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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Sem debates e com poucas pesquisas


POR JORDI CASTAN

Na reta final da campanha eleitoral a maioria dos joinvilenses não escolheram seu candidato a prefeito.

Sem ter acesso a pesquisas oficiais e dependendo de pesquisas oficiosas e de fontes pouco confiáveis. Por se isso fosse pouco o eleitor não tem acesso a debates públicos de qualidade. As televisões abertas não têm previsto fazer debates e isso beneficia os que já estão no poder, aqueles que já são deputados e tem a sua disposição recursos públicos, cabos eleitorais e toda a máquina partidária.

As propostas que estão começando a ser apresentadas pelos candidatos na propaganda gratuita são inexequíveis na sua maioria. Muitas promessas e poucas possibilidade ou pouca viabilidade.

Os eleitores querem mudanças, não querem a continuidade da velha política. Essa velha política representada por Darci de Matos e Fernando Krelling. Darci de Matos está na política desde o neolítico, quem conhece sua história pregressa sabe de onde ele vem, por que partidos, alianças e contubérnios já passou e sabem que sua ambição não conhece limites, sua capacidade de enriquecer com facilidade e a gestão manirrota que fez dos recursos públicos que teve oportunidade de administrar.

O Fernando Krelling é a aposta política do prefeito Udo Dohler, um intento desesperado de salvar a sua administração e garantir a continuidade do MDB. O eleitor parece preferir alternativas, novas formas de fazer política, outras soluções para os problemas de sempre. Alguém capaz de tirar a cidade do buraco é improvável que surja entre os candidatos, até porque a situação é muito pior que o que está sendo divulgado. Se Joinville deixar de afundar já seria um bom começo. Depois poderíamos começar a pensar em reverter. Hoje a prioridade é colocar a cidade de volta aos trilhos. Deter essa locomotiva descarrilada.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Mudança ou morte!


POR JORDI CASTAN
Esta é uma eleição diferente. É certo que cada eleição é única e tem suas peculiaridades, mas esta, especialmente, tem características próprias. Seria ideal que tivéssemos a capacidade de nós abstrair um pouco da emoção, do fanatismo, do rancor, do que diz e mostra a imprensa e olhássemos além do que querem nos mostrar.

O eleitor, especialmente o menos educado politicamente - o que nada tem a ver com o seu grau de instrução - é facilmente manipulado pelas pesquisas, pelas fake news, pelos diversos jogos de interesses que envolvem cada eleição. O efeito manada tem um peso considerável na decisão de votar neste ou naquele candidato.

O brasileiro tem a ideia que não quer perder o voto e vota, muitas vezes, como se fizesse uma aposta. Muitos votam em quem tem mais chances de ganhar, ou em quem as pesquisas dizem que tem mais chances de ganhar. É como se de uma corrida de cavalos se tratasse. O resultado é, entre outros muitos, a baixa renovação dos legislativos, a reeleição dos mesmos de sempre, a baixa chance que tem as propostas e os candidatos menos conhecidos.
Para quem quiser ter uma visão mais clara ou menos deturpada do cenário político, seria bom que deixasse de ler jornais, ver televisão e de analisar pesquisas, porque todos mentem. Alguns mais deslavadamente que outros, mas todos mentem. Cada um tem seus próprios interesses e a verdade é a primeira vitima deste cenário.

Para piorar ainda mais, os meios e instrumentos de que partidos, marqueteiros, o sistema e os políticos dispõem para distorcer a realidade são cada vez maiores e mais sofisticados. É comum ver imagens de manifestações, comícios, carreatas que não condizem com a realidade e não sempre é fácil identificar a manipulação que se faz, ou o objetivo pretendido.
Imagens, frases fora de contexto, editadas são meias verdades, quando não são mentiras inteiras. Assim que o eleitor que não queira formar parte do rebanho precisa estar muito atento. Há dois pontos que me parecem importantes e que são uma novidade nesta eleição.

As imagens de candidatos a deputado federal ou senador discursando para multidões de 3 ou 4 pessoas, deveriam gerar uma análise profunda da consistência dos percentuais mostrados nas pesquisas para esses mesmos candidatos. É evidente que alguma coisa não está certa. Aliás, é oportuno lembrar que Hilary estava eleita antes de abrir as urnas e que Trump não tinha nenhuma chance. Ou que Aécio ganhava de Dilma com facilidade.

O primeiro é que as pessoas estão perdendo a vergonha de se assumir como sendo de direita. Verdade que depois de tantas décadas de péssimos governos de esquerda, o eleitor demorou muito. Mas ajuda a melhorar o processo democrático que haja mais alternativas que não sejam a extrema esquerda e a esquerda, representados aqui pelo PSOL e o PSDB como vértices do espectro politico brasileiro. Era lógico que depois de anos de governos militares o eleitor optasse por escolher candidatos e propostas de esquerda. Sem novidade, completamente previsível. Só a falta de formação política do brasileiro pode justificar que tenham sido necessárias mais de três décadas para surgirem alternativas de centro, centro direita e de direita viáveis e com amplo respaldo popular.

O segundo ponto é o surgimento de movimentos horizontais, sem lideranças claramente identificadas, que não respondem a uma hierarquia tradicional. Num primeiro momento parecem desorganizados, mas rapidamente ganham o respaldo de uma parte significativa da população, o que em muitos países se chamava até faz pouco tempo de “maioria silenciosa”.
Frente à algaravia barulhenta que tradicionalmente era característica da esquerda, há agora uma mudança significativa. Os eleitores que se identificam com programas e candidatos de direita não têm mais medo de mostrar a cara, de sair à rua e de dizer aos quatro cantos que fazem isso livremente, sem precisar de pão com mortadela.

Escrevi, na semana passada, que esta eleição tinha se convertido num Fla-Flu ou num Barça- Madrid e esta sensação tem aumentado a cada dia. Nós e Eles, Corruptos e Honestos, Esquerda e Direita, Norte – Sul, Homo – Heteros, Brancos e Pretos, Altos e baixos, Machistas e Feministas, e todas as outras tribos em que estamos querendo dividir o Brasil. Espero só que a impunidade perca, que não ganhe a violência, que não nos deixemos levar pelos cantos de sereia dos que ante o risco de perder o poder que detém desde faz décadas queiram agora entregar os anéis para não perder os dedos.

Em tempo, só eu achei que a festa de posse do presidente do STF foi uma reedição cafona e fora de época do baile da Ilha Fiscal? O que mais me preocupou é que ninguém tenha ficado revoltado, nem envergonhado. Pode ser que porque boa parte dos brasileiros teriam gostado de ter sido convidados. Em quanto os que não achem nada de errado numa festa como aquela sejam maioria, a corrupção vencerá.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

As estatísticas do IPEA e outras peças de ficção

POR JORDI CASTAN



A divulgação, de forma irresponsável, de uma pesquisa elaborada pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas) e que, entre outros dados, informava que 65% dos brasileiros achavam que a forma de vestir das mulheres era um incentivo ao estupro, gerou uma forte reação em todo o país. Os dados apresentados pelo IPEA colocaram de uma hora para outra o Brasil na Idade Média ou na barbárie da Índia de hoje.



Se a fonte não fosse o IPEA, um mínimo de sentido comum deveria ter permitido identificar que os dados apresentados não faziam sentido. Se é verdade que isto não é Suécia tampouco vivemos na Índia ou no Afeganistão, países e sociedades em que o estupro não é visto como uma brutalidade inaceitável e milhares de mulheres são estupradas anualmente, com o silêncio cúmplice de toda a sociedade.

No Brasil, os casos de furtos, roubos e estupros lideram as pesquisas e junto com homicídios, latrocínios e assaltos ocupam um lugar predominante no ranking da violência e da criminalidade, neste país em que a vida vale cada dia menos.

Voltemos às pesquisas. A minha pesquisa favorita é a que utiliza a "teoria do frango" como metodologia. Ela parte da premissa que se hoje eu comi um frango e você nenhum, cada um de nos comeu meio frango. E estamos bem alimentados. Outros denominam esta metodologia "do freezer", aquela que diz que se colocamos a cabeça no forno e os pés no freezer a temperatura média será perfeita.

Aplicando esta lógica simples, para que 65% dos brasileiros achassem que a forma de vestir incentivava o estupro, seria preciso que em algumas regiões ou grupos pesquisados, praticamente a totalidade da população pesquisada manifestasse a sua concordância, para compensar o grupo, entre os que me incluo, que acha que cada um é livre para se vestir da forma que achar adequado, sem que isso possa servir de justificativa para que alguém seja estuprado.

As perguntas que não saem da minha cabeça são:
- Por que divulgar esta pesquisa justamente agora?
- Quem á encomendou e com que objetivo?
- Por que não houve uma análise mais criteriosa dos dados, quando foram divulgados?
- Ninguém percebeu o absurdo do resultado? Casualidade?

Não acredito em casualidades, tampouco acredito que Deus jogue dados. Acho sim que os pesquisadores do IPEA jogaram com os dados. Pode ser que os dados utilizados pelo IPEA sejam aqueles com seis lados, em que cada um dos lados está numerado de 1 a 6 e que são lançados ao azar, para quem gosta de acreditar na sorte.

Este episódio me deixa com a impressão que o nosso índice de crendice é muito elevado e a capacidade de análise dos dados e informações que recebemos a cada dia é cada vez menor. E assim ficamos mais vulneráveis e fazeis de manipular.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Institutos de pesquisa parecem baratas tontas

JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Você quer uma pesquisa em que o seu candidato apareça em primeiro lugar? Ou em segundo, para a coisa chamar menos a atenção? Então é só falar comigo que eu faço uns graficozinhos bacanas para a gente mostrar que o seu candidato está na frente. E ninguém vai achar que é diferente das pesquisas que andam por aí.

O leitor e a leitora podem imaginar que eu quero por os institutos de pesquisa em dúvida. Mas nem precisa, porque são eles próprios a passarem essa imagem de baratas tontas. Um diz uma coisa, outro diz outra e aí vem um terceiro desdizer tudo. E
no fim fica um claro descrédito. Parece que nenhum deles sabe o que está a fazer e são todos incapazes de identificar as intenções de voto dos eleitores. É uma tremenda confusão.

Um dia Udo Dohler aparece a liderar as intenções de voto dos joinvilenses. Daí a pouco aparece outra pesquisa que vira tudo pelo avesso e diz que Tebaldi é o preferido dos eleitores. E, claro, sempre podemos contar com a inefável Gazeta de Joinville, onde “surpreendentemente” o candidato à frente é .... (toquem os tambores em sinal de suspense)... Clarikennedy Nunes, quem poderia imaginar...


O fato é que as pesquisas divulgadas mais recentemente em Joinville só permitem uma conclusão: ou os institutos não sabem o que estão a fazer (descarto aqui a ideia de que façam pesquisas à la carte) ou então os eleitores entrevistados estão todos bêbados. Pensando bem, eis uma explicação plausível: talvez as pesquisas estejam a ser feitas na Via Gastronômica, quando a madruga já vai alta.


O mais interessante é que os candidatos - pelo menos os que tem grana - realizam as suas próprias tracking polls, pesquisas que acompanham pari passu a evolução das intenções de voto. E das que me tem chegado, é possível perceber que os resultados encontram um denominador comum. Que é diferente de muitas pesquisas.


Gente, eu tenho estado atento a essas coisas das pesquisas em muitos países e nunca vi uma azelhice como essa de Joinville. Em outros lugares os institutos tratam as pesquisas como coisa séria e os resultados são fiáveis (com mais ou menos margens de erro). É, inclusive, uma forma de orientar o eleitorado. Mas em Joinville parece ser a casa da Marlene... uma autêntica zona. 


Os caras estão a brincar com coisa séria (faz é tempo). E o resultado só pode ser a total descredibilização das pesquisas e dos institutos. Deixo uma dica: talvez fosse legal fazer uma pesquisa para ver em qual instituto o povo acredita. E sem esquecer de deixar a opção “nenhum”.