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domingo, 28 de outubro de 2012

Em defesa do voto nulo


POR ÍCARO ENGLER

Sofro de esquizofrenia. Não teria doença melhor para definir a minha visão e divisão do mundo social. Por um lado,sou cientista político e esta profissão me responsabiliza de entender o campo político, suas práticas e leis; seus padrões e recursos; sua profissionalização e símbolos. Assim, entender o campo político como ele é, a realidade, e não como ele deveria ser, no sentido típico ideal (utópico).

A partir da teoria do campo político, construída pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, corrente na qual me filio como pesquisador (Sim, não sou marxista, como já fui acusado, por esquizofrenia – desta vez dos acusadores), compreendo que os profissionais da políticavivem mais da do que para apolítica, e uma vez que perdem seus mandatos, estão desempregados. E aí se basearia a explicação para várias atitudes na política que me deixam perplexo, como eleitor.

Pois nesta condição de cidadão, tenho ideologias, anseios, vontades! Procuro votar de forma consciente, analisar as propostas, partidos, pessoas e delegar meu poder a quemacredito que faria o que eu considero melhor para minha cidade, estado e país.

Por partir destas premissas, não delego o meu poder ao menos pior! Este é o discurso que vejo na cidade onde nasci efui criado. Nela moram meus familiares e amigos. Os sujos falando dos mal-lavados. Acusações de coligação enormes, em que numa temos seis partidos, desde o 1º turno, e na outra sete, com as alianças para o 2º turno. Falam de fisiologismo, onde todos são profissionais da política.

Daí vão me dizer: “Mas o Udo é empresário, nunca foi político. É renovação! Renovação aliada ao PMDB?! Com o seu padrinho Luiz Henrique da Silveira?! E se ele nunca foi político, como se enquadra ao argumento de “experiência”? O discurso de gestor esvazia a política de dentro da política e isso só serve pra legitimar uma lógica que simplesmente não se aplica a este campo. A prefeitura não é uma empresa! É um órgão político do poder executivo municipal (aqui opina ocientista político). Não considero um empresário o porta-voz dos meus interesses (aqui o cidadão). Clarikennedy Nunes, muito menos! Por todas as questões que estão aí, mais freqüentes nas redes sociais, concordando em boa parte com os textos com as críticas ao Kennedy, publicados aqui no blog nestas últimas duas semanas.

O que fazer? Voto nulo! Não vou delegar o meu poder ao menos pior. Vou anular meu voto conscientemente como forma de protesto. Como um recado que diz: vocês não me representam.” Alguns vão argumentar que 50% mais um de votos nulos não anulam as eleições. Verdade! Está bem claro isso na lei. Agora pense um minuto, 50% mais um dos eleitores de uma cidade votam nulo e uma lei é que vai dizer o peso e o significado que uma manifestação social como essa tem?

Meu voto nulo está muito longe de ser uma abstenção. Seria se eu fosse para a praia e justificasse, mas não. Vou sair da cidade onde moro atualmente para, no dia 28 de outubro de 2012, anular meu voto na eleição municipal de Joinville. Ademocracia me permite isso! O regime democrático é muito mais do que eleições a cada quatro (ou dois?) anos.

Não delegue o seu poder ao menos pior. Isto sim é se abster de propor um debate maior e uma mudança real.

Icaro Gabriel da Fonseca Engler – Joinvilense e doutorando em Ciência Política(UFRGS)