POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Mesmo que consiga ir para o segundo turno, como tudo indica, ou até vencer as eleições, o que vai ser muito mais difícil, a candidatura de Jair Bolsonaro está condenada ao fracasso. Perdendo ou ganhando, o fato é que o candidato nada tem a oferecer ao país. Não tem uma proposta. Não tem um programa. Não tem uma orientação. E o pior: o “prestígio” vem das franjas mais desinformadas da sociedade. A base de apoio de Bolsonaoro é formada por uma turba movida pelo ódio (de classe ou não), pelo obscurantismo e pela baixa qualidade cognitiva.
Por que Bolsonaro vai fracassar? Apresento aqui 10 razões:
1. Porque nunca, em toda a história, um candidato teve tamanha rejeição do eleitorado feminino. E, diga-se de passagem, a recusa é bem mais que merecida. Aliás, nos últimos dias parece haver uma tentativa de “amaciar” o palavrório. Mas é um problema que não se resolve com mudanças no discurso. Há uma trajetória onde sobram imagens, declarações e até gestos de violência física (como no caso da deputada Maria do Rosário). Enfim, atitudes inaceitáveis e que ultrapassam os limites da civilidade.
2. Porque é um homem de grandes limitações intelectuais. No popular: é muito burro. Bolsonaro tem um vocabulário limitado e é incapaz de ler a realidade. Não sabe sequer formar frases. “Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo”, diria Wittengstein. Daí a formular pensamento é uma viagem quase impossível. Na real, Bolsonaro é do tipo que, quando abre a boca, ou entra mosca ou sai besteira. Não dá para pôr fé num homem que não faz sinapses.
3. Porque a própria direita se sente desconfortável com o seu nome. Ao recusar a democracia e defender a ditadura, o candidato da extrema-direita põe qualquer democrata – seja de esquerda ou de direita – em sobressalto. Nos dias que correm, ficar colado à imagem de Bolsonaro é uma maldição que poucos políticos estão dispostos a enfrentar. É por essa razão que ele só consegue atrair o que há de mais repugnante na vida brasileira. Magno Malta, Alexandre Frota, Silas Malafaia e quetais.
4. Porque parte da velha imprensa, que sempre apostou as suas fichas numa “solução” de direita, já começa a achar que apostar em Bolsonaro é ir longe demais. Há um preço a pagar para manter a esquerda longe do poder, mas no caso de Bolsonaro alguns títulos já começam a manifestar a ideia de que é um preço alto demais. Porque como já diz o velho ditado, “cria corvos e eles te furarão os olhos”. Até a “Veja”, habituada a viver na lama, está a abandonar o pântano: “em processo, ex acusa Bolsonaro de furtar cofre e omitir patrimônio”, escreve, numa matéria que tem o claro objetivo de torpedear o candidato.
5. Porque a sua imagem está associada a um populismo tosco e a propostas erráticas. Não surpreende que tenha havido uma autêntica maratona para escolher o candidato a vice. Todos lembramos das recusas. Janaína Paschoal, para citar a mais famosa, foi sondada e recusou. E vários nomes de fora da política que foram cogitados – Luciano Huck, Bernardinho, Datena ou Joaquim Barbosa – sempre recusaram. No final, o candidato teve que se contentar com “escolha” meia-boca (de fato, ele sequer teve escolha) do general Mourão, um personagem que encarna o que há de mais apodrecido na política. Enfim, é o vice possível. Um cadáver político que anda por aí a espalhar o mau cheiro das suas ideias.
6. Porque só os maluquinhos de babar na gravata são capazes de apoiar um homem que defende a ditadura, a tortura e os torturadores. A ideia de ter um presidente capaz de cultuar a imagem de um torturador do calibre de Brilhante Ustra, um dos mais ignominiosos nomes da nossa história recente, é ir longe demais. É um passo muito abaixo da linha da dignidade e que poucos se atrevem a cruzar.
7. Porque é um candidato terceiro-mundista (na melhor das hipóteses) com propostas terceiro-mundistas. Bolsonaro sequer pode ser considerado de extrema direita. Marine Le Pen é extrema direita. Mateo Salvini é extrema direita. Viktor Orbán é extrema direita. Mas ainda assim a coisa acontece num outro nível. As extremas-direitas têm projetos políticso – não interessa discutir aqui o quanto são ruins –, enquanto Bolsonaro não tem um programa, apenas ideias soltas e muitas delas baseadas em tolices. É apenas extrema burrice.
8. Porque não há intelectuais entre as suas fileiras. Ou seja, não há ninguém com estofo intelectual para pensar o país. E se Bolsonaro vencer? Como será o dia seguinte? Fica tudo entregue ao tal Paulo Guedes, que já demonstrou não ser flor para cheirar. Aliás, é aí que mora o perigo. É tanta dependência de Guedes que qualquer pessoa é capaz de prever o que vai acontecer em caso de vitória: Bolsonaro vai ser uma marionete e o país será governado por Guedes.
9. Porque sempre que alguém abre a boca é preciso chamar os bombeiros da campanha. É só ver o recente caso da jabuticaba, envolvendo o seu vice, o famigerado general. Falar no fim do 13º salário e do abono de férias é mexer no vespeiro, porque fala a todos. Nem mesmo os maluquinhos bolsominions ficam tranquilos. Enfim, os homens atiram para todos os lados e até agora não tem acertado uma. É por isso que boa parte da famosa coxinhada, as pessoas que querem evitar a volta da centro-esquerda ao poder, recusa a ideia de Bolsonaro. É muito provável que em lugares como Santa Catarina (e Joinville, em particular) o candidato tenha maior votação. É da praxe, num dos estados mais reacionários do país. Aliás, vale lembrar, foi aí também que Aécio Neves obteve a sua vitória mais fulgurante nas últimas eleições.
10. Porque não há uma argamassa ideológica capaz de dar massa crítica ao movimento formado pelos seus seguidores. As pessoas não estão ligadas por ideias consistentes e o ideário é colado com cuspe. O “bolsonarismo” aglutina o pior do país em termos civilizacionais. Fascistas, fundamentalistas, sexistas, homofóbicos, gente violenta e toda espécie de reacionários estão na linha da frente. Não há militantes, apenas manifestantes. E é o tipo de gente que rejeita a inteligência e que, por falta de habituação à política, acaba por desmobilizar rapidamente. É só encontrar um novo “mito”.
É a dança da chuva.
Se o Bolsonaro se eleger, vejo que você irá torcer pelo seu fracasso. Ele fracassando, fracassa o Brasil.
ResponderExcluirVocê acusa ele de ser intelectualmente limitado, mas nunca li absolutamente nada, em seus textos até hoje, sobre as grandes asneiras feitas e ditas pela Dilma!
Você fala do possível fracasso do Bolsonaro, como se os governos Lula e Dilma tivessem obtido êxito! O país está quebrado, milhões de desempregados, escândalos de corrupção de proporções nunca antes vistos que culminaram com as punições desses dois ex-presidentes, com impeachment e prisão.
Você tem muita certeza do futuro fracasso do Bolsonaro e muitas dúvidas sobre o recente passado de fracassos de Lula e Dilma.
HGW XX/7
Segundo a última pesquisa o Bolsonaro tem praticamente A MESMA proporção de votos femininos que o candidato do presidiário. Essa rejeição feminina é uma farsa! O candidato tem cerca de 22 dos votos das mulheres (a maioria entre os candidatos) e, numa disputa com Haddad os votos femininos praticamente impatam!
ResponderExcluirOlha, mais burro que o encantador de jumentos, difícil! E ter um graduado beijando a mão do encantador de jumentos preso o torna inteligente? Não!
A direita não quer o PT. A direita escolheu Bolsonaro porque, justamente, esse candidato é o único com discurso contrário a patifaria petista. A direita e o centro (e até parte da esquerda!!!!) estão com Bolsonaro.
Populismo? Sério?
Hahahahahahahaha
Seu piadista!
Eu, a e maioria dos brasileiros, votamos em candidatos comprometidos com o peso da lei e que passam a mão na cabeça de marginal, como aquela deputada mau-caráter do PT que “diz defender as mulheres, mas passa a mão na cabeça de estuprador”.
Outro erro é associar o Bolsonaro à extrema direita. Aliás, para esquerda burra, tudo que for além do PSDB (que não visão tosca deles é direita), é extrema-direita. Eles não têm vergonha de apoiar a extrema esquerda com sua centena de milhões de mortos.
Claro, os “intelectuais” com estofo estão todos na esquerda. Olhem só o que os “intelectuais” com estofo deixaram como herança aos brasileiros: PT, Lula, Dilma, Temer, corrupção, caos, perseguições aos jornalistas isentos, tentativas de golpe com apoio de militares (conforme o próprio general Heleno).
Piadista!
A vice-poste (que até a pouco tempo foi vice-vice-poste), do poste é do PCdoB (!!!!!), uma dondoquinha típica das hordas comunistas goumert que vemos hoje em dia. A dondoquinha disse que pretende, vejam só, “aumentar o imposto dos mais ricos”, quando questionada “qual parcela da população seriam esses ‘mais ricos’”, a dondoquinha cravou: 5%!
Bom, 5% da população “mais rica” no Brasil recebe menos de 5 mil reais mensais. Então, para a dondoquinha comunista que faz enxoval em NY, se você ganha 5 mil reais, é uma pessoa “rica”. Hahahah. Mas ela é tão insignificante que a imprensa comprada e parcial não divulga esses absurdos.
Em tempo, prefiro morar num estado “dos mais reacionários” do que, sei lá, no Maranhão, que vai reeleger o comunista mais uma vez para governador e manter aquele estado como o mais atrasado do país. Nenhuma novidade.
Por fim, é justamente essa maldita “argamassa ideológica” que estamos tentando dissolver. Queremos pragmatismo, um hoje, outro amanhã; não paixões ideológicas.
De fato, não há “militantes” pagos, há manifestantes com organicidade dispostos a derrubar esse estado podre que herdamos da esquerda desde a redemocratização, e criar um outro, sem o PT, MDB e PSDB no governo.
Ok... a tua resposta é maior que o meu texto. O problema é que não leste o meu texto e estás a responder a sabe-se lá o quê...
ExcluirA graça do texto é que o blog tem UM leitor chamado Borat e o dono quer falar sobre o fracasso dos outros. Adorei.
ResponderExcluirÉ para ver o atraso. O Sacha Baron Cohen já está com montes de personagens no "Who Is America" e ainda tem gente ligada no Borat.
ExcluirMeudeusquantoódio...
ResponderExcluirE?
ExcluirQuero ver a cara da petezada quando o Temer indultar o presidiário no final de ano em troca de um carguinho com foro num possível governo Haddad...
ResponderExcluirOpa. A tua bola de cristal disse isso? Mas peraê... o que isso tem a ver com o meu texto?
ExcluirUm general cotado para o ministério de educação disse que, para o aluno ser devidamente penalizado por uma agressão contra o professor, há possibilidade de eliminar o ECA e apresentar algo mais viável.
ResponderExcluirO voto no Bolsonaro está ficando cada vez mais tentador...
Então vota no general...
ExcluirDá uma lidinha no Capítulo IV do ECA. Não é preciso revogá-lo, mas sim aplicá-lo. O problema, neste caso, não é com o presidente, mas com o sistema judiciário.
ExcluirApareceu O leitor do blog!!
ExcluirIsso tudo é saudade? Um abraço pra ti, cara!
ExcluirE felizmente eu leio os posts. Já você...
ExcluirEu evito ler esquerdice, vai que pega. kkkkkkk
ExcluirAbraço
Não é ler esquerdice. É deixar de ser tapado e saber criticar algo que você lê e não concorda. Infelizmente pedir para você raciocinar parece ser pedir muito!
ExcluirParabéns pela análise.
ResponderExcluirGracias
Excluir"Bolsonaro defende generais em ministérios e diz que presidentes anteriores nomearam terroristas" (Folha de São Paulo julho 2018) - Palestra na Confederação das Indústrias.
ResponderExcluirNeste sábado, o povo foi às ruas revindicar Bolsonaro presidente.
Acredito que a hora é agora mesmo, ou existe alguma dúvida sobre o futuro regime de governo?
Ministros das Forças Armadas, Justiça, Educação, Vice Presidência, todos honrados militares (já não vimos esse filme num passado recente da democracia brasileira?)
Fazer passeata ou carreata com o exército aquartelado é fácil, quero ver ir pra rua atrás de direitos e chegar na esquina da João Colin (citando apenas nosso quintal) com 4 caminhões de milicos aguardando o aglomero.
Eleitores de Bolsonaro tem menos de 50 anos, na grande maioria jovens "revoltados com o sistema".
As vezes até acho que o povo merece Bolsonaro, como diz aquele nobre deputado de São Paulo "pió que tá não fica".
Obs: Bolsonaro foi aplaudido mais de 10 vezes na palestra da Confederação das Indústrias, porque será? Emprego ou direitos?