terça-feira, 11 de junho de 2013

Joinville parou? Só para a gangue do tijolo...

POR JORDI CASTAN

Pela gritaria e os discursos inflamados da gangue do tijolo, Joinville parou. A não aprovação da LOT - Lei de Ordenamento Territorial fez a cidade retroceder, dezenas de indústrias trocaram Joinville por Araquari, a nova Manchester Catarinense, que prospera por conta da situação.

Dá para acreditar no discurso dos representantes da apocalipse? Os dados não sustentam estas afirmações. O jornalista Claudio Loetz, na coluna "Livre Mercado", no jornal "A Notícia", divulgou os dados da própria Seinfra sobre alvarás e sobre o total de metros quadrados autorizados para construir. Mesmo sob risco de ser repetitivo, cito os dados apresentados:

CONSTRUTORAS MOVIMENTAM MAIS DE R$ 1 BILHÃO

Em 2012, as construtoras de Joinville receberam autorização da Prefeitura para erguer 988.750 m². A se considerar valor do custo unitário básico (CUB) de R$ 1.220, o setor movimenta, na economia, uma receita de R$ 1,2 bilhão. Como há imóveis de valor muito mais elevado, e a julgar por uma média de R$ 2 mil o m², dá para estimar faturamento que se aproxima dos R$ 2 bilhões. Outra leitura: no período entre janeiro e abril de 2013, foram emitidos alvarás para construção totalizando 240.989 m², o que significa receita de estimados R$ 295 milhões, pelos cálculos simplificados levando-se em conta o CUB. Em igual período do ano passado, a Seinfra concedeu licenças para as construtoras edificarem 313.150 m².

29 comércios
A Seinfra autorizou a construção de 29 empreendimentos comerciais nos primeiros quatro meses do ano. Juntos, vão erguer 33.286 m². Para comparar: de janeiro a abril do ano passado, foi autorizada a construção em tamanho ligeiramente inferior (31.447 m²) para 52 empreendimentos do varejo.

Menos indústrias
E o número de indústrias instaladas em Joinville nos primeiros meses deste ano (sete) foi bem inferior às 13 autorizadas a funcionar no mesmo período do ano passado. Mas o porte das companhias é outro: a área total permitida a ser construída no quadrimestre de 2013 totaliza 41.963 m², contra 28.679 m² do ano passado".

Em 2012 de acordo com os dados da Seinfra Joinville concedeu autorização para construir quase 1 milhão de metros quadrados e isso tudo com a LOT sendo questionada na Justiça. Pelo discurso de uns, com a cidade parada. 

A insistência em aprovar a LOT de forma rápida, e no formato original, desperta dúvidas e obriga a população a ficar ainda mais atenta. Conhecer melhor o que representará para Joinville a aprovação da LOT, com as suas ARTs e suas Faixas Viárias é uma obrigação de todos. Não se deixar iludir pelo canto de sereia dos desenvolvimentistas, seus lobistas e seus representantes, parece um bom conselho neste momento.

Joinville mostra fortes indícios do esgotamento do modelo econômico atual. O Brasil ano após ano apresenta resultados pífios em crescimento econômico e o PIB é a melhor prova disso. O dinamismo da economia local tem conseguido índices de crescimento melhores que os nacionais, mas essa é uma situação que não deve se sustentar por muito mais tempo. Os aumentos de custos, o apagão logístico e a gastança descontrolada do poder público em todas as suas esferas está levando o país a um beco sem saída. No âmbito local, empresas tradicionalmente bem capitalizadas, competitivas e solventes, têm experimentado resultados pobres ou até negativos e isso nada tem a ver com a aprovação ou não da LOT.

Para quem tiver interesse em se aprofundar mais sobre o que a LOT propõe para Joinville -e as causas para o interesse desmedido de uns e outros na sua aprovação a qualquer preço -sugiro os vídeos:

É difícil não se surpreender com a genialidade dos nossos planejadores oficiais e a cobiça inesgotável da gangue do tijolo. Uma coisa está mais nítida a cada dia: pelos posicionamentos e pelos personagens que apoiam a aprovação da LOT, o leitor do Chuva Ácida pode estar seguro que a minha posição como cidadão será estar sempre no outro lado.

O radicalismo e a intransigência de um lado só deixa espaço para que nos esforcemos em melhorar os nossos argumentos e apresentemos mais dados e informações para que o debate possa sair do nível em que se encontra.

6 comentários:

  1. Jordi, tome cuidado.
    Diante dessas previsões econômicas, daqui a pouco vai ter gente te chamando de Apolinário...rsss
    Este, por sua vez, não está tão errado assim, ao que parece.

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  2. Analisando os mapas que estão no site do IPPUJ(http://www.ippuj.sc.gov.br/conteudo.php?paginaCodigo=185) vemos que as faixas viárias vão aumentar os impactos em todas as regiões da cidade. O problema sãos os impactos delas na atual configuração da cidade. Ela poderia ser feita e ser muito boa desde que seja feito um investimento para melhoria de infraestrutura. O correto seria só ser liberado cada região quando ela tivesse a capacidade de absorver os impactos, mas .....

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  3. esse Jordi já ta até chato com estes repetecos (textos) sobre a LOT!

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    1. Você acha?

      Eu acho que a LOT ainda vai render muito. E é bom que renda mesmo, porque vai mexer com a vida de todos em Joinville.

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  4. Jordi,

    Independente da gangue do tijolo, ano passado não se fez NADA em Joinville! Acho os números do Seinfra duvidosos.
    A Fundema ficou 2012 inteirinho no limbo!
    No final de abril veio o escândalo do Schoene, em seguida o substituto assumiu já sabendo que iria fazer pouco pois logo sairia para vice do Carlito. Voltou após a eleição com os dias contados e fazendo menos do que no primeiro semestre.
    E tudo isto com o tema da LOT permeando e atrassando as licenças e alvarás, pois "o zoneamento aqui vai mudar"... essa foi a frase mais dita ano passado !
    Independente dos construtores, a cidade precisa crescer e os órgãos públicos responsáveis nem sequer chegam próximos da competência mínima necessária para prover as quantidades de licenças para acompanhar este crescimento!
    Por isso que ano passado Araquari foi a Manchester...pela incompetência de gestão de Joinville.
    E ano que vem vai ser novamente...viram que Araquari estará com seu plano diretor revisto em 90 dias?
    Já tem até bairro modelo para a fabrica da BMW, pode?!

    Enquanto isso Joinville discute o óbvio...

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