segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Por aqui o nível de ineficiência é de 50 %


POR JORDI CASTAN

Um texto recente, publicado aqui no Chuva Ácida e também no jornal A Notícia, mostrava a quantas andava a eficiência da nossa arborização urbana. Utilizava como referência uma infeliz intervenção na avenida Marquês de Olinda. Para dar sequência ao relato é importante destacar que, das arvoretas plantadas, aproximadamente a metade morreu. Isto é, precisam ser trocadas ou repostas. Convenhamos que um índice de perda de 50% em qualquer atividade econômica suporia a falência da empresa.

 Aqui não tem nenhum problema porque são os gentis contribuintes quem custeia as estrepolias da turma. Para quem possa imaginar que uma perda de 50% é insustentável, informações adicionais: das árvores plantadas na calçada do 62 BI, o percentual de perda foi superior ao 80%. Na verdade, estava mais próximo dos 100%, pois precisaram ser repostas quase todas. No caso da nossa flamante Companhia Águas de Joinville, o índice de perda de água tratada desperdiçada, aquela que se perde por vazamentos na tubulação que já foi de 35%, aumentou e em novembro de 2011 já estava em 42%. Portanto, próximo da média municipal de ineficiência de 50%.

3 comentários:

  1. Caro Jordi. Tenho uma curiosidade que se alimenta, há anos, cada vez que se fala na relação preservação/industrialização em Joinville.

    Começo com uma história: Na segunda metade da década de 90 recebi um empresário suiço, que aqui veio para conhecer o mercado brasileiro, então uma novidade mundial por conta do sucesso do Plano Real. Ele viajava praticamente 11 meses por ano pelo mundo, onde a sua empresa tinha fábricas. Só conhecia o Brasil por informações e leitura, mas, tinha o Rio de Janeiro e a Amazônia como referêncial - é desnecessário dizer que, além de favela e bala perdida, ouvira falar muito em futebol, carnaval e índio -, além, lógico, de oportunidades de negócio.

    Antes da viagem me perguntou se havia vôos para Joinville(!), se aqui havia hotéis de bandeira(!) e, caso existisse, se eu podia providenciar uma cama "king size"(!!!).

    Chegando a Joinville, num dia especialmente feliz de sol e temperatura amena, seu voôo teve que circular pela região por uma boa meia hora, por problemas de tráfego no aeroporto, antes de aterrissar, o que lhe deu a rara oportunidade de conhecer a cidade do alto.
    Já no carro, em direção ao centro, fez dois comentários que não me sairam mais da memória.

    Primeiro, disse que ficara impressionado pela distribuição da cobertura vegetal intermediando as áreas construídas na cidade. Não lembrava de ter visto algo parecido em qualquer outro lugar do mundo, ainda mais em uma cidade do porte de Joinville - coisa que também o impressionara por desconhecer existir algo maior e organizado fora do tal "eixo" Rio-São Paulo!

    Segundo, disse que ficara impressionado pela limpeza das ruas e a tranquilidade e organização do fluxo de pessoas e veículos, que o lembrava muito da sede da sua empresa em Aarburg, na Suíça, próxima a Zürich - que vim a conhecer meses depois e que, cá entre nós, perdia longe.
    Desnecessário dizer que aproveitamos a ocasião para atiçar a sua surpresa, levando-o a conhecer as cidades do em torno de Joinville, o que o fez, num arroubo de empolgação pelo que via, comparar-nos à região do Lago de Como, na Itália, onde morava.

    Uso essa história pessoal para refletir que, a despeito de problemas (alguns graves) localizados, no geral, ainda tenho a convicção de que somos previlegiados em termos de qualidade de vida urbana.
    Uso-a, também, para tentar satisfazer aquela minha curiosidade, mencionada no começo do comentário, com três peguntas:

    1.Existe um levantamento da relação percentual de área verde preservada/recuperada e sua distribuição, em relação à área construída, em Joinville e principais cidades da região norte?

    2.Em caso positivo, existe um comparativo com cidades do porte de Joinville e região em outras partes do Brasil e do exterior?

    3.Caso não exista, não seria interessante produzirmos esse dado (universidades e institutos públicos estão aí para isso), até como instrumento para políticas de longo prazo?

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  2. Caro Nico

    Perfeito o seu comentário e ele reflete uma percepção muito comum. Vou inclusive dedicar a esta percepção o meu próximo post.

    Como adiantamento um ponto, o verde que você viu em 1995 muitas vezes já não esta mais. Verde preservado é aquele que esta protegido legalmente, como as áreas de manguezal ou os topos de morro, incluindo a impressionante Serra do Mar

    Isto cria tanto em nativos como em turistas a percepção de um verde infinito. E estimula a sua derrubada, a sua ocupação e a sua perda de uma forma irreversível.

    Gostei do desafio.

    Obrigado

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  3. Prezados,
    permita-me acrescentar que existem alguns indicativos de área verde por habitante que são usados como referencia, mas questionáveis.
    A Resolução Conjunta IBAMA/FATMA nº 001/95 indica 8,00 m²/hab como sendo o mínimo aceitável para a qualidade de vida de uma cidade; este indicativo é o utilizado para calcular as áreas verdes previstas nos licenciamentos ambientais de loteamentos e condomínios.
    Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica um mínimo de 12,0 m²/hab, sendo que não sei a metodologia aplicada para chegar a isto.
    De qualquer forma, adotando o que a OMS define, em Joinville deveríamos ter um mínimo de 6 milhões de m² de área verde.
    Há quem diga que temos algo próximo de 80 m²/hab, o que seria espantoso.
    Porém, se considerarmos os mangues, rios, margens de baias e lagoas, cumes de morros e encostas mais ingremes, todos estes já são garantidos por lei federal (por enquanto).
    Acrescenta-se os vazios urbanos que são privados e podem sumir a qualquer instante.
    E sobra muito pouco. As cotas 40 são espalhadas e privadas.
    Por isto a necessidade de políticas de criação de Unidades de Conservação (como a ARIE do Boa Vista e Iririú), e principalmente de arborização urbana.

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