quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Direito de dar porrada

POR FELIPE SILVEIRA

Quem acha que a polícia tem o direito de dar porrada em quem quiser levante a mão, por favor.

o/ (esse é o voto do policial presente)

Ok. E quem acha que a polícia tem o direito de dar porrada em pobres, negros, homossexuais e viciados ou usuários de drogas?

...

Ok, vou facilitar pra vocês, já que alguns não entenderam e repetir de maneira que a maioria entenda: quem acha que a polícia pode descer o sarrafo em pobre, preto, bicha e maconheiro?

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Bom, eu já esperava essa reação. Vamos a última pergunta: quem acha que a polícia é somente mais um serviço público e policial deve ser tratado com respeito assim como os demais cidadãos desse país, e tratar os demais cidadãos do país com o mesmo respeito?

o/ o/

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A brincadeira acima é para ilustrar a maneira como eu, infelizmente, vejo o comportamento da sociedade. Cada vez mais, me parece, uma parte das pessoas aprova e clama por mais violência, principalmente a violência do Estado para cima daquilo tudo que incomoda uma certa classe social. E não me perguntem qual é! Afinal, trata-se de gente trabalhadora, que lutou pra chegar aonde chegou e aproveitar o seu precioso dinheirinho.

O Estado, por sua vez, dá esse dever à polícia. “Pegue este cacetete e se vire. Pode tirar lasca!” Acho que isso não é muito diferente do que os policiais ouvem na formatura – e, quem sabe, em todo o curso de formação. A polícia (mal preparada, que ganha mal e corre o risco de morrer diariamente), por sua vez, desce o cacete mesmo. E aí quem apanha cresce com medo da polícia, e o medo vira raiva, e aí gera mais violência. E assim vamos juntos para o buraco.

Em minha opinião (é sempre bom reforçar), precisamos incluir, urgentemente, a polícia nesta coisa que chamamos de democracia. Porque pelo que me parece, essa parte do Estado, justamente essa que detém o direito (e o dever) de usar o cacetete, vive em outra época, lá pelos anos 70.

Numa democracia, com igualdade entre os seus cidadãos, deve haver respeito entre as partes. E eu desafio qualquer um a dizer que não tem medo da polícia. Se não tem, pense bem se você teria coragem de falar com um policial da mesma maneira que fala com aquela velha que lhe fechou no trânsito. Pense bem em como reagiria caso presenciasse algum crime ou contravenção de um policial. Claro, sem câmeras ou uma multidão por perto. Aliás, pense bem se já não presenciou nada parecido. Enfim, se nunca presenciou ou ficou sabendo de nada parecido, só tenho uma coisa a dizer: você não é normal.

De qualquer forma, eis aqui a maneira como eu não quero ser tratado pela polícia, mas que infelizmente é a maneira como a polícia trata as pessoas, principalmente se ela for negra e/ou pobre ou viciada em drogas. Mas, se você acha isso normal, eu realmente estava certo na brincadeira que abriu esse texto.

32 comentários:

  1. A frase que ilustra isso tudo vem do próprio policial: "Tira a mão de mim, porque eu sou policial".

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  2. Adorei o texto e a provocação me parece verossímil.

    Nossa polícia é mais músculo e menos neurônio (obviamente e felizmente há exceções). Não será muito diferente enquanto as coisas não mudarem: com o perigo iminente e um salário ridículo como é o dos policiais, a profissão não atrai muita gente. Volto a dizer que há exceções.

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  3. Polícia é polícia em qualquer lugar. A maioria age com truculência e arrogância, salvo algumas poucas exceções. Dias atrás, tive uma experiência bem desagradável e lamentável no Rio de Janeiro. Estava com amigos e um deles, com deficiência em caminhar por conta de um AVC, estacionamos o carro numa vaga devidamente sinalizada e já estavámos nos retirando do local, quando fomos abordados por um carro da polícia. Mesmo o policial vendo a dificuldade da pessoa em caminhar, ordenou e bradou a plenos pulmões (a gente quis se enfiar num bueiro de tanta vergonha, e até poderia ser daqueles que explodem), que tirássemos do carro do dali, sob pena de multa e guinchamento - só porque não tínhamos a licença da prefeitura para estacionar ali. A tal da licença eu explico: é aquele selo colado nos carros, onde mostra um cadeirante. Tentamos explicar que o carro era alugado e que por favor, ele então nos indicasse um estacionamento ali perto, já que nosso destino era o outro lado da rua. Ele simplesmente nos olhou e disse: "Tão querendo dizer que o problema agora é meu? Se virem". Deduzimos que o indivíduo era louco. Um louco armado e com a Lei ao seu lado. Saiu dali e deu um cascudo num motoqueiro, porque ele tentava estacionar a moto. Talvez o policial estivesse num mau dia. Olhando assim, parece que os policiais sempre estão em maus dias. Se tratam os turistas desta maneira, imaginem os nativos!
    Stefana

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  4. No Brasil, a maioria dos policiais pensam e agem da mesma forma em qualquer cidade ou local. O lema deles é SOU AUTORIDADE, PORTANTO CALE A BOCA, ME RESPEITE, enfim o resto da população tem que acatar, independente da razão de quem. Violência gera violência, este elemento, estava conversando e na hora que avistou um negro, se encheu de covardia e quiz mostrar serviço, ele tem sim que ser exonerado.

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  5. Felipe, eu não levanto a mão para nenhuma das duas perguntas do texto. E como Violência Policial no Estado de Santa Catarina foi o tema da minha monografia de quando me formei há 6 anos, me sinto à vontade para comentar sobre o assunto.
    Com os dados que obtive na época para a minha pesquisa, posso dizer que a tua provocação é legítima.

    Creio que a impunidade seja o fator que consolida o desvio da ação policial.
    Estamos em uma sociedade onde o “sabe com quem está falando” impera. E, em meio a tanta corrupção daqueles que deveriam dar exemplo, muitas pessoas aplaudem e reforçam a ideologia da repressão. Aí, imbuídos do arbítrio inerente ao autoritarismo dos que assumem o papel de justiceiros por não compreenderem que sua ação institucional é a de instrumento da justiça, alguns policiais tornam as cidades ainda mais perigosas. O descontrole mental de um policial desarmado já é alarmante. Quando armado, é a negação da razão de ser da polícia.
    Quando este tipo de abuso é cometido pela policia, a quem a sociedade confia e dá o direito de prender pessoas, está-se diante de uma ameaça à democracia e ao Estado de direito.
    A violência só costuma ser lembrada quando atinge as classes dominantes, mas poucos se lembram da violência que atinge as classes dominadas.
    A violência física contra pobres e outras classes marginalizadas vem precedida pela violência mental que discrimina, nega a cidadania e não lhes reconhece direitos incondicionais.
    É Notório que a questão social é por vezes tratada como questão policial. Com a ideia de que quem rouba merece apanhar mesmo, inicia-se um processo de profilaxia social, onde quem sofre são os menos favorecidos.

    Mas, cada sociedade estabelece até que ponto há de tolerar a violência.
    E sim, não somente presenciei, como vivenciei situação parecida com a do vídeo. Mas, tenho esperanças.

    “Uma injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos” Montesquieu.

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  6. Polícia existe para restabelecer a ordem, seja onde e de que forma for. Se para isso, tiver que "dar porrada", que dê. Tem o meu apoio! Aliás, neste caso, específico, da USP, a "porrada" veio até tarde...!
    A forma de dar a "porrada" é que, eventualmente, pode ser contestada, mas, cá entre nós, acho difícil "dar porrada" com "ternura", como diria Guevara!
    P.S. Pra quem vem acompanhando o assunto, a bem da verdade, o policial do filme foi punido imediatamente após o caso, com afastamento do serviço, e está respondendo um inquérito disciplinar, correndo o risco de ser preso.

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    1. "Polícia existe para restabelecer a ordem, seja onde e de que forma for."

      Essa é exatamente a visão que tem que ser mudada. A polícia existe para proteger o cidadão, inclusive os criminosos.

      Atualmente ela existe pra isso mesmo, pra preservar a ordem estabelecida. A ordem da exploração, da desigualdade, do preconceito. E, claro, preservar os privilégios de uma certa classe por aí que eu não digo o nome.

      Sobre o PS, é claro que ele foi punido. Um troço desse em rede nacional é claro que seria punido. Mas e a violência do dia a dia? E essa polícia que vive nos tempos da ditadura e cujo objetivo é preservar a ordem estabelecida.

      O texto fala justamente sobre isso, sobre a violência do dia a dia.

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  7. "Você nunca me decepciona, Nico" ou: de onde menos se espera, dali é que não sai nada mesmo.

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  8. Há um comentário de Nico Douat aguardando moderação. Eis minha justificativa para não aprovar:

    Desculpe, Nico, mas não vou aprovar o seu comentário. Minha política de aprovação de comentários não permite que seja aprovado nada encaminhe para um texto do Reinaldo Azevedo.

    Se quiseres escrever a mesma coisa sem o link e sem citar o nome do dito cujo (sim, estou incentivando o plágio), posso aprovar depois. Importante lembrar: não li o texto do link e não vou ler.

    E sugiro, também, que você também não leia mais. Só lhe fará bem. Tem tanta coisa boa pra ler no mundo. Pra que ler aquele lixo?

    Um abraço

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  9. “Chuva Ácida
    Uma cidade só pode ser considerada moderna se tiver uma mídia moderna. E a modernidade consiste na liberdade de opinião, na diversidade de idéias e no espaço para o contraditório. É esse território de comunicação que o coletivo Chuva Ácida se propõe a ocupar.
    O coletivo está focado na discussão da vida de Joinville, mas sem ser paroquial ou provinciano. Há também um lado cosmopolita, de atenção ao que se passa pelo mundo. Em tempos de revolução digital, a informação não conhece fronteiras.
    O grande diferencial do coletivo Chuva Ácida é não ser um bunker ideológico, onde todos pensam de forma igual. Pelo contrário. A sua riqueza é precisamente a diversidade de opiniões e a reunião de diferentes sensibilidades políticas.
    Coletivo Chuva Ácida. O bom senso é a regra. A democracia é a diretriz. A qualidade das opiniões é o alicerce. E Joinville dá um passo (pequeno, mas importante) à frente na democratização dos espaços de opinião na mídia. “ – Princípios do Chuva Ácida

    “...Por isso, estou aqui, disposto ao diálogo.” – Palavras do teu perfil, Felipe

    Caro Felipe, começo a ter dúvidas dos princípios do blog Chuva Ácida, com que começo o meu comentário. Conviria pensar em re-escrever o texto dos princípios do blog, e do teu próprio perfil.
    Se indico um link completo, é porque faço do texto a minha opinião, portanto, não preciso plagiá-la, coisa que não faria, até por uma questão de princípios. Assim, antes de você incentivar o plágio, deveria, você mesmo, ler o post, avaliá-lo e transcrevê-lo. Ficaria bem mais razoável e, convenhamos, elegante aos teus leitores.
    O Reinaldo Azevedo, com todo o "reacionarismo" que lhe atribuem, acaba de revelar-se muito mais "democrático" (pra ficar com uma palavra tão cara às esquerdas tupiniquins), já que publica e comenta opiniões de terceiros, com que não concorda – algumas vezes, inclusive, concordando e apoiando opiniões de “desafetos”. Ele só não publica textos ofensivos, gratuitamente, a pessoas ou instituições.
    O link que você prescreve (da tua curiosidade e das dos leitores do blog) tem argumentos procedentes e pertinentes para enriquecer o debate que você próprio lançou. Se você leu, você entendeu.
    O que eu não acho razoável é você proíba aos teus leitores de avaliar o assunto sob uma ótica diferente.
    Mas, e sempre existe o “mas”, como eu mesmo já escrevi aqui, um blog é propriedade de alguém e, esse alguém, tem o direito de vetar algo ou alguém, pelo motivo que achar mais conveniente. Quem gosta, que leia. Se não gosta, que não leia. O diabo é que essa prerrogativa é exatamente o que calibra a credibilidade do blog, que é a única garantia do seu sucesso.
    Parabenizo-te pela tua sinceridade mas, sinceramente, lamento pela tua intransigência. O Chuva Ácida, hoje, ficou um pouquinho mais pobre... esperemos que não menos crível.

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    1. Eu não tinha visto esse comentário. Se tivesse visto, meu comentário abaixo seria diferente. Por isso, vou responder aqui.

      Caro Nico,
      eu certamente poderia re-escrever meu perfil, pois desde que o escrevi aprendi coisas novas, passei a pensar de modo diferente e devo ser outra pessoa. Só não muda quem nunca pensa diferente, quem não aprende nada com a vida. Porém, os alguns princípios não mudam e por isso vou deixar o meu perfil lá, quietinho. Este que você questiona, principalmente, nunca muda. Estou sempre aberto ao diálogo e ao aprendizado.

      No entanto, me dou o direito de escolher com quem dialogar. Certamente, prefiro dialogar contigo do que com anônimos imbecis ou com as ideias do Azevedo. Criei critérios de moderação de comentários, que já comentei abaixo. São eles: ofensa, xingamento, provocação e desserviços para a humanidade. E o Reinaldo Azevedo se encaixa no último critério. Acho que ele é um imbecil que presta um desserviço à democracia e consequentemente à humanidade.

      E este é o problema, Nico. Enquanto você acha que ele tem argumentos pertinentes para enriquecer o debate, eu acho que ele é um cretino que defende ideias contrárias a uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais democrática.

      E eu não proíbo os leitores de avaliar o assunto sobre uma ótima diferente. Qualquer um pode vir aqui e falar a merda que quiser, inclusive coisas bem piores do que as Azevedo (será que existe?). Eu só não o quero por aqui justamente pelo que o Clóvis explicou. Algumas pessoas são tão apegadas ao deus Azevedo que para elas ele basta. Se ele diz, então essa é a verdade. Por isso que eu disse que você poderia, inclusive, copiar o texto dele.

      E quanto a isso, pelo amor de Deus, Nico, foi uma piada. Ter que explicar piada é o fim.

      Finalizando, pelo menos a minha parte, você tem razão quanto a questão da credibilidade. O blog é particular e cada um estabelece seu critério de moderação/censura. O Estado, por exemplo, não teria esse direito, como eu disse no debate interno do Chuva hoje.

      Mas, quanto a ficar mais pobre, eu penso justamente o contrário. Feliz são os leitores de um blog que se recusa a discutir ideias do Reinaldo Azevedo.

      Aquele abraço.

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  10. Nico,
    tivemos um debate interno sobre moderação de comentários e eu decidi que vou publicar os links do Azevedo. Portanto, peço desculpas por não tê-lo feito na primeira oportunidade.

    Meu objetivo era fazer uma brincadeira para mostrar pra ti como o Reinaldo Azevedo é um lixo, a escória da humanidade. Infelizmente, vocês acham que ele diz coisa com coisa.

    Aos leitores, informo minha política de moderação: não publicar provocações imbecis, xingamentos, ofensas e desserviços para a humanidade. O Reinaldo Azevedo, para mim, se encaixa nesse último critério.

    Se quiser postar de novo, vou publicar.

    Abs

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  11. Caro Felipe. Em relação ao Reinaldo Azevedo ser "um lixo", me dou o direito de julgar se é, ou não é, de acordo com os meus princípios. Eu o leio e não acho. Radical, pode ser, mas, a essas alturas da baderna institucional, quem não é quando se trata de defender princípios, não é mesmo? Pior, quem pode ser recriminado por isso?
    Ok, aqui está o link: http://bit.ly/yF7UXx

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  12. O Reinaldo Azevedo publica opiniões de terceiros com quem não concorda? Caramba, o homem mudou. Houve um tempo em que eu lia vez ou outra o blog do pedófilo tardio, e o máximo que eu encontrava eram imbecis infantilizados a digitar (e eu digo digitar porque vocês sabem, escrever é outra coisa) opiniões que faziam coro as do "Tio Rei", conhecido na blogosfera por censurar tudo e todos que o contradigam - além, claro, de atacá-los, caluniá-los, etc. Mas vamos ver. O Nico, que parece leitor assíduo - quando escrevi meu texto no "Chuva" ele também citou o pedófilo tardio como fonte respeitável - diz agora o contrário. Que venha o link, lúcido e esclarecedor, do agora democrático "Tio Rei".

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  13. Li o link que o Nico recomendou com os comentários do “Tio Rei”, e se ele expressa a opinião do Nico, bom, eu lamento por ele – de certa forma me conforta saber que a direita é capaz de produzir gente inteligente, são os leitores que andam a se fiar em imbecis truculentos como o Reinaldo. Fazer o que?

    Em todo caso, a coisa é pior que eu imaginava, porque o pedófilo tardio repete o bom e velho bordão de todo protofascista que se preze: a violência, afinal, é culpa da vítima. Foi estuprada? Quem manda usar roupas provocantes! Foi agredido na rua? Quem manda ser gay! Foi queimado vivo? Quem manda ser índio (ou mendigo). Apanhou da polícia? Quem manda provocar gente fardada e responsável por manter a ordem!

    Digo isso porque, afinal de contas, na agressão ao estudante na USP não há violência a não ser a do policial. E não há argumento que me convença do contrário: ele foi agredido por ser estudante, mas principalmente, por ser negro; a agressão que circulou na internet não é um fato isolado, mas produto de uma mentalidade obtusa, de uma corporação cuja história é de violências as mais diversas especialmente contra negros, pobres e outros tantos marginalizados que circulam país afora. Se o tal PM fez o que fez no campus da maior universidade do país, lugar por onde circulam “gente privilegiada”, e sendo filmado, não é difícil imaginar do que ele é capaz longe das câmeras com “gente diferenciada”.

    Ah! E não sei se a Maria do Rosário censurou ou não a atitude da PM do governo petista. Mas não faltaram blogs e internautas de esquerda a condenarem, veementemente, a truculência policial no Piauí. No Brasil tolerância com a violência é uma prática recorrente da direita, acostumada com os porões e com a impunidade.

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  14. Caro Clóvis, o link está aí em cima, publicado. A tua, digamos, boa educação, fica bem evidenciada nas tuas palavras. Não gosto de baixar o nível porque, baixo nível, é arma que atira para trás e só é usada, geralmente, por quem não tem argumentos.
    Não tenho chancela para defendê-lo, mas, quanto ao Reinaldo Azevedo ser "pedófilo tardio", desconheço. Bom, mas, você deve ter informações que te autorizam registrar isso, não é mesmo?
    Pensando bem, talvez seja a minha condição de, como é que é?, "imbecil infantilizado", por "digitar... opiniões que fazem coro com a do 'Tio Rei'" que me cegam a lógica e me fazem descambar para a sem-vergonhice intelectual ao me deparar com opiniões que divergem da minha. Mas esse é outro assunto.
    P.S. Peço desculpas pela minha “deficiência” com a “culta e bela”. Aliás, você escreve, até, razoavelmente bem. Tomara que, um dia, aprenda a pensar!

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  15. Não sou um relativista pós-moderno, mas minha noção de boa educação não inclui apoiar "porrada", pouco importa de onde ela venha - embora, reconheça, me incomoda mais apoiar "porrada" de policial em gente indefesa, se não por outro motivo, porque um policial age em nome do Estado, de quem ele é, no momento da "porrada", representante legítimo e autorizado. Realmente, Nico, nossas noções do que seja "boa educação" são bem distintas.

    Sobre o "pedófilo tardio", eu explico: não consigo encontrar melhor definição para um blogueiro que adora ser chamado por "Tio Rei" e que faz questão de infantilizar (e desrespeitar) seus leitores estimulando tal tratamento. Ato falho, desejo reprimido, perversão sublimada? Não sei. Freud explica.

    De resto, não retiro nada do que disse: vi e revi o vídeo várias e várias vezes, e não encontrei um único indício de violência por parte dos estudantes uspianos, aí incluído o moleque que tomou "porrada" do policial. E o mais importante: a violência registrada e divulgada na rede não é fato isolado, como querem fazer parecer autoridades e parte da mídia. A PM - e não só a paulista -, lamentavelmente e com raras exceções, não sabe lidar com a diversidade e a adversidade com outros argumentos que não a violência.

    Tem sido assim ao longo da história: afinal, não se pode esquecer que, no Brasil, o início da "profissionalização" do aparato policial coincide com a abolição da escravidão, no final do século XIX. Trocando em miúdos: no Brasil a polícia nasceu para substituir o capataz e conter o "perigo negro". Deu no que deu.

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  16. Caro Clovis, questão de ponto de vista. Se você está tentando se convencer disso, é uma coisa; a mim não convence, até porque não preciso que me digam o que devo ou não devo ler; tenho capacidade de raciocínio suficiente para isso. Ademais, nunca me senti desrespeitado, mas, de uma coisa tenho certeza: O teu comentário, aí de cima (Jan 12, 2012 08:56 AM), ele certamente não publicaria, por encontrar-se na classificação das ofenças gratuítas e pessoais, além de, definitivamente, não contribuir para qualquer debate sério.

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  17. Umas coisinhas.
    1. Para chatear o Charles Henrique (ele diz que os caras da esquerda não leem autores de direita) começo por citar o paradoxo da democracia de Popper (coisa que vem desde os clássicos). É mais ou menos assim: há indivíduos que exercitam a sua liberdade democrática... desrespeitando os princípios da sociedade democrática. Ora, caras como o Reinaldo Azevedo sabotam a democracia. O paradoxo é: para sermos democráticos temos que aceitar um indivíduo protofascista que pratica a clara sabotagem da democracia.
    2. Se o Felipe Silveira se nega a publicar o link para o texto do Azevedo, talvez a resposta esteja no próprio Popper que, vale relembrar, é um ícone da direita. Que tal falar do paradoxo da tolerância? Diz o homem: "se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância". Popper, o cara da direita, talvez não aprovasse Reinaldo Azevedo.
    3. Ok... pode surgir alguém a argumentar: não podes dizer que o Azevedo sabota a democracia. Eu digo de sim. Você diz que não. Então pode-se dizer que ambos, por termos pontos de vista diferentes, somos “relativistas”. Ok...no meu caso específico não me considero um relativista, porque é coisa para meninos. Digam que eu sou um perspectivista. É nietzschiano e muito mais radical.
    4. Sobre o caso do policial que agride o estudante, acho que seria instrutivo para todos uma olhada no famoso caso “Stanford Prison Experiment” que, na minha modesta opinião, deveria ser matéria obrigatória nas universidades. Se quiserem posso dar o link do documentário sobre esse caso.
    5. Sobre o nível dos comentários. Ideias sim, de preferência próprias. Ofensas pessoais, definitivamente não...

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  18. Mande o link, por favor.

    Quanto a questão das ofensas, Nico, não pense que alguém aqui tem privilégios. O que ocorre é que a minha percepção do que é ofensa e o que não é que é bem, digamos, tolerante. Tem que ser coisa pesada pra eu considerar ofensa ou provocação. Talvez um chamar o outro de "Reinaldo Azevedo".

    Por enquanto, nada do que foi publicado aqui feriu os meus critérios de publicação (exceto o link do escroto-maior). Nem mesmo você tentar me desmoralizar ao dizer que eu tornei o blog "mais pobre". Aliás, imagino que para certa classe, chamar de "pobre" seja a pior ofensa.

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  19. Felipe (e se interessar a mais alguém):
    Resumo da ópera. Lá pela década de 70, o professor Philipe Zimbardo, da Universidade de Stanford, coordenou uma experiência que se revelou muito interessante. Isolou mais de duas dezenas de estudantes, instalando-os no subsolo do prédio da universidade, que foi transformado em cadeia (talvez seja o precursor do Big Brother). Metade dos estudantes representava prisioneiros e os outros guardas. O professor diz no documentário: "achava que ia ser uma chatice". Mas o fato é que a coisa descambou, porque os caras perderam o controle a assumiram os papeis. Os guardas batiam, os prisioneiros apanhavam e tentavam fazer rebeliões. Tiveram que acabar com a experiência e encerrar a coisa, porque as relações criadas mostraram que pessoas normais, em ambientes assimétricos de poder, acabam por assumir atitudes que não teriam.
    Eis o link:
    http://video.google.com/videoplay?docid=677084988379129606

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  20. Felipe, embora eu tenha discordado muito do que o Nico Douat escreveu em seus comentários e concordado com o teu ponto de vista no que diz respeito à atuação da polícia, quero apresentar o contraponto da questão do "pobre". Pobre é insuficiente. Então dizer que algo é mais pobre ou está mais pobre significa que está menor, com menos recursos, insuficiente. Aposto meu dedo mindinho que o Nico nem sequer pensou na "classe" pobre, ou na classe com recursos insuficientes, quando fez sua afirmação.

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  21. Mas que ficou quente o debate, ficou! Adoro polêmicas... O Felipe é hiper competente ao criá-las. A bolha que o diga!

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  22. Há um filme muito bom sobre isso, Baço, com aquele ator narigudo que ganhou o oscar por "O pianista" e o Forest Whitaker. Deve ter sido inspirado nesse caso.

    Guilherme, eu sei que ele não pensou na classe e também não disse que ele pensou na classe.

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    1. Felipe, o filme a que você se refere é “A detenção”, com o Forest Whitaker e o Adrien Brody. Bacana. Mas há uma produção alemã, chamada “A experiência”, com direção de Oliver Hirschbiegel, que enfoca o mesmo tema. Embora os dois sejam bons, eu prefiro o filme alemão, que é bom bagarai, ao americano.

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    2. Opa. Vou procurar. Realmente, o americano não o que podemos chamar da "um puta dum filme", principalmente na questão do cinema mesmo, da linguagem cinematográfica. O "muito bom" é mais pela ideia mesmo, que me chamou a atenção.

      Vou procurar o alemão.

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  23. Caro Guilherme, relativo ao teu comentário, aí acima (Jan 13, 2012 06:01 AM), não foi comigo, mas, se apostastes, acabas de perder o teu "dedo mindinho", além de ter prejulgado com base em um preconceito... aparentemente redundante, mas, correto.
    Quando me refiro a leis, não costumo relativizar. Bala de rico na cabeça de pobre não é mais grave do que bala de pobre na cabeça de rico. É a mesma coisa: Um crime com punição prevista em lei. Da mesma forma, cacetada de polícia no lombo de rico é tão "legal" quanto no lombo de pobre, caso o motivo seja baderna. No caso em questão, o "coitadinho" da USP era o que se convencionou chamar de "classe privilegiada"... pra você ver! Prejulgastes errado!

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    1. Nico, a questão do pobre que me referi é a do último parágrafo do comentário do Felipe de "Jan 13, 2012 04:49 AM", quando você diz que o blog ficou "mais pobre", e o Felipe disse que "pra certa classe, chamar de 'pobre' seja a pior ofensa". Abraço

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  24. Qualquer violência é hedionda. Vivi o movimento hippie e o período da ditadura militar, e sei do valor de prezar o respeito ao próximo. Neste video, sei que muitas pessoas prefiriam, no seu intimo, que o rapaz que apanhou tivesse cabelo curto, traje social e estivesse fazendo estágio numa super empresa, em vez de ficar "vagabundeando" por ali. Pensar assim é violentar o direito dele. Assim como "saborear" o video do Kadafi sendo mutilado ou de tantas outras merdas que circulam por aí. Quem gosta de violencia, violento é, pode ser nas mínimas coisas do dia-a-dia.

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  25. A justiça e a polícia são sempre sem noção e como o estudo da Amanda Werner mostrou, a impunidade nesse meio é regra na maior parte dos casos.
    Se apesar disso tudo o policial despreparado e racista foi afastado e corre o risco de ser demitido (o que duvido, porém se acontecer logo terá emprego em milícias), graças somente pelo fato ter sido filmado, qualquer defesa da ação policial se torna uma defesa da ilegalidade.

    Portanto nem vou discutir com o tal Nico. É o mesmo que discutir com a dupla Bogo/Harger sobre o Transporte Coletivo. Eles estão na ilegalidade no mínimo desde 1999.

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