POR JULIANO REINERT
Constantemente ouço pessoas chiarem: “O Cinemark é melhor! Deveria ter Cinemark em Joinville!”. Me pergunto: por quê?
Espere! Deixe-me tentar compreender as razões: com um concorrente, o preço da entrada do cinema seria mais barato, certo? É... isso até é um bom motivo. Mas não penso que o Cinemark, uma exibidora multinacional, viria a Joinville cobrar um preço mais acessível para assistir a um filme na sala escura. E mesmo que cobrasse, há poucos anos tínhamos uma concorrente do GNC – que hoje monopoliza este serviço: o Arco-Íris, no Shopping Cidade das Flores, que fechou as portas por falta de público. Tá que o Arco-Íris deixava muito a desejar. Mas se a preocupação das pessoas era pagar mais barato, não aproveitaram a chance.
Então, se não for isso, é porque teremos sessões de cinema alternativo, e não somente os blockbusters hollywoodianos. Ok. Mas então por que o Ciclo de Cinema da Fundação Cultural de Joinville (que acontecia no Complexo Antarctica) e aqueles promovidos pelo IELUSC e pela UNIVILLE nunca vingaram? Tudo bem que o local para exibição de filmes lá na Antarctica parecia mais uma cozinha (vergonhoso improviso), mas o SESC também promove exibições de filmes em um ambiente excelente. E de graça! E cadê o público?
Se cinema alternativo gratuito não dá público, porque pagar para isso no Cinemark?
Deve haver mais razões para essa necessidade (inexplicável) de muitos joinvilenses (por motivos estapafúrdios) justificarem que a melhoria na qualidade de exibição cinematográfica em Joinville está diretamente ligada à vinda de uma nova grande rede exibidora à cidade.
Circula-se um boato pelos corredores do Cidade das Flores que o cinema de lá, em breve, será reativado. Especulações, apenas.
O fato é que Joinville não tem cultura para o cinema. E, se algum dia quisermos que isso aconteça, é necessário educar as pessoas para respeitarem essa arte. E isso não tem nada a ver com o Cinemark.
Aquele filme joinvilense “As Estrelas Me Mostram Você” não pode ser gravado aqui porque precisaria interditar ruas (!). Nem de grande parcela da população, nem do poder público existe esse respeito com a sétima arte por aqui.
A antiga sede da prefeitura deveria se tornar um estúdio de cinema, colocando Joinville na rota de cidades conhecidas por desenvolver este tipo de trabalho. Não me surpreende que o local esteja abandonado e o projeto não tenha vingado.
O prédio – tombado – do Cine Palácio, hoje, como todos sabem (será que sabem?) é uma igreja. E está alterado, além de, atualmente, não servir em nada para que joinvilenses e turistas o usufruam como patrimônio municipal. Alguém se importa com isso?
É... infelizmente Joinville tem o que merece: a cerimônia do Oscar pela metade, na Globo, depois do Big Brother Brasil.
Juliano Reinert é jornalista, mantém um blog sobre cinema e outro sobre assuntos gerais. É escritor e cinéfilo.