segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

39 ministros - só falta um para empatar com o Gabão

POR JORDI CASTAN


Tem gente demais ou competência de menos

Em todos os níveis da política opta-se pela maior quantidade, em lugar de priorizar a maior competência. O resultado é gente demais para eficiência de menos. Administrar uma casa, uma família, inclusive uma pequena empresa é mais complexo do que pode parecer. Os recursos são limitados e é difícil atender todos os interesses a contento.

Administrar uma cidade, um estado ou um país é muito mais complexo. A estrutura necessária para superar este desafio muda caso a caso. No Japão, por exemplo, o primeiro ministro Shinzo Abe consegue reunir todo o gabinete formado por 8 ministros em quaisquer sala do palácio de governo. O presidente Barack Obama, precisaria convocar só a 15 secretários de estado, equivalente norte-americano ao cargo de ministro. A chanceler alemã Angela Merkel precisa de 16 ministros para governar o país. Só o Gabão com 40 ministros supera os 39 ministros da Presidente Dilma.

No Brasil são necessários 39 ministros para preencher os 24 ministérios e as 10 secretarias da presidência e cinco  órgãos com status de ministério, para poder acomodar todos os partidos aliados e atender todos os acordos feitos durante a campanha eleitoral, alguns ministérios são tão exóticos como o da Pesca, das Cidades, do Esporte ou os dois ministérios um da Agricultura e outro do Desenvolvimento Agrário. Ou ainda as secretarias de políticas de promoção da igualdade racial ou a das relações institucionais. O presidente da Câmara de Gestão, criada pelo Planalto, o empresário Jorge Gerdau, acha que não se pode trabalhar com 23,5 mil assessores de confiança na estrutura política. E tem razão. Se cada um dos 39 ministros fizesse um breve relato da sua pasta, coisa de 15 minutos, tempo improvável em se tratando de gente em geral bastante loquaz e prolixa, seria preciso uma reunião ministerial de no mínimo 9 horas e meia.

E em Joinville? 
O problema do excesso de cargos e da falta de competência não é só federal. Em Joinville, o prefeito Udo Dohler, conta com uma equipe de 14 secretários centrais, 8 subprefeitos, 10 presidentes de fundações e companhias. Sem contar miríades de auxiliares e achegados, uma equipe de 32 homens e mulheres comprometidos com o único objetivo de fazer o melhor por Joinville. Caso tomasse a iniciativa de promover uma reunião de trabalho do primeiro escalão, não conseguiria que durasse menos de 8 horas se cada um fizesse um relato bem sintético do que anda ou não fazendo. Dificilmente administraria una empresa privada com uma equipe deste tamanho.

Reduzir o número de secretarias e consequentemente de cargos comissionados para passar a contar com uma equipe mais enxuta e capaz envolveria um enorme custo político que o prefeito já não tem. Por outro lado enfrentaria a resistência dos próprios vereadores, tanto os da situação, como inclusive os da oposição, para reduzir o número de cargos. Situação que escancara tanto a promíscua relação entre Executivo e Legislativo, como uma atitude irresponsável na busca e preservação de mais vagas para afilhados políticos e apaniguados próximos. É algo que deve ser visto como uma atitude estranha é, a todas as luzes, prejudicial aos interesses maiores da cidade a que também eles deveriam servir. Neste aspecto tanto Joinville, como Florianópolis, como Brasília seguem o mesmo mau exemplo.



6 comentários:

  1. O país está à mercê dessa oligarquia formada por três partidos corruptos: PT, PMDB e PP. O desgoverno é tanto que a própria base aliada não está cem por cento alinhada com os desmandos da presidente, mesmo com todo esse fisiologismo. Tudo que Dilma acusou contra os seus opositores no pleito eleitoral está fazendo pior neste governo, sem constrangimentos. Seu discurso de posse não está casado com suas atitudes. A manutenção de Graça Foster no cargo de presidente da Petrobras, contrariando o MPF, é um exemplo que o companheirismo e as relações pessoais são mais importantes que os interesses da nação. Dilma Rousseff é uma mentirosa descarada e irresponsável.

    Ainda sobre a Petrobras, não demorará muito para as investigações chegarem aos nomes de Dilma e Lula. A propósito, Dilma já foi citada como corresponsável (previsível, já que a mesma foi ministra de minas e energia e presidente da estatal) no indiciamento aberto num país sério (EUA) contra a Petrobras, faltando muito pouco para a presidente ser oficialmente indiciada. A própria PETR4 acorre o risco de não poder mais vender suas ações no maior bolsa de valores do mundo.

    O Brasil precisa de banho de Liberalismo: diminuição do Estado, previsibilidade, transparência e cumprimentos de Leis.

    2015 promete. Impeachment, já!

    Antônio

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  2. Com todo o respeito ao articulista, o custo fiscal de termos 20, 30 ou 40 ministérios é irrelevante. A celeuma sobre o número de ministérios verdadeiramente encobre os defensores da redução do tamanho do Estado e, principalmente, suas prerrogativas. O status de ministério para algumas secretarias, que poderia certamente ser dispensado sem alteração fiscal nenhuma, garante protagonismo político para uma área específica, o que é bom para o fortalecimento de políticas públicas. Agora, o problema do custo político dos governos de coalizão, uma constante na história republicana do país, isso sim deveria merecer mais consideração. Em nome da governabilidade estamos assassinando a governança. Não é admissível a chantagem de partidos aliados que permanentemente barganham vantagens e ameaçam golpes. Isso ocorre em Brasília, em Florianópolis ou em Joinville. Mais um motivo para fazermos uma reforma política que, fortalecendo a política, valorize o profissionalismo administrativo do Estado.

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    1. Não achei no post uma unica linha que faça referencia ao custo fiscal.
      O texto destaca a impossibilidade de administrar um "exercito" deste tamanho e faz referencia também ao custo politico de ter um governo mais eficiente e menos inchado.
      O termo irrelevante a que você faz referencia é subjetivo. Mas no Brasil dos bilhões qualquer valor de menos de centenas de milhões passou a ser considerado irrelevante por setores da sociedade.

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    2. Anônimo 17:08, uma coisa puxa a outra. Uma determinada pasta pode ter custo “irrelevante” aos cofres públicos, comparado com as da Educação, Minas e Energia ou Saúde, por exemplo, mas o custo político que ela traz consigo é imenso. Como bem disseste, a barganha política em nome da governança.

      Porém discordo que seja uma constante na história republicana, pelo menos não a ponto que chegamos. Getúlio tinha 13, JK - 13, Geisel – 20, Figueiredo – 16, Sarney – 25, Collor – 17, Itamar – 19, FHC – 24 e Lula – 24. Como os predecessores de Dilma conseguiram governar com muito menos?

      Eduardo, Jlle

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    3. Defina por favor custo fiscal.

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  3. Felicito Jordi por postar crítica fundamentada ao governo Udo. Lamentável que em todos os níveis gastos para manter parasitas no governo consomem verbas necessárias em necessidades básicas. E o pior de tudo é ver que nem "o fim se aproxima". Jordi finalmente me ajudou a resover o paradoxo: o que é pior um fim terrível ou um terror sem fim.... Claro que pior é o terror sem fim, pois o fim terrível ainda permite a Fênix.

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