POR JORDI CASTAN
Os ventos estão mudando. O bom marinheiro é capaz de antecipar as mudanças e ajustar as
velas. Não saber ler as nuvens, perceber as mudanças na cor no céu e saber a calmaria que
antecede a mudança pode ser um erro caro. Mais que caro, desastroso.
Em poucos dias temos
acompanhado o corte de mais de uma centena de árvores em Porto Alegre, em nome da Copa da Sustentabilidade. E temos o corte
de outras árvores em Biguaçu, para um novo loteamento, em Sorocaba, em São Paulo e em dezenas de outras cidades
pelo Brasil afora. É como se o pais tivesse sido acometido de uma furia devastadora e prefeitos e governadores sofressem ataques compulsivos de dendrocídio.
Se cortam hoje mais árvores que antes? Provavelmente não. A facilidade com que o poder público justifica o corte de árvores em nome do progresso, do desenvolvimento e do crescimento econômico é diretamente proporcional ao seu nível de ignorância ambiental e de falta de sensibilidade.
Se cortam hoje mais árvores que antes? Provavelmente não. A facilidade com que o poder público justifica o corte de árvores em nome do progresso, do desenvolvimento e do crescimento econômico é diretamente proporcional ao seu nível de ignorância ambiental e de falta de sensibilidade.
Em Joinville tivemos
alguns episódios lamentáveis, o desastrado projeto do Boulevard Cachoeira, que
pretendia converter a margem do rio num muro de concreto, sem sombra e sem vegetação. Nem é preciso comentar. O pedaço que foi executado frente à
prefeitura é um monumento a incompetência e permanece exposto para não nos
deixar esquecer. O corte das arvores da rua XV foi outra ação intempestiva e
mal planejada que deixou o centro da cidade também sem sombra e sem arvores e que
ainda hoje é uma sucessão de trapalhadas. Daquelas que só alcançam a absoluta
perfeição quando conduzidas, planejadas e executadas pelo poder público. Acha
que estou exagerando? Veja as imagens e
depois me diga se há exagero da minha parte ou estamos frente ao suprassumo da incompetência
sambaquiana?
Neste final de semana
mais de 100.000 turcos saíram as ruas para protestar contra um projeto imobiliário
que quer acabar com a praça Taksim, um dos poucos espaços verdes que ainda
sobrevivem em Istambul, formando parte da antiga caserna que hoje forma o Gezi
Park. Os protestos acabaram se espalhando pelo país e o que iniciou como um
movimento em defesa de um espaço verde ameaçado pela especulação, se converteu
num evento de proporções maiores.
Em Joinville é pouco provável que surja
um movimento para abraçar o 62 BI e pedir que seja convertido num parque
urbano. O Joinvilense não tem voz, não se mobiliza para defender os seus
interesses e depois acaba só resmungando pelos cantos e a boca pequena quando a
cidade perde um pouco mais do seu verde, quando o sol desaparece mais cedo
porque surgiu um espigão aonde antes tinha um quintal com poucas árvores.
Mas o
vento esta começando a mudar e como na musica de Bob Dylan, A hard rain is a-gonna fall
“Oh, where have you been, my blue-eyed son?
And where have you been my darling young one?
I've stumbled on the side of twelve misty mountains
I've walked and I've crawled on six crooked highways
I've stepped in the middle of seven sad forests
I've been out in front of a dozen dead oceans
I've been ten thousand miles in the mouth of a graveyard
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard
It's a hard rain's a-gonna fall. “
And where have you been my darling young one?
I've stumbled on the side of twelve misty mountains
I've walked and I've crawled on six crooked highways
I've stepped in the middle of seven sad forests
I've been out in front of a dozen dead oceans
I've been ten thousand miles in the mouth of a graveyard
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard
It's a hard rain's a-gonna fall. “
Não sei o que é pior, se o canteiro-túmulo das finadas árvores ou esta plantada à esmo ao seu lado, sem qualquer condição de prosperar.
ResponderExcluirVi ontem no jornal que a Fundema estaria comprando tratores, picadores, destocadores, etc, equipamentos que se somados devem alcançar mais de 1 milhão de reais.
Olhando as fotos, me parece aquela história de comprar um ferrari com reboque e dar para os garis recolherem o lixo.
O problema é como se dá a tomada de consciência?
ResponderExcluirEscutei na mesa de bar ao lado, aqui em Porto Alegre, algo do tipo: "Mas não tem o que fazer? Não tem mais lugar para os carros!". Mas ora, essa frase é justamente a justificativa para não se ter mais carros e se pensar em outras lógicas.
Por fim, a prefeitura de Porto Alegre estava com um cordão de isolamento praticamente 24h por dia. Não participei da manifestação contra os cortes, na última sexta-feira, pois estava na Massa Crítica (Movimento que defende a bicicleta como transporte e não apenas como lazer). Mas lá pelas tantas a Massa resolveu passar em frente da prefeitura e deixar sua manifestação pelas árvores e também trancar o viaduto conceição por uns 5 minutos. O que os revolucionários do facebook, que gostam de postar "Acorda Brasil", comentaram? Reclamaram do "transito parado por esses badernistas".
E não pensemos só em árvores. Lembram das azáleas da JK? Eu ainda lembro delas. A justificativa (?) da gestão Carlito, na época, foi que elas "escureciam" a rua. Hein?
ResponderExcluirPara quem já cresceu e brincou nas calçadas e praças arborizadas de um bairro, as lutas de Porto Alegre ou Istambul tem sim um grande significado. É a luta pela preservação da nossa própria história, das nossas referencias, e que serão a dos nossos filhos e de quem vier depois.
ResponderExcluirFeliz do povo que tem nas suas árvores, calçadas e parques memórias de um tempo, de gerações. Falta um pouco disto tudo em Joinville, e não tenho dúvida que é esta a principal razão da falta de memória e de luta do seu povo por uma melhor qualidade de vida.
Antes de quantidade, temos que ter qualidade, cuidar do pouco que temos. E principalmente, de criar referências, lugares, lembranças para as pessoas e o povo sonharem. Sem estes sonhos, a cidade morre, as pessoas ficam vazias.
Esses chão aterrado tão pra vender? Se subir o muro, e mais umas carradinha de barro fica livre de enchente.
ResponderExcluirÉ a nova moda da cidade: terrenos com metros de aterro acima do nível da rua.
Excluir"Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira." LT
ResponderExcluirBy Ácido
Vale lembrar que o Greenpeace Brasil está coletando assinaturas para projeto de iniciativa popular que tem por objetivo criar a lei do Desmatamento Zero. Já foi ultrapassada a marca de 500 mil assinaturas. A meta é chegar a 1,5 milhão. Para assinar a petição acesse: www.greenpeace.org.br
ResponderExcluirLevanta o dedo aí, quem já plantou uma árvore?
ResponderExcluirZé Bolacha
Thumbs up!
ExcluirMe faltam dedos das mãos para responder.
ExcluirParabéns Joinville pelo dia mundial do meio ambiente. Em tempos de discussão sobre desmatamento zero, por aqui desmatamos 360.000 m² nos ultimos 2 anos segundo o SOS Mata Atlantica. É a Joinville do desenvolvimentismo, do futuro, do amanhã. E com a proposta da LOT não tenham dúvidas, poderemos quebrar o recorde de desmatamento do Sul do País.
ResponderExcluirTem coisas que vejo por essa cidade que se contar ninguém acredita, só com foto mesmo igual esse exemplo aí!
ResponderExcluir