quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A gaiola dos macacos


POR JORDI CASTAN

Henry Mencken, jornalista americano definiu de forma precisa a Democracia, como sendo a arte de gerir o circo desde a gaiola dos macacos.

É conhecida a experiência desenvolvida a partir de um estudo cientifico sobre o comportamento de um grupo de macacos colocados numa gaiola. No centro da gaiola e a certa altura se colocou um cacho de banana. E se disponibilizaram algumas caixas, que se empilhadas permitiriam a um macaco ou a um grupo deles alcançar as bananas.

Um dos macacos tomou a iniciativa de empilhando as caixas alcançar o cacho. Quando conseguiu, um potente jato de água foi lançado sobre todo o grupo.
E sucessivamente foi repetida experiência, até que os próprios macacos desestimulavam, inclusive com violência, os que insistiam em tentar alcançar o cacho.

Quando finalmente não houve novas iniciativas, um dos macacos da gaiola foi substituído por um novo macaco, que sem conhecer a experiência, tomou a iniciativa de tentar alcançar o cacho, sendo desestimulado a fazê-lo pelos demais macacos. A experiência foi repetida até que todos os macacos que compunham o grupo inicial foram substituídos por um novo grupo de macacos que nunca tinha vivido a experiência de receber o jato de água. Porem que de modo condicionado e estimulados pelos outros, desistiram de tentar alcançar o apetitoso cacho de bananas maduras.

Temos aqui na nossa paróquia, as nossas próprias gaiolas de macacos, em muitos casos a troca, total ou parcial, dos macacos se realiza de quatro em quatro anos, em outras com menor freqüência. Também aqui são os macacos mais experientes os que assumem o papel de instruir os novos sagüis, que entram na gaiola, sobre o que pode e o que não pode, sobre o que deve e o que não deve ser feito. O curioso é que a cada nova troca, os sagüis recém chegados superam rapidamente a técnica, criatividade e habilidades dos macacos mais experientes. As macaquices dos novos sagüis superam em muito o imaginado pelos antigos lideres do bando que cedem o seu espaço a novas hordas de sagüis ensandecidos, ávidos por cachos de banana e por fazer macaquices inimagináveis pouco tempo atrás.

7 comentários:

  1. Gostei do velho paradigma sob esta ótica.
    Concordo totalmente que as coisas são muito mais naturais do que alguns descrevem.

    Texto simples, objetivo e reflexivo.

    Valeu a leitura.

    ResponderExcluir
  2. Bem pensado, Jordi. A metáfora seria cômica, se a tragédia não fosse tão desgraçadamente real...!

    ResponderExcluir
  3. Acho pouco prudente e pouco oportuno jogar tudo na mesma vala. Deste modo, perde-se de vista a complexidade das coisas, seus paradoxos, suas ambiguidades e ambivalências, nuances. Se for assim, qual é a saída? Não seria melhor concentrarmos nossos esforços pensando nas possíveis saídas? Estamos na iminência de novas eleições municipais e, se for este o quadro que Jordi está pintando, não temos escolha. Anular? Não votar? (Considero as duas opções legítimas, desde que sejam um caminho de se posicionar, e não de "lavar as mãos"). Prefiro pensar que, no caso de Joinville, é melhor impedirmos que os macacos mais experientes continuem tendo o poder de instruir os mais novos. Com eles fora de cena, talvez reste aos mais novos mais caminhos de resistência. É isso.

    ResponderExcluir
  4. Mas M. Elisa, as macaquices são muito complexas,e, por vezes, oportunas e prudentes.

    Não temos escolhas quanto ao fato que macacos fazem macaquices, mas o texto não delimita quais são as macaquices.

    E a absorção de experiencias também pode ser algo proveitoso. Tem cada macaco esperto por ai...

    ResponderExcluir
  5. PERFEITO, Jordi. Não dê bola para quem só pensa em complexidades e paradoxos quando se mexe com os seus, mas é fria, curta e grossa quando se trata dos seus antípodas.

    ResponderExcluir
  6. ... nunca levei muito a sério aqueles que tentam ininterruptamente transparecer que "se levam" sempre muito a sério...

    Não me parece crível... ai tem.

    O que o Jordi faz por aqui?

    ResponderExcluir
  7. kkkkkkk!!!!! O Jordi é muito "louco", no bom sentido da palavra. Hehehehe, que paisagista que nada, muito antes disto ele é um antropólogo de primeira!

    ResponderExcluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem