POR JORDI CASTAN
Pela gritaria e os
discursos inflamados da gangue do tijolo, Joinville parou. A não aprovação da
LOT - Lei de Ordenamento Territorial fez a cidade retroceder, dezenas de indústrias trocaram Joinville por
Araquari, a nova Manchester Catarinense, que prospera por conta da situação.
Dá para acreditar no
discurso dos representantes da apocalipse? Os dados não sustentam estas
afirmações. O jornalista Claudio Loetz, na coluna "Livre Mercado", no jornal "A
Notícia", divulgou os dados da própria Seinfra sobre alvarás e sobre o total de
metros quadrados autorizados para construir. Mesmo sob risco de ser repetitivo, cito os dados apresentados:
CONSTRUTORAS
MOVIMENTAM MAIS DE R$ 1 BILHÃO
Em 2012, as construtoras de Joinville
receberam autorização da Prefeitura para erguer 988.750 m². A se considerar
valor do custo unitário básico (CUB) de R$ 1.220, o setor movimenta, na
economia, uma receita de R$ 1,2 bilhão. Como há imóveis de valor muito mais
elevado, e a julgar por uma média de R$ 2 mil o m², dá para estimar faturamento
que se aproxima dos R$ 2 bilhões. Outra leitura: no período entre janeiro e
abril de 2013, foram emitidos alvarás para construção totalizando 240.989 m², o
que significa receita de estimados R$ 295 milhões, pelos cálculos simplificados
levando-se em conta o CUB. Em igual período do ano passado, a Seinfra concedeu
licenças para as construtoras edificarem 313.150 m².
29 comércios
A Seinfra autorizou a construção de 29
empreendimentos comerciais nos primeiros quatro meses do ano. Juntos, vão
erguer 33.286 m². Para comparar: de janeiro a abril do ano passado, foi
autorizada a construção em tamanho ligeiramente inferior (31.447 m²) para 52
empreendimentos do varejo.
Menos indústrias
E o número de indústrias instaladas em
Joinville nos primeiros meses deste ano (sete) foi bem inferior às 13
autorizadas a funcionar no mesmo período do ano passado. Mas o porte das
companhias é outro: a área total permitida a ser construída no quadrimestre de
2013 totaliza 41.963 m², contra 28.679 m² do ano passado".
Em 2012 de acordo com
os dados da Seinfra Joinville concedeu autorização para construir quase 1
milhão de metros quadrados e isso tudo com a LOT sendo questionada na Justiça.
Pelo discurso de uns, com a cidade parada.
A insistência em aprovar
a LOT de forma rápida, e no formato original, desperta dúvidas e obriga a
população a ficar ainda mais atenta. Conhecer melhor o que representará para
Joinville a aprovação da LOT, com as suas ARTs e suas Faixas Viárias é uma
obrigação de todos. Não se deixar iludir pelo canto de sereia dos
desenvolvimentistas, seus lobistas e seus representantes, parece um bom
conselho neste momento.
Joinville mostra
fortes indícios do esgotamento do modelo econômico atual. O Brasil ano após ano
apresenta resultados pífios em crescimento econômico e o PIB é a melhor prova
disso. O dinamismo da economia local tem conseguido índices de crescimento
melhores que os nacionais, mas essa é uma situação que não deve se sustentar
por muito mais tempo. Os aumentos de custos, o apagão logístico e a gastança
descontrolada do poder público em todas as suas esferas está levando o país a
um beco sem saída. No âmbito local, empresas tradicionalmente bem capitalizadas,
competitivas e solventes, têm experimentado resultados pobres ou até negativos
e isso nada tem a ver com a aprovação ou não da LOT.
Para quem tiver
interesse em se aprofundar mais sobre o que a LOT propõe para Joinville -e
as causas para o interesse desmedido de uns e outros na sua aprovação a qualquer preço -sugiro os vídeos:
É difícil não se
surpreender com a genialidade dos nossos planejadores oficiais e a cobiça
inesgotável da gangue do tijolo. Uma coisa está mais nítida a cada dia: pelos
posicionamentos e pelos personagens que apoiam a aprovação da LOT, o leitor do
Chuva Ácida pode estar seguro que a minha posição como cidadão será estar sempre no
outro lado.
O radicalismo e a intransigência de um lado só deixa espaço para que nos esforcemos em melhorar os nossos argumentos e apresentemos mais dados e informações para que o debate possa sair do nível em que se encontra.
O radicalismo e a intransigência de um lado só deixa espaço para que nos esforcemos em melhorar os nossos argumentos e apresentemos mais dados e informações para que o debate possa sair do nível em que se encontra.