terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Os maiores marxistas do mundo











POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Um é marxista e tende para o marxismo. O outro também é marxista, mas pende para a anarquia (não confundir com anarquismo). Viveram em tempos diferentes e já foram desta para... para lugar incerto. Um era ateu e não acreditava nesse papo de vida após a morte. O outro não levava essa coisa de morrer muito a sério. Mas vamos ficcionar* um encontro entre dois dos maiores marxistas da humanidade: Karl Marx e Groucho Marx, numa mesa de bar.
Karl Marx – Senta aí, Groucho. Queres beber alguma coisa? Comer um bife? Ou és vegetariano?
Groucho Marx – Não sou vegetariano, mas como animais que são. E aviso que não pago. Pagar a conta é um costume absurdo.
Karl – Sempre o dinheiro. A propriedade privada tornou-nos tão estúpidos e limitados que um objeto só é nosso quando o possuímos.
Groucho – Vê-se que morreste pobre. Sabes que o segredo do sucesso é a honestidade. Se conseguires evitá-la, não tem erro...
Karl – O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem.
Groucho – Tens razão. Há muitas coisas na vida mais importantes que o dinheiro. Mas custam tanto.
Karl – O dinheiro não é tudo. E, cá para nós, o declínio da sociedade burguesa é inevitável. Por que não te juntas aos comunistas?
Groucho –Não entro para clubes que me aceitam como sócio.
Karl – Sabes que o capitalismo gera o seu próprio coveiro.
Groucho – Não fales em coveiros. Eu pretendo viver para sempre... ou morrer tentando.
Karl – Tenta entender. O comunismo não é para nós um estado que deve ser estabelecido, um ideal para o qual a realidade terá de se dirigir...
Groucho – Ora, estes são os meus princípios. Mas se não gostas deles, eu tenho outros.
Karl – A revolução é o motor da história. Podes crer...
Groucho –  Ok... todo mundo precisa crer em algo. Portanto, creio que vou tomar uma cerveja.
Karl – Tens uma falta de fé muito sólida. Mas lembra: tudo o que é sólido desmancha no ar.
Groucho – Então vamos beber a tal cervejinha, que é líquida. E fazer um brinde às nossas esposas e namoradas: que elas nunca se encontrem.
Karl – O meu casamento com a Jenny sempre esteve acima dessas coisas.
Groucho – O casamento é uma bela instituição. Naturalmente, se você gostar de viver numa instituição. Aliás, eu fui casado por um juiz... devia ter pedido por um júri.
Karl – É isso. Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha...
Groucho – Ahã. Karl, tu andavas na política, vivias sempre fora de casa, no exílio e até na cadeia... e tiveste seis filhos? Ah... e tiveste tempo para engravidar a empregada? Se trabalhasses em casa...
Karl – Ei, eu nego essa coisa da empregada.
Groucho –Também corri atrás de uma garota por dois anos, apenas para descobrir que os gostos dela eram exatamente como os meus: nós dois éramos loucos por garotas. Eu sou solidário, Karl.
Karl – É... o caminho do inferno está pavimentado de boas intenções.
Groucho – Boas intenções? Tu não assumiste a criança. O Engels é que perfilhou o moleque. Aliás, esse sim é um amigão...
Karl – É um companheiro de luta. Os filósofos limitam-se a interpretar o mundo de diversas maneiras, mas o que importa é modificá-lo. Engels percebeu isso. E fez muito por mim.
Groucho – Mas é como eu sempre digo: ninguém é completamente infeliz diante do fracasso do seu melhor amigo.
Karl – Olhaê... vou nessa. Prazer em conhecer, Groucho.
Groucho – Prazer? Ora… conheço Groucho há anos e não tive prazer nenhum nisso.

Um Marx é pouco. Dois é bom. Três é um trio.

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