domingo, 23 de outubro de 2011

Deixem o meu, o seu, o nosso Batalhão em paz!





Uma das tantas discussões que escuto com frequência sobre Joinville é que o espaço do 62º Batalhão de Infantaria, em pleno coração da cidade, deveria ser um parque. Um Central Park. Um parque central para o joinvilense chamar de seu. Só mentes brilhantes defendem essa tese.

Está certo que o atual parque, que será inaugurado no próximo mês, está longe de ser um parque dos sonhos. Falta um detalhe crucial: árvores. Mas o que esperar do pai dos futuros parques somente ser inaugurado em pleno ano de 2011... Somente em 2011. Um parque. Pero no mucho.

Daqui a pouco volto ao tema Batalhão, mas antes é preciso fazer uma reflexão nem tanto profunda sobre os parques. O joinvilense nato, aquele da gema, nunca se preocupou muito com os tais parques, essa é a realidade. Isso é coisa de gente que veio de outros estados. Gente que sentiu falta de algo e começou a bater na tecla: os parques. Salutar discussão. Nem vou entrar no mérito das recreativas e coisa e tal.

E eu não sou contra parques. Preferia que Joinville tivesse praia. Até uma estrutura melhor na Vigorelli já valia. Ou que a cidade fosse voltada para a Babitonga com uma linda beira-mar para correr e se divertir. Não precisaria nem de parque. Mas construir uma praia não é fácil. Nem os dólares do Fonplata pagariam tal audácia deste fictício administrador.

Pois bem... Joinville perdeu uma bela chance de ter sua praça ou ainda poderá tê-la, no verdadeiro sentido de um Parque Central. A cidade perdeu há muitos anos a chance de ter um parque que poderia estar localizado no espaço onde hoje fica o Centreventos Cau Hansen e o Hipermercado Big. Aquela imensa quadra – se houvesse planejamento no passado – poderia ser um grande parque. Inclusive com um bom teatro no meio (teatro? Era pra ser ali, né? Mas isso é outra história. Baço e Jordi devem lembrar).

Imagine você um parque em plena Beira-rio. Iria ficar lindo, mas a cidade ainda tem uma chance do tal Central Park. O sociólogo Charles Henrique defende essa tese junto comigo. O terminal de ônibus sai do Centro e reforma ou derruba o ginásio Abel Schulz. Ali sim um grande corredor verde com espaço para feiras ao céu aberto, grandes shows, espelhos d’água... Coisa linda.

Mas não. O povo continua na defesa da extinção da quadra do 62º BI. Um parque ali é acabar com uma região. Deteriorar. Desvalorizar imóveis. Um parque é bonito. É útil pra sociedade, mas acabar com o 62º BI é um exercício de insanidade. Vejam vocês, hoje, madames, rapazes, atletas, gordinhos, gordinhas, bonitonas, todos podem fazer com tranquilidade seus exercícios na nova calçada do “Meu, do Seu, do Nosso Batalhão”. Tudo isso com segurança aos olhos vigilantes dos soldados. Se ali fosse um parque... segurança zero.

E pode ter certeza que junto com o parque viriam os aproveitadores, batedores de carteira, usuários de drogas e por aí vai. Daqui uns bons anos os joinvilenses abandonariam o parque e a região seria um bolsão para furtos e outros tipos violência. Pode acreditar.

O Batalhão precisa ser realmente nosso. Precisa abrir suas portas para a população. Precisa deixar as pessoas entrarem no local, fazer exercícios lá dentro, utilizar os equipamentos dos militares, jogar futebol, vôlei e basquete nas quadras. Ser um local de convívio mútuo, de integração, sem deixar de ser uma área militar.

O Batalhão é meu, seu, nosso. Está ali para garantir a segurança de todos nós e da pátria. O Exército brasileiro precisa abrir suas portas e deixar o encastelamento que remete para uma época sombria. Precisamos conhecer o Batalhão, orgulhar-se dele, conhecer a nossa história, o passado do nosso País. A quadra do 62º BI não precisa transformar-se em uma praça. Precisa sim é abrir as portas e ser tomados pelos joinvilenses.


Marco Aurélio Braga é jornalista

16 comentários:

  1. Ótimo texto, cheio de propostas e alternativas.
    Pensei que na Joinville rural e semi-urbanizada de faz 30 anos, ninguém estava muito preocupado com um parque, os quintais, os morros e os terrenos baldios ofereciam todo o verde que a "cidade" precisava.
    O adensamento, a verticalização, a ocupação desordenada e que levaram a lembrar que as cidades precisam de parques.

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  2. Gostei da idéia passada de um modo geral. Mas discordo em alguns pontos. Contar com a "segurança" dos soldados não é muito válida. Com certeza a presença deles inibe alguma coisa, mas não impede os furtos na região. Meus avós moram nos arredores e já foram roubados. E sei por conversas com os militares que eles não podem sair da guarda para evitar algum roubo, por exemplo, em uma residência no outro lado da rua. Então é uma certa ilusão contar com a falsa segurança que o 62º BI proporciona. Além do mais, a força militar (diga-se batalhão de infantaria) não está disponível para ajudar na segurança pública até que isso seja explicitamente feito por algum tipo autoridade. Ou seja, nenhum soldado será designado para patrulhar as redondezas simplesmente porque eles estão por ali. Além do mais, dizer que se tiver um parque vai começar a aparecer drogados é ignorar o que já acontece. O que não falta nas redondezas são usuários de drogas. Que por sinal, são, infelizmente, em sua maioria adolescentes estudantes dos colégios que estão ali perto. E isso está por toda a cidade, não é exclusivo de parques.
    A idéia de abrir o batalhão o espaço do batalhão para a população parece promissora. Mas para mim isso é meio impossível. Em caso de emergência ou mesmo treinamento, todo o espaço militar precisa estar disponível para os militares. Se a população tomou o espaço, como os militares poderiam trabalhar? Além do mais, se pensarmos em liberar áreas militares, porque não liberar então o estande de tiro? Parece seguro? Entendo que o espaço poderia ser aproveitado, mas compartilhar a área militar com civis não me parece uma idéia muito boa principalmente pela questão da segurança. A questão, do meu ponto de vista, não é que um parque trás problemas. A questão é que não é só construir o parque. Depois de pronto ele precisa ser mantido, incluindo a segurança. O que nos falta além de parques é uma administração que os mantenham funcionando, vide o espelho d´água.

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  3. Nota-se por meio dos jornais, redes sociais e campanhas políticas que o assunto “Parque” é latente na sociedade de Joinville. Resta definir quem é o joinvilense. Será mesmo que o joinvilense nato nunca se preocupou com parques? Havia os clubes de tiro e bolão, e sim, não podemos esquecer das SER- Sociedades Esportivas e Recreativas, que em Joinville, foram as precursoras do lazer. Lazer um tanto controlado, devemos admitir, já que se tinha lazer onde também se ganhava o pão. Talvez tenha algo a ver com a ditadura, o controle de aglomeração de forma a evitar os motins e movimentos sindicais que caracterizavam a época do surgimento da Manchester Catarinense. Ou então um controle anterior, proveniente da Campanha da Nacionalização- com a proibição da língua alemã, o que se acentuou com a segunda guerra. A supressão da liberdade de opinião e formação do pensamento crítico, o trabalho árduo, os cursos técnicos, preparatórios para o mercado de trabalho, a economia para adquirir a casa própria, forjou o jeitinho joinvilense. Talvez eu esteja exagerando. Fato, é que com tanta gente de outros Estados (SP, RS, MG, RJ) o joinvilense absorveu o que achou válido, evoluiu e também está em outros estados - de consciência, de espirito, de sonhos. Voltando ao Parque, não há que se olhar para trás e enxergar o que poderia ter sido feito. Retira-se o terminal de ônibus e o Ginásio Abel Schultz do centro e não se retira o 62º Batalhão do meio da cidade? Não há sentido na proposta. Justifica-se um Batalhão no meio da cidade? Por que não trocar de lugar? A ideia de fazer um parque no Batalhão me parece sim promissora. Já que está se tornando naturalmente um. É inegável o volume de pessoas que caminham ali todos os dias, existem estudos de arquitetura sobre as áreas de lazer, de cultos religiosos, como também áreas marginalizadas que se formam naturalmente, estes merecem atenção. Agora, temos um parque, pode não ser o dos sonhos de todos os joinvilenses mas, pasmem, há quem não possa ir para a praia em todos os finais de semana. Ou não queira. Para tudo há um começo. Quem sabe haverá um momento onde se conseguirá enxergar que com mais áreas públicas para lazer, prática de esportes e convivência, haverá menos espaço para marginalidade e uso de drogas, e não o contrário. Joinville, avante e para a frente!

    Amanda Soares Goulart Werner

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  4. Parques em Joinville!!! Qualquer cidade administrada de forma inteligente, e voltada para as necessidades de sua população,consegue criar e manter um.Gostaria também de deixar relatado que quando falo em manter (manutenção) acredito no bom senso dos cidadãos. E talvez os pessimistas me digam: "Ah, mas n dá pra contar com o bom senso da população!" É pode ser... mas o que vamos fazer para mudar isso? Deixar de construir parques acho que não é uma boa idéia!! Parabéns Marcos !!!!!

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  5. A requalificação da área onde hoje é o Terminal pode vir com um parque e uma "linha verde" até o Cachoeira. Mas, quem peita isso?

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  6. O Prefeito Freitag peitou esta ideia,mas não a concluiu. Uma pena.O risco de não tombar a área do 62 BI para a cidade,faz que os olhos de os especuladores imobiliários se voltem para este espaço urbano que tem um enorme potencial, para parque,para espaço cultural,para muito mais.O risco é querer colocar tudo no estacionamento do Centreventos, como já se fez com o Edmundo Doubrawa

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  7. Belo texto Marco Aurélio!
    Concordo com tudo o que está escrito. Cheguei à Joinville em 1993, depois de passar por Blumenau, Jaraguá do Sul, Baln. Camboriú e até Florianópolis. Mas me encantei por Joinville. Logo que cheguei, vindo do Rio de Janeiro, capital, logo comentei que essa linda Joinville, precisava se modernizar e antes cuidar para que não virasse uma Rio e/ou São Paulo, com suas violências e tal... Hoje, passados 18 anos, vejo uma Joinville como eu previa. Ou seja, com poucos planejamentos e os que são feitos, são feitos à revelia do cidadão que paga seus impostos e são obrigados a engolir à seco, os "PLANOS MAU PLANEJADOS", que se solicitassem ajuda da população, jamais sairiam dos papéis.

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  8. Sério que você acha que o Batalhão deve ser mantido ali para segurança? Bom, neste caso são beneficiados os poucos privilegiados que moram por ali, caso a área virasse um parque de fato, muito mais joinvillenses teriam uma área de lazer, arborizada, para exercícios, etc. Quanto a segurança, bom, seria responsabilidade do poder público, não deve ser tão difícil, Curitiba consegue, os parques mais movimentados costumam ser seguros lá.
    Quanto a ter orgulho do Batalhão, menos Marco Aurélio, menos...
    Simone

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    1. Simone respeito sua opinião só não venha aqui questionar palavras de orgulho ao nosso batalhão pois só quem já passou por la sabe o que significa 62° servi durante 7 anos e tenho muito orgulho sim, se Vc não tem conhecimento sobre o nosso batalhão na ao venha falar do orgulho dos outros que por este tem, e mais um parque seria bacana mais logo estaria abandonado sim, pois a péssima organização que temos em Joinville só matéria tudo bonito a curto prazo. E ainda temos muitas áreas que poderiam ser feito isso o batalhão faz parte da historia de Joinville e deve ficar aonde esta.

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    2. Simone respeito sua opinião só não venha aqui questionar palavras de orgulho ao nosso batalhão pois só quem já passou por la sabe o que significa 62° servi durante 7 anos e tenho muito orgulho sim, se Vc não tem conhecimento sobre o nosso batalhão na ao venha falar do orgulho dos outros que por este tem, e mais um parque seria bacana mais logo estaria abandonado sim, pois a péssima organização que temos em Joinville só matéria tudo bonito a curto prazo. E ainda temos muitas áreas que poderiam ser feito isso o batalhão faz parte da historia de Joinville e deve ficar aonde esta.

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  9. Marco Aurélio,
    infelizmente o bonde da História passou e não restam mais áreas planas e centrais de tamanho suficiente para se fazer o grande espaço cultural, de lazer e de encontro da cidade. Mas não podemos virar de costas para o primeiro (e único) parque urbano que é o Zoobotanico, que recebe 150 mil pessoas/ano, e se tivesse investimento e planejamento poderia receber 1 milhão de visitantes. Denominar uma rótula de primeiro parque da cidade é no mínimo "forçar a barra", ou querer enganar os outros.

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  10. Meu sonho é um "Ibirapuera" em Joinville. Daí sim!

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  11. Marco Aurélio Braga, jornalista24 de outubro de 2011 às 18:09

    Muito salutar a discussão. Gostei muito de todos comentários. Aqueles que elogiaram, aqueles que não gostaram, apontaram equívocos e outras opiniões. Sempre de forma educada e pacífica. Sou um defensor da liberdade de expressão e todos aqui colocaram seus nomes, identificaram e colocaram sugestões. Eu ganho, nós ganhamos, a cidade ganha e esse blog cumpre a sua função. Abraço a todos e obrigado pela oportunidade pessoal do Chuva Ácida.

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  12. Usar a área do batalhão para fazer um belo parque, com a segurança devida, claro, também a praia, sem esquecer da boa idéia no lugar do terminal. :D

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  13. Nunca me atentei ao caso da quadra do batalhão. Não faço nem ideia do real tamanho daquilo e nem sei se tem árvores por lá. Nunca me dei ao trabalho de olhar pra lá. Mas percebo algumas ideias bem bacanas para, quem sabe, um futuro distante.

    Primeira: sou 100% adepto a ideia de tirar o terminal central de onde está. Aquela estrutura enorme só serve para causar congestionamentos.

    Segundo: Ainda dá tempo de virar a cara da cidade para o mar. Quase consegui sentir a brisa do mar quando imaginei a cena de pessoas correndo e pedalando por um imenso calçadão à marge da baia da babitonga.

    De qualquer forma, como bom joinvilense, nunca me importei de fato pela ausência de um parque. Pretendo ir visitar o parque da cidade, mas praticamente por um sentimento de compromisso como cidadão.

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