Não há nenhuma dúvida de que Joinville tem escolhido ser a
maior. A maior cidade do estado, a maior economia, o maior colégio eleitoral, o
maior consumo de energia. Enfim, a maior em tudo, mas sem perceber que "ser a maior" quer
dizer também ter mais problemas, maiores problemas e mais
complexos. Enquanto o futuro da cidade
for traçado pela mesma lógica que segue uma célula cancerígena, a de
crescer indefinidamente, sem medida e sem controle, o resultado é previsível. E não é bom.
Surpreende uma cidade que teve a oportunidade de
elaborar um planejamento estratégico - em que escolheu ser uma cidade na que se
realizariam sonhos - tenha abandonado esta visão para ser uma cidade em que se
materializam pesadelos. O desafio por uma cidade sustentável, moderna,
inovadora, culta, eficiente e com qualidade foi abandonado em algum lugar do
passado recente, para escolher o caminho do crescimento metastástico.
Os índices de saneamento básico, de segurança, de
mobilidade ou de qualidade de vida em vez de melhorar têm piorado. O pior é que
também os indicadores econômicos têm perdido fôlego, algo que só os nossos
dirigentes e os partidários do lucro a qualquer custo não enxergam. Joinville
segue apostando num modelo ultrapassado. O resultado é uma participação menor
no bolo do ICMS, redução do emprego, aumento da violência urbana e uma cidade
que esta cada dia mais ao léu.
O modelo de "quanto maior melhor" é obsoleto e condena a sociedade a viver em
cidades com problemas insolúveis de mobilidade, de infraestrutura. Converte o
sonho de morar em cidades modernas num autêntico inferno. As pessoas se
amontoam em espaços cada vez menores, se reduz o tamanho dos lotes urbanos, se
reduzem os índices de ventilação, de insolação, se aumentam os de densidade, se
reduzem as áreas verdes, árvores e calçadas cedem espaço ao carro e o resultado
é cada vez pior.
Não há nenhuma proposta para limitar o tamanho da cidade. Para melhorar a qualidade de vida dos joinvilenses, para atrair outro perfil de
empresas, para potencializar outro tipo de negócios. O modelo segue sendo o de
prolongar ao máximo o modelo atual, mesmo que exaurido, permitir que ganhe uma
sobrevida, ainda que para isso precisemos comprometer o futuro das novas
gerações.
Mas, afinal, a quem importa o futuro? O que interessa é o lucro fácil e
imediato. E Joinville segue com este crescimento metastático, sob o olhar
cúmplice de todos os que vampirizam a sociedade e dela se beneficiam.