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domingo, 23 de julho de 2023

No fio do bigode

 POR JORDI CASTAN

A CAJ (Companhia Águas de Joinville) é a joia da coroa da administração municipal. Uma empresa que, se for bem administrada, fiscalizada e cobrada poderá ser motivo de orgulho para todos os joinvilenses. Como toda empresa pública, seus processos estão sujeitos as leis. A famosa lei 8666 estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Esta lei foi atualizada com a publicação da 14133. A principal diferença entre a lei 8666 e a lei 14133 é que a nova lei 14133 se adequa às novas tecnologias e às necessidades do setor público atual.

Conheço bem a 8666, da época em que fui presidente da CONURB, empresa municipal de economia mista. Conheço menos a 14133, mas em nenhum dos seus artigos e parágrafos encontrei o termo “no fio do bigode” como forma de contratação ou de negociação ou acordo entre as partes, quando uma delas está sujeita ao cumprimento da lei. Mas de acordo com o depoimento dado na Câmara de Vereadores pelo proprietário do imóvel alugado à CAJ, tudo foi feito no "fio do bigode".

Fui estudar o significado da expressão e a época em que surgiu: o bigode era um símbolo de homem honrado, que, além de barba, tinha "vergonha na cara". Seu significado é prometer algo verbalmente, sem precisar de assinatura, e sua origem é incerta. Acredita-se que tenha surgido da frase germânica “Bei Gott”, usada em juramentos e que significa “por Deus”.

Nada de encontrar essa figura como forma válida e legal para contratação com o serviço público de produtos e serviços. Ainda para complicar, nesta época em que há tantos “homens” usando barba e bigode fica mais difícil poder assegurar que haja tanto homem honrado. Vai que duvido da honestidade de muitos que são. Mas o legislador quando não previu a contratação “no fio do bigode” deveria saber por que não o fez.

A história é simples, até simples demais. A CAJ contratou, se acreditarmos no depoimento do Sr, Arlindo Tambosi  que construiu um prédio completo para a Companhia Águas de Joinville. Sem outra garantia que o fio do bigode. No mínimo é temerário. O prédio em questão é a nova sede da CAJ localizada na região central de Joinville e foi construída sob medida para atender as demandas da Companhia, num modelo denominado BTS ou Build to Suite, numa tradução livre, construído para servir a um propósito específico.

Não vou entrar no mérito do saber se a nova sede melhorou o acesso do joinvilense, nem se representou um aumento da qualidade do atendimento ou do número de posições de atenção ao cliente porque não há ônibus passando na frente, não houve aumento do numero de posições. Portanto, até agora parece que não melhorou em nada a vida do cliente.

O processo de contratação desperta dúvidas, especialmente na forma de pago do aluguel, nos valores e nas parcelas contratadas. Está mais do que na hora de colocar luz neste esgoto em que esta se convertendo a que deveria ser motivo de orgulho para todos. Aliás, Joinville tem ainda um dos percentuais de cobertura de saneamento básico mais vergonhosos do Brasil, especialmente entre as cidades de seu porte. Quando a água da torneira deixa de ser incolor, inodora e insípida? É hora de investigar mais. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Uma chuva de dinheiro na prefeitura


POR JORDI CASTAN

Chuva de dinheiro na prefeitura de Joinville. É isto o que estamos acompanhando nestes dias, primeiro uma proposta esdruxula do prefeito oferecendo o privilégio de um subsídio de R$ 7.500.000 para as empresas Gidion e Transtusa, operadoras do transporte coletivo na cidade.

Será que foram elas quem pediram? E se foram e tivessem motivo para um pedido como este, onde está a planilha, a justificativa? O prefeito estava tão apresado para conceder o privilégio que nem lembrou de avisar ao candidato a prefeito do seu partido, o Deputado Fernando Krelling não sabia nada. O “delfim” do prefeito anda meio desligado das coisas da vila e nunca sabe de nada. Se quer mesmo ser prefeito seria bom que se informasse melhor.

A prefeitura desistiu de dar o subsídio, estranho, ainda mais estranho é que nem explicou por que seria dado, nem porque desistiu. Assim fica claro que o prefeito errou duas vezes, ao propor uma subvenção sem justificativa e ao desistir sem explicar. A falta de transparência desta gestão é uma das marcas que a caracterizam a outra é a de deixar as obras inacabadas.

Outra notícia envolvendo dinheiro na vila chegou da CAJ (Companhia Águas de Joinville) que contratou a empresa D´Araujo por R$ 3.000.000 para prestar serviços de publicidade e propaganda. Um excelente contrato no apagar das luzes da gestão. Não há nada de ilegal no contrato, a empresa tem uma boa carteira de clientes (https://daraujo.com/clientes/) e conhece bem o prefeito, o conhece tanto que fez as suas campanhas políticas.  

Como parece que dinheiro não falta, seria melhor que o prefeito priorizasse a sua gestão do caixa e pagasse dívidas, que aliás não são poucas. Além das dívidas consolidadas e a do Ipreville é uma das maiores, Joinville está enfrentando com dificuldades a pandemia do COVID19, faltam leitos testes, reagentes, equipamentos de segurança para o pessoal sanitário. Não há dúvidas que o dinheiro poderia ser melhor gasto.

No caso da CAJ a prioridade deveria ser aumentar a cobertura de esgoto. Joinville tem índices de cobertura vergonhosos, muito abaixo da média nacional, equivalentes a das regiões mais pobres do Brasil. Isso não parece preocupar ao prefeito e a diretoria do Companhia, que vem como a maioria de bairros convivem com valas a céu aberto e não tem tratamento de esgoto. Os dividendos que a CAJ tem distribuído nos últimos anos, provam que a empresa é lucrativa e o dinheiro que deveria ser destinado a universalizar a cobertura de esgoto sanitário tem servido para tampar furos de caixa e pagar contas da prefeitura. Agora uma parte vai para fazer propaganda. Será que é o melhor lugar para gastar esse dinheiro?

Bom não esquecer que em ano eleitoral fazer propaganda e sempre útil, azeitar a mídia tem dado bons resultados e quem tem a máquina na mão, já sai com vantagem.


terça-feira, 19 de maio de 2020

A máscara caiu, a dengue subiu



POR JORDI CASTAN

A saúde segue atrapalhada e atrapalhando-se. O número de focos do mosquito da dengue disparou e o número de casos de dengue autóctone não para de subir. Contágio autóctone é o daqueles que contraíram a dengue em Joinville, quer dizer que a dengue é um tema muito grave, tanto que mais de 50% dos casos de dengue autóctone de Santa Catarina são de Joinville. Falta de gestão, falta de controle e descaso são a fórmula certa para que a crise fique ainda pior.

A novela das 500.000 máscaras tem novos capítulos, o primeiro foi a necessidade de preencher um cadastro mais complexo que o necessário para solicitar um crédito bancário, para receber uma, que custou menos de R$ 5,00, sem licitação. Em total o município gastou mais de R$ 1.200.000 para comprar as máscaras. No segundo capítulo e depois que as máscaras ficaram encalhadas, porque não tinha demanda para tanta máscara, os postos de saúde passaram a oferecê-las, sem necessidade de preencher o dito cadastro, apresentando só o CPF. 

Agora no penúltimo capítulo da novela as equipes de saúde de família fazem a entrega das máscaras na própria residência dos atendidos pelo programa.
Em resumo a saúde mostra o mesmo nível de inépcia que permeia toda esta desastrada gestão. E como sempre é o joinvilense quem paga o preço de tanta incompetência.

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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O aumento da taxa de esgoto fede. E fede muito...


POR JORDI CASTAN
Fede e fede muito a proposta do Executivo de aumentar a taxa de esgoto. Há muitas razões pelas que esta ideia cheira mal e, antes que seja aprovada, é necessário lembrar alguns pontos importantes que mostram o porquê da sua inconveniência e descabimento.

Primeiro é oportuno lembrar os motivos. O rompimento do contrato entre a cidade de Joinville e a CASAN foi resultado da exploração a que os joinvilenses eram submetidos pela companhia estadual de água e saneamento. O subsídio cruzado fazia que as cidades nas quais o serviço era mais rentável, como é o caso de Joinville, tivessem que subsidiar os municípios com serviços menos rentáveis. E isso fazia que a conta de água do joinvilense fosse maior do que de fato custava o serviço. 

Alguns acreditaram até que com a municipalização o custo cairia e o serviço melhoraria. Isso só prova que os cidadãos da vila são otários praticamente desde sempre. Não é preciso lembrar que a tarifa não caiu, como anunciado. Mais que isso, ela se manteve elevada, por conta dos futuros investimentos a serem feitos em melhora da oferta e principalmente no saneamento básico.

O que é oportuno lembrar é que faz anos que Joinville não aumenta a sua rede de esgotos e que os últimos investimentos feitos no governo do PT foram feitos graças aos recursos federais. E a tarifa continuou alta, como continua sendo hoje. No ranking do saneamento, montado pelo Trata Brasil, Joinville aparece no 73º lugar em um conjunto de 100 cidades.

O serviço não melhorou. A falta de água é uma constante. E a infraestrutura está cada vez mais sucateada, com vazamentos, roturas, estouros de linhas e bairros inteiros sem água por dias a fio. Se a praça Dario Sales não estivesse abandonada, estaria mais que na hora de usar os espelhos d´água para lavar a roupa, em protesto pelo péssimo serviço.

A CAJ (Companhia Águas de Joinville) desperdiça 46,5% da água tratada na distribuição. Mas o dado mais grave é o da falta de tratamento de esgoto. Em Joinville, só 31,5% da população tem tratamento de esgoto, enquanto no Brasil 48,6 % da população tem acesso ao sistema. Joinville está abaixo da média nacional.

Antes que o Prefeito venha a dizer que o aumento da taxa de esgoto é necessário para cobrir custos e aumentar o sistema, há que relembrar que em dez anos a Águas de Joinville rendeu mais de R$ 160 milhões à Prefeitura, em pagamentos por dividendos (juros sobre o capital próprio). O município tem mais de 99% da companhia de saneamento básico, portanto, tem direito ao repasse. Em valores nominais, foram repassados R$ 160,7 milhões desde 2008. Se atualizados pelo IPCA, com base no índice de dezembro de cada ano, o montante sobe para R$ 209,2 milhões. É nítido e transparente que não há falta de dinheiro. Joinville segue pagando o elevado preço da falta de gestão.

Uma empresa que desperdiça 46,5 do seu produto deixa de atender a 68,5% da população com esgoto tratado, posterga regularmente suas metas e planos. Por exemplo, a atual gestão tinha previsto, para final de 2018, atender com esgoto tratado a 50% da população. Mas agora a meta foi transferida para 2022, quando teremos em Joinville uma nova gestão. A CAJ tem problemas constantes de fornecimento e, por tudo isso, não tem moral, nem credibilidade para pedir que a população faça mais um sacrifício e concorde com este aumento.

O que é preciso, com urgência, é de uma intervenção para frear a sua péssima gestão. O ideal seria que fosse privatizada e que o novo gestor tivesse que cumprir as metas que a CAJ não consegue atender, que os lucros fossem revertidos em tarifas menores, em serviços melhores e na cobertura universal do esgoto e de água de qualidade e com regularidade, obrigações básicas que a empresa não tem conseguido cumprir. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Cota 40 - Coisas estranhas

POR JORDI CASTAN
A Cota 40 deve ser preservada. Há motivos de sobra para manter esse pulmão verde em Joinville. Mas quando o tema é a preservação, sempre há coisas estranhas e movimentos para que a preservação seja "flexibilizada”. Há interesses, bem identificados, em não preservar e avançar para a ocupação. O problema é maior quando se juntam os interesses econômicos especulativos e a desídia e conveniência do poder público.


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Saneamento mente: estatistica...mente, numerica...mente e confusa... mente


POR JORDI CASTAN

Poucos temas são objeto de tantas informações contraditórias como o saneamento básico. Mergulhar neste universo é garantia de sair confuso e os políticos sabem disso e brincam com números fictícios na certeza de que o eleitor acreditará em tudo o que se divulgue.

A Companhia Águas de Joinville veiculou, nestes dias, publicidade informando que a cobertura de saneamento era de 17%, em 2013, e chegou a 32%, em 2016. Como há um histórico de exagerado otimismo no quesito "percentuais de cobertura", é bom manter uma cautela prudente antes de sair soltando foguetes.

Vejamos algumas informações divulgadas pela CAJ em Julho de 2012 e setembro de 2013

Informações de julho de 2012

“Até o fim do ano, a Cia Águas de Joinville vai conseguir cobertura de esgoto de 26% da totalidade das moradias do município. Este índice é a metade dos 52% prometidos pelo prefeito Carlito Merss durante campanha eleitoral de 2008.  Tinha 12%, a cobertura está em 21%.  E, por isso, ainda assim, o avanço alcançado (mais do que o dobro do que havia há quatro anos) é importante. O ritmo bem mais lento dos serviços obedece a dois fatores: é preciso adaptar-se à capacidade de mobilidade urbana e evitar maior desconforto à população com abertura de ruas, a prejudicar o trânsito de carros; e há pendências judiciais a impedir realização de algumas obras. As explicações são do presidente da empresa, Luiz Alberto de Souza.” Publicado pelo jornalista Claudio Loetz no jornal A Notícia.

Informações de setembro de 2013

“Até o fim do ano, a Companhia Águas de Joinville pretende concluir o Plano Municipal de Saneamento Básico, que dará um direcionamento oficial para a implantação do esgoto. Segundo o diretor de expansão da companhia, Henrique Chiste Neto, até dezembro de 2014, a expectativa é alcançar 30% de cobertura. Uma das maiores metas do então prefeito Carlito Merss (PT) era ampliar consideravelmente a cobertura da rede coletora de esgoto em Joinville. Eram almejados 53,5% até 2014. No entanto, ao terminar 2012, um balanço mostrava meros 17% de cobertura, ampliando apenas em 3% o que já existia.” Publicado no jornal Noticias do Dia.

Metas para cobertura da rede coletora de esgoto (Divulgadas pela CAJ em setembro de 2013)

Dezembro de 2012: 17%
Agosto de 2013: 19%
Dezembro de 2014: 30%
Dezembro de 2017: 46,85%
Dezembro de 2019: 63%
Dezembro de 2035: 100%

Há neste tema do saneamento básico motivos de sobra para ser cuidadoso com as informações que são divulgadas. Em ano eleitoral, a tendência a exagerar aumenta muito o pior é que o índice de credulidade do eleitor também aumenta é isso confere uma vantagem significativa aos candidatos que contam com o apoio da mídia. Fique atento. Busque informações, confira os dados.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Udo Dohler: cortes para alemão ver


POR JORDI CASTAN

Os cortes anunciados nesta semana pelo prefeito Udo Dohler são para alemão ver. Muito pouco e tarde demais. Vou me atrever a fazer uma aposta: aposto um prato de chucrute a que acaba esta gestão e o IPPUJ não terá se mudado a sede da antiga prefeitura na rua Max Colin. Metade por falta de vontade, metade pela dificuldade que o pessoal tem em cumprir prazos de entrega de obras. Tampouco seria nenhuma surpresa se o próprio IPPUJ apresentasse um estudo mostrando que é mais econômico ficar no segundo andar da Prefeitura.


E mais. Na medida em que se aproxima o período eleitoral e que as obras seguem sem aparecer, é bom manter um orçamento generoso para publicidade. Uma boa parte do eleitorado gosta de acreditar nas mentiras que os políticos contam e quanto pior o resultado maiores os embustes.

Olhar os números de Joinville é mergulhar num mundo confuso, em que os valores nunca fecham, porque as informações são apresentadas de acordo com o interesse do administrador de plantão. E, na maioria dos casos, não só não fecham como não são verdadeiros. De fato, são o resultado da fantasia dos gestores e da amnésia da população, que não lembra ou não quer lembrar.


Um dos temas em pauta esta semana é a falta de dinheiro para algumas prioridades e a abundância de recursos para outras. Manter a verba de comunicação polpuda a qualquer custo é o desafio. O eleitor é surpreendido tanto pelo que não é divulgado pela imprensa local como pelas informações fantasiosas que, na forma de publicidade paga, de releases de imprensa ou de notas de assessoria, enchem páginas na imprensa local e minutos de rádio e televisão. 


Para ter uma noção de quanto representa essa verba alguns dados comparativos. Os R$ 19,5 milhões previstos no orçamento para a SECOM (Secretaria de Comunicação) equivalem a quase três vezes o orçamento da Fundação Municipal 25 de Julho; são o dobro do da Procuradoria e o triplo do que custa o IPPUJ. A Secretaria da Habitação recebe 10 milhões, quase metade da SECOM.


Estatísticas são indecifráveis para o leitor médio de jornal e encriptadas para a maioria de telespectadores ou radiouvintes locais. Um exemplo: alguém arrisca a dizer qual o percentual de residências que ja tem saneamento básico! Em Joinville? Se acreditarmos nos números divulgados na gestão Carlito Merss, Joinville ja estaria hoje com a maioria da área urbana atendida. Mas os números mudavam com tanta frequência e era impossível ter qualquer tipo de informação veraz.


Um dia o presidente da Aguas de Joinville anunciava que a cobertura da rede de saneamento básico correspondia a 24% da área da cidade, dois dias depois o número miraculosamente aumentava para 28% ou 32%. Na semana seguinte, o diretor técnico poderia informar que os quilômetros de tubulação enterrados em Joinville equivaleriam a distancia entre Joinville e Vladivostok, dando uma voltinha pelo deserto de Gobi. Uma semana depois a assessoria de comunicação assegurava que 36% das unidades consumidoras estavam atendidas pela rede de saneamento básico.


Nos estertores do governo, os dados oscilavam diariamente, quase como a cotação do dólar em época de incerteza econômica. Agora a propaganda da CAJ (Companhia Aguas de Joinville) divulga que as casas atendidos passaram de 33 mil, em 2013, para 64 mil, em 2015. E inova ao projetar que os domicílios de Joinville com saneamento básico em 2018 serão 94 mil. Agora a moda é praticar o exercício da  futurologia. Como se esta administração tivesse credibilidade para lançar-se a uma empreitada como esta. A impressão é que as coisas são feitas no achismo.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

A LOT, a Guarda Municipal, o esgoto... e outros esgotos

POR JORDI CASTAN

Finalmente - e com a impontualidade que caracteriza esta gestão -, a LOT - Lei de Ordenamento Territorial chegou à Câmara de Vereadores. Numa primeira leitura, chama a atenção as diferenças entre o texto entregue aos vereadores e o apresentado nas audiências públicas. É importante deixar bem claro que as diferenças não ajudam no debate, não simplificam, nem esclarecem as dúvidas levantadas nas audiências. O IPPUJ e o governo municipal seguem firmes no seu propósito de confundir para aprovar. 

O ponto que mais chama a atenção é o "desaparecimento" no texto das perversas "Faixas Viárias". Ninguém deve celebrar a sua retirada, até porque elas seguem lá, firmes, fortes e maiores, só que escondidas nos anexos, invisíveis a olhos menos treinados. As Faixas Viárias são a pedra angular do projeto da LOT elaborado pelo executivo e o seu objetivo é permitir a verticalização, o adensamento e a implantação de indústrias e comércio de porte em praticamente toda Joinville. Ou seja, destruindo quaisquer traços ou arremedo de planejamento urbano e comprometendo qualquer desenvolvimento urbano de qualidade no médio e longo prazos. 

Por que as Faixas Viárias foram mantidas, apesar das manifestações majoritárias pela sua retirada nas audiências publicas? Ou melhor, por que foram "escondidas" dentro do galimatias do texto? Essa é uma pergunta a ser respondida. O projeto encaminhado é mais perverso que o apresentado nas audiências e parece evidente que os técnicos do IPPUJ tendem para o lado dos interesses imobiliários mais radicais. 

GUARDA MUNICIPAL - Quem acreditou que a Guarda Municipal cuidaria do patrimônio público deveria ter estado mais atento ao seu processo de criação, seu treinamento e, inclusive, sua indumentária, mais parecida com a dos empregados da Blackwater que a de uma Guarda municipal. 
Cada dia ficam menos coisas em que acreditar das promessas feitas ao longo da campanha. 
É bom lembrar que o custo da guarda não é pequeno e que as blitzes e os equipamentos com tecnologia OCR instalados têm um objetivo claramente mais arrecadador que educativo. Ou seja, fazer caixa.

O FEDOR DO ESGOTO -  A Águas de Joinville não tem autorizado a alguns empreendimentos imobiliários de maior porte, a conectar seus sistemas de coleta de esgoto a rede recentemente instalada. O motivo: a rede não está dimensionada para receber essa quantidade adicional de esgoto doméstico. A solução: instalar fossa e filtro. Ou, em outras palavras, voltar à idade das trevas.

Há dois pontos importantes a destacar. O primeiro que os empreendimentos afetados cumprem a legislação e têm o tamanho previsto na legislação atual,. Quer dizer, o sistema instalado não está previsto para atender a demanda e o adensamento atual. Segundo - e mais grave - é que os diretores da Águas de Joinville e os técnicos do IPPUJ afirmaram, em repetidas ocasiões (todas convenientemente registradas) que a rede de esgoto comportava o adensamento proposto na LOT. 

Quer dizer: ou sofriam de ataques de mitomania ou de demência. Ou simplesmente faltaram à verdade para atender a outros interesses, o que é mais provável. Em tempo: os documentos da Companhia Águas de Joinville exigindo que conjuntos residenciais instalem fossa e filtro em ruas atendidas pelo sistema de tratamento de esgoto estão à disposição do MPSC e demais interessados.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O que é ruim a gente esconde


POR JORDI CASTAN
Quem lembra ainda da frase que custou o posto de ministro a Rubens Ricupero, no governo do falecido Itamar Franco? O Brasil mudou muito e hoje ninguém mais perderia o cargo por isso.  Em Joinville, o MPSC investigava uma denúncia contra quatro secretários municipais pelo acúmulo de vencimentos, que recebiam, de forma cumulativa, o vencimento de Secretário e jetons da CAJ de R$ 3.000,00 - o que é vedado pela lei Orgânica do Município. A notícia divulgada pela imprensa foi que a ação foi arquivada.

A primeira leitura para o leitor desavisado é que nada havia de errado, que tudo não passou de mais um caso de “denuncismo” e que os secretários cujos nomes foram citados não cometeram nenhum ato ilícito. É bom pesquisar um pouco mais. Quem estiver interessado em conhecer a verdade dos fatos pode achar no site do MPSC as informações que são todas públicas. Até este momento somente os secretários Miguel Angelo Bertolini e Romualdo França devolveram o valor recebido irregularmente. 




O ÓBVIO ULULANTE - Parece que a recorrente concessão de liminares e intervenções da Justiça em seu governo - eufemisticamente denominadas pelo prefeito como acidentes de percurso - tornou-se o carimbo do cotidiano, envolvendo até os mais competentes e preparados auxiliares que fazem as vezes de dublê de secretários municipais e conselheiros do Conselho de Administração da Companhia Águas de Joinville. Nesta última semana, veio a público o resultado de uma investigação iniciada pela Promotoria no ano passado, concluindo o óbvio ululante: os secretários Nelson Corona, Miguel Angelo Bertolini, Romulado França e Braulio Barbosa não podem acumular os seus vencimentos de Secretários com os generosos jetons de R$ 3000,00 pagos por cada reunião com duração de uma hora do Conselho de Administração da CAJ- Companhia Águas de Joinville.

Inquiridos pela Justiça, dois secretários se apressaram em enviar um ofício (em anexo) para a Promotoria da Justiça e ao Presidente do Conselho da Administração da CAJ - um empresário indicado pelo prefeito Udo - dizendo que não podem mais receber o jeton de R$ 3000,00 devido à proibição existente na Lei Orgânica do Município. Imagino com deve ter sido doloroso aos eminentes secretários Miguel Angelo Bertolini e Romualdo França a devolução dos jetons percebidos nos últimos 10(dez) meses, cada qual a insignificância de R$ 42.052,14.



Ainda não se tem notícia que Nelson Corona e Braulio Barbosa devolveram a parte deles, mas acreditamos que isto deva ocorrer em breve. Pesou na decisão republicana do prefeito a eficiência administrativa, a preocupação com a gastança dos recursos públicos e a tolerância zero com as cifras douradas. Pena que isto só aconteceu por medo do pau comer na Justiça. Acidentes de percurso acontecem nas melhores famílias e ainda assistiremos muitos exemplos nesta (in)-eficiente gestão.

OBS: cifras douradas - é um conceito sociológico criminal que se refere as infrações contra o Estado praticados pela elite política e econômica que não são investigados pelos órgãos oficiais.



ACIDENTES DE PERCURSO - O prefeito tem se especializado em acidentes de percurso (é quase um campeão). Desde que assumiu a gestão do município de Joinville, Udo Dohler tem recitado o mantra da eficiência, da economicidade e da gestão profissionalizada. Acredito que ele seja fã do ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolf Giuliani, famoso por criar a doutrina da Tolerância Zero, prima-irmã da Teoria das Janelas Quebradas de Chicago. Mas como o pensamento sem reflexão é como a água no pântano, a experiência obtida na iniciativa privada não tem surtido efeito esperado no trato com a coisa pública. O resultado é sintomático: falta de planejamento, inépcia dos serviços públicos e avaliação em queda livre.

Nesta última semana, o toque de Midas (inverso) do prefeito foi ofuscado por duas ações na Justiça. Uma delas impediu temporariamente que o prefeito terceirizasse o serviço de saúde, contratando uma instituição privada para desafogar a grande pedra do sapato em sua gestão: o caos que se tornou a saúde pública na cidade, com falta de leitos, ausência de medicamentos, falta de médicos e represamento de 200.000 consultas à população carente de Joinville atendida pelo SUS.

Depois da Justiça afastar o ex-secretário da Saúde, dono de um perfil cooperfildiano, pela sua capacidade em fazer desaparecer nomes das longas listas de espera por uma consulta, agora entendeu que a terceirização da saúde, uma atividade-fim do Estado, configura indícios de malversação de recursos públicos e atenta contra as regras da boa administração pública. Assim, os míseros 10 milhões de reais depositados na conta do Fundo Municipal de Saúde predestinados a sangrar, por ora ficarão em paz em berço esplêndido.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Por aqui o nível de ineficiência é de 50 %


POR JORDI CASTAN

Um texto recente, publicado aqui no Chuva Ácida e também no jornal A Notícia, mostrava a quantas andava a eficiência da nossa arborização urbana. Utilizava como referência uma infeliz intervenção na avenida Marquês de Olinda. Para dar sequência ao relato é importante destacar que, das arvoretas plantadas, aproximadamente a metade morreu. Isto é, precisam ser trocadas ou repostas. Convenhamos que um índice de perda de 50% em qualquer atividade econômica suporia a falência da empresa.

 Aqui não tem nenhum problema porque são os gentis contribuintes quem custeia as estrepolias da turma. Para quem possa imaginar que uma perda de 50% é insustentável, informações adicionais: das árvores plantadas na calçada do 62 BI, o percentual de perda foi superior ao 80%. Na verdade, estava mais próximo dos 100%, pois precisaram ser repostas quase todas. No caso da nossa flamante Companhia Águas de Joinville, o índice de perda de água tratada desperdiçada, aquela que se perde por vazamentos na tubulação que já foi de 35%, aumentou e em novembro de 2011 já estava em 42%. Portanto, próximo da média municipal de ineficiência de 50%.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Não tem jeito


Por JORDI CASTAN

Cada vez a vontade de desistir é maior. Se não fosse pelo apoio constante dos leitores que enviam e-mails, telefonam ou contribuem com seus comentários, confesso que já teria desistido mais de uma vez. Não porque esteja fatigado de escrever sobre como esta administração municipal é ruim. Fadiga não é algo capaz de me desmotivar. As criticas, ameaças e chiliques menos ainda. O motivo mesmo é acreditar que não há esperança, que estamos vivendo um quadriênio perdido. E que estes quatro anos são um retrocesso e que nos levarão outros tantos para voltar ao patamar anterior que, bem analisado, tampouco era grande coisa. Mas entre ficar parado quatro anos e regredir há uma sensível diferença.

Dois exemplos para mostrar o nível de incompetência que assola a cidade. O primeiro é a historia da ponte que faria a ligação entre a Rua Aubé  e a Rua Plácido Olimpio de Oliveira. Joinville receberia R$ 3.000.000 através de uma emenda parlamentar, dinheiro a fundo perdido que, acrescentado aos R$ 1.200.000 de contrapartida. permitiria construir uma ponte que é importante para a cidade. Vamos perder os R$ 3 milhões, porque o prazo esgotou neste final de ano. Uma pendenga judicial com dois terrenos não permitiu que a obra fosse iniciada. A Prefeitura já trabalha com duas alternativas: a primeira contratar um empréstimo com o Badesc, que teremos que pagar entre todos e que incluirá juros; a segunda opção será executar a ponte com recursos próprios. De uma forma simples e clara perdemos R$ 3.000.000 e a ponte ficou cada vez mais distante de se concretizar.

O outro exemplo é o do esgoto. É a única obra que esta administração está executando digna deste nome. Ninguém deveria questionar a sua importância. A obra toda está sendo custeada com o sobrepreço que pagamos todos na nossa água e no nosso esgoto. Aqueles valores escandalosos que pagávamos antes para a Casan - e que eram drenados para manter a estrutura da empresa em Florianópolis e permitiam equacionar a tarifa de água dos municípios deficitários - foram mantidos quando da municipalização. E permitiram que se constituísse um caixa significativo para executar as obras necessárias e pudéssemos incorporar, na Companhia Águas de Joinville, os mesmos vícios da antiga operadora do sistema. Tanto os altos salários como as perdas significativas da água tratada escancaram uma ineficiência que já foi bem menor. 

O mais curioso no tema do esgoto são as informações desencontradas com que o governo nos brinda. Durante a campanha, o promessômetro registrou a promessa de concluir a gestão com 70% do saneamento básico instalado. Quando a esmola é demais, o santo deveria desconfiar. Mas depois os percentuais foram mudando para coisa de 52% em abril deste ano, agora já se fala de 32%, mas ainda mantendo a esperança que possa ser de 38%. Quando a administração de uma empresa pública de importância transcendental para Joinville, baseia suas previsões na esperança, mais que na técnica é bom se preocupar. Porque é provável que os cálculos e previsões estejam mais baseados no chute e no achismo que em qualquer estudo técnico. Por isto aumenta a sensação que há muita incompetência e pouco conhecimento. A possibilidade que isto possa vir a endireitar, nos poucos meses que faltam, é cada vez menor.