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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Joinville é a Nº 1? Não. É a Nº 791...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Percepção versus realidade. A questão nasceu da filosofia, mas pode ser aplicada à política. Se a gente for ouvir o que diz o prefeito Adriano Silva, Joinville será a cidade número 1 de Santa Catarina, quiçá do mundo. Isso é percepção (a percepção que se tenta criar). Mas se a gente for perguntar para a Folha de S. Paulo, que acaba de lançar o REM-F (Ranking de Eficiência dos Municípios), então vamos encontrar Joinville num vexatório 791º lugar. Sim… 791º. Isso é realidade. O estudo avalia quem faz mais com menos.

A coisa fica pior quando olhamos para os vizinhos. O estudo considera fatores como o atendimento da prefeitura nas áreas da saúde, educação e saneamento. E Joinville leva uma surra antológica de cidades como Itajaí (44º), Blumenau (22º) e Florianópolis (9º), que são classificadas como eficientes. Para Joinville sobrou a classificação nada abonadora de “alguma eficiência”. Alguma? Diz o dicionário que a palavra "alguma" é usada para designar um infortúnio, uma notícia ruim ou algo impensado. Bull’s eye.

Dizem que contra os fatos não há argumentos. Até seria possível, com alguma bonomia, tentar livrar a cara do prefeito e dizer que o estudo da Folha, por ser o primeiro, pode ter insuficiências de análise. O problema é que não estamos a falar de perder por pouco. Joinville tomou uma sonora goleada. A distância entre Florianópolis e Joinville (de 9º para 791º), por exemplo, é acachapante e não deixa qualquer margem para dúvida. Os números não mentem. Joinville está a falhar. E muito.

Retomando a questão da realidade versus percepção. Muita gente tem a percepção de que a cidade está a ser bem gerida. Há mesmo quem diga que Adriano Silva se reelege no primeiro turno. Mas é preciso não ser vesgo: a maquiagem é capaz de resultar por algum tempo, mas uma hora a realidade bate à porta. E neste caso bateu 791 vezes. Enfim, é preciso ter um projeto de governo consistente e não viver de ações pontuais. Porque plantar florzinhas nunca resolveu os problemas estruturais de nenhuma cidade. 

É a dança da chuva.



segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

39 ministros - só falta um para empatar com o Gabão

POR JORDI CASTAN


Tem gente demais ou competência de menos

Em todos os níveis da política opta-se pela maior quantidade, em lugar de priorizar a maior competência. O resultado é gente demais para eficiência de menos. Administrar uma casa, uma família, inclusive uma pequena empresa é mais complexo do que pode parecer. Os recursos são limitados e é difícil atender todos os interesses a contento.

Administrar uma cidade, um estado ou um país é muito mais complexo. A estrutura necessária para superar este desafio muda caso a caso. No Japão, por exemplo, o primeiro ministro Shinzo Abe consegue reunir todo o gabinete formado por 8 ministros em quaisquer sala do palácio de governo. O presidente Barack Obama, precisaria convocar só a 15 secretários de estado, equivalente norte-americano ao cargo de ministro. A chanceler alemã Angela Merkel precisa de 16 ministros para governar o país. Só o Gabão com 40 ministros supera os 39 ministros da Presidente Dilma.

No Brasil são necessários 39 ministros para preencher os 24 ministérios e as 10 secretarias da presidência e cinco  órgãos com status de ministério, para poder acomodar todos os partidos aliados e atender todos os acordos feitos durante a campanha eleitoral, alguns ministérios são tão exóticos como o da Pesca, das Cidades, do Esporte ou os dois ministérios um da Agricultura e outro do Desenvolvimento Agrário. Ou ainda as secretarias de políticas de promoção da igualdade racial ou a das relações institucionais. O presidente da Câmara de Gestão, criada pelo Planalto, o empresário Jorge Gerdau, acha que não se pode trabalhar com 23,5 mil assessores de confiança na estrutura política. E tem razão. Se cada um dos 39 ministros fizesse um breve relato da sua pasta, coisa de 15 minutos, tempo improvável em se tratando de gente em geral bastante loquaz e prolixa, seria preciso uma reunião ministerial de no mínimo 9 horas e meia.

E em Joinville? 
O problema do excesso de cargos e da falta de competência não é só federal. Em Joinville, o prefeito Udo Dohler, conta com uma equipe de 14 secretários centrais, 8 subprefeitos, 10 presidentes de fundações e companhias. Sem contar miríades de auxiliares e achegados, uma equipe de 32 homens e mulheres comprometidos com o único objetivo de fazer o melhor por Joinville. Caso tomasse a iniciativa de promover uma reunião de trabalho do primeiro escalão, não conseguiria que durasse menos de 8 horas se cada um fizesse um relato bem sintético do que anda ou não fazendo. Dificilmente administraria una empresa privada com uma equipe deste tamanho.

Reduzir o número de secretarias e consequentemente de cargos comissionados para passar a contar com uma equipe mais enxuta e capaz envolveria um enorme custo político que o prefeito já não tem. Por outro lado enfrentaria a resistência dos próprios vereadores, tanto os da situação, como inclusive os da oposição, para reduzir o número de cargos. Situação que escancara tanto a promíscua relação entre Executivo e Legislativo, como uma atitude irresponsável na busca e preservação de mais vagas para afilhados políticos e apaniguados próximos. É algo que deve ser visto como uma atitude estranha é, a todas as luzes, prejudicial aos interesses maiores da cidade a que também eles deveriam servir. Neste aspecto tanto Joinville, como Florianópolis, como Brasília seguem o mesmo mau exemplo.



segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Por aqui o nível de ineficiência é de 50 %


POR JORDI CASTAN

Um texto recente, publicado aqui no Chuva Ácida e também no jornal A Notícia, mostrava a quantas andava a eficiência da nossa arborização urbana. Utilizava como referência uma infeliz intervenção na avenida Marquês de Olinda. Para dar sequência ao relato é importante destacar que, das arvoretas plantadas, aproximadamente a metade morreu. Isto é, precisam ser trocadas ou repostas. Convenhamos que um índice de perda de 50% em qualquer atividade econômica suporia a falência da empresa.

 Aqui não tem nenhum problema porque são os gentis contribuintes quem custeia as estrepolias da turma. Para quem possa imaginar que uma perda de 50% é insustentável, informações adicionais: das árvores plantadas na calçada do 62 BI, o percentual de perda foi superior ao 80%. Na verdade, estava mais próximo dos 100%, pois precisaram ser repostas quase todas. No caso da nossa flamante Companhia Águas de Joinville, o índice de perda de água tratada desperdiçada, aquela que se perde por vazamentos na tubulação que já foi de 35%, aumentou e em novembro de 2011 já estava em 42%. Portanto, próximo da média municipal de ineficiência de 50%.