe que existe, mas não conheci ninguém que tenha degustado um.
Alexandre Setter é publicitário e publica o www.venividivinho.com.br