domingo, 2 de junho de 2013

Cremar e rezar, Joinville precisa avançar

POR FABIANA A. VIEIRA

A controvérsia da instalação do crematório em Joinville mistura alguns preconceitos e a falta de um debate desarmado sobre o planejamento da nossa cidade.

De uma parte, temos aqueles que não querem a cremação. Por fundamento religioso ou pura ignorância descartam a incineração como alternativa para o destino final de um corpo inerte. Preferem a ritualística secular de enterrar o corpo, mesmo que depois do lacre da urna não mantenham mais nenhum contato com o dito cujo.  Mas é obrigatório e sensível reconhecer, que o velório e o sepultamento são práticas das mais reveladoras do sentimento verdadeiramente humano. Dignificar a morte é homenagear a vida, diriam os filósofos. O pacto entre gerações se completa com uma morte acolhida com dignidade.

Temos também aqueles que desconfiam da fuligem e dos gases tóxicos da queima e se opõem, com convicção, a permitir que sua família e a vizinhança sejam disseminadas por uma fumaça de teor imprevisível e não sabida.

E temos aquela situação em que o crematório não é possível no meio da classe média, mas se enquadra confortavelmente na periferia como um bom investimento.  É o planejamento urbano induzido pelo poder econômico da propriedade.  Ou melhor, o poder da elite expulsa do seu círculo doméstico qualquer empreendimento que seja potencialmente perturbador.

Os nossos cemitérios, entretanto, não tem mais capacidade de expansão. Um corpo em decomposição tem consequências ambientais nefastas para o nosso subsolo, especialmente para o lençol freático que, requer cuidados redobrados hoje em dia. Os gases tóxicos da decomposição também são bastante prejudiciais.

Na Europa fazem centrais de queima de resíduos sólidos, lixo mesmo, em pleno centro das cidades. São verdadeiros shoppings totalmente limpos, automatizados, que geram energia, descartam o volumoso detrito doméstico e não prejudicam o ambiente. Aqui, pela insegurança na fiscalização, pela inexperiência desta prática e pela mobilização apontada, qualquer equipamento social é banido imediatamente do círculo excludente do centro, área reservada por excelência a moradia nobre e negócios.

Mas modernas tecnologias de filtros já garantem a sanidade da queima e, com crematórios devidamente instalados em áreas estratégicas, podemos garantir todos os recursos logísticos necessários para a realização de uma cerimônia que preserve completamente a dignidade, a segurança e a paz ao ato de despedida das famílias.

Muitas cidades já dispõem do recurso da cremação. Transformar o corpo em cinzas já é uma prática recorrente em todo o mundo. Cidades grandes, médias e até pequenas, como nossas vizinhas , Jaraguá do Sul e Balneário Camboriú, já dispõem desse serviço. Nos Estados Unidos a cremação começou em 1876. O primeiro crematório do Brasil, na Vila Alpina em São Paulo, inaugurado em 1973, hoje realiza 750 eventos por mês. A cremação já era considerada, um século antes da era cristã, como uma prática corriqueira, higiênica e julgada prática por muitas comunidades. Em vários países do hemisfério norte a cremação já é majoritária.

Entendo que Joinville deveria enfrentar essa agenda da modernidade sem medos e se mobilizar para viabilizar um crematório. Bom seria mesmo se tivéssemos crematórios públicos, gratuitos, acessíveis irrestritamente a todos. A falência dos cofres públicos abriu mais esta opção para o investimento privado ganhar mais dinheiro.

É claro que devemos nos assegurar de todas as garantias técnicas dessa ferramenta, mas também é uma obrigação que essa questão combine com o planejamento para o futuro da nossa cidade. Em pouco tempo, talvez menos do que trinta anos, iremos atingir cerca de um milhão de habitantes. Morrer não pode se transformar em um problema.

É preciso pensar com cautela e decidir com segurança sobre uma questão tão importante.

16 comentários:

  1. Fabiana,

    Em Joinville há lugares apropriados para instalar um crematório. Mudar o zoneamento para atender uma demanda pontual é estranho.

    Devemos apoiar a instalação do crematório sim. Mas no local certo.

    É claro que a sua instalação trará um impacto negativo na área em que seja implantado. A população tem o direito de se opor a perda de valor dos seus imoveis.

    O poder público deve deixar de agir como uma biruta que muda ao sabor dos interesses econômicos de uns e outros.

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    1. Jordi tenho uma sugestão coloca lá na estrada da ilha, lá tem industrias, pequenas empresas, depósitos de lixo, redes petrobras, condomínio de luxo, intert, escolas, cemitério, supermercado a, bares, e até lombadas e por fim uma pista de carros (cartodromo) e ainda e região rural você acredita ?

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    2. Eu tenho outra, coloca ao lado da tua casa.
      Ops! Não pode, porque você é anônimo.

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    3. Ué, não mudaram o zoneamento para implantar o Shopping Garten? Ué, não foi teu o projeto de paisagismo, Jordi? Aliás, e do Golf Clube também não?

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    4. Você de novo? Sim mudaram o zoneamento para poder fazer o projeto da paisagismo. Você descobriu.

      Em outros locais mudam para poder construir. Aqui investiram no sentido de permitir o plantio de mais arvores, o aumento da área permeável e o aumento do verde urbano.

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    5. É, mudaram o zoneamento só para implantar o seu projeto de paisagismo...

      http://denunciajgs.blogspot.com.br/
      http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2278806.xml&template=4187.dwt&edition=11024&section=885

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    6. Nunca imaginei que o projeto de paisagismo fosse tão importante ao ponto de mobilizar tantos interesses pela aprovação de mudanças de zoneamento como as acontecidas.
      Muito interessantes os links, principalmente o do blog.
      Com certeza que não foi o paisagismo que motivo as mudanças de zoneamento. Nem naqueles projetos, nem nos proximos.

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  2. Quando houve a iniciativa de investir em um crematório na rua Borba Gato alguns vizinhos percorreram a vizinhança coletando assinaturas de manifestação contrária ao empreendimento. Alegavam na época que o crematório desvalorizaria seus imóveis, na minha familia ninguém assinou tal documento porque tais organizadores eram novos e desconhecidos nas redondezas e alegação de desvalorização podia significar que ao invés de fincar raízes mostrava ansia em vender e mudar de ares.

    Quanto ao crematório na esquina da Tuiuti com Santos Dumont gostaria de saber se proprietários de terrenos vizinhos podem montar o seu para concorrer com o proposto ou se mudança na lei tem somente um alvo específico.

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  3. É bom que se esclareça, aquela tentativa de implantar o crematório próximo à capela do Cemitério Municipal era permitida pelo zoneamento, que há anos atrás permitia as atividades afins no entorno do mesmo. Nada mais natural e lógico que abrigar estas atividades afins próximas, até como forma de evitar deslocamentos desnecessários.
    É interessante observar pela lógica que, uma vez a atividade de forma comprovada não causar impacto ambiental algum, a não ser ao bolso da vizinhança, esta ganha a meu ver o caráter de interesse social ou até público. Pois se trata de uma infra-estrutura básica hoje, e como foi falado, ultrapassado alguns dogmas e preconceitos, e também o custo reduzir, poderá a vir a ser a opção majoritária da população.
    Afinal com o que meia dúzia de famílias da Borba Gato se preocuparia mais, com um crematório eficiente, prático e civilizado, ou um cemitério monstruoso com águas fétidas?

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    1. Arno Kumlehn

      Bem lembrado sobre o efeito do necrochorume das águas do cemitério, cujo efeito se espraia para bem mais que se possa se imaginar. Merece visitação a saída de drenagem sobre o passeio na Rua Borba Gato, do lado esquerdo para quem olha as capelas.

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    2. É que os moradores da região da Borba Gato (nem todos) gostam de beber uma aguinha com o caldo dos defuntos.
      Preferem um cemitério (que digasse de passagem, sem segurança nenhuma) povoado por delinquentes que fazem uso de drogas, à noite toda.
      Crematório urgente em Joinville!!!

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  4. Se apresentam Crematório como uma solução para os cemitérios, porque não instalar o forno dentro de um dos cemitérios, ou em todos eles?

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  5. Em Blumenau é assim, em Santos Também, se os cemitérios tem problemas não deveriam ter crematórios concorrendo com eles e sim fornos disponíveis para mitigarem seus problemas.

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  6. Tem gente que cospe tanto pra cima, que um dia cai na cara!

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  7. O paço municipal é o local ideal pra instalar o "Joinvauschwitz"' By Ácido.

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  8. Todos com medo do Apocalipse Zumbi

    Rocha

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