Por JORDI CASTAN
A fascinação que o chamado velho mundo exerce
sobre quem não o conhece profundamente é surpreendente. Imaginar que podemos,
em uma semana, decifrar a complexidade de uma sociedade plural e heterogênea
parece uma ousadia. Facilmente ficamos deslumbrados pelo
funcionamento de uma sociedade que tem conseguido, ao longo do tempo,
distribuir melhor a riqueza, manter e aumentar a qualidade de vida dos seus
cidadãos e que se impõe metas de sustentabilidade e de justiça social
impensáveis por estas terras.
O viajante apressado, no seu desejo de querer
conhecer tudo ao mesmo tempo, imagina que seja possível visitar cinco países
numa semana, alguns mais ousados, voltam proferindo aulas magistrais sobre o
que viram, muitas vezes sem ter nem descido do ônibus descoberto, que por uns
poucos euros mostra a imagem idealizada dos principais pontos turísticos. Até
nem duvido que daqui a pouco alguém proponha implantar um destes serviços de
ônibus turístico em Joinville.
Enxergar só a superficialidade das coisas,
sem o necessário aprofundamento e conhecimento, é um risco para o administrador
publico que querendo conhecer outra referencia de cidade e outros modelos de
desenvolvimento, se deixa impressionar pelas aparências. É preciso ir alem da
superficialidade, saber enxergar não só o aparente, mas também o oculto do
aparente. Os melhores conseguem visualizar o aparente do oculto e só uma
minoria, consegue ir além da superfície, e descobrir o oculto do oculto.
Conhecer só algumas partes de um todo, sem
entender a complementação entre elas, a sinergia que é preciso gerar e o
conjunto de leis que protegem o cidadão dos abusos da força econômica, a defesa
do comercio de rua para que o zoneamento seja mantido para preservar os seus
negócios em nome do desenvolvimento social e do emprego. As mesmas leis que
impedem o crescimento desordenado das cidades, para além do bom senso, e
colocam limitações a verticalização na maioria das cidades européias. São as
mesmas leis que inclusive protegem o patrimônio histórico e cultural que hoje
tem se convertido na sua principal fonte de recursos e de desenvolvimento
turístico.
Europa pode servir como um bom modelo, de
desenvolvimento urbano equilibrado e sustentável, para muitas cidades jovens,
que ainda tem como Joinville, muitos erros para cometer e que estão se
esforçando em cometer a maior parte deles no menor tempo possível. Mas o maior
erro será acreditar que de uma alegre viagem de turismo poderá resultar alguma
mudança, por mínima que seja, no modelo de desenvolvimento e de cidade que
estamos seguindo, falta humildade para aceitar o nível e a profundidade do
nosso desconhecimento. Será aconselhável que novas viagens sejam previstas
também a outros destinos que estejam mais próximos da nossa
realidade, tanto física como culturalmente.
Falta humildade, para todos.
ResponderExcluirPerfeita a tua crítica, Jordi. Tomo a liberdade de complementá-la: As universidades que se instalam em Joinville (já conversei à respeito com o vereador Cristo, que é especialista da área), poderiam suprir o conhecimento, a experiência e a adaptação de soluções de outras cidades e países, se for o caso, para a realidade de Joinville. Basta para isso, propor a introdução áreas de formação e pos-graduação em estudos e especialização em urbanismo. Não seria difícil, já que essas universidades estão, mesmo, se instalando e Joinville e sua área de influência (cidades próximas da região norte) são um laboratório vivo de praticamente qualquer "case" para soluções integradas de urbanismo para uma região metropolitana.
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