POR CHARLES HENRIQUE
Pode parecer clichê, mas é a realidade brasileira. O carnaval está acabando, e o ano, finalmente, está começando. Após as manifestações culturais da maior festa brasileira (que em certos momentos mais se parece com um subterfúgio social para o sexo), temos nove meses para correr atrás do prejuízo já acumulado neste começo de ano. Para os órgãos públicos esta é uma velha máxima todos os anos.
Aqui em nossa cidade acompanhamos uma bela festa de carnaval, principalmente se considerarmos que até cinco anos atrás nada existia por aqui. A Fundação Cultural de Joinville (FCJ) fez um belo trabalho em todos os anos, e sem a ajuda do Governo do Estado, que ignora Joinville e investe no carnaval de cidades que metade dos joinvilenses nunca ouviu falar.
Tirando isso, a cultura infelizmente não se resume apenas à festa de Carnaval na Rua Rio Branco e na Praça Dario Salles. A FCJ dá importância exacerbada para esta festa, e esquece-se da difusão cultural promovida por outros projetos e pelos seus aparelhos públicos. Nesta atual gestão, ações que levavam as políticas públicas para os bairros (como a Caravana Cultural e o Curta nos Bairros, por exemplo) simplesmente deixaram de existir, sem ter nenhuma intervenção na periferia da cidade. Quem intervém na periferia são os artistas contemplados pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento da Cultura, o SIMDEC. Uma ótima forma de ajudar os artistas que não pode ser confundida com “terceirização”, entretanto, está.
Resta-nos aqui alertar que os museus de Joinville pedem socorro. Várias interdições irão marcar a política cultural joinvilense do começo deste século. O último a ser interditado foi o Museu do Sambaqui, referência mundial para os especialistas. Casa da Cultura está com uma reforma interminável, Estação da Memória, Museu Fritz Alt, Centreventos eTeatro Juarez Machado com problemas. Onde vamos parar? Não adianta dar a desculpa de que é uma “herança maldita” de gestões anteriores. Caso sabia-se do problema, por qual motivo não foi consertado? Não adianta ser omisso com o problema deixado pelo antecessor...
Está na hora da FCJ avaliar sua atuação, e, lembrar: a política cultural da cidade não se resume apenas a carvanal e SIMDEC. E mais: ter a dedicação que tem com o carnaval para com as outras áreas da cultura aqui na cidade; só assim teremos de fato uma difusão das idéias e do conhecimento, cujo ganho social é incomensurável. Será que o ano só começa agora para a FCJ?
Sim, é um problema velho, essa gestão foi incapaz como as anteriores na tentativa de fazer de joinville uma cidade cultural. a cidade gosta de teatro, de bons shows, de passear em parques e curtir exposições. O que falta são espaços, promoções (de eventos), incentivos que vão além do SIMDEC, como vc disse. Uma política cultural, para resumir em duas palavras.
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