terça-feira, 5 de março de 2013

A tonadilha do flautista

POR JORDI CASTAN


Há músicas e músicas. A boa música é eterna, não cansa, não fica repetitiva. Podemos nos deliciar com ela por dias a fio. Mas há outras que rapidamente cansam. São essas que ficam de moda com facilidade e que em pouco tempo saturam, enjoam.

A música deste governo já esta tocando faz um tempo e está começando a ficar repetitiva. Fica tão repetitiva que mais parece mantra que música. Planejar a Joinville dos próximos 30 anos é um discurso bonito. Tenho conhecidos que até acreditam que, por trás do discurso, há conteúdo e que o tempo vai mostrar.

As notas que compõem a melodia são:  necessidade de aprovar a LOT, para evitar que Joinville pare. A importância de receber multinacionais para fazer crescer a economia. E os investimentos em duplicações e elevados para resolver o problema da mobilidade. Todas elas, pautas iminentemente de interesse empresarial e, mais concretamente, dos maiores da cidade. Para poder dar um ritmo mais popular, a melhoria da saúde é o estribilho.

Sobre a LOT já tem se falado e escrito muito. Os dois lados estão bem em evidência. Há os desenvolvimentistas (a todo custo e a qualquer preço). E há a sociedade, que quer entender melhor, conhecer mais e que defende a preservação da qualidade de vida. O modelo econômico baseado na atração de grandes indústrias, principalmente multinacionais, tem o seu encanto e atrai com facilidade o interesse dos políticos, ainda mais quando se inclui a festa de inauguração de uma nova unidade industrial.

Mas é um modelo econômico concentrador de renda e, na maioria dos casos, a riqueza aqui gerada não fica na região. Há ainda o discurso da geração de emprego e esquecem os políticos de novo que o maior gerador de emprego no mundo são as PMEs (pequenas e medias empresas), que na Itália respondem por 69% de todos os empregos formais, no Japão por 74% e no Brasil, a pesar da pouca atenção do governo, as PMEs representam 60%. Duplicações e elevados foram a bandeira do candidato derrotado e agora são apresentadas como a solução para os problemas de mobilidade urbana. Equivale a dizer que para resolver o problema do excesso de peso a solução é continuar comendo as mesmas calorias ou mais e passar a usar um cinto vários números maior.

Se a tonadilha do flautista não fosse tão estridente e as pessoas começassem a procurar o conteúdo por trás do discurso, seria possível identificar que não há uma proposta de cidade para os próximos 30 anos, menos ainda para os próximos 50. A maioria de cidades desenvolvidas ou que querem assim ser consideradas estão propondo modelos e cenários para o futuro. Cidades sustentáveis, com qualidade de vida, focadas nas pessoas, que priorizam modelos econômicos inclusivos e justos. Cidades eficientes, que desenvolvem a mobilidade para reduzir o uso do veiculo individual e priorizam o transporte coletivo de qualidade e multimodal.

Aqui a sensação é que estamos olhando em outra direção, seguindo um modelo que já mostrou que não dá certo. A maioria não ousa ou não alcança a questionar, prefere acreditar que estamos no caminho certo. A pergunta que poderíamos nos fazer é quais são as cidades que despontam como referência, no mundo, para os próximos 30 ou 50 anos? Que tem a nos oferecer como modelo e inspiração? Quais as cidades que poderiam nos servir para fazer com elas benchmarking? Porque no momento atual é mais importante fazer as perguntas certas em lugar de querer ter as respostas corretas. O maior risco que correríamos seria que surgissem alternativas, que pudessem questionar e por em evidencia as certezas em que se baseiam as propostas do governo atual. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Por que não em Joinville?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Não sou e nem quero ser urbanista. Mas sou um cara que gosta de cidades e que tem algumas ideias a respeito. Sempre do ponto de vista do usuário, claro. A minha visão sobre mobilidade nas urbes é a mais óbvia possível: primeiro as pessoas, depois as bicicletas, os transportes sobre trilhos, os transportes coletivos sobre rodas e, finalmente, os carros. Nem mais.

É o que tenho visto nos lugares da Europa que vou visitando com o tempo. As melhores cidades são aquelas em que eu não preciso de carro. Cidades com enormes espaços para os pedestres. Mas não estou a falar de calçadõezinhos mixurucas como fazem nas cidades brasileiras. São espaços pedonais a sério, amplos, onde as pessoas caminham, fazem compras ou apenas sentam numa esplanada para tomar um café.


E em quase todas as cidades d
as quais mais gosto há um ponto em comum: o metrô de superfície, aquilo que aí no Brasil chamam VLT - Veículo Leve sobre Trilhos. É o transporte civilizado por excelência. No entanto, sempre que toquei no assunto, aqui no blog ou no jornal A Notícia, as pessoas arranjaram as mais esfarrapadas desculpas para não discutir o assunto.

- É caro.
- Não se adequa a Joinville.
- É coisa para o futuro.


Ou seja, é a lenga-lenga do imobilismo provinciano, de gente que nunca pôs o traseiro num veículo desses e que sequer viu o sistema a funcionar. E o pior: é gente que faz o jogo do poder público, que assim se vê livre da obrigação de pôr o assunto na agenda. Afinal, instalar um sistema de metrô de superfície é algo complexo e vai para além dos períodos de quatro anos das urnas.


Aliás, esse é o maior câncer das administrações municipais do Brasil. Não há visões de longo prazo. Porque o prazo mais distendido é sempre de quatro anos. Tudo o que demande mais tempo do que as urnas é logo posto de lado. Porque n0 Brasil governar é trabalhar para a reeleição.


Mas como sou um sujeito insistente, hoje vou fazer uma espécie de reportagem fotográfica a mostrar os lugares onde vi que a coisa funciona, sempre com o tal VLT a fazer interface com outras formas de transporte.

AMSTERDAM - Para começar, a foto mostra uma realidade mais ampla: não apenas o VLT, mas interfaces com vários sistemas transporte (tendo em consideração as especificidades locais), sempre de forma a facilitar a vida das pessoas.



ALMADA (LISBOA) - É a minha cidade. Faz o interface com o trem, ônibus e o barco no rio Tejo (da minha casa ao barco gasto cinco minutos). O projeto começou há uns 25 anos. E faz apenas cinco anos que entrou em funcionamento. A prova de que leva tempo implantar um projeto assim.



BOURDEAUX - Numa zona dedicada aos pedestres, a única interferência é a dos trilhos do metrô de superfície, que aparece lá ao fundo. Se olhar ali à direita vai ver um táxi-bicicleta para tours pela zonas pedonais da cidade. Tirei a foto em preto e branco (Bourdeaux pede fotos nesse tom), mas é recente.





BUDAPESTE - Os húngaros vivem um processo de modernização das suas estruturas, mas ainda mantêm estes veículos do período soviético. O sistema ainda tem carências, mas a base para trabalhar está feita. Também há os veículos novos, mas mostro este antigo porque parece mais charmoso.




LISBOA - O elétrico (é o nome do bondinho) é um antigo sistema usado nas ruas mais estreitas das colinas de Lisboa. Mas essas linhas antigas - onde o bonde concorre com os carros - acabaram por se tornar um ícone da cidade e foram mantidas. A Carreira 28, essa da foto, é viagem obrigatória para qualquer turista.






OSLO - Apesar de ser capital de um país, Oslo é uma cidade pequena, como pouco mais de 600 mil habitantes na sua área urbana (no total são mais de 1 milhão). Mas você pode contar com um eficiente sistema de metrô de superfície e de subway. E atenção à promessa de cumprimento de tempo: 5 minutos.




SEVILHA - É uma das cidades mais interessantes da Espanha - em especial no verão - e a as autoridades têm investido no VLT como forma de melhorar a mobilidade local. Posso estar enganado, mas parece que as obras foram rápidas por lá.




RABAT – Uma contribuição do Jordi Castan, que apresenta a solução em Rabat, capital do Marrocos. Nunca estive na cidade, mas se até na África as autoridades acordaram para a solução, difícil entender que no Brasil ainda achem que é coisa do outro mundo.


sábado, 2 de março de 2013

JEC: ou vai ou racha!

POR GABRIELA SCHIEWE

JEC - Hoje tem Tricolor na Arena e todos os caminhos...bom vocês já sabem né, dia de sol, JEC na Arena, bingo! Jogo lotado.

O jogo realizar-se-á às 16 horas contra o Guarani. O Joinville está em 6º e o Guarani em 9º, mas do 3º ao 6º as coisas estão bem emboladas e, se o Tricolor resolver que vai jogar alguma coisa hoje e os seus adversários amarelarem, temos boas chances.

A verdade é que chega a ser ridículo estar aqui falando do JEC, no Campeonato Catarinense, em 6º lugar.

Bom o técnico mudou um bando para esse jogo, depois da vergonheira contra o Juventus. Também, trocar jogador não é problema, já que a diretoria não para de contratar. Sem comentários.

Até agora o Joinville não engrenou, joga 1 bem, outro mal, estoura crise, o culpado é o Lima, ele fica afastado, o time ganha, pronto solucionado. Aí a maionese desenda de novo, opa não era o Lima. Fato é que desse jeito nos resta rezar e esperar que os milagres ocorram, pois a Série B o bicho pega e daí que "a jiripoca vai piá".

Boa sorte hoje, sábado dos milagres!

KRONA -  Olha não quero cantar vitória antes da hora, mas me parece que 2013 começou diferente para o nosso futsal.

Não é apenas o fato de ter vencido o primeiro título disputado, até por que o ano passado começou vencendo a Superliga, no entanto foi um campeonato sofrido, que jogou mal, mas levou. Já este ano não, começou leve, as coisas fluindo, entrosamento aparecendo e não atabalhoado como sempre era de costume.

Agora já tem mais um desafio, vamos ver se as minhas impressões estão, de fatos, de acordo com a realidade. Espero que sim.

BASQUETE - É molhados, o basquete está pagando o preço, quer dizer, dinheiro foi a palavra que definiu tudo para o nosso time que tanto tem nos alegrado.

A falta de investimento para manter a equipe de ponta e competitiva que estávamos acostumado está diretamente ligada aos resultados que vem se apresentando, infelizmente.

Viver só de milagre não é possível. O time é abaixo do que estavamos acostumados e precisamos ajudar e torcer para que não percamos mais um esporte que tanto reverencia a nossa cidade.

Perda do patrocinador é um grande problema e tomara que a cidade, através de seus empresários abracem essa idéia e junto com a diretoria formem uma grande equipe novamente.

Joinville, a não ser por raras exceções, tem deixado a desejar e muito no esporte, principalmente no que diz respeito ao setor público.

Lamentável!

sexta-feira, 1 de março de 2013

The Walking Dog


#choremo


POR FELIPE SILVEIRA

Em uma sociedade em que tudo parece errado, torto, confuso, perdido e zoado, escolher um assunto para debater aqui até parece fácil, mas eu confesso que tenho a maior dificuldade pra escolher.

Veja março, por exemplo. Começou com uma bela manhã de sol, mas também com a notícia de que o deputado federal Marco Feliciano, do Partido Social Cristão (PSC), vai comandar a Comissão de Direitos Humanos. Por favor, alguém me explique.

Alguém me diga, eu imploro, como um sujeito que disse que a África é amaldiçoada por causa de Noé e que se opõe a qualquer proposta a favor de direitos LGBT pode presidir uma comissão de Direitos Humanos... (olhem na imagem "as ideia" do Marco Feliciano)

Aí você volta um pouquinho no tempo e vê que a secretária estadual de Segurança Pública e Cidadania (quê?), Ada de Luca, finalmente botou os pés em Joinville e atendeu aos vereadores depois de mais de um semestre de tentativas de encontra-la. Não só atendeu como jogou na cara que comitivas de parlamentares não resolvem porra nenhuma e por isso ela não os atendeu. Porém, nas duas vezes em que os vereadores estiveram em Florianópolis ouviram que Ada não compareceu por causa de problemas de saúde.

Aí você me pergunta se eu acho que comitivas de vereadores resolvem alguma coisa. Bom, eu acho que deveriam e poderiam se tivéssemos vereadores realmente competentes, capazes de fazer o debate sério acerca dos problemas da sociedade. E sabemos que não é bem assim. No entanto, nada justifica o comportamento arrogante e irresponsável de Ada de Luca.

Evidentemente que de onde menos se espera é de onde não sai nada mesmo. E o que esperar de uma secretária e de um governo que sofre mais de cem ataques do crime organizado e tem a cara de pau de vir dizer que nossos valorosos edis (hahaha) não resolvem nada?

Bom, eu sei o que esperar. Dá pra esperar mais bobagens, como a defesa da redução da maioridade penal feita pelo (des)governador Raimundo. Parece uma boa forma de se esquivar do problema que ele mesmo causa com o corte de verbas da cultura, do esporte e da educação? Pra que escola, se pode construir cadeia e enfiar todo mundo lá?

(E vocês, seus putos, não me venham falar em Pacto por SC!)

Enquanto isso, aqui na cidade "a gente" comemora a inauguração de fábrica de carro e a duplicação de avenida (cujo problema de trânsito seria resolvido com um binário).

A gente só esquece que o carro fabricado vai entupir a via duplicada. E que a passagem do transporte público, sem investimentos e vontade política, vai aumentar, fazendo com que mais gente compre carro e moto (ficando endividada e deprimida). Aí mais gente caí de moto e entope o São José, tornando a saúde pública um problema. E depois tem que cortar investimento do esporte porque é preciso priorizar a saúde... E assim vai...