Mostrando postagens com marcador Aguas de Joinville. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aguas de Joinville. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O aumento da taxa de esgoto fede. E fede muito...


POR JORDI CASTAN
Fede e fede muito a proposta do Executivo de aumentar a taxa de esgoto. Há muitas razões pelas que esta ideia cheira mal e, antes que seja aprovada, é necessário lembrar alguns pontos importantes que mostram o porquê da sua inconveniência e descabimento.

Primeiro é oportuno lembrar os motivos. O rompimento do contrato entre a cidade de Joinville e a CASAN foi resultado da exploração a que os joinvilenses eram submetidos pela companhia estadual de água e saneamento. O subsídio cruzado fazia que as cidades nas quais o serviço era mais rentável, como é o caso de Joinville, tivessem que subsidiar os municípios com serviços menos rentáveis. E isso fazia que a conta de água do joinvilense fosse maior do que de fato custava o serviço. 

Alguns acreditaram até que com a municipalização o custo cairia e o serviço melhoraria. Isso só prova que os cidadãos da vila são otários praticamente desde sempre. Não é preciso lembrar que a tarifa não caiu, como anunciado. Mais que isso, ela se manteve elevada, por conta dos futuros investimentos a serem feitos em melhora da oferta e principalmente no saneamento básico.

O que é oportuno lembrar é que faz anos que Joinville não aumenta a sua rede de esgotos e que os últimos investimentos feitos no governo do PT foram feitos graças aos recursos federais. E a tarifa continuou alta, como continua sendo hoje. No ranking do saneamento, montado pelo Trata Brasil, Joinville aparece no 73º lugar em um conjunto de 100 cidades.

O serviço não melhorou. A falta de água é uma constante. E a infraestrutura está cada vez mais sucateada, com vazamentos, roturas, estouros de linhas e bairros inteiros sem água por dias a fio. Se a praça Dario Sales não estivesse abandonada, estaria mais que na hora de usar os espelhos d´água para lavar a roupa, em protesto pelo péssimo serviço.

A CAJ (Companhia Águas de Joinville) desperdiça 46,5% da água tratada na distribuição. Mas o dado mais grave é o da falta de tratamento de esgoto. Em Joinville, só 31,5% da população tem tratamento de esgoto, enquanto no Brasil 48,6 % da população tem acesso ao sistema. Joinville está abaixo da média nacional.

Antes que o Prefeito venha a dizer que o aumento da taxa de esgoto é necessário para cobrir custos e aumentar o sistema, há que relembrar que em dez anos a Águas de Joinville rendeu mais de R$ 160 milhões à Prefeitura, em pagamentos por dividendos (juros sobre o capital próprio). O município tem mais de 99% da companhia de saneamento básico, portanto, tem direito ao repasse. Em valores nominais, foram repassados R$ 160,7 milhões desde 2008. Se atualizados pelo IPCA, com base no índice de dezembro de cada ano, o montante sobe para R$ 209,2 milhões. É nítido e transparente que não há falta de dinheiro. Joinville segue pagando o elevado preço da falta de gestão.

Uma empresa que desperdiça 46,5 do seu produto deixa de atender a 68,5% da população com esgoto tratado, posterga regularmente suas metas e planos. Por exemplo, a atual gestão tinha previsto, para final de 2018, atender com esgoto tratado a 50% da população. Mas agora a meta foi transferida para 2022, quando teremos em Joinville uma nova gestão. A CAJ tem problemas constantes de fornecimento e, por tudo isso, não tem moral, nem credibilidade para pedir que a população faça mais um sacrifício e concorde com este aumento.

O que é preciso, com urgência, é de uma intervenção para frear a sua péssima gestão. O ideal seria que fosse privatizada e que o novo gestor tivesse que cumprir as metas que a CAJ não consegue atender, que os lucros fossem revertidos em tarifas menores, em serviços melhores e na cobertura universal do esgoto e de água de qualidade e com regularidade, obrigações básicas que a empresa não tem conseguido cumprir. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Cota 40 - Coisas estranhas

POR JORDI CASTAN
A Cota 40 deve ser preservada. Há motivos de sobra para manter esse pulmão verde em Joinville. Mas quando o tema é a preservação, sempre há coisas estranhas e movimentos para que a preservação seja "flexibilizada”. Há interesses, bem identificados, em não preservar e avançar para a ocupação. O problema é maior quando se juntam os interesses econômicos especulativos e a desídia e conveniência do poder público.


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Saneamento mente: estatistica...mente, numerica...mente e confusa... mente


POR JORDI CASTAN

Poucos temas são objeto de tantas informações contraditórias como o saneamento básico. Mergulhar neste universo é garantia de sair confuso e os políticos sabem disso e brincam com números fictícios na certeza de que o eleitor acreditará em tudo o que se divulgue.

A Companhia Águas de Joinville veiculou, nestes dias, publicidade informando que a cobertura de saneamento era de 17%, em 2013, e chegou a 32%, em 2016. Como há um histórico de exagerado otimismo no quesito "percentuais de cobertura", é bom manter uma cautela prudente antes de sair soltando foguetes.

Vejamos algumas informações divulgadas pela CAJ em Julho de 2012 e setembro de 2013

Informações de julho de 2012

“Até o fim do ano, a Cia Águas de Joinville vai conseguir cobertura de esgoto de 26% da totalidade das moradias do município. Este índice é a metade dos 52% prometidos pelo prefeito Carlito Merss durante campanha eleitoral de 2008.  Tinha 12%, a cobertura está em 21%.  E, por isso, ainda assim, o avanço alcançado (mais do que o dobro do que havia há quatro anos) é importante. O ritmo bem mais lento dos serviços obedece a dois fatores: é preciso adaptar-se à capacidade de mobilidade urbana e evitar maior desconforto à população com abertura de ruas, a prejudicar o trânsito de carros; e há pendências judiciais a impedir realização de algumas obras. As explicações são do presidente da empresa, Luiz Alberto de Souza.” Publicado pelo jornalista Claudio Loetz no jornal A Notícia.

Informações de setembro de 2013

“Até o fim do ano, a Companhia Águas de Joinville pretende concluir o Plano Municipal de Saneamento Básico, que dará um direcionamento oficial para a implantação do esgoto. Segundo o diretor de expansão da companhia, Henrique Chiste Neto, até dezembro de 2014, a expectativa é alcançar 30% de cobertura. Uma das maiores metas do então prefeito Carlito Merss (PT) era ampliar consideravelmente a cobertura da rede coletora de esgoto em Joinville. Eram almejados 53,5% até 2014. No entanto, ao terminar 2012, um balanço mostrava meros 17% de cobertura, ampliando apenas em 3% o que já existia.” Publicado no jornal Noticias do Dia.

Metas para cobertura da rede coletora de esgoto (Divulgadas pela CAJ em setembro de 2013)

Dezembro de 2012: 17%
Agosto de 2013: 19%
Dezembro de 2014: 30%
Dezembro de 2017: 46,85%
Dezembro de 2019: 63%
Dezembro de 2035: 100%

Há neste tema do saneamento básico motivos de sobra para ser cuidadoso com as informações que são divulgadas. Em ano eleitoral, a tendência a exagerar aumenta muito o pior é que o índice de credulidade do eleitor também aumenta é isso confere uma vantagem significativa aos candidatos que contam com o apoio da mídia. Fique atento. Busque informações, confira os dados.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

A LOT, a Guarda Municipal, o esgoto... e outros esgotos

POR JORDI CASTAN

Finalmente - e com a impontualidade que caracteriza esta gestão -, a LOT - Lei de Ordenamento Territorial chegou à Câmara de Vereadores. Numa primeira leitura, chama a atenção as diferenças entre o texto entregue aos vereadores e o apresentado nas audiências públicas. É importante deixar bem claro que as diferenças não ajudam no debate, não simplificam, nem esclarecem as dúvidas levantadas nas audiências. O IPPUJ e o governo municipal seguem firmes no seu propósito de confundir para aprovar. 

O ponto que mais chama a atenção é o "desaparecimento" no texto das perversas "Faixas Viárias". Ninguém deve celebrar a sua retirada, até porque elas seguem lá, firmes, fortes e maiores, só que escondidas nos anexos, invisíveis a olhos menos treinados. As Faixas Viárias são a pedra angular do projeto da LOT elaborado pelo executivo e o seu objetivo é permitir a verticalização, o adensamento e a implantação de indústrias e comércio de porte em praticamente toda Joinville. Ou seja, destruindo quaisquer traços ou arremedo de planejamento urbano e comprometendo qualquer desenvolvimento urbano de qualidade no médio e longo prazos. 

Por que as Faixas Viárias foram mantidas, apesar das manifestações majoritárias pela sua retirada nas audiências publicas? Ou melhor, por que foram "escondidas" dentro do galimatias do texto? Essa é uma pergunta a ser respondida. O projeto encaminhado é mais perverso que o apresentado nas audiências e parece evidente que os técnicos do IPPUJ tendem para o lado dos interesses imobiliários mais radicais. 

GUARDA MUNICIPAL - Quem acreditou que a Guarda Municipal cuidaria do patrimônio público deveria ter estado mais atento ao seu processo de criação, seu treinamento e, inclusive, sua indumentária, mais parecida com a dos empregados da Blackwater que a de uma Guarda municipal. 
Cada dia ficam menos coisas em que acreditar das promessas feitas ao longo da campanha. 
É bom lembrar que o custo da guarda não é pequeno e que as blitzes e os equipamentos com tecnologia OCR instalados têm um objetivo claramente mais arrecadador que educativo. Ou seja, fazer caixa.

O FEDOR DO ESGOTO -  A Águas de Joinville não tem autorizado a alguns empreendimentos imobiliários de maior porte, a conectar seus sistemas de coleta de esgoto a rede recentemente instalada. O motivo: a rede não está dimensionada para receber essa quantidade adicional de esgoto doméstico. A solução: instalar fossa e filtro. Ou, em outras palavras, voltar à idade das trevas.

Há dois pontos importantes a destacar. O primeiro que os empreendimentos afetados cumprem a legislação e têm o tamanho previsto na legislação atual,. Quer dizer, o sistema instalado não está previsto para atender a demanda e o adensamento atual. Segundo - e mais grave - é que os diretores da Águas de Joinville e os técnicos do IPPUJ afirmaram, em repetidas ocasiões (todas convenientemente registradas) que a rede de esgoto comportava o adensamento proposto na LOT. 

Quer dizer: ou sofriam de ataques de mitomania ou de demência. Ou simplesmente faltaram à verdade para atender a outros interesses, o que é mais provável. Em tempo: os documentos da Companhia Águas de Joinville exigindo que conjuntos residenciais instalem fossa e filtro em ruas atendidas pelo sistema de tratamento de esgoto estão à disposição do MPSC e demais interessados.