POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Vou aproveitar este relativo silêncio – entre os lamentos pela morte de Steve Jobs e a sua mais que provável canonização – para comentar um tema que sumiu da agenda midiática nos últimos dias. Aliás, é mesmo como se o assunto nunca tivesse existido.
O leitor e a leitora mais antenados devem estar lembrados das notícias de que os iPhones e iPads da Apple eram fabricados na China por trabalhadores tratados em condições sub-humanas. Ok... eram funcionários da Foxconn, um dos principais fornecedores da Apple. Mas, ainda assim, ligados à Apple.
Isso levanta uma questão. Steve Jobs era o CEO da Apple. Se sabia da exploração, então era conivente. Se não sabia, então era… Mas o que se pretende discutir aqui é uma ideia simples: ninguém é perfeito. Nem Steve Jobs, nem Madre Teresa de Calcutá, nem João Paulo 2º.
Aliás, é compreensível que na sociedade de hipeconsumo ocidental a morte do CEO de uma empresa cause quase tanta comoção como, por exemplo, a morte do Papa João Paulo 2º. O consumo (de gadgets) é a religião, por mais surrada que seja esta frase.
Ah… e não vamos esquecer que o pessoal mais ligado ao setor já começa a dizer que a Apple poderá se tornar uma nova Microsoft, a tão odiada Microsoft. Ou seja, monopolista. As constantes brigas na justiça com outras marcas não é obra do acaso. E quem duvida pode pesquisar na internet. Há uma enxurrada de textos a prever a Apple como monopolista.
Sei que é um risco questionar santidades – e Steve Jobs alcançou esse estatuto nos últimos dias – e imagino que muita gente vá ficar com o desejo de atirar uma maçã à cabeça. Mas não resisto a dizer que o processo de canonização talvez venha a revelar que, apesar de gênio, ele não era perfeito. Como qualquer um de nós.
Pelos motivos que apresento neste texto e pelos da Maria Elisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem